Odi profanum vulgus et arceo

27/10/03

Derniers Vers


D'Alfred de Musset


L'heure de ma mort, depuis dix-huit mois,
De tous les côtés sonne à mes oreilles,
Depuis dix-huit mois d'ennuis et de veilles,
Partout je la sens, partout je la vois.

Plus je me débats contre ma misère,
Plus s'éveille en moi l'instinct du malheur;
Et, dès que je veux faire un pas sur terre,
Je sens tout à coup s'arrêter mon cœur.

Ma force à lutter s'use et se prodigue.
Jusqu'à mon repos, tout est un combat;
Et, comme un coursier brisé de fatigue,
Mon courage éteint chancelle et s'abat.

1857

Alfred de Musset mourut à Paris en 1857

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Adoro SG Filtro


Acho tão foleiro ver ppl a fumar... Vamos eliminar a foleirisse do planeta!
pah..drogas..alcool, é d'homem... mas cigarros nao pelamordedeus. cheira mal cmá porra e ninguem consegue respirar ao pé dum cigarro acendido. e ficam com um bafo de fugir, além da roupa e cabelo e pele intrincadas com xeiro insuportavel, e uns anos depois dedos amarelos e labios roxos e inchados. e dentes amarelos, e rugas, e olhos vermelhos. DASS........


hello world, this is me (him, not me)

Com peças literárias deste brilhantismo, enfim, acabo de acender mais um.

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O sonoro finalmente em Portugal




O reconhecidíssimo artista internacional Manoel de Oliveira, realizador de cinema, acaba de estrear a sua mais recente peça projectável. Numa sala perto de si, poderá agora apreciar devidamente a coisa, que apresenta como grande novidade o facto de ser uma película com banda sonora. Extraordinária inovação, à qual adere incondicionalmente o mais premiado dos nossos cinematistas, o que é de saudar com entusiasmo, até porque já estavamos um poucochinho maçados com as estopadas mudas do antigamente, deste e de outros igualmente brilhantes "sportsmen" das artes peliculares; estribado talvez na impressionante inovação de João César Monteiro, recentemente falecido e autor da famosa invenção do filme para cegos, este verdadeiro dinossauro, que nem sai de cima, por sinal, elaborou agora mais esta, que tanto nos irá prestigiar, aquém e além-mar, a descoberta do filme falado. Bem haja, mestre.

Não sendo crítico de cinema, e nem sequer tendo visto a pérola (*), parece-me, no entanto, dever tecer desde já alguns encómios a respeito: para quem viu, estoicamente e até ao finalzinho, preciosidades como "Aniki Bóbó" ou "Os Canibais", pouco mais haverá a acrescentar; mas ainda assim. É de esperar tudo, rigorosamente tudo, de quem já vai em 90 anos de idade, 10 centímetros de espessura nas lentes dos óculos, 1425 filmes produzidos, representando qualquer coisa como 12 voltas à Terra, se estendido ao comprido todo aquele celulóide, milhões de dólares empochados, incontáveis prémios, prebendas, comendas e encomendas e, acima de tudo, inumeráveis e notabilíssimos amigos; como saldo de uma vida, convenhamos que já provecta nas décadas (nove, é fazer as contas), é muito, é bastante, irra, é de mais. É de esperar tudo, dizia, será mesmo de temer o pior, sabe-se lá se um filme em still video integral (uma só imagem, projectada no écrã durante 3 ou 4 horas), ou mesmo um épico sem filme algum, no qual o espectador pagante entrará na sala de projecção apenas para ouvir o senhor falando de si próprio durante as mesmas 3 ou 4 horas, ou mais, depende. Enfim, alguma coisa igualmente brilhante há-de sair daquela grande cachola, pela certa, num futuro não muito distante.

Aguardamos frementes de ansiedade, pelo menos eu, ave pernalta extinta, e o Godot, ignorante assumido.

(imagem de Madragoa Filmes)

(*)livra!

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23/10/03

Faltava esta pérola



Fumar
provoca
o cancro
pulmonar
mortal.


Portantosmente, falta a foto dos pulmões recem-autopsiados. Evidentemente, o pior do cancro do pulmão não é ele ser mortal; precisamente, é enquanto ele ainda não matou.

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Nem todo o spam é lixo...


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22/10/03

Breaking news


O novo estádio da Luz vai ser inaugurado com um desafio entre o Benfica e o Monte Vídeo, do Uruguai.

Jornal das 2, Sic Notícias
(locutora da qual não me ocorre agora a graça; é uma assim com umas repas)

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Blog: blague ou bluff?




Sexo na Internet liberta portugueses


O anonimato garantido pelo sexo na Internet tem um papel libertador e desinibidor para a maioria dos portugueses, conclui a sexóloga Ana Alexandra Carvalheira.
O cibersexo «permite assumir identidades diferentes e a expressão livre de desejos e interesses sexuais». Assim, estes chats(*) tornam-se úteis para as pessoas que têm dificuldades em encontrar parceiros de forma convencional.

