Quando eu partir, toca esta música no teu gira-discos. Tocas, por favor? Prometes? Diz que sim, vá, Afinal o que te custa fazer isso em memória de mim? Esquece o perigo, o passado, esquece os riscos. Respeita o meu último desejo, agora que estou lá Onde as coisas já não são nada, nem sequer assim-assim
Este é o meu enterro, a minha última vontade. Nada mais há a dizer nem a fazer, acabou-se. Nunca mais verás a minha face viva, Sorridente, ou triste, ou inexpressiva. Levou-me esta caveira, mulher, com a sua foice, Gadanhou-me o corpo de qualquer saudade E aqui vou eu, dócil e conformado, muito pálido, Procurando em vão por onde pára a minha alma, O que será feito dela, pergunto-me, a desalmada? Quase branco e sem aqueles vinte e um gramas, Despedido sem vivas, sem ovações, sem palmas, Sinto-me assim leve, elegante, quase esquálido, Em paz com todo o mundo, numa grande calma, Livre para sempre de ti, ó rima rica, minha amada.
Quando eu morrer, põe esta música a tocar, por favor. Será esta a tua missão, o teu compromisso. Por mais que te custe, esquece a dor, Esquece, por favor: faz-me isso. Tu, que foste minha, és doce e és mátria Deixa-me morrer em paz com a minha pátria.
Que me abrasa quando menos espero Que te incendiava quando eras pequena Que me consome quando muito te quero Que te iluminava quando dormias serena.
Esse fogo real e perene, em chamas quase azuis Essas brasas eternas, esse vulcão em ebulição Que destrói tudo aquilo que houve, nós os dois Para sempre ruínas, raiva, desespero, maldição.
Quem me dera outra vez esse fogo Ver-te sair de mansinho, até logo, E a tua sombra em chamas na parede Queimando-me a língua com a tua sede.
Gosto de te ver ardendo Gosto de te ver sofrendo Ao menos de impaciência Ao menos de paixão Ao menos com violência Ao menos com coração.
Partindo de uma ideia original de Luis Carmelo (blogue miniscente) e tendo eu sugerido ao mesmo as entrevistas a bloggers, resolvi trazer ao Kontrastes - sem nunca esquecer a originalidade de Luis Carmelo - uma edição chamada "conversas de café".Agradeço a cooperação através da resposta às perguntas.
1. Sabendo que a blogosfera é uma janela para a vida cibernética, como vê o fenómeno «blogue»? 2. Quando acede à blogosfera que tipo de blogues procura? 3. O que o levou a criar um blogue? 4. Que balanço faz da sua estadia na blogosfera e da blogosfera actual? 5. Acha que os blogues podem substituir a imprensa online? 6. Em que medida os blogues influenciam ou influenciaram a sua vida e/ou actividade profissional? 7. O que faz um bom blogue?
Por favor indicar nome, idade, profissão e blogue. Será informado(a) da publicação da conversa. cumprimentos, JFD www.kontraste.wordpress.com
E enviam uma coisa destas para mim? E logo eu, membro fundador dos A.A. (Anónimos Assumidos)!? Thank's but no, thank's. E, para mais, eu é que sou o Prusidente do movimento B.O.I. (Blogs Olimpicamente Ignorados). Nope. E afinal ele é logo nome, idade, profissão e blogue? E bem, respectivamente, chamo-me Dodo (Doudo, em Português arcaico), tenho 1.728.437 anos, exerço a actividade de ave pernalta extinta, meio tola, grã(de) bico, e o mê "belogue" é este aqui mesmo, endereço http://001.blogspot.com, não tem nada que enganar.
