Odi profanum vulgus et arceo

26/01/06

ab...cesso

De vez em quando, espreito aquela coisa; é a minha faceta de "voyeur" a dar de si, solta-se o puto que há em mim, espreito por uns momentos como se o programa fosse um buraco de fechadura à moda antiga. Tem de ser mesmo de fugida, uma olhadela, uns segundos, e depois toca a fugir, zap, zap, zapping, a tomar ar longe, socorro, tirem-me daqui, ó coisinha nojenta, livra!

Existem programas de televisão absolutamente irrespiráveis, e este é um deles; conveniente, no entanto, para quem se interessa por zoologia, ou havendo curiosidade intelectual pelos comportamentos em grupo e pelas manadas em geral. De facto, do mesmo modo que se deve assistir estóica e regularmente a alguns segundos de "Os Malucos do Riso" ou de qualquer filme do Manuel de Oliveira, nenhuma pessoa que se pretenda minimamente informada dever-se-á furtar aos seus deveres sociais; destes, sem dúvida, aquele que merece o maior apreço, por parte da comunidade intelectual, é o do sacrifício da visualização de lixo mediático, vulgarmente e apropriadamente designado por telelixo. Assistir a alguns programas televisivos poderá constituir mesmo um acto de verdadeira e nunca reconhecida heroicidade, devido ao ambiente degradante em que se desenvolvem e também, ou principalmente, à extrema toxicidade mental a que se sujeita o intrépido telespectador quando neles, como soe dizer-se, penetra.

Assim a voo de pássaro, as imagens fugazes que me ocorrem (além da psicóloga de serviço, não muito má espingarda) remetem infalivelmente, todas, para aquilo que o sexo pode ter de mais terrível, falar dele, e de mais abjecto, falar dele interminavelmente. Aquela coisa tem assistência no local, umas quantas filas de elementos aleatoriamente seleccionados de entre as chamadas "massas", isto é, o poviléu mais retinto e caracteristicamente embrutecido que se possa imaginar; cabe a esta gente aplaudir a actuação dos artistas no redondel, onde pontifica a apresentadora, espécie de mestre-de-cerimónias da coisa púbica; Marta Crawford, de sua graça, dispensando a cartola branca e o pingalim, mas não as botas de montar e as calças de fole, tem por função esparramar por cima das cabeças circunstantes a sua imensa sabedoria sobre tudo e mais alguma coisa a respeito, utilizando para o efeito um verdadeiro arsenal de conhecimentos, isto e aquilo, e de artefactos, vibradores sortidos, preservativos coloridos, aparelhos com ambos os sexos embutidos, e de argumentos, sobre maridos traídos, amantes desajeitados ou mal paridos, homossexuais travestidos, casos de amores desfeitos ou corações partidos, e de técnicas para usar na cama, no tapete ou mesmo no guarda-vestidos, o que são e onde os sítios bem (ou mal) lambidos, o que é ter um apenas ou mais queridos; e diz que se deve destruir os preconceitos mais empedernidos, trazer à luz do dia os fantasmas mais escondidos, das mulheres o dever de conquistar os seus maridos, quantos e quais são os casos de amantes bem ou mal fodidos, onde pôr a mão exactamente, para escutar certos, requintados, deliciosos gemidos, os mistérios insondáveis que se escondem por debaixo da roupa de todos, mesmo dos mais vestidos, ou dos mais tarados, ou dos homens em geral, até dos mais mal servidos.

No fim de cada número, que também pode meter convidados, cada qual com seu naipe de habilidades, o povo em volta aplaude, grato e embevecido pelos conhecimentos que acaba de adquirir. De vez em quando, entremeando as prelecções, Marta esclarece dúvidas ao telefone, sem nunca pestanejar e raramente se rindo; desde o melhor lubrificante para que se possa ter relações anais "gratificantes" até à escolha das pilhas adequadas para determinado vibrador, nenhum ouvinte espectador continua a duvidar de coisa alguma, assim que a psicóloga despacha a chamada. Alternando com esta técnica de esclarecimento, por vezes algum felizardo ou felizarda da assistência pode também colocar a sua "dúvida" em directo, falando-lhe ali ao microfone: deve-se rapar os pelos do púbis ou isso faz mal à saúde? A masturbação deve ser feita sempre que se pode, ou apenas amiúde? E é sempre cada um por si, ou pode-se pedir a alguém que ajude? No sexo em geral, o que acha, deve-se ser meigo ou deve-se ser rude? Onde está escrito "ide e multiplicai-vos", é na Bíblia ou no Talmude? Ele é muito estranho, tem muito sono, não haverá nada que o ajude?

Marta a tudo responde, como se sabe, e sempre termina seja o que for dizendo que "é agradável", certa coisa, determinada posição, ou então que é mais ainda, que é "muito agradável", certa posição, determinada coisa. Varia, mas pouco. Sabe sempre, e ressalvando melhor opinião, qual a melhor resposta para qualquer questão; sabe sempre, de fonte segura, aquilo que dá e o que não dá tesão, onde se deve mexer, ou não, o que pode ser "mais agradável" feito à máquina ou feito à mão, quando usar desinfectante ou apenas sabão, e os casos em que se recomenda o "Dystron"; qual é ao certo a diferença entre um pénis normal e um outro ligeiramente anão, que pode ser para a mulher "agradável" o sexo "à cão" ou se será melhor não insistir nessa posição; sabe perfeitamente que incesto é, por exemplo, entre irmã e irmão, ou que, também por exemplo, quem muito se gaba é geralmente um parvalhão; e há o beijo que se rouba, o sexo ladrão, e a mulher insaciável, sexo lambão, e o sexo escondido, o da traição, e o homem atraiçoado, o "chamado" cabrão.

Um espectáculo, o da Marta, com outro espectáculo dentro, a própria Marta. Faça-se-lhe a justiça de reconhecer que o programa evita fanaticamente a grosseria, para a qual, de resto, muito esporadicamente resvala; poder-se-á talvez presumir que nunca por nunca ali se ouviram termos como caralho, cona, tesão, broche, paneleiro, sessenta e nove, enrabanço, punheta, minete, bacanal, etc.; nada disso, ele é tudo termos técnicos, respectivamente, pénis, vagina, excitação sexual, fellatio, homossexual, 69, relações anais, masturbação, cunnilingus, sexo em grupo, etc. É muito engraçado, para além de instrutivo. Ao povo não faz mal nenhum, se bem que também não adiante nem atrase, tomar conhecimento das designações técnicas de tudo aquilo que sempre fizeram sem nunca lhes ter ocorrido que tais coisas poderiam ter nomes tão complicados; ou para que servem, se os outros nomes fazem o mesmo efeito; ou se a apresentadora conhecerá tudo aquilo por experiência própria ou apenas de ouvir falar; ou para que raio, em resumo, servem tão detalhados ensinamentos sobre algo que existe desde o início dos tempos. Mas isto é o povo a pensar, em seus eventuais e imperscrutáveis raciocínios. No fundo, aquilo que lhes interessa é receber o devido pagamento pela função de espectadores a fingir. Quanto mais fingirem, mais recebem, tanto dá naquele programa como no "Preço Certo Em Euros" ou no "Prós e Contras", salvas as devidas distâncias.

E sabem, principalmente, no fundo, no fundo, que não são apenas eles quem está ali a fingir. Que não é somente o cenário que é falso, como de resto todos os cenários que se montam e desmontam. Que não são os únicos ali que aplaudem somente quando um cartaz diz "aplausos", ou riem quando outro cartaz diz "risos". Que, por fim, o sexo não é algo que se possa espremer, drenar, lancetar; não é um abcesso que se trate à força de mezinhas, receitas caseiras e engenhocas suspeitas. Em princípio, não larga pus e não fede.




(imagem de TVI online)

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18/01/06

Consultório sentimental - XIII

O sudário de Madalena (a propósito de prostituição)

"Não conheço nenhuma mulher que goste de ou queira ser prostituta" - diz a minha amiga Inês Fontinha na entrevista da Renascença Diga lá Excelência transcrito no Público de 2006-01-09.
por Sofia Branco (PÚBLICO) e Paulo Magalhães (Rádio Renascença).

Excerto transcrito do Blog Memórias



A prostituição, ancestral, prestigiado e indispensável modo de vida, é uma actividade que - não por mero acaso - toda a gente conhece como "a mais velha profissão do mundo". De modo um pouco simplista, podemos considerar que o substantivo significa, abrangentemente, "sexo a troco de dinheiro", pelo que uma prostituta será alguém que oferece um serviço de carácter sexual a qualquer pessoa que o pretenda e que possa pagar a quantia exigida.

Não havendo quaisquer dúvidas, mesmo nos espíritos mais cautelosos, sobre a ancestralidade da prostituição, o mesmo já não sucede quanto a outros factores inerentes, como a sua extrema utilidade social, ou seja, a sua absoluta indispensabilidade, ou como a dificuldade que existe em demarcar as suas fronteiras conceptuais. De facto, se, por um lado, existe prostituição desde que existem sociedades humanas, por outro, e também desde sempre, essa actividade é mentalmente recusada, moralmente condenada e verdadeiramente perseguida por essas mesmas sociedades; paradoxalmente, são os representantes das estruturas de coesão social, o Estado, quem se encarrega da repressão e da perseguição a um fenómeno que - além de indestrutível, como a própria História comprova - contribui de forma decisiva para essa mesma coesão.

E de que maneira, realmente. Aceitando como pacífico o facto de ser o núcleo familiar a estrutura básica de qualquer sociedade (e entendendo esta como sendo um grupo humano organizado), fácil será constatar que é à prostituição, basicamente, que o grupo deve a manutenção e a perenidade dessa estrutura, dessa organização. Em extremo, especulando filosoficamente (curioso pleonasmo), poderíamos mesmo concluir que a coesão social deixaria de existir assim que fosse possível, se isso fosse possível, acabar com a prostituição; todas as tentativas falharam, até hoje, continuam e continuarão a falhar, até porque não existe apenas uma, ou duas, ou mesmo três, mas muitas formas de sexo pago.

Aliás, pegando por este aparente contrário, vejamos: o que será sexo "gratuito"? Não será, em princípio e em si mesmo, qualquer acto sexual algo de gratificante? Além de uma troca directa de "bens", companhia, carinho, prazer, cumplicidade, conhecimento, não existe nenhuma transacção entre os intervenientes? Prazer que se dá e que se recebe, não será isto uma transacção? E não é esta, previamente e durante, negociada entre as partes, verbal, expressiva e posturalmente?

E vendo a coisa de outra, muito mais evidente maneira: por exemplo, a mulher que se "entrega" a um marido que detesta, apenas porque este é rico e lhe possibilita uma vida economicamente desafogada - não será esta muito corriqueira técnica de sobrevivência uma evidente forma de prostituição? Ou, quem diz esposa a marido, por causa da conta bancária, diz namorada a namorado, por causa de outro tanto, ou pouco menos, o automóvel dele, a mota dele, a roupa dele, as noitadas e os jantarinhos pagos por ele. Ou ainda invertendo as situações, o sexo dos envolvidos, tanto faz: o jovem que desposa a velha rica, típico, o engatatão que se interessa exclusivamente por quarentonas "malucas e cheias de papel", típico, o "teso" militante que vive de chular meninas prendadas, típico. As situações de prostituição encapotada, por assim dizer, são inúmeras, muito imaginativas e vagamente nauseantes. Não é líquido, em suma, que uma pessoa tenha tabela de preços, a tanto à hora ou a xis a posição, para que esteja fatalmente incluída na categoria de profissional do sexo; não é líquido, mas o sexo é um bem de consumo, transaccionável, que pode render e rende amiúde grandes dividendos, e por vezes, isso sim, uma boa liquidez.

Não existe, factual e moralmente, diferença alguma entre uma senhora que se prostitui para o resto da vida (ou apenas durante alguns anos) com o seu homem, e uma outra senhora que se prostitui para o resto da vida (ou apenas durante alguns anos) com diversos homens, um por dia, dez por dia, um por hora ou a cada meia hora. Digamos que, ao menos de um ponto de vista moral, é muito mais honesta (porque menos hipócrita) a puta profissional do que a "amadora"; uma finge, disfarça, arma-se em moralista e defensora dos bons costumes, chama diversos nomes aos bois, a outra nem finge nem tenta disfarçar, não se arma em virtuosa nem chama outra coisa que não seja "querido" aos diversos bois que lhe vão passando pelas mãos.

Convencionando que estamos a falar de prostituição feminina, quando falamos de putas, importante será realçar - mais uma vez - o seu papel fundamental na manutenção da coesão social e, por conseguinte, na preservação da sua estrutura básica, a família, e em especial naquilo que diz respeito à instituição "casamento"; implicando este, por definição e por condição, mais tarde ou mais cedo, a deterioração das relações (e não apenas as sexuais) entre o casal, apenas resta uma hipótese para que o casal se não desfaça: é fazer aquilo a que vulgarmente se chama "ir às putas". O homem que "vai às putas", porque já está farto da mulher que tem em casa, sabe perfeitamente que "aquilo" não "significa nada", que é chegar lá, divertir-se um bocado, e regressar a penates... para o conforto do lar, para o aconchego da sua "mulherzinha", que até já acha menos chata, menos implicativa, e um bocadinho mais bonita.

Quantas desavenças, quantos conflitos entre o casal se atenuam, ou mesmo se dissolvem, quando o marido resolve "ir às putas"? Quantos desejos e fantasias sexuais, tidos por moralmente "inaceitáveis", podem ser satisfeitos apenas por prostitutas profissionais, permitindo assim a continuação socialmente útil de uma família sexualmente disfuncional? Quantas taras são despejadas, em sentido literal, nas "casas de meninas", retirando das ruas - aos milhares - potenciais violadores? Quantos homens horrível, desgraçadamente deformados, têm na prostituição o único refúgio, a única hipótese de receberem algum afecto, alguma ao menos ilusão de amor? Quantos paraplégicos, quantos amputados? Quantos loucos? Quantos proscritos, fugitivos, marginais, clandestinos? Ou, mais simplesmente, quantos solitários?

A prostituição funciona como válvula de escape social e, portanto, como válvula reguladora de pressão; por analogia, não custa imaginar o que, metaforicamente, sucederia no caso de essa válvula ser tapada, ou bloqueado o seu movimento rotativo: pum, tremendo estoiro. A panela de pressão em que eternamente apura o caldo social não resistiria por certo durante muito tempo, por melhor e por mais temperado que fosse o aço das suas paredes, ou seja, a sua organização. E aquilo que mais espectacularmente saltaria, de imediato, se tal acontecesse, seria com certeza a tampa: a moral estabelecida, essa cobertura estanque da inteligência.

O acto sexual enquanto elemento ou moeda de troca (ou pagamento) não é, de certa forma, exclusivo da nossa espécie; como muito mais apropriadamente poderia explicar um zoólogo ou, mais concisamente, um primatólogo, o sexo pode ser "oferecido" em troca de protecção, como sinal de submissão (ou de dominação, quando forçado), como tentativa de apaziguamento ou ainda enquanto ferramenta de estabelecimento de relações de poder no interior do grupo, família ou clã (como acontece entre os primatas superiores). Não existindo dinheiro nas sociedades não humanas, e por mais ridículo que pareça referir tal coisa, o sexo, a relação sexual, assumem de diversas formas esse papel simbólico que se pode, sem grande pretensiosismo, transformar em situação análoga ao fenómeno da prostituição entre os humanos. Estes, também primatas superiores ligeiramente (e discutivelmente) mais evoluídos, desenvolveram um método simbólico de troca ou pagamento, o dinheiro, sem o qual - pretensa e teoricamente - o conceito de prostituição não existiria sequer, enquanto significado, logo de facto.

Nesta ordem de ideias, presumir que a prostituição é uma actividade clandestina, criada e gerida por obscuros meliantes (o que é rigorosamente verídico), e que, portanto, as prostitutas são forçadas a prostituir-se, não passa de absurda, ridícula, patética obsessão de alguns profissionais da chamada "luta contra a prostituição". Pagos para exercer tão estranha actividade, estes e estas profissionais "anti-putedo" limitam-se a apresentar alguns "resultados" (números, estatísticas) e a alegremente fingir que é possível extirpar aquilo que dizem ser uma coisa malévola. Faz parte do folclore verbal, do frenesim moralista desta gente, apregoar a figura da puta-vítima, algo entre a virgem incompreendida e a pobre trabalhadora subaproveitada, alarvemente explorada por facínoras (os chulos, esses empresários da noite a pedir fogueira); existem, evidentemente, putas e putas, como existem engenheiros-técnicos e escriturários de contabilidade, por exemplo; nem toda a gente gosta daquilo que faz, mas não lembraria nem à mulher da fava-rica andar por aí a tentar "resgatar" das garras do demónio todos os engenheiros-técnicos e todos os escriturários de contabilidade que detestam a sua profissão, que foram forçados pelas circunstâncias da vida a exercer este ou aquele mister. Poder-se-ão encontrar, certamente, casos terríveis de prostitutas à força, mesmo casos de polícia, contrabando de "carne branca", situações de verdadeira escravatura, tudo isso; o que vale, na mesma medida, para o tráfico humano e a escravatura de todos os tempos, em todos os continentes e para todas as circunstâncias.

Além das chamadas "escravas do sexo", um caso à parte, existem putas de rua, putas de discoteca, putas finas, putas de alterne, putas em part-time, enfim, uma variedade enorme; o factor comum, aquilo que a distingue de qualquer outra profissão é apenas o facto de esta não ser geralmente reconhecida como tal (com honrosas excepções, como é o caso da Holanda); de resto, é rigorosamente como qualquer outro modo de vida, com boas e más profissionais, umas mais outras menos qualificadas, as que não gostam nada de nada do que fazem e as que adoram fazê-lo, não querem outra coisa, nem querem saber para nada de quem anda a tentar "protegê-las". Algumas acabam mesmo por "assentar", casam, têm filhos e revelam-se excelentes mães-de-família. Algumas outras estão "naquilo", de facto, por estrita necessidade económica, decididíssimas a "deslargar" o meio assim que juntem um pé-de-meia suficiente; apenas, raramente a meia enche que chegue; e muito poucas sequer equacionam a hipótese de mudar de emprego, porque não há por aí muitos assim tão bem pagos.

São proverbiais, e fazem parte do métier, por assim dizer, as histórias de vida que as putas inventam; por regra, ou foram "abandonadas" por um marido muito malandro que as deixou "com um filho nos braços", ou foram "metidas naquela vida" por um familiar colateral (tio, primo) que era um bandido, etc.; casos mais imaginativos e pungentes (um ou outro, provavelmente verdadeiro) referem uma gravidez inesperada e precoce, os pais que põem a rapariga "no olho da rua", coisas assim. Claro que isto são umas quantas balelas que se contam a um cliente mais dado a conversa, assim como que para quebrar alguma espécie de gelo inicial; é o que as próprias designam por "jogar conversa fora" e está incluído no negócio entre as partes; e é evidente que nenhuma profissional pretende dar de si própria uma imagem negativa, ou que presume seria negativa, neste tipo de conversas, a não ser que o cliente seja suficientemente tarado para apreciar ouvir falar de desgraças e, nesse caso, teria de pagar um suplementozinho em relação à tarifa habitual. Esporadicamente, pode suceder que a conversa seja "jogada fora" não com um cliente mas, pelo contrário, com um elemento dessas seitas de "protectoras" anti-prostituição; nesse caso, as histórias são realmente de fazer chorar as pedras (e, uma ou outra, provavelmente verdadeira) e não será muito de esperar que alguma profissional diga que é puta, gosta de ser puta, não quer deixar de ser, e que se fodam vocês todos, seus hipócritas do caralho, ponham-se mas é na alheta, se não ainda vos fodo os cornos a todos. Não será, sejamos razoáveis, provável escutar coisas destas da boca de uma prostituta, dadas as circunstâncias da entrevista e as credenciais dos entrevistadores.

Aliás, como toda a gente e como é natural, uma puta tenta conservar e projectar de si própria a melhor imagem possível. E, também como toda a gente, se não houver grande coisa a dizer a seu favor, torcerá a realidade o melhor que puder, pintando se possível o negro de cor-de-rosa, o vermelho de dor em alegres tons de azul, o cinzento da humilhação em verde de esperança. No fundo, aquilo que ela pretende, como todos nós, é um pouco de respeito.

Todo o respeito: aquele a que tem direito porque é o que é e faz o que faz, e mais ainda porque ninguém conseguiu jamais retirar-lhe a dignidade de sobreviver onde poucos são capazes.

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17/01/06

A Língua Brasileira está viva e recomenda-se

a julgar pela amostra junta

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201.32.174.94
ISP Telemar Norte Leste S.A.
Location Continent : South America
Country : Brazil (Facts)
State/Region : Rio de Janeiro
City : Rio De Janeiro
Lat/Long : -22.9, -43.2333 (Map)

Language Portuguese (Brazil)
pt-br
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Browser Mozilla 1.7.2
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16/01/06

Grande Prémio Inovação Técnica Mais Estúpida 2006

O endereço deste blog passa a ser, a partir de agora, http://google.001.blogspot.com. Ora tomai e embrulhai todos, este é o meu endereço, o endereço da santa aliança obscurantista e anónima. Se, por acaso o procurardes e ele estiver ocupado, não vos apoquenteis, ó gente de pouca fé cibernética; está tudo previsto; ide a http://yahoo.001.blogspot.com e lá me encontrareis. Pois, é como vedes, eis o dom da ubiquidade em todo o seu esplendor, pumba aqui, pumba ali, ele é Google e ele é Yahoo, nada mais nada menos.

E descobri esta merda inteiramente sozinho! Podeis crer. Também ligeiramente por acaso, mas isso não retira pontinha de mérito à coisa, porque até o Newton descobriu a lei da gravidade quando levou com uma maçã na pinha, enquanto dormia debaixo da macieira, o grande sorna. A bem dizer, é igual. Fugiu-se-me a escrita do endereço, misturei as duas coisas e aí está. Eureka.

Ainda agora o ano começou, mas esta será com toda a certeza a inovação com mais probabilidades de ganhar o Grande Prémio da Inovação Técnica Mais Estúpida de 2006 - a atribuir, lá para Dezembro, por um conhecido blog de referência, aquele que muito apropriadamente se dedica à estupidologia. Trata-se de uma descoberta completamente inútil, que não serve, portanto, para porra nenhuma, mas que é extremamente democrática: qualquer um a pode usar, bastando para o efeito escrever google ou yahoo antes do endereço; ou seja, torna-se assim possível a qualquer blogger impressionar os amigos, quanto mais pategos, melhor, com o novo "host" do seu blog. E trata-se, ainda por cima, de alojamento completamente grátis, em qualquer daquelas prestigiadas organizações de busca internética, com o acréscimo de nem um nem outro sequer tomar conhecimento do facto; fintados com toda a limpeza.

O Grande Prémio ITME 2006 já cá canta e, modéstia à parte, é mais do que merecido. Esta não lembrava ao careca. Estou maravilhado comigo mesmo. Pch.


"Patch" 06/02/06
Evidentemente, o efeito é o mesmo com qualquer outra merda, como refere o colega Peliteiro: por exemplo, podemos também alojar o nosso blog no Ministério da Educação (http://www.min-edu.001.blogspot.com), na CIA (http://cia.001.blogspot.com) ou mesmo em outro blog, seja o do próprio Peliteiro (http://trenguices.001.blogspot.com) ou, lagarto-lagarto-lagarto, o do Pacheco (http://abrupto.001.blogspot.com) .

Uma vantagem acessória desta extraordinária invenção é a completa baralhação das estatísticas de "referrers", páginas de entrada e de saída, etc. Como dizia o outro, é fazer as contas e conferir. Só vantagens.

Copyright © Dodo 2006 http://001.blogspot.com

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14/01/06

Portugal não é Lisboa (e vice-versa ou só vice-versa?)

O jogador de futebol russo Andrei Karyaka deu uma entrevista ao jornal Sovietsky Sport, referindo-se em termos nada elogiosos ao clube Sport Lisboa e Benfica, à cidade de Lisboa, a Portugal e aos portugueses. A consciência nacional acordou nesse dia inquieta, saltaram pruridos dos mais insuspeitos armários, vários e notórios trogloditas puxaram dos galões patrióticos, e percorre hoje ainda hoje toda a Lusitânia um frémito de indignação; o referido clube suspendeu de imediato o atleta e aguarda-se com expectativa o desfecho do drama, que poderá e deverá passar por algo de extremamente violento, provavelmente uma multa pecuniária ou, quem sabe, talvez o prolongamento da suspensão por duas ou três semanas.

O que parece ninguém ter notado, no meio disto tudo, é a diferença de tratamento jornalístico - ou a deficiente tradução, coisa muito mais em voga - dado ao assunto e, em concreto, às afirmações mais polémicas do jogador.



O jornal A Bola, de 11.01.06, reproduz no seu site a notícia publicada na edição impressa.
Lisboa é uma aldeia, Portugal um país burocrático
As impressões negativas também se estendem a Lisboa e a Portugal. Na opinião do russo, a capital é uma «aldeia grande», com um atraso de «20 anos relativamente a Moscovo, onde as crianças não têm um jardim para brincar à vontade. O passatempo dos miúdos é ver televisão».


No jornal Record, de 11.01.06, existem diferenças substanciais entre a publicação on-line e o artigo em papel.
Na versão on-line:
MÉDIO DIZ QUE PORTUGAL É UM "PAÍS ATRASADO"
"Portugal é um país atrasado. Penso que Lisboa está 20 anos atrás de Moscovo. É uma aldeia grande, onde não há lugar para as crianças brincarem na rua", referiu o médio contratado pelo Benfica no último defeso ao Krylya Sovietov Samara.
Na edição impressa:
País atrasado
As críticas do médio russo não se limitam ao Benfica, estendendo-se ao próprio país. "Em geral, adaptei-me bem à vida em Lisboa, mas houve um problema. Se calhar porque Portugal está atrasado uns 20 anos em relação à Rússia", refere, acrescentando: "Lisboa parece uma aldeia grande onde as crianças não podem brincar na rua". (...) Em vez de brincarem, as crianças daqui só vêm televisão."




Deslizes destes, discrepâncias assim, implicam de facto alguma perplexidade. Agitam-se-nos as meninges, linguísticas e geográficas, tentando espremer uma ideia concreta. E questões relevantes se podem articular a respeito:
1. Estará a nossa Capital atrasada em relação ao resto do país? Ou vice-versa?
2. Será possível que a cidade de Moscovo esteja muito mais avançada do que o resto da Rússia? Ou vice-versa?
3. O resto de Portugal, tirando Lisboa, estará ao nível do resto da Rússia, se exceptuarmos Moscovo?
4. O atraso de 20 anos não será negociável, digamos, de 20 anos para as respectivas Capitais e de 10 para os países? Ou vice-versa?
5. Na Rússia não existe Cable TV, ou, vá lá, ao menos o Canal Panda, seu símbolo nacional ?
6. E ao jovem Andrei, nunca lhe dão cãibras na cabecinha? Ou só cãibras na língua?

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12/01/06

"À" mais uma "prá" colecção, companheiro




jornal 24 Horas de hoje, a páginas 11

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Choose your language: English Português Brasileiro


Tem um Banco ispanhol qui tá dando o mor flagra dji bestêra; elis istaum djizendo, lá no saitchi dêlis, qui tem Ingleis, Portugueis e Brasilêro. Eu, heim!? Brasilêro existchi não, é craro. Isso daí é uma indecência terrivéu, um crimi dji lesa-pátria, augo qui devi sê imêdiatamentchi côrrigido, abôlido, dênunciado, eticétera. Qui coisa, pô. O qui deu nêssi pêssuau? A língua falada no Brasiu, todo mundo sabi, é a dji Camoiss e Pêssoa, o Portugueis.

Vamo dar uma forcinha prá auterá isso daí, deixá lêgau o pêdaço. Assina a pêtição, gentchi, cua máxima urgência. Brigadjinho, viu?

Táqui, ó: http://www.petitiononline.com/197322/

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06/01/06



Consultório sentimental - XII

Size matters

(...)
Não que o físico não seja importante iadaiadaiada, mas todos sabemos que uma gigantesca avalanche de tesão, uma derrocada de excitação corporalmente fluida, pode ter origem num nariz adunco, nuns dentes tortos, num olhar estrábico ou numa careca luzidia. A mesma imperfeição que repugna quem não está a ver boi da pessoa que nos seduz, pode elevar-nos a píncaros de gozo, em sabendo nós do que a casa gasta. O dom do engate perfeito encontra-se acessível só a alguns, muito poucos, que, além de maravilhosos, sabem funcionar naquele limbo que é a quase falsa modéstia de quem parece não se saber melhor do que os outros e doesn´t give a fucking damn.
(...)
Extracto (suculento, por sinal) de "post" de alguém que assina como China Blue no blog Sociedade Anónima


Estamos aqui em presença, claramente, da questão mais recorrente, sistemática, obsessiva, desse vasto, profundo, requentado campo que é a "mentalidade sexual" feminina. Esta questão, que sobressai em sentido literal do texto, poder-se-ia condensar numa simples pergunta, resumindo e ressumando em simultâneo aquilo que de facto preocupa as mulheres, e esta necessidade de condensação e de simplificação do "problema" implica, por conseguinte, a necessidade de utilização de um nível linguístico um pouco rasteirinho, vagamente brejeiro e um tudo-nada porcalhão. Enfim, qualquer como isto: mas afinal, o tamanho interessa ou não interessa?

Note-se, para que não se diga ser este consultório um local de menor respeito e consideração, que a rapariga se refere a um protótipo de homem totalmente desprovido de qualquer atractivo físico; pelo contrário, ou mais acentuadamente ainda, retrata a atracção por objecto sexual macho como podendo perfeitamente ter "origem num nariz adunco, nuns dentes tortos, num olhar estrábico ou numa careca luzidia"; o perfeito retrato do camafeu, portanto, em versão masculina do termo, o totó, o abrunho, o palerminha mais típico; ora, sendo assim, presume-se que realmente à moça apenas importa o instrumento do animal e não o animal propriamente dito. É ao mais trivial dos caralhos (pénis, em linguagem coloquial) que ela se refere, quando tergiversa sobre os "píncaros de gozo" a que tal coisa a pode elevar, e, para mais, sabendo elas, as mulheres, paradigmaticamente falando, "do que a casa gasta". Pois, cá está: refere-se, com toda a simplicidade e modéstia, ao tamanho da "coisa" de seu hipotético, futuro, mais ou menos imaginário amante.

Bem sabemos que, mesmo sendo o tema persistente (e, na maior parte das vezes, ridiculamente camuflado), nem por isso deixa de ter alguma importância efectiva na formação do par e, principalmente, na consolidação do núcleo familiar. Evidentemente, não há família sem instrumento funcional, da mesma forma que o par se desfaz imediatamente quando a mulher, por assim dizer, apalpa o material e se queda decepcionada; existe algum acervo, nos campos literário e de anedotário, sobre aquilo que sucede quando a fêmea apaixonada confere pela primeira vez as características (comprimento, espessura, textura) do membro viril que lhe toca em sorte (ou azar); em certos comprovadíssimos casos, não apenas a dita paixão se desvanece imediatamente como a pobre, desacorçoada, mal consegue conter o riso; digamos que pode mesmo descambar em puro ataque de gargalhadas, daqueles incontroláveis, imagine-se, a rapariga tentando não ferir os "sentimentos" do rapaz, e quanto mais tenta mais se escangalha, kuehm, kuehm, kuehm, uma risota pegada.

O riso, o pior, o mais mortal dos inimigos do erotismo (ou do "tesão", como muito apropriadamente lhe chama a referida China Blue). O facto é que, neste particular, não há realmente volta a dar-lhe. É fodido, mas é mesmo assim: a gajo de picha mirrada, nem que a vaca tussa, não pode ser augurado grande futuro no que às belas artes diz respeito. Claro que o graveto pode ajudar, e de que maneira, porque, pela enésima vez se repete, nada existe de mais erótico, para uma mulher, do que o dinheiro, mas ainda assim a coisa fica radical e definitivamente mal parada para as bandas do desgraçado ao qual o Criador não providenciou nem comprimento nem espessura. Mesmo considerando as excepções, como a da terrível maldição que deve ser a ejaculação precoce, podemos sem grande risco paradigmatizar o assunto com a seguinte, redutora, quiçá asquerosa máxima: homem que não seja bem dotado está muitíssimo bem fodido, precisamente porque não tem grandes probabilidades de fazer tal coisa. Não consta de anais alguns que um mirradito tenha alguma vez tido grande sucesso com as mulheres.

Ora, postas as coisas nestes termos, que não agradarão por certo às consciências femininas mais acanhadas e pudicas, importa saber para que serve, ao fim de contas, o tal tamanho do dito, bem como será legítimo colocar algumas outras questões de dimensão ao mesmo associadas. Bem, digamos que, em suma, aquilo que primordialmente importa é encher o recipiente; é uma relação volumetricamente fundamental, semelhante àquela que existe entre o parafuso e a bucha, entre a peúga e o pé, ou entre o vaso e a planta, por exemplo; presumir que existe alguma viabilidade, ou compatibilidade, entre uma mulher normal e um homem com um pénis anormalmente pequeno, ou que, por conseguinte, é sustentável qualquer espécie de relação amorosa entre eles, é tão idiota (ou lírico, ou pitosga) como augurar excelentes relações de simpatia entre uma formiga e um elefante, um rato e uma cadela, um tigre e uma cascavel. Tais fenómenos não existem na Natureza, e não apenas por questões de mera compatibilidade zoológica. Um pénis pequeno é absolutamente incompatível com uma vagina normal. E pronto.

Claro que o oposto pode suceder, isto é, um macho furar uma fêmea até quase, a bem dizer, lhe fazer sair o coiso pela garganta, mas isso é não apenas muito raro como não tem absolutamente nada de preocupante ou a merecer análise detalhada. O que está aqui em causa, e que preocupa homens e mulheres desde o princípio dos tempos, é o defeito e não o excesso, a coisa pouca e não a cousa munta. Ora, cabe esclarecer - dando vazão à curiosidade que se adivinha, por parte de alguns camaradas mais inseguros da sua "masculinidade" - aquilo que se pode considerar como "demasiadamente pouco"; ou seja, a partir de que medida, exactamente, se pode dizer não obedecer um órgão sexual masculino aos requisitos mínimos? Qual é, ao certo, o tamanho, ou a falta dele, que pode levar uma mulher às lágrimas, de tanto rir? E no outro extremo, salvo seja, a partir de quantos centímetros se pode falar de "grande machão e cobridor da classe operária", de verdadeiro garanhão, de gajo que "dá três sem tirar fora"?

Ingentes questões, porém não muito inquietantes ou misteriosas: respectivamente, menos de 10 e mais de 20 centímetros, em comprimento, menos de 3 e mais de 7 centímetros, em diâmetro. Neste caso, como na maioria das coisas que obedecem à moral judaico-cristã em geral e aos bons costumes em particular, é no meio que está a virtude, se bem que mais para mais do que mais para menos. Não adianta laurear a pevide em assuntos tão lineares, incisivos, directos. Siga a marinha, pois. As medidas são estas, mais coisa menos coisa, e o resto é treta. Em tempos, o saudoso semanário Independente distribuiu, como "encarte", uma régua peniana, com a filantrópica finalidade de que toda a gente pudesse medir sua própria gaita com o máximo rigor. Recomendava-se, inclusivamente, e muito a preceito, ao pessoal mais curioso, que se tirasse as medidas com o "pénis em estado de erecção máxima"; curiosíssima linguagem jornalística, significando, no entanto, claramente, que poderia ser maçador cada qual tirar as medidas ao seu parceiro de lides estando este em absoluto repouso, ou sequer vagamente hesitante. Quando se fala de tamanhos nesta conformidade, fala-se, evidentemente, do falo erecto; nem o priapismo (erecção persistente e não aparentemente provocada por qualquer excitação sexual) nem o pénis imediatamente após a ejaculação (e pode existir ejaculação sem erecção) servem para que seja aferida ou tirada qualquer medida.

Mas, sobre este particular centimétrico, mulher alguma necessita de trazer consigo uma fita métrica. Alguns mitos urbanos, como o tamanho dos pés (abaixo de 38, tchauzinho), das mãos ou do nariz, por mais absurdo que pareça, conferem à fêmea interessada algum conhecimento prévio sobre aquilo que a espera. Muito provavelmente de forma instintiva, qualquer mulher tira as medidas com as próprias mãos, sem necessidade de recorrer a artefactos ou ferramentas de medida. Nos raríssimos casos em que tal prova não suceda, por qualquer motivo, será nos chamados "finalmentes" que as verdadeiras dimensões serão tiradas, através da simples aplicação do molde ao objecto; se a mulher não sentir nada, isso é a prova provada de que tal objecto, o dos seus desejos, não apresenta os requisitos mínimos. Logo, imediatamente, o mesmo, esse tal com o dito cujo pequerricho, vai deixar de ser o objecto dos seus desejos, e muito depressa. É fatal como o destino, se bem que lamentemos.

Descontada a proverbial verborreia feminina sobre o tema, sempre salivante e por vezes patentemente histérica, é natural que poucos homens se atrevam a sequer falar sobre isto - o que se compreende, dado o terror que tão pulsátil e intumescido assunto provoca. Terror que, de resto, é inspirado pela mesma verborreia moralmente correcta, ancestralmente adicionada ao material genético da mulher ocidental. Faz parte do discurso moralmente "aceitável" a retórica da "qualidade" em detrimento da "quantidade" (o tamanho), e enaltecer as "mãos", e o cabelo, e os olhos (ah, os olhos, os olhos), e o "porte", e coisas que tais, fingindo toda a gente - alegremente - que nada mais importa. Mas importa. No fundo, em sentido literal, o tamanho importa - para a mulher, porque sim, obviamente, para o homem porque tem medo de que não, que não chegue. E, se por fatalidade não chegar mesmo, não há nada a fazer. E então, nada mais importa realmente.

A não ser, talvez, remediar o caso com um carro maior, mais imponente e pontiagudo, substituir a falta de potência pela potência do motor, o facto de não ser grande garanhão pela cavalagem, a baixa cilindrada por outro tipo de cilindrada, o seu próprio valor por um custo muito elevado. Por alguma razão, a indústria de "penis enlargement" está pujante, activa, inchadíssima. Por alguma razão existe tanta gente absolutamente miserável que teria tudo para ser totalmente feliz. É por falta de sexo, pois, mas em termos absolutos e não relativos.

O assunto é de microscopia, mas é isso que se esconde... por detrás da ostentação, por exemplo.



Legenda da imagem
A mão aberta na horizontal representa as idades da erecção. Do polegar para o mindinho: aos 20 anos, aos 30, aos 40, aos 50, aos 60.


(se fosse possível, por gentileza, gostaria que alguém me explicasse o significado de "iadaiadaiada"; seria importante contributo para a minha tranquilidade)

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Maravilhosa tradução, maravilhosa (ta-rahn)

Ah, o fascínio das novas tecnologias, e tal

----- Original Message -----

From: "lopez fulgence"lopezfulgence@gmail.com
To:dodo2004@iol.pt
Sent: Friday, January 06, 2006 1:55 AM
Subject: info reservas

Bom-dia ,
Sou o Sr. LOPEZ FULGENCE homem de negócio que residant em cote d'ivoire nós quero reservar 4 câmaras simples para as datas do 4 de Fevereiro ao 10 porque temos negócios muito importantes a regular no vosso país.
Queiram para aquilo fazer-nos chegar a factura nosso sejour em nós querem-nos também que presta-nos um serviço à nós: Desejo pela mesma ocasião que reglez a agência de viagem que se ocupa dos nossos bilhetes. Ou seja preleverez sobre o meu N° cartões de crédito a nota de reservation e a soma de 3000 euros para os nossos bilhetes e fazer-o chegar por Western União à agência Ar lines viaja situado em Quota de Marfim da qual comunicá-los-ei coordonées. Com efeito, temos uma redução com esta agência e previmos lá regler nossos bilhetes além disso, estamos actualmente em MAROC para um seminário de uma semana ou mais, dos nós repartirons directamente no vosso país.
Por conseguinte vocês nós feito um orçamento das câmaras incluidos os 3000 euros para a agência. Interrogamos-vos além disso prestar-nos este serviço, porque a agência de viagem não possui terminal de prélevement a distância, se não, ter-lhes -emos feito de chegar o nosso N°de cartões de crédito. Também, não somos no nosso país, e não podem fazer-lhes transferência bancária. Recordo-vos que sabendo que isto não é da vossa actividade, oferecemos-vos uma comissão de 300 euros para este serviço.
Na pendência da factura global (nota de reservation + 3000euros bilhetes de aviões + a vossa comissão)
Temos a agradecê-los de adiantamento _ muito cordialmente, bom e feliz ano 2006

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04/01/06

Pavlov Tuga

estímulo:*** multa de trânsito ***
reflexo:
_ Quem é que eu conheço na BT?

estímulo: *** mudança de residência ***
reflexo:
_ Quem é que eu conheço na EDP? E na Companhia das Águas? E naquela coisa do gás? E na PT? E quem será que posso cravar para carregar a tralha?

estímulo: *** doença súbita, com necessidade de internamento urgente ***
reflexo:
_ Quem é que eu conheço lá no hospital?

estímulo: *** factura de internamento hospitalar ***
reflexo:
_ Quem é que me deve dinheiro? Quem é que me deve favores?

estímulo: *** recebimento de pedido de emprego ***
reflexo:
_ E o que é que eu ganho com isso? Mas quem é este (ou esta)? E quem é que ele (ou ela) conhece que eu conheça?

estímulo: *** alguém repara num erro de Português ***
reflexo:
_ Mas quem é que este (ou esta) pensa que é?

estímulo: *** cumprimento verbal de alguém conhecido ***
reflexo(s):
(verbal) _ Ora então boas tardes! E a saúde, boazinha? Cumprimentos lá em casa. Prazer em vê-lo (ou vê-la).
(mental) _ Vai-te foder, ó grandessíssimo filho-da puta (ou filha).

estímulo: *** alguém relembra uma dívida antiga ***
reflexo(s):
(verbal) _ Claro. Pois com certeza. Amanhã sem falta! Preferes cheque ou transferência bancária?
(mental) _ Fodias-te, filho. Vai esperando, vai. Um caralhinho que te foda, mas é.

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02/01/06

Um conto de réis





(imagem de http://www.giervalk.bravepages.com/Portugal/portugal.html)

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