Diário de Notícias de hoje, pág. 26


(*) - um bocadinho desactualizada, a piquena; o chat já não está a dar; agora a técnica de engate mais "avançada" é o... harrummm... bloguismo. Coisa, de resto, já aqui referida há uns dias; enfim, nada de tão científico ou trabalho tão bem feito como certamente esta sexóloga fará, mas enfim. Lá ficou a achegazinha.

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20/10/03

Quote


Estou-me cagando para os avisos nos maços de tabaco.

Unquote



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18/10/03

Silogismozinho


Fumar é um acto reflexo que varia na razão directa da pressão ambiente sobre o fumador.
Os avisos a preto e branco, nos maços de tabaco, são factor de pressão e de "stress" para os fumadores.
Logo, este fumador passou de 3 para 4 maços diários "derivado à" imbecilidade stressante daqueles avisos.

Exijo indemnização, por conseguinte. Desenrasquem-se.

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16/10/03


Fumar causa
elevada
dependência.
Não comece
a fumar.


Com este, cuja principal característica é possuir dois pontos finais e não apenas um, parece que está completa a colecção. Quando eu era puto, todas as colecções de cromos tinham um que era "o mais ruim", ou seja, o mais raro de todos. Aqui deve ser o mesmo. E este bem merece ser o mais ruim de todos.
Acho, ainda assim, que esta colecção está muito pobrezinha. O que aconteceu? Falta inspiração? Que não seja por isso, cá vão algumas sugestões cheias de boa vontade e tentando manter o nível de cagança:

Fumar mata.
É favor
ir morrer
longe.

O cigarro
contém mais de
3.000 substâncias
químicas nocivas.

Os gases de
escape contêm
apenas 2.000
químicos tóxicos.

Fumar é causa
frequente de
cancro labial
e outros
desatinos.

Se está grávido:
Parabéns. Acaba
de ganhar
USD $15000000





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12/10/03

Bilhete deixado sobre a mesa de...



Cá estive, pedindo a Deus não te encontrar e que não chegasses, enquanto rabisco este bilhete. Pessoalmente, quase nunca te pude pedir perdão, porque tu pensas que isto é, apenas, uma humildade, que humildade é um apoucamento, e assumes, cada vez, uma soberba desdenhosa, que não te fica bem, que me enfada e me apiada de ti.

Sempre que te amansei e te conduzi um pouco à realidade foi com descanso _ e só eu sei quanto me custou fingi-lo. Odeio a mentira, e a pior delas é a que esconde um sentimento bonito, para expandir, em defesa própria, uma atitude banal, de gestos e palavras. Quando e em quem será o dia em que poderei valer pelos meus sentimentos mais legítimos?

Assim por escrito, é-me fácil chegar a teu coração, porque não estou presente... e tu usas o coração por fora da blusa, não sentirás necessidade de escondê-lo.

Cá estive, para que estes recados desdissessem alguma crueldade que te fiz, quando tentaste encontrar em mim uma bondade maior que a dos homens.

Esqueceste de que eu era, simplesmente, um homem; fragilmente, um homem; fortemente um homem. E que o homem _ o melhor deles _ é feito apenas de dor e de orgulho. Tu não quiseste que eu partilhasse do teu sofrimento. Tu me viste exibi-lo, cruelmente, para saber até que ponto eu resistiria ao desespero.

E eu era um homem, como os outros, feito de dor e de orgulho. Agora, preciso dizer-te quanto me sinto responsável por ti, muito mais do que se o fosse perante teu senhorio, tua Société Anonyme du Gaz, tua Casa da Banha, teu algum argent-de-poche. Mas perante mim mesmo, que te sei a mais indefensável das pessoas. E que isto, em todas as horas, me traz inquietação e cuidados, numa sufocante angústia paternal.

Que saber disto te faça companhia, quando todos e tudo te cercarem. Que ao menos isto te afague a fronte, quando todos e tudo te humilharem. Que ao menos isto te agasalhe o corpo, quando tudo e todos te ultrajarem. Que ao menos isto seja poesia, quando a dor te fizer chorar de noite, porque de te ferir já se fartaram, todos e tudo, e te deixaram só.

Muito mais que te pudesse amar, eu te sofro. Muito mais do que te queria perto, eu te quero feliz. Se isto te parecer um arremedo de poesia é porque isto é verdade, e em toda a verdade há muito de poesia, e só há poesia na verdade, de todos e de tudo.

In Benditas sejam as moças,
Civilização Brasileira

António Maria (1921-1964), publicação Diário de Notícias






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09/10/03

Deixar de fumar
reduz os riscos
de doenças
cardiovasculares
e pulmonares
mortais.


Então e a circulação periférica? Lev Yashin morreu sem os quatro membros, por ser um grande fumador. Ah, pois, isso é uma doença cardiovascular. O povão entende logo a mensagem. Está-se mesmo a ver Ti Manéli chegando-se à venda lá do povo:
_ 'Tard, compadr'. Vinh? Nã, 'gradecid, tênh um problem' cardiovascular, óbrigadinh.