E era só para dizer que não respondo a um inquérito deste género desde os meus tempos de Liceu. E que naquela altura só respondia porque me interessavam as mamas das gajas que os faziam, e coitadinhas. E que aquilo era tudo perguntas inteligentes, como "o que achas do significado da vida" ou "o que farias se tivesses um filho homossexual" ou ainda "consideras o haxixe prejudicial à saúde", e tal, e tal, e assim. E não eram assim tão parvas, as perguntas. E eu respondia, repito, apenas e só derivado às mamas. E para dizer que duvido que esse tal Carmelo tenha mamas e, mesmo que as tenha, é um gajo, ora foda-se, e o gajo Kontrastante deve ser outro gajo, e ora foda-se outra vez. E que, se porventura não tiraram o meu endereço de e-mail ao acaso, por criteriosa escolha "random", fariam o favor de o deixar muito sossegadinho onde ele estava, e que era na santa paz da ignorância, no paraíso da extinção, nas franjas, enfim, da mais repimpada inutilidade .
Pronto. Uma chatice a menos. Nestas coisas do sexo, há que ter algum cuidado com a forma como se expõem os assuntos. É de toda a conveniência, para começar, evitar a utilização profícua ou exagerada de palavrões em geral e de calão em particular. Portanto, e como o assunto desta consulta é aquilo que vulgarmente se designa por "camisa-de-Vénus", utilizaremos doravante o termo técnico atinente, isto é, "preservativo", não vá a expressão portuguesmente consagrada ferir alguma natureza mais delicada; evitaremos também os termos correlacionados mais hipoteticamente chocantes, como "caralho", ou "cona", ou "foder", por exemplo; imbuídos da melhor boa-vontade e do espírito mais epistemológico possível, aplicaremos os equivalentes menos rudes ou atrevidos, como, respectivamente, "pichota", "pachacha" e "pinocada". Enfim, é sem compromisso, mas iremos tentar cumprir com o prometido.
Intróitada a problemática, passemos por conseguinte à propriamente dita.
O preservativo é um dispositivo anticoncepcional que existe, ao contrário daquilo que muita gente julga, desde há cerca de 3.000 anos. No entanto, foi apenas a partir do surgimento da "pílula" - no início dos anos 60 do século XX - que este artefacto perdeu importância enquanto contraceptivo, ganhando uma relevância acrescida, paradoxalmente (e progressivamente), como método preventivo de doenças sexualmente transmissíveis (DST). Poderemos mesmo afiançar que se trata, hoje por hoje, exceptuando, como é evidente, a falácia da abstinência, do meio mais eficaz para evitar a transmissão de infecções por via sexual. Por estranho que pareça, este verdadeiro salva-vidas sexual continua a merecer a atenção das grandes empresas farmacêuticas, a reboque e com o apoio dos governos nacionais e das instituições internacionais, não enquanto bem essencial mas como fonte de (chorudos) rendimentos, de lucros verdadeiramente obscenos; quando seria de esperar, nomeadamente após o aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), em 1983, que tal ferramenta se tornasse em verdadeiro bem essencial e, portanto, tendesse a tornar-se cada vez mais barato, o que aconteceu foi precisamente o contrário: os preservativos são não apenas caros como os métodos utilizados para a sua distribuição continuam absolutamente anacrónicos e praticamente imutáveis desde que saíram os primeiros pacotinhos das linhas de produção; as farmacêuticas dedicadas ao ramo, até porque os métodos de fabrico evoluíram entretanto e se tornaram muito mais eficazes, não demonstram quaisquer intenções, bem pelo contrário, de fazer descer os preços, ao menos de acordo com as mais elementares leis de mercado, da oferta e da procura; por outro lado, vão surgindo novos produtores, mas nem assim os preços baixam. Enfim, está mais do que visto, o negócio é apetecível e, como se verifica, ninguém está particularmente interessado na questão de saúde pública envolvida. Morrem pessoas aos milhões como consequência directa da não utilização do preservativo na relação sexual, todos os dias são infectados muitos milhares de seres humanos, mas tal "detalhe" parece não despertar a atenção de quem poderia e evidentemente deveria pôr cobro à situação. Entretanto, gastam-se fortunas em "estudos estatísticos" absolutamente estéreis, apenas para concluir aquilo que toda a gente já sabe: que a distribuição gratuita de preservativos poderia salvar milhões de vidas. Muitas mais, de qualquer forma, do que aquelas que teoricamente são resgatadas à fome, à sede ou à miséria absoluta, através de donativos ou de remessas maciças de alimentos. Seria muito mais eficaz enviar para as zonas mais deprimidas do mundo, em vez de sacos de farinha ou de leite-em-pó, simples pacotes com embalagens de preservativos; não apenas se estancaria a pandemia de SIDA - que alastra rapidamente por vastas áreas de África e da Ásia - como se reduziria drasticamente o número de nascimentos, minimizando assim, num prazo relativamente curto, a multiplicação das necessidades alimentares de uma população em crescimento exponencial. Como escreveu e demonstra Jean-Christophe Rufin, em As Causas Perdidas, o envio sistemático de milhões de toneladas de alimentos para as zonas de fome apenas adia o problema, a curto prazo, acabando por multiplicá-lo por três (ou por dez), na prática, no espaço de apenas uma geração (quinze anos).
Nas sociedades ocidentais, ditas evoluídas, ou industrializadas, o problema coloca-se de forma radicalmente diferente, se bem que existam também nestas enormes bolsas de subdesenvolvimento e carência generalizada, às quais os mesmos princípios seriam igualmente aplicáveis. Porém, e por regra, o preservativo constitui, nos países da Europa e do Novo Mundo, uma realidade bem diferente daquilo que diz respeito aos "restantes" dois terços de seres humanos. No nosso quotidiano comum, urbano e mais ou menos privilegiado, não apenas o sexo cumpre uma função diferente como são diferentes os meios e os métodos anticoncepcionais, bem como as medidas de prevenção das DST. E como é radicalmente diferente a forma como encaramos uma e outra das coisas. Para nós, o preservativo é, antes de mais, uma maçada, um mal - necessário, mas ainda assim um mal, algo que tem de ser porque tem de ser. E daí, nem sempre. Ou não continuasse a aumentar também, desastrosa e desastradamente, mesmo nos países mais evoluídos do mundo, o flagelo das doenças sexualmente transmissíveis, e nomeadamente a infecção por HIV. O burguês médio tem uma relação conflituosa com o preservativo, quando tem uma... relação, e isso afere-se perfeitamente pelos números, pela desgraça que por aí vai. Fosse ao menos aquilo mais barato e, principalmente, mais fácil de usar, e outro galo cantaria com toda a certeza.
Ora, surgiu muito recentemente, nos mais prestigiados órgãos de comunicação social, a notícia de uma invenção que se arrisca, sem qualquer exagero, a revolucionar o mundo moderno tal como o conhecemos: foi finalmente criado o preservativo instantâneo. Eis, em suma, o espantoso facto. Segundo assevera o inventor do novo embrulho peniano, Willem van Rensburg de sua graça, e embora ainda não tenhamos tido a oportunidade de experimentar pessoalmente coisa tão bem esgalhada, parece que aquilo se coloca em três segundos no máximo, três. A ser verdade, e a julgar pela demonstração em vídeo parece que é, estamos perante o artefacto mais espantoso alguma vez criado pelo génio humano.
Finalmente, poderemos nós outros estar em vias de deslargar a merda do preservativo convencional, essa pepineira desgraçada, responsável pela maior parte das faltas de tesão em que se atascam amiúde hordas imensas de gajos chateados, nas sociedades ocidentais. Convenhamos, se é que em algum espírito menos avisado ainda poderá restar alguma dúvida, que os Durex, ou Harmony, ou Control, ou quaisquer outras marcas mais manhosas, são a maior chatice que existe, insuportavelmente incómodos, chatos e trapalhões, verdadeiros convites ao desastre, ratoeiras inadmissíveis para a mais trivial pinocada; o preservativo convencional é uma sacanice institucionalizada, e ainda por cima altamente promovida, como se fosse alguma coisa de jeito.
Pois não temos nós sido sistematicamente bombardeados com publicidade gabando os extraordinários méritos de tão grandessíssima cagada? Não nos pintam repetidamente, em quadros edílicos e cheios de gajas podres de boas, que a camisinha é facílima de colocar? Mas não, não é, nem pouco mais ou menos. É mesmo muitíssimo complicado enfiar aquela merda na gaita: primeiro, e para começar, as putas das embalagens parecem pacotinhos de açúcar, mas são blindadas, a gente quer rasgar e não rasgam, por vezes nem à dentada; está um gajo no melhor dos acontecimentos, a verga túrgida perfurando a atmosfera envolvente, prenhe de sangue e fremente de entusiasmo, e eis senão quando lá vem a chavala com a treta do costume (ah, olha, põe a camisinha, pões), foda-se, há que ir buscar, andar à procura em gavetas e em bolsos secretos, mas onde caralho é que eu pus aquela merda, e depois quando finalmente se encontra a puta da camisa ainda é preciso lutar bravamente com o invólucro, o caralho do invólucro de uma ganda puta que os há-de parir, que esta merda não abre nem por nada, chega-me daí essa tesoura, foda-se, não lhe dês c'os dentes, mulher, que rasgas isso, foda-se, passou-me a tesão, foda-se, foda-se, foda-se. Quantas vezes não sucederam já situações do género ao mais comum dos mortais? E não esquecer que, após a tremenda luta para tirar aquela porcaria da embalagem, segue-se outra tarefa tão ou ainda mais chata, enfiar aquela merda como deve ser na já desoladíssima pichota: de novo uma carga de foda-se entre dentes, que ou desenrola mal, ou desenrola ao contrário, ou pura e simplesmente não desenrola; e ele são caralhadas de toda a ordem e feitio até que, finalmente, ora prontos, está feito, vamos a isto, mas onde é que a gente ia mesmo, ah, sim, pois, tu estavas assim, e eu aqui, ó; mas, ai, entretanto a tusa foi-se, ausentou-se para parte incerta, e isso ainda não é o pior, à moça sucedeu entretanto outro tanto, as mulheres são assim mesmo, interrompeu, fodeu, estaca zero, é preciso começar tudo de novo, mas desta vez à pressão, haja ainda ou já não haja vontade.
Enfim, e por isso uma profissional leva tão caro a pinocada sem, preservativo é mesmo a maior chatice que existe. Claro que a publicidade, e mesmo a institucional, paga pelos nossos impostos, tenta impingir uma imagem completamente contrária, aquilo é só facilidades e gente sorridente. Reiteremos: não é nada, é complicadíssimo, e é só gente pior do que fodida às voltas com aquela merda. Não é lá muito prático, para evitar as maçadas inerentes, a gente sair de casa já com o preservativo devidamente colocado - até porque "devidamente" implica pénis erecto, e não é fácil manter uma erecção, priapismo excluído, enquanto se conduz, se anda ou se toma um cafezinho, por exemplo.
Não esquecer ainda uma parte nada elegante do assunto, o descarte, isto é, quando está cumprida a função e se torna necessário a gente ver-se livre dos despojos: há gajos que retiram aquela porcaria (antes não era, agora já é) com um simples esticão, atiram o látex para o chão, e pronto; algumas mulheres, com o carinho tipicamente feminino e que tão bem lhes fica, fazem bastante mais, dão um nó na base, não vá o líquido escorrer e sujar a alcatifa, embrulham em papel higiénico e depositam por fim o embrulhito no caixote do lixo, ou despejam-no na sanita. Que é chato, pois com certeza, mas parece que o elemento feminino se sente muito mais à vontade com este tipo de operações, honra lhes seja.
Mas enfim, não tem nada que enganar e não há volta a dar-lhe: a camisinha é a coisinha mais empata-fodas que alguma vez foi inventada, muito mais e com efeitos mais devastadores e descolhoantes do que as sogras ou as vizinhas metediças. Claro que, não cabendo aqui - pelo menos por agora - referir trapalhadas homéricas do género dos cones vaginais, essa miserável traição que faz barulho (nhoc nhoc nhoc) e que arde como tudo, pois o uso de preservativo é uma imposição dos tempos modernos, não há nada a fazer, caralhosmafodam, mais vale gramar com aquilo do que pinocar por aí à maluca, a torto e a direito, sem qualquer espécie de protecção. Fodias-te, como soe dizer-se; as modas já não compactuam com semelhantes descontracções e inconsciências, há que dar com ele, e dar com força, mas sempre, sempre, sempre com o carapuço enfiado, reforcemos, pois que se não deve esquecer. Bem sabemos que não é a mesma coisa, há quem diga ser o mesmo que chupar um rebuçado sem o desembrulhar primeiro, mas não é de chupanços que se está aqui falando, entendamo-nos. Foder é, hoje em dia, uma das actividades mais perigosas para a saúde que existem, ele há de tudo, e já havia dantes, da insinuante sífilis ao vulgaríssimo esquentamento, uma festa de germes, vírus e bactérias alojados em quaisquer entrefolhos e quenturas venéreas, mas acrescido o naipe recentemente com as doenças mais canalhas e malignas que é possível imaginar, das hepatites às malditas retrovirais. Ora, isso é que é fodido a valer, essa coisa da SIDA; lá com as outras, vamos indo, ao menos a gente não vai desta para melhor, por exemplo o treponema pallidum (sífilis) não passa de uma brincadeira quando comparado com o HIV, esse "bichinho" que ataca em todas as frentes e liquida um ser humano em três tempos. Não brinquemos pois com assuntos sérios. Mais vale o sacrifício de embrulhar a gaita em plástico fininho do que depois nos embrulharem a nós em plástico bastante mais grosso. Todos os aborrecimentos ligados ao preservativo não são nada quando comparados com a pena de morte exarada, a segregação social e o isolamento total, a deserção e o abandono de família, amigos e conhecidos, e, por fim, a degradação inexorável de todos os sistemas vitais, a decomposição física ainda em vida, Karposi, pneumonia, hemorragias generalizadas, o Inferno cá na Terra e tempo para o ver detalhadamente.
Daí se poder dizer, sem qualquer risco de exagero ou entusiasmo desmedido, que estes preservativos "Pronto" representam - no mínimo - tremendo alívio para tão angustiante perspectiva ou probabilidade: finalmente, em resumo, já se pode foder à vontade sem receio de qualquer infecção, mais ou menos malévola, mais fodida ou menos fodida; e não só isso como, ou principalmente, deixa assim de haver pretexto para não usar a camisinha; o tempo que levava a colocar aquela coisa reduziu-se a um mínimo ridículo que, aleluia, deixará de interferir com a manutenção da tusa; por outro lado, e ainda em termos estritamente técnicos, torna-se agora possível foder à grande e à francesa, em qualquer lugar e a torto e a direito. Acabaram-se os pretextos, as negas, as desculpas manhosas. Haja Deus.
É de louvar, portanto, e de que maneira, a extrema importância e a sagacidade da invenção desse tal Willem van Rensburg. O fulano devia ganhar já, sem qualquer concorrência no horizonte, o prémio Nobel da medicina, por mérito absoluto, e o da paz, como brinde. Poderemos agora, por fim e com toda a segurança, quase não interromper a bela fodinha por razões de saúde e higiénicas; agora sim, poderemos dizer, sem qualquer margem para erro ou exagero, péraí, filha, dá-me só um segundinho; não é um mas, vá lá, são apenas três segundinhos. Faltarão porventura as variantes, a fim de conferir mais divertimento e espírito lúdico à coisa, Prontos às cores e com sabores, morango, kiwi, framboesa, tutti-frutti, Prontos com feitios, saliências e protuberâncias. Basta consultar o catálogo.
É este o futuro, e o futuro já chegou: Prontos. Digam lá se não estão contentes. Ó maravilha. Ó invenção de mestre. Ó pois é. Hem? Que dizes? Vamos a isso então, óspois? Então, Prontos, vamos lá.
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Não se esqueçam de "assistir o" vídeo, gandas burros, a ver se aprendem a colocar os prendedores como deve ser...
Existem dois tipos de arrumadores de automóveis: os muito fodidos e os completamente fodidos. É possível distinguir um tipo de um tipo de outro tipo do outro tipo pelo facto de nos primeiros ainda se notar alguns vestígios ou reminiscências do último banho ou da última vez em que fizeram a barba; tirando isso, é dificílimo notar alguma outra diferença, se bem que o arrumador muito fodido apresente, se repararmos com muita atenção, um discurso um bocadinho menos caótico do que o seu colega completamente fodido: este pronuncia "estroce", com aférese (queda) do "d" inicial, ao contrário daquele, que articula a palavra correctamente, isto é, "destroce".
Em todócaso, como diz Marques Mendes, arrumador é arrumador ou, para utilizar a designação politicamente correcta mais comum, arrumador é "técnico de parqueamento automóvel", consistindo as suas funções em agitar freneticamente um jornal enrolado enquanto vão dizendo "destroce, destroce, destroce"; teoricamente, ambas as coisas, jornal enrolado e a indicação para "destrocer", destinar-se-iam a facilitar a manobra de estacionamento de qualquer um dos seus "clientes"; porém, como é sabido, não apenas estes sabem perfeitamente - regra geral - como estacionar um automóvel, como ficam, ainda por cima e também por regra, eles próprios fodidíssimos quando têm de gramar com uma daquelas melgas. É que os moços, ressalve-se-lhes a boa vontade, fazem toda a questão de indicar um lugar - mesmo que todo o parque de estacionamento esteja livre, assim pela fresca - e de ajudar por força o desgraçado automobilista a parquear. O qual, já se sabe, não terá sorte nenhuma se por acaso pretender prescindir dos serviços, era o prescindes, quando não arrisca-se a ficar com uma pintura nova na viatura ou, quem sabe, depende da hora, de ser dia ou noite, e de a ressaca estar quase a bater ou ainda nem por isso, a precisar de quatro pneus novos ou com uma porta carecendo de bate-chapa.
Dantes, nos bons tempos do fasssismo, havia uma outra categoria de arrumadores, aqueles senhores e aquelas senhoras que nos levavam ao nosso lugar exacto, num cinema. Mas agora os tempos são outros, à uma porque já praticamente não existem cinemas, em rigor, e às duas porque há cada vez mais automóveis; ora, por consequência, uma coisa levou à outra, assim como há cada vez mais lugares vagos nos minúsculos estúdios que restam, pela inversa há cada vez menos lugares vazios para arrumar a porcaria do carro; e foi isso - essa relação diametralmente oposta - que levou à extinção uma simpática espécie de arrumadores e à criação desta que existe agora, a dos piolhosos arrumadores Estroce.
Quer queiramos, quer não, e ai de quem se atreva a não querer, conforme antes exposto, lá teremos de gramar a fita do costume: "beinha, beinha, beinha, pode bir, agora estroce, estroce, estroce, prontes, tá bom, ó amigo, e uma moedinha, vá lá, são dois euritos, ai acha caro, atão um eurito, e já agora um cigarrito".
Para evitar que o jovem risque a pintura do bólide ou, quem sabe, lhe fure os pneus ou ainda descarregue um pontapé na porta, a gente, "vá lá, tome lá, até logo", esportula a moeda, larga um cigarrinho ou mesmo dois, e vai à vida rezando a todos os santos para que nada suceda ao popó.
De vez em quando, mormente em época de eleições, alguns profissionais do paleio surgem com umas ideias inovadoras, como "regulamentar a actividade", criar o "cartão" de arrumador, talvez fornecer uns bonés com chapa de matrícula, conferir, em suma, alguma dignidade à "profissão", que arrumador também é filho de Deus e, no mínimo, cidadão de pleno direito. Coisas para as quais o dito arrumador se está altamente cagando, aquilo é só um entretém até à dose seguinte, mas esse desinteresse não bule com um único neurónio disponível na vