Odi profanum vulgus et arceo

26/02/07

Cesse dos ventos a infâmia!

Hino da Mocidade Portuguesa


Lá vamos cantando e rindo
Levados levados sim
Pela voz do som tremendo
Das tubas clamor sem fim

Lá vamos que o sonho é lindo
Torres e torres erguendo
Clarões, clareiras abrindo
Alva de luz imortal
Que roxas névoas despedaçam
Doiram os céus de Portugal

Querer querer e lá vamos
Tronco em flor estende os ramos
À mocidade que passa

Cale-se a voz que turbada
já de si mesmo, se espanta.
Cesse dos ventos, a infâmia
ante a clara madrugada,
em nossas almas nascida.

E por ti, ó Lusitânia,
corpo de Amor, Terra Santa.
Pátria, serás celebrada
e por nós, serás erguida.
Erguida ao alto da Vida.

Lá vamos, cantando e rindo


Fonte: Salazar

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23/02/07

Sitting Duck



Diz-se que S.A.R. o Príncipe Harry de Inglaterra vai para o Iraque, integrado nas forças combatentes britânicas ali estacionadas.

Existem alguns vídeos de propaganda islâmica no YouTube que demonstram como é belo e airoso o quotidiano nos paraísos fundamentalistas.


http://www.youtube.com/watch?v=WfOy_ul5VWw


Um filme de propaganda, sem montagem alguma. "Heróicos" snipers iraquianos abatem soldados americanos ao som de maviosas cançonetas em árabe. É esta a única "batida" que eles conhecem.



http://videos.informationclearinghouse.info/al-jaishul-islami-baghdad-sniper-24mb.wmv


Alguém deve ter enlouquecido, lá pelo palácio de Buckingham.




Foto: http://fotos.sapo.pt/rmoitadedeus/pic/0001d5b5/

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21/02/07

The envelope

"Are you jesting?" asked Govinda.
"No, I'm telling what I have discovered. Knowledge can be communicated, but not wisdom. One can find it, live it, but one cannot communicate and teach it. I suspected this when I was a youth and it was this that drove me away from teachers. There is one thought I have had, Govinda, which you will again think is a jest or folly; that is, in every truth the opposite is equally true. For example, a truth can only be expressed and enveloped in words if it is one-sided. Everything that is thought and expressed in words is one-sided, only half the truth; it all lacks totality, completeness, unity."

Hermann Hesse, Siddhartha, Bantam Books, Toronto, Jul 1971
transl. Hilda Rosner, ISBN 0-553-20884-5

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19/02/07

Salazar, segundo Jaime Nogueira Pinto

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15/02/07

Nove semanas e qualquer coisinha



O tempo necessário para um crime ainda o não ser. Mais qualquer coisinha e já é, ou já seria e passaria a ser.

Por outro lado, o não ser está prestes a deixar de ser um ser e passar a ser apenas uma coisinha qualquer.

Mais meia semana e já era.

Bem entendido, já era um crime. Um crime bem entendido.

Nove semanas e meia é a fronteira entre um filme e um filme de terror.

Já era. Já foi.



(Imagem de DVDPT)

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14/02/07

Os (novos) intocáveis

O que sucede quando uma pessoa vai na estrada e alguém lhe dá uma "panada" por trás? No carro, quero dizer. Bom, em princípio, o condutor sai, o outro também, e tratam logo ali de preencher a chamada "declaração amigável": quem, onde, quando, como foi, essas merdas. Depois, cada qual envia ou entrega pessoalmente seu papelito na Companhia de Seguros e ambos ficam à espera de que a coisa se resolva. Nestes casos, que sucedem centenas ou milhares de vezes todos os dias, uns farolins partidos, alguma chaparia amolgada, trata-se de despachar o assunto burocrático, depois se verá; nada de mais e nada mais.

Agora vamos supor que vai na estrada e quem lhe bate por trás, no carro, quero dizer, não é alguém ao acaso, não é qualquer um, mas antes se dá a circunstância, o terrível galo de ser um cigano que se esqueceu de travar, ou que não travou a tempo. Bom, caro amigo, cara amiga, aí está tudo fodido, a sua vida acabou de mudar radicalmente. Isto, se tiver a sorte de a sua vida não ter mesmo acabado de vez.