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Fumar
provoca o
envelhecimento
da pele.


Ah, é? E o resto, e o resto? Fica novinho em folha, como se nada fosse?
Que giro. Julgava que era a praia que fazia isso à pele, a malvada. É a primeira vez que oiço falar disto e estou maravilhado.

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Fumar bloqueia as
artérias e provoca
ataques cardíacos
e enfartes.


Não djiga. É mêzmo?
E quantos? Quantos de cada?
O enfarte não é um tipo de ataque cardíaco?
Perguntar não ofende, cetor, desculpe a ignorância.
E atão a bela trombosezinha, não vale? Ah, pois, se não está lá escrito é porque não vale. Ai, esta minha cabeça.

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Nova técnica


De engate.
É a chamada blogosfera. Crie-se o blog. Pespeguem-se-lhe umas patacoadas a metro, com muito sentimento, se for menino, ou com muita arrogância, se for menina. O menino finge que chora, baba e ranho, coitado, chuif-chuif, a menina que é das tesas, pimba-catrapimba, efectivellllmente, eu cá penso "de que", etc. e tal. É garantido. Grandes paixões vão por aí. Uns fazem-se de crias da capoeira, outros armam em poetas de meia-tijela, outros ainda fazem-se passar por tiranos de pacotilha, terrores da gramática e do belo pensamento, da frasezinha catita, da meditação profunda e à pressão, senhores - durante fracções de segundo - de toda a verdade, de todas as certezas, de tudo e mais alguma coisa (não é por mero acaso, o mote do Dodo).
Esperem pela pancada, meninos e meninas. Esperem até se encontrarem cara a cara. Esperem até que o tempo passe e vos amarrote. Ou então, quem sou eu para vos passar ditames, não esperem coisa alguma. Avancem. Avancem já, resolvam lá isso. Declarem-se. Estrafeguem-se. Abominem-se ao fim de umas horas, uns dias, umas semanas ou uns meses, que seja. E que a coisa valha a pena, ao menos no intervalo. Não tarda nada, depois da troca de fotografias (as melhores que se arranjarem, com dez ou doze anos de atraso), depois do primeiro telefonema (ah, a voz, a voz), finalmente o menino encontra a menina, e vice-versa, e aí a coisa ou vai ou racha; geralmente racha, se bem que nem sempre. O que fazer? A realidade é sempre bem mais triste do que a "respectiva" virtualidade.
Mas sejam decentes. Admitam. Isto não passa de engate, não é? Temos aqui o velho piscar de olho dos tímidos, o assobio dos magalas, em versão ligeiramente sotisficada. Isto é uma variante do antigo baile na sociedade recreativa, das "festas" na cave, não é? Esta profusão de palavras escritas é o velho e relho jogo de olhares, da janela para a rua, certo?
É só isso, não é? Aboliram-se os medos; qualquer camafeu pode passar pela mais bela das mulheres; o mais retinto dos imbecis pelo mais brilhante dos intelectuais, ao menos lá do bairro e arredores; qualquer tarado pode agora passar por "mente que brilha"; qualquer destrambelhada por "génio das letras"; qualquer ser deformado tem agora terreno livre para se alcandorar aos píncaros da fama, virtual e fugaz, ainda que à custa de simples caralhadas, de neologismos bacocos, das mais óbvias operações de cosmética psiquiátrica.
Esperem pela realidade, que não falha nunca.
Ou não esperem.
Please proceed. It's funny, you know?

Este era um dos posts arquivados; tinha algumas dúvidas sobre o conteúdo, e pássaro honesto, ainda que extinto, deve conservar alguma reserva naquilo que diz, escreve, ou pia.
Mas todas dúvidas se dissiparam depois de ler isto, e respectivo comentário. Bruxo.

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08/10/03





estudante universitário manifestando o seu des-contentamento




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culpado



O convívio com os gatos torna as pessoas estranhas. Está finalmente provado. É como uma hipnose, um feitiço. Quem tem gatos em casa fica esquisito, comporta-se como uma marioneta, cujos cordelinhos fossem puxados pelo próprio bichano, à distância, em silêncio, enquanto ronrona no sofá. O poder do tareco é implacável, imbatível e inimputável, porque actua no nosso inconsciente. Comportamo-nos de forma alterada mas não sabemos porquê, acreditando que o problema está em nós. Ou não enxergando sequer o problema, até ser tarde de mais. Mudamos de personalidade, falamos e é como se alguém falasse pela nossa boca, movemo-nos como robôs teleguiados, fazemos figuras tristes, metemo-nos em sarilhos, armamos em parvos, fazemos discursos brilhantes, afirmações cretinas, pomo-nos nos píncaros, caímos no ridículo, barafustamos, intrigamos, agredimos, tudo por culpa do gato, lá em casa a trincar espinhas e a manipular-nos, com todo o sangue-frio, metódico, até nos levar à destruição.
Mas o mais terrível é que o próprio gato está inocente. Na realidade, não é ele que se apodera da nossa mente. É apenas o veículo de uma força muito mais poderosa, uma entidade do limbo e das trevas, monstruosa, ardilosa, disforme e minúscula; um protozoário unicelular, um parasita, um chulo chamado toxoplasma gondii.
(...)
É no cérebro de um rato que o toxoplasma passa os endiabrados anos da adolescência, mas é no intestino de um gato que desabrocha para a plenitude da vida adulta.(...) O que se sabe é que o toxoplasma se reproduz furiosamente, largando, de cada vez, uns 600 milhões de ovos que o incauto gato defeca e espalha por todo o lado. No solo, essa espécie de quistos pode esperar 18 meses até, na melhor das hipóteses, acabar por ser ingerida por um rato. No organismo deste, penetra no fluxo sanguíneo e surfa alegremente até se cravar num neurónio. É aí que conhece as primeiras alegrias e também as primeiras decepções da vida mas, para se desenvolver cabalmente, tem de regressar ao intestino de um gato. Como? Esperando, naturalmente, que o felino coma o roedor, como é da tradição.
(...)
É muito comum que os ovócitos acabem no estômago de outro animal, ou de um ser humano. Basta que este coma vegetais mal lavados, ou carne mal passada, ou de alguma forma frequente os locais infestados pelas fezes dos gatos. A probabilidade de isto acontecer é enorme. Estima-se que 30 por cento da população mundial esteja infectada com o toxoplasma gondii e, nalguns países, como por exemplo a França, essa incidência seja próxima dos 90%.
Mas isso nunca preocupou os médicos e os biólogos, convencidos de que essa presença larvar do parasita no organismo era inofensiva, excepto em casos especiais,como o das grávidas ou o de indivíduos com os sistema imunológico enfraquecido, como os doentes de sida. Neste último caso, é frequente que a toxoplasmose leve à morte e, no caso das mulheres que a contraiam durante a gravidez, é provável que a criança venha a ter problemas mentais. Isto era sabido, pelo que há muito estão estipulados cuidados especiais nestas situações de risco. O que agora se descobriu foi que o toxoplasma é incapaz de viver sossegado. E que, uma vez instalado no cérebro de qualquer ser humano, começa a provocar-lhe alterações de comportamento.
(...)
Segundo estudos realizados com centenas de voluntários, os homens infectados são mais agressivos, mais rebeldes, mais desconfiados e ciumentos, mais anti-sociais e menos inteligentes. As mulheres com toxoplasma no cérebro, segundo os cientistas, são mais alegres, mais comunicativas, mais afectuosas, com mais tendência para a mentira e para a infidelidade, ou mesmo para a promiscuidade, e apresentam um QI mais elevado.
(...) Mas o que pretende o obnóxio toxoplasma gondii fazer connosco? Trata-se de um erro de cálculo que leva o parasita a querer que sejamos comidos por um gato? Os cientistas temem que a realidade seja bem mais sinistra. Encurralados num cérebro humano, sem hipóteses de aceder à terra prometida, que é o intestino de um gato, o diabólico protozoário engendrou outro plano para se libertar: levar-nos à auto-destruição. Obviamente pouco preocupado em ser politicamente correcto, lá pensou que tornando os homens desconfiados e estúpidos e as mulheres promíscuas e inteligentes, conduziria os humanos a confrontos sangrentos e à morte.
(...)

texto de Paulo Moura, revista Pública (suplemento do jornal Público), 05.10.03
(foto de www.anth.org/")



Se non é vero, é bene trovato. E explica muita coisa.

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07/10/03


Para o ajudar a
deixar de fumar
consulte o seu
médico ou
contacte o seu
farmacêutico.



(foto http://www2.ijs.si/~icjt/)

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O fumo contém
benzeno,
nitrosaminas,
formaldeído
e cianeto
de hidrogénio.
Fumar prejudica
gravemente a sua
saúde a dos
que o rodeiam
Fumar pode
provocar
morte lenta
e dolorosa.



Ora entonces. Cá estão os pontos finais, umas vezes sim, outras não. Mas, céus, que imaginação! Que brilhantismo! Que estética a preto e branco!

Acho que já descobri o autor destas proezas linguísticas: é um tal de Alexandre que se julga poeta e tem lá o blog cheio de galináceos a quem a verve dá tremuras nos entrefolhos. Esse camaradinha diz que "não deixa" que alguns idiotas "cerceiem" a humanitaríssima campanha em curso contra os excomungados da fumaça. Bolas que lá se me gastam as aspas (e os manguitos, como dizia o velho Almada Negreiros).

Camaradinha: até que escreves benzinho, mas quer-me parecer que tens umas certas tendências ditatoriais. Julgas-te no direito de "não deixar", mas nem deixas nem deixas de deixar porra nenhuma. Fica lá entretido com as galinhas embasbacadas e deixa as pessoas em paz, ok? Bye.