Em Portugal, o Código da Estrada apenas se aplica aos portugueses, e por maioria de razões quando estes são de raça branca, homens, de meia idade e sem cadastro; caso sejam mulheres, ou não muito jovens, ou de qualquer outra raça que não a branca ou, especialmente, se forem cadastrados, drogados, notórios bandidos ou marginais indiferenciados, bem, aí já não é o Código da Estrada que se aplica mas algo que se poderia designar como "código minoritário", isto é, uma invenção abrilina consistindo no puro e simples privilégio apriorístico em função do facto de a etnia do autor ser minoritária; resumindo algo de muito complexo e intrincado, temos que ser jovem, mulher, preto, cigano, drogado, marginal ou simplesmente bandido facilita enormemente a vida, e não ser nenhuma daquelas coisas a complica de modo absolutamente radical.

Voltemos ao exemplo da simples "panada por trás". Bem sei que é "por detrás" que se diz, mas assim a coisa torna-se bastante mais legível, mesmo para o mais idiota ou empedernido dos esquerdistas. Um gajo leva no carro uma cacetada do caramelo que vem atrás; este, por coincidência e azar, é cigano (por exemplo). O que sucede? Há "participação amigável" à Companhia de Seguros? Não, claro que não há. O cigano, por regra e por definição, por idiossincrasia e por uma questão cultural (lá da cultura cigana, seja isso o que for), não sabe nem ler nem escrever, nunca foi à escola ou, se alguma vez foi, apenas andou lá a assaltar os seus coleguinhas e a infernizar a vida a toda a gente; portanto, o cigano não pode escrever nada na "participação amigável", simplesmente porque o cigano não sabe escrever; pelo mesmo motivo, recordemos, não saber ler nem escrever, o cigano não tem carta de condução, nem bilhete de identidade, nada com valor legal que o identifique. O cigano não precisa dessas porras porque é um eterno "pobrezinho", é um "desfavorecido" institucional, ou seja, alguém que por mais rico que seja terá para sempre toda a protecção legal, uma presunção de inocência inerente à sua condição, e o beneplácito generalizado de qualquer instância legal, social ou mesmo pessoal, já que os cidadãos são sistematicamente condicionados na sua forma de pensar, inocentando a priori qualquer cigano (ou marginal) seja do que for em função da raça e da condição presumida e administrativamente estabelecida.

Depois, há ainda a considerar que um cigano, qualquer cigano, por definição tem sempre razão... ou não fosse ele o detentor das armas, em sentidos figurado e literal; o cigano tem toda a razão, por regra, porque é o cigano quem dispõe de facas e de armas de fogo, e não esqueçamos o exército privado que constitui a sua família, uma turba disposta a tudo e ansiosa por cortar o pescoço a qualquer "sinhori" que se lhe depare, quanto mais não seja por desfastio e para desenjoar do último arraial de pancadaria. Portanto, de um ponto de vista legal e de um ponto de vista pragmático, é de extrema conveniência que o cigano esteja carregadinho de razão; caso contrário, está-se mesmo a ver a carrada de chatices que aí vêm.

Nenhum farolim, nenhuma quantidade de chapa amolgada merece a maçada e os inconvenientes de que semelhante chatice aconteça. O melhor, como toda a gente sabe, é fingir que se não passou nada e, se for o caso, pagar não apenas a própria reparação como também os estragos na viatura do cigano; pode ser até que ainda seja necessário pagar-lhe qualquer coisinha (aiiii), como "indemnização" pelo facto de o termos, de alguma forma, incomodado em sua admirável e honestíssima vidinha.

Do mesmo modo que o Código da Estrada se não aplica aos ciganos - deveria existir uma cláusula de excepção explícita e não apenas implícita - também não lhes é exigido ou exigível, muito menos, que paguem impostos, passem facturas ou que, de modo geral, cumpram qualquer dos requisitos de cidadania mínimos e correntes, como não incomodar o próximo, de forma abrangente, ou terem sequer um mínimo de civilidade, civismo ou um módico de educação. De tudo isso a raça cigana está completamente isenta, e ai (aiiiii) de quem se atrever a tugir ou mugir a respeito. Trata-se de "direitos adquiridos" e, por conseguinte, intocáveis. O cigano é, de resto, o mais intocável dos cidadãos portugueses, já que detém todos os direitos dos que o são, mesmo não o sendo, acrescidos daqueles que são inerentes à sua raça, vá-se lá compreender porquê, e não pesando sobre si nenhuma das obrigações a que e de que os outros cidadãos são sujeitos.

À semelhança daquilo que sucede em qualquer acidente de tráfego, nenhum cigano ao volante é detido por acusar excesso de álcool no sangue; aliás, as brigadas de trânsito estão já habituadas a mandar parar toda a gente, e todo o mundo vai ao balão, mas se é cigano, "siga", pode seguir, cumprimentos, saudinha, e até batem a pala, respeitosamente. À bófia não ocorre jamais a ideia peregrina de se meter em assados com a ciganada; estão escaldados, é natural, juiz algum se atreve a mandar para a cadeia um qualquer exemplar de tão edificante etnia - mesmo sabendo que as cadeias portuguesas estão a abarrotar com essa gente, tudo boa e honesta, como sabemos.

Experimentem não dar prioridade a uma carrinha cheia de ciganos e de alcatifas. Experimentem ultrapassá-los pela direita, se seguem à vossa frente a 20 km/h em plena auto-estrada. Experimentem buzinar-lhes se fazem uma asneira mesmo nos vossos estupefactos narizes. Experimentem um simples gesto de desagrado ou uma qualquer "boquinha" janela fora.

Vereis quantos saem de lá de dentro. Contareis quantos trazem paus e outros artefactos nada amigáveis. Vereis como sois cobardes, vós outros, por mais que vos surpreenda a própria cobardia. Vereis o que é o terror politicamente correcto e como passais a vida a fingir que as coisas "não são bem assim".

Vereis, por fim, quão cobarde é o povo português e como se agacha perante essa vil espécie de gente.

Enfim, rezai para que a próxima "panada" por detrás seja de um branco. Mesmo que esse seja também um bronco. Nada mau, hem? Uf, que alívio...

É só lata.

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12/02/07

Bingo!

Numerologia
Desta, ainda não se lembraram os histéricos do NÃO... que também os há.
Se o SIM ganhar o referendo do próximo dia 11, alguma sumidade aparecerá com o seguinte ditame profundamente científico:

A América teve o 11 de Setembro, a Espanha teve o 11 de Março e Portugal teve o 11 de Fevereiro.

Logo surgirão também os patuscos do costume esgrimindo seus números algébricos, isto é, continhas e cálculos que demonstrarão à saciedade (e à sociedade) que nada acontece por acaso e que as piores catástrofes ocorrem nos dias onze de cada mês, por altíssimos e divinos desígnios mas também obedecendo a uma férrea lógica matemática.
Cada nação tem o onze que merece, um pouco à revelia daquilo que sucede com o futebol.
http://001.blogspot.com/2007_01_01_archive.html#116895432044117295#116895432044117295 (16/01/07)

O primeiro caso apareceu agorinha mesmo, logo a seguir ao referendo não vinculativo:

Venceu a cultura da morte!
11 de Setembro, 11 de Março, 11 de Fevereiro. Datas manchadas pela morte!
Mafalda : 2/11/2007 09:07:00 PM


Já existe um Professor Karamba, 42 anos de experiência há mais de 10 anos. Acho que também vou abrir consultório de bruxo.

Professor Karalhosmafodam

420 anos de experiência, cartomancia (Tarot, búzios, borras de café, caracoletas assadas)
dá consulta por telefone, por email, por carta ou por telepatia,
aproxima e afasta a pessoa querida, principalmente afasta,
trata de todos os assuntos relacionados com sorte e azar, em especial os de ganda galo
acerta sempre nas previsões, mesmo as mais difíceis, até chateia.
Marcar consulta através da secretária, Menina Cidália, esplêndida brochista.
Preços módicos, excepto para médicos.

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06/02/07

Descubra as diferenças

Estas duas empresas de reciclagem parecem iguais, mas não são; existem sete ligeiras diferenças entre elas. Descubra-as!




(Falta aqui o boneco de um dos "movimentos" pelo Sim ao aborto, patrocinado pelo BE; é muito parecido com estes dois, já o vi algures, mas não consigo encontrá-lo de novo; se, por acaso, o topar por aí, é favor enviar e-mail com o link.)


Imagens de
Comunidades Net
C.M. Tomar

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03/02/07

A culpa é das palavras

O referendo do próximo dia 11 está ferido de morte à nascença, e deveria por isso ser imediatamente abortado. Esse ferimento letal resulta da formulação da pergunta que o constitui:

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

Num referendo, tipicamente, o cidadão vota em uma de duas respostas possíveis: Sim ou Não. Pode abster-se, não votando, ou pode anular o seu voto, caso escreva no boletim qualquer outra coisa que não um X, no quadrado à frente de uma das duas opções, ou ainda no caso de entregar o boletim completamente em branco.

Sucede que, neste referendo, aquilo que é sujeito a plebiscito difere substancialmente do significado não apenas da pergunta no seu conjunto, enquanto fórmula a referendar, como quanto ao significado dos termos que a compõem.

No seu conjunto, porque envolve não uma mas três perguntas diferentes, cada uma das quais podendo ser formulada individualmente:

A. Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez?
B. Concorda com a realização da interrupção voluntária da gravidez em estabelecimento de saúde autorizado?
C. Concorda com a interrupção voluntária da gravidez realizada por opção da mulher?

Estas três diferentes questões, se sujeitas cada qual a referendo nacional, teriam necessariamente resultados diferentes.

1. Há quem esteja de acordo com as três questões, e por isso responderia Sim às três fórmulas.
2. Há quem esteja de acordo com a primeira e a segunda das questões, mas não quanto à terceira, e portanto votaria Sim quanto às formulações A e B, e optaria pelo Não no referendo à pergunta C.
3. Há quem esteja de acordo com as fórmulas referendárias A e C, mas que votaria Não quanto à B.
4. Há quem esteja de acordo com a despenalização voluntária da gravidez (referendo A), mas contra a realização da interrupção voluntária da gravidez em estabelecimento de saúde autorizado (referendo B), e contra a interrupção voluntária da gravidez realizada por opção da mulher (referendo C).
5. Há quem esteja contra, em qualquer dos casos, e por isso votaria Não no referendos A, B e C.

Por conseguinte, incluir na mesma formulação posta a referendo conceitos distintos - sujeitos a formulações autónomas - resulta num voto improcedente, já que as opções são apenas duas quando deveriam ser cinco.

1. Sim A, Sim B, Sim C.
2. Sim A, Sim B, Não C.
3. Sim A, Não B, Sim C.
4. Sim A, Não B, Não C.
5. Não A, Não B, Não C.

Isto quanto à fórmula posta a referendo, no seu conjunto ou, dizendo de outra forma, no seu todo de código significante. Porque, quanto às partes que o compõem, a esse código verbalizado, muito mais se pode constatar naquilo que respeita a rigor e isenção na terminologia utilizada, ou na ausência de ambas as coisas.

De facto, é completamente diferente utilizar a expressão "interrupção voluntária da gravidez" ou o substantivo "aborto". Mesmo dando de barato a improcedência da fórmula produzida, pelas razões anteriormente aduzidas, seria no mínimo espectável que os resultados do referendo fossem completamente diferentes, caso se substituísse a expressão pelo substantivo:

Concorda com a despenalização do aborto, se realizado, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

Fosse esta a pergunta, mesmo admitindo como boa a formulação de três em uma, apenas alterando a designação do acto em si, e certamente os resultados seriam também diferentes daqueles que teremos em breve.

Muita gente desconhece em rigor, ou mesmo em absoluto, o significado de "interrupção" e de "voluntária", se bem que saiba perfeitamente (presume-se, em maioria) o que quer dizer "gravidez"; de igual modo, é provável que os dois primeiros termos em sequência ("interrupção voluntária"), mesmo para quem tenha uma ideia daquilo que significam isoladamente, se torne confuso quando em conjunto.

"Interrupção voluntária da gravidez" é, mais do que um evidente eufemismo, uma forma politicamente correcta de encobrir o facto, ou o acto em causa, com a aparente inocuidade de uma designação já de si armadilhada e tendenciosa; se bem que um dos significados de "interrupção" seja "cessação", não é essa a sua acepção mais comum; a "interrupção", associa-se geralmente a ideia de que algo que sucedia pára, temporária ou transitoriamente, mas que depois continua, retoma o seu curso; ora, este conceito é inaplicável ao aborto, como é evidente; a escolha deste termo em concreto revela, portanto, um indisfarçável tendenciosismo, já que tenta atenuar o vigor (e o rigor) do facto pela suavidade não determinista (ou terminal) da designação.

Outro tanto sucede com o adjectivo utilizado. As palavras contêm uma carga expressiva intrínseca, à qual não é estranho o uso e as escolhas que delas fazemos no quotidiano. A adjectivação como "Voluntária" implica uma percepção positiva que remete para o campo da valorização, quanto mais não seja por analogia: os voluntários, o voluntariado, a voluntariedade, são hoje em dia pessoas, fenómenos, actos extremamente apreciados e enaltecidos. A pragmática linguística, bem como a Retórica dos Clássicos, são pistas e disciplinas úteis para a compreensão daquilo que é o uso da Língua não como mero instrumento de comunicação, mas antes ou principalmente como arma de arremesso ou condicionador mental, para formatação da opinião e, em última análise, para a prossecução de determinados objectivos.

Aliás, como já várias pessoas referiram, a fórmula resulta em perfeito, completo, simples disparate, se atendermos ao facto de que postula duas vezes (em duplicado, portanto) o carácter voluntário do acto de abortar: depois de "interrupção voluntária", ainda se acrescenta "por opção da mulher"! Então, se é voluntária, havia de ser por opção de quem ou de quê? Ou, pela inversa mas na mesma, se é "por opção da mulher" poderia alguma vez não ser "voluntária"?

Note-se que, ao nível da discussão sobre o tema em apreço e, por consequência, ao nível do discurso interpessoal, a expressão completa "interrupção voluntária da gravidez" foi substituída pela sua sigla (IVG), que rapidamente se transformou em simples acrónimo: não se diz "aborto", é claro, e já nem sequer se utiliza a expressão politicamente arranjada para o efeito; depois de abolido da argumentação o significante mais próximo do significado, trocado aquele por uma expressão carregada de inocuidade, liquida-se ainda esta, através da lei do menor esforço, e passa a utilizar-se simplesmente um conjunto de letras que soa a algo de indefinível e, agora sim, despido de qualquer valor referencial: IVG, "a ivêgê", tem reminiscências de coisa técnica, avançada, progressista, qualquer coisa parecida com TGV, BCG ou RGB.

A acronimia representa, quando aplicada a uma questão tão delicada como o aborto, mais uma prova de que as palavras estão realmente armadilhadas, com a finalidade última e única de acabar por vencer pela força o que a razão impede: pela força da engenharia linguística, utilizando as palavras como bombas, pretende-se rebentar a capacidade de discernimento das pessoas.

E poderá perfeitamente ser isso o que vai acontecer no próximo dia 11: as palavras vão rebentar nas mãos daqueles que já se julgam vencedores e na consciência dos que se deixaram enganar.

Enganados, porque lhes dizem que se trata apenas de uma questão legal, quando essa é apenas a primeira de três questões.

Enganados, porque lhes sugerem que "ivêgê" não é o mesmo que "aborto".

Enganados, porque ninguém os avisou de que "a pedido" é o mesmo que "sempre que quiser".

Enganados, porque - se depois das dez semanas é crime - então o aborto clandestino depois das dez semanas continuará a existir.

Enganados porque - se depois das dez semanas é crime - o aborto antes das dez semanas passa a ser urgência hospitalar, gratuita e prioritária.

Mas enfim, se foram enganados, é natural, a culpa foi das palavras, não foi de ninguém em particular.

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01/02/07

Os Grandes Portugueses (da RTP)

Este post é repetido; por alguma razão que desconheço, o original, publicado no dia 18 de Janeiro foi substituído pela repetição de um outro post que não tem nada a ver. Devo ter cometido um erro de manuseamento, uma trapalhada qualquer.







Não seria nada de estranhar, se tivesse sucedido o "truque" referido neste post, segunda votação sem pré-aviso. No entanto, como se pode verificar AQUI, e de acordo com o formato original da BBC, pelos vistos há uma pré-selecção de 100 e depois os 10 mais votados (apresentados por ordem alfabética) passam ao "escrutínio" final.
Aliás, no primeiro programa da série da RTP (mms://195.245.176.20/rtpfiles/videos/gportugueses/gportugueses15102006.wmv), a "votação" dos 10 "finalistas" foi claramente anunciada e explicada.


Foi este o comentário que deixei n' A Voz Portalegrense e que seguiu para "aprovação", por parte do respectivo webmaster.

De facto, não seria nada de espantar que a televisão pública, apavorada com a iminente "vitória" de Salazar, inventasse uma forma qualquer de o apear do lugar mais "votado". Isso seria grave, e a simples suspeita já o não é menos. Portanto, sejamos curiais, não há nada como investigar os factos para chegar a conclusões. Aparentemente, não será desta que se pode atirar pedras à caixa mágica do Estado.





----- Original Message -----
Sent: Tuesday, January 30, 2007 10:16 PM
Subject: A Voz Portalegrense

Caro Amigo

Ao "passear" pelo Google encontrei uma referência à Voz. E ao entrar no seu Blogue encontrei o comentário que reproduzo.

Algo se terá passado, porque nunca recebi o seu Comentário.

Peço que tenha a paciência de voltar a enviá-lo, e terei todo o gosto em responder, como sempre faço.

Com as minhas desculpas pelo sucedido.

Cumprimentos.

Mário Martins





Assunto esclarecido. Foi mais uma chatice técnica qualquer. O comentário foi também reposto no post respectivo, n'A Voz Portalegrense.

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