Ora, dizia entonces. Os pontos. E ele é morte dolorosa e... lenta... lenta... lenta... Bálhamedeus. Ah, não quero isso! Não! Não! Mil vezes não! Põe ponto de exclamação nisso. Não. Quero (outra) morte rápida, limpa, "swift", elegante. Quero morrer sem chatear ninguém. Pimba, já está. Uma limpeza, repito. Agora cá disso, a gente a ganir, arrastando um tripé com rodinhas e o soro ao dependuro, com tubos entrando por todos os orifícios (sei bem o que isso é, mas não me gabo nadinha), oh, não, outra vez mil vezes não, fica aqui a jura, adeus, é um pequeno passo para mim e um grande salto para mim também, pela janela mais próxima, pum, acabou-se o catarro.

Enfim, essa da morte lenta e dolorosa é grave. Quando chegar a minha hora (outra vez), vai ser atrasando o relógio das conveniências, prometo não incomodar ninguém, pronto. Muito menos os que me rodearem na altura; mentira; morre-se sozinho, e agora ainda mais porque é por decreto, porque é quando queremos, porque queremos, porque tem de ser, quando tem de ser. Não me obriguem a viver a vossa vida saudável, se eu não quero. Não me espanquem na vã tentativa de que eu adore a saúde e a juventude. Isso não sou eu. São vocês. Por isso, vou morrer longe. Onde não incomode ninguém.

Cheio de benzeno, destilando nitrosaminas, tresandando a formaldeído. Que nojo, blarrgh! Pois, ponham-se a milhas. Eu não sou um ser humano, sou um fumador. Fazem perfeitamente em não falar com tão vil espécie. Mereço a forca, pois então. Enforquem-me, por favor, a bem da nação.

Lá vai mais um (maravilhoso) SG Filtro, todo besuntado de cianeto de hidrogénio. Haja um pouco de génio, caramba.

Saúde!

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Português snave


Só agora reparo na polémica ingente lançada pelo Aviz, a propósito dos cigarros da marca Português Suave. Mas então, afinal, "suave" é equivalente a "light", e por isso é que tem de ser eliminado?
Ora, não brinquemos. Não sendo propriamente um especialista na matéria, parece-me óbvio que aquela marca tinha uma conotação meramente... arquitectónica! "Português Suave" designa um período da nossa História, materializado em diversas áreas, nomeadamente na arquitectura, de Raul Lino a Cassiano Branco (e seguintes).

O facto de haver centenas de mensagens a insultar o Aviz e nem uma só para esta pobre ave já extinta, comprova mais uma vez a evidência: o que os anti-tabagistas militantes pretendem é alguma causa a que se agarrarem, em vez de coisa alguma, é um pouco de notoriedade que os faça esquecer a própria irrelevância. Não lhes interessa para nada a coisa em si, o que importa é seleccionar o alvo a abater; neste caso do Aviz, é alvo mas não é para abater; os militantes da causa precisam de fumadores-figuras-públicas para que a dita pareça ser alguma coisa de sério; a única preocupação com a saúde do FJV é que ele não lhes morra e os deixe a falar sozinhos. Longe vá o agoiro.

Existe uma banda Português Suave, e pelo menos um blog, não da marca, mas com ela. A Google451 resultados com o critério de busca "português suave", e ainda não foram indexadas as polémicas recentes sobre o assunto. Em absolutamente lado algum "português suave" significa "tabaco mais fraco do que os outros" ou "marca portuguesa de cigarros que não fazem mal à saúde". Ou coisa que o valha.

No fundo, aqueles cigarros - que até eram excelentes ao princípio, sem filtro - chamavam-se assim porque foi o que calhou, na altura. "Suave" não tem nada a ver com o que está lá dentro. O que diabo significa "SG"? E "filtro"? Alguma vez existiu "SG Sem Filtro"? A única marca portuguesa que alguma vez teve a ver com o conteúdo foi o Três Vintes: vinte cigarros, vinte gramas, vinte escudos (ou vinte centavos, quando foi lançado?). Tudo o mais é pura inspiração momentânea do maduro que, lá na Tabaqueira, baptizava as novas marcas; e, evidentemente, de forma puramente arbitrária, porque o que está dentro de um cigarro é apenas tabaco; no essencial, não há qualquer diferença; as diversas misturas, de diversas proveniências, é que vão fixar o travo específico de uma determinada marca, apenas reconhecível pelo fumador "gourmet". E o tabaco que está lá dentro tem tanto de "Português" como de Angolano, Moçambicano, Açoriano, Americano, Brasileiro ou Tobaguenho; as folhas são importadas de todo o mundo. E as diferentes marcas não são, salvo raras excepções, se não mais do mesmo; procuram apenas chamar a atenção e fidelizar comsumidores; se isso é legítimo ou não, ó, para quê ir mais longe, veja-se a indústria farmacêutica. Adiante.

Para mim, que sou ave e fumo (a propósito, como já estou extinto é favor não me virem cá chatear), não há nada como o belo SG Filtro. Há 30 anos, 3 maços por dia. Já morri, quero lá saber.

O que torna isto verdadeiramente irritante é a atitude de subserviência da Tabaqueira Nacional (Philip Morris): porque se rebaixam assim? Porque não mudaram o nome para algo de mais ternurento, digamos, mantendo intactas as pretensões dos fundamentalistas e, ao mesmo tempo, expondo-lhes o ridículo?

Sugestões:

Português Sou Ave
Português Snave
Português Soave
Português Su Ave
Português Suabe
Português Brutamontes
Portuguesa Suave
Português Evaus


Tudo quer dizer o mesmo, ou seja, nada.

Dodo


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06/10/03

_ Não o conhecia tão bem como pensava. Supus que ele fosse escolher uma mulher como quem escolhe uma vaca... para ser uma boa vaca, perfeita nas actividades que lhe são próprias... para ser uma boa esposa, o que é muito parecido com ser uma vaca. Talvez ele seja mais humano do que eu supunha.

A Um Deus Desconhecido, John Steinbeck

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05/10/03

pura beleza do passado



Sociedade Caboverdeana de Tabacos

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Uma mensagem clara e consistente



Fumar é um vício. Pode ser muito difícil abandonar o vício, se for um fumador, mas isso não o deverá impedir de tentar.

Fumar causa aos fumadores cancro nos pulmões, doenças no coração, enfisema e outras doenças graves. Os fumadores são muito mais propensos a desenvolver doenças graves, como, por exemplo, cancro nos pulmões, do que os não fumadores. Não existe um cigarro "seguro".

"Fumar é perigoso e um vício."

Os fumadores deverão continuar a conhecer os perigos do consumo de tabaco. No decorrer desta secção, encontrará informações sobre os efeitos do consumo de tabaco para a saúde, assim como recomendações para deixar de fumar. Também encontrará ligações a autoridades de saúde pública, e a outras organizações, que fornecem mais detalhes sobre estes tópicos. Além disso, fornecemos informações sobre os ingredientes nos nossos cigarros e os compostos químicos no fumo dos cigarros.

Onde quer que vendamos os nossos produtos, apoiamos uma mensagem clara e consistente de saúde pública, relativa ao consumo de tabaco, às doenças e à dependência. Também apoiamos as leis que obriguem os fabricantes de cigarros a incluir avisos de saúde nas embalagens dos cigarros e nos anúncios publicitários. Nos países onde não existe esse tipo de leis, estamos a incluir, voluntariamente, avisos nos nossos maços, nos volumes e nos anúncios. Queremos que os factos continuem a ser largamente conhecidos.


Isto é civilizado, decente, inteligente.

Eliminar a designação "lights", em todas marcas, é perfeitamente admissível; inserir mensagens desmotivadoras em todas as embalagens, correcto; proibir qualquer tipo de publicidade ao tabaco, justifica-se; promover campanhas de esclarecimento sobre os perigos em que incorrem os fumadores, é absolutamente lógico. Evitar, enfim, por todos os meios, que alguém comece a fumar, ou que um fumador incomode outrém, seja como for, vamos a isso, claro, é justo.




Isto é barbárie, indecência, estupidez:
Os
fumadores
morrem
prematuramente.
Fumar pode
reduzir o fluxo
de sangue
e provoca
impotência.
Para o ajudar a
deixar de fumar
consulte o seu
médico ou
contacte o seu
farmacêutico.


(colecção de imbecilidades governamentais a completar, com tempo)


Os fumadores não são mentecaptos, nem criminosos, nem míopes; não necessitam de insultos em letras garrafais; alguns até sabem escrever em Português e puxam logo uma fumaça enraivecida, quando topam com erros. Para que diabo é o ponto final em todos aqueles debitanços? Essa de contactar o farmacêutico em vez de consultar o médico, é porque fica mais barato? Onde se reduz o fluxo de sangue, exactamente? Estou apreensivo com essa. Pois, se reduz o fluxo de sangue, ora bem, depende do local exacto, se for aí mesmo, ah, pois, lá se vai a potência, isso é. Mas reduz, não reduz, ou é só "pode reduzir"? Hmmm? Em que ficamos?
E o que é "prematuramente"? Antes dos 100? Os não-fumadores morrem o quê, então? Postcipadamente?
Já existirá um inferno para fumadores e um inferno para não-fumadores? Ou áreas reservadas, ao menos?
Terríveis dúvidas e perplexidades.
E agora? O que se segue? Jogging obrigatório? Um copo de leite morno todas as manhãs? Ouvir os discursos do Padre Melícias? Missa compulsiva? Lobo Antunes nas escolas? Injecções de sensatez por detrás da orelha? Tau-tau nos renitentes? O quê, raios?!

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03/10/03

Poema num só canto


---------------- V

Seus meigos olhos, que a foder ensinam,
Até nos dedos dos pés tesões acendem;
As mamas, onde as Graças se reclinam,
Por mais alvas que os véus os véus ofendem:
As doces partes, que os desejos minam,
Aos olhos poucas vezes se defendem;
E os Amores, de amor por ela ardendo,
As piças pelas mãos lhe vão metendo.

Bocage

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02/10/03


estes japoneses inventam tudo e mais alguma coisa


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Guia do viajante poliglota

Alemão

Inglês

Francês

Italiano

Português

ach du liebescheiβe

I need that like an extra hole

Ah, ben, on s'emmerde pas, ici

porcaria lavaccacia

dá-te gozo foderes-me o juízo?

beschiβ

to get fucked by someone

truandage

presa per il culo

fodido e mal pago

bürokratenscheiβdreck

red tape

conneries depaperasse

burocrazia di merda

burocratas da merda

da kannst duseuchen, bis du scwartz bist

you can turn me over till you go blue in the face

cherche toujours, mon mignon

puoi cercare finché diventi Nero

bem podes tu procurar

der schlag solldich treffen

drop dead

vas t'faire foutre

che ti fulmini un lampo

um caralhinho que te foda

du hast wohlsackratten?

have you got the pox?

t'as les morpions?

cos'hai le piattole?

apanhaste um esquentamento?

du hast wohltomaten auf den augen

wou're blind as a bat

tu as les yeux dans ta poche

hai il salame sugli occhi

estás ceguinho de todo

du pinnst wohl

you've got a screw loose;are you crazy?

tu déconnes pas un peu?!

ma sei scemo?;dai i numeri?

estás marado dos cornos

du rindvieh

ox

abruti

animale

grande besta

etwas na densackhaaren herbeiziehen

tell that one to the judge

tirer para les cheveux

tirato per i capelli

essa é tanga

gequirltescheiβe

bull shit; crap

connerie(s) montée(s) en neige

che minchiata; cazzata

tretas

piefke

social brown-noser

bêcheur

nuovo ricco

novo-rico

pissen

to piss

pisser

pisciare

mijar

puff

brothell

bordel

bordello

casa-de-putas

quadratlatschen

row boats

écrase-merde

piedipiatti

patudo; pezudo

räuberhöhle

robbers' den

coupe-gorge

tana di ladri

covil de ladrões

rote sau

pinko

coco

porco socialista

comuna

rotzlöffel

toe rag

morveaux

sfacciato

mal parido

ruhe im puff

shut up

arrêtez c'boxon

silenzio

caluda

sack und eier

bollocks

putain d'merde

porca miséria

ora porra

sackgesicht

rat bag; dip-shit

gueule d'empeigne

faccia di cazzo

cara de cu

saftladen

cheap place

merdier

sgabuzzino

espelunca

saubär

clown

mon gros poulet

orsacchiotto

palhaço

saufaus

boozer

poivrot

spugna; ubriacone

bebedolas

saufen

to get blastered; booze

siffler

ubriacarsi; sbronzarsi

emborrachar-se

sauhund

cunt

gros poulet

orsacchiotto

grande besta

scheiβen

to take a crap

chier; couler un bronze

cagare

cagar

scheiβerei

the shits/squirts

 

sciolta

cagadeira

schlappschwanz

limp dick;looser

couille-molle

rammollito

impotente; lambe-conas

schmierentheater

brain damage

cést du boulevard

fábrica dipalle

espectáculo do piorio

schnepfe

slag

cocotte

puttanela

principiante; tenrinha

schrapnell

stuck up oldtrout

rombiére

Regina Elisabetta

coiro; entradota

schwanz

cock; dick; prong; prick

bite; queue; noeud

cazzo; minchia

caralho; picha; piça

schwuchtel

les; dike; butch

folle; lopette; gonzesse

ficaiola

fufa

schwule sal

faggot; fag; bender

pédé; enviandé; englandé

culatone; orecchione

paneleiro; panasca; bicha

stinkstiefel

pratt-face

casse-couilles

girapalle; rompipalle

rebenta-cus

sturer bock

blockhead

ducon

testa dura

cabeça dura

titten

tits; boobs; lungs; Charlies

nichons

tette

tetas; mamas; air-bags

tussi

skirt

pepe

amichatta

gaja

verfluchtedrecksau

you mother fucker

putain d'salop/e

schifezza umana schifoso/a

seu filho/a da puta

vergammeltesloch

shit hole

trou à rats

buco

ninho de ratos, pardieiro

vergiβ es

that's not worth it

laisse tomber

lascia perdere

esquece essa merda

verpiβdich

piss off

tire-toi

sparisci

vai-te foder

warmer bruder

fairy; faggot

tante; mignard

mezzo culo

paneleiro,maricas; roto

was kostet derscheiβ?

what's the damage?

ça coute combien, vot'merde?

quanto costa stá schifezza?

quanto custa essa merda?

wichs dir einen

go and toss/jerk

vas t'faire enculer

vatti a fare una sega

vai levar no cu

wichsen

to wank/jerk off

branler; faire reluire; se palucher

pugnetta

punheta

wichspfoten weg

hands off; fuck off

pas touche

giù le zampe

tira as patas

zieh leine

make tracks; piss off

fous l'camp

squaglia

põe-te na alheta

zimtzicke

moaning Minnie

punaise

histerica

histérica

zitzen

droopy tits

mamelles

tette di vacca

grande par de tetas

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01/10/03


L.:
Não sei se te apercebes daquilo que estás a fazer comigo.
(Hás-de reparar que a minha frase característica para começar cartas é "não sei se..."; isto não explica nada, só é curioso)
Olha que este terreno é muito escorregadio. As coisas são como são, e se deixam de o ser pelo simples facto de não poderem ser, é cá uma destas chatices que nem queiras saber. Pelo menos para mim.
Já sonhei muito, estupidamente, e durante muitos anos. Acredita: estou até aqui de banhos gelados. (não, não vou ligar o esquentador.)
Sonhei em tempos com uma casa simples, com tudo lá dentro, para aquela 1ª mulher impossível; ela era drogada, viciada, apodrecida, doente, e eu queria estar só no mundo com ela, para a proteger, guardá-la dos mauzões, curá-la, cuidar dela, viver para ela; ser eu melhor por obrigá-la a tornar-se boa, ser eu a droga dela, ser ela a minha droga; era linda, só para mim, de uma beleza que só eu via e sabia e não conhecia e queria conhecer.
Sonhei em tempos, noites e noites, com aquela que era espantosamente bela, e tão perseguida, e tão sózinha; e queria-a só para mim, com todo o amor e toda a violência do mundo, contra outros mauzões que também esta perseguiam, contra a solidão dela, contra os canhões, marchar, marchar. Ela tinha um filho, um ex-marido com o qual nunca fora casada mas que era o pai da criança, e com o qual viveu maritalmente em casa materna, à mistura com o irmão, a mãe e uma cadela; grandes confusões que me pareceram naquela altura coisas deliciosas, maravilhas mesmo a calhar para o meu instinto de macho protector; para ela, para a minha protegida, queria tudo: queria ser rico, queria que ela fosse rica (éramos ambos uns pequenotes burguesotes), queria que o filho dela não tivesse falta de nada na vida, nem sequer do pai que já tinha.
Sonho agora contigo, penso em ti constantemente, faço a figura de urso do costume, esqueço-me do que ia a dizer, não como a papinha toda, digo coisas a despropósito, parvoíces, disparates. Enfim, todas estas bacoradas eu faria sem esforço, caso não fosses tu a terceira mulher e não a 1ª ou a 2ª; mas juro que ainda não cheguei a tal degradação.
Aqui há uns meses, escrevi-te "apanhei a doença". Podes crer. Valham-me as artes do disfarce, o poder do recalcamento, a facilidade da sublimação (?) e dos escapes sociais. Neste último caso, não me apetece quase nunca ir a uma "boite", por exemplo; sinto-me bem na simples contemplação da tua pessoa, L. À procura talvez daquela hipóteses de negação que se usa nos julgamentos; é a minha defesa a funcionar, já que o meu ataque não tem agora a elegância e a subtileza que tinha: é do género "amo-te" e chega; não tem intenção, não dá luta. Marimbo-me para o "ataque"; se tu me gramas e eu te gramo, chega mesmo.
Quanto aos teus defeitos, descansa que não me podem fazer grande mossa. O quê, a tua petulância? O teu egoísmo? Que se lixem os teus defeitos. Repito, são circunstanciais, e quanto a elas, circunstâncias, há que resolvê-las e nada mais.
Dir-se-ia, a julgar por todo este paleio, que te estou a tecer grandes teorias sobre a lógica do irracionalismo proletário ou qualquer outra treta igualmente comprida. Mas olha que não: para já, estamos sóa falar e, além disso, patatipatatá, gramo falar contigo, e, se calhar, alguma coisa se aproveita do que eu digo, tu conheces-me assim mais um bocado, as coisas ditas são mais fáceis de entender do que as caladas.
Lamento, isso sim, que tanta coisa tenha de ser dita quando se poderia ter passado tão bem sem dizer nada; tipo "tás bem?" Tou. Gramo estar contigo. Eu também. Pois. Eu também gosto de ti, seja com for.
E fosse como fosse! Agora estaríamos os dois juntos em qualquer lado, a curtir o nosso princípio, a ver qual de nós fraquejava em primeiro lugar, até que ou a morte ou a vida nos separasse.
Na tua breve passagem pela vida, acredita, não se pode fazer nada de mais belo, nem mais racional, nem mais bonito, nem que mais valha a pena.. Nem mais!

3 de Março, 1983


Já fui jovem, nem acredito. Para ler uma coisa destas, é necessário daqueles saquinhos que distribuem nos aviões.
No dia seguinte, 4 de Março de 1983, escrevi-lhe outra carta, ganda maluco, onde lhe gabava as mamas e o cu. Sejamos claros. Era uma gaja que me fazia amarinhar pelas paredes. Podre de boa.
Enfim, é mais ou menos assim que se escreve quando se é jovem, ai que saudades, aiai, e reconheçamos o interesse histórico-linguístico-antropológico do documento: "gramar", "curtir", "sózinha" com acento, as "boites", etc. Que giro.
Pois, a L. Valia cada palavrinha. Podre de boa, já tinha dito?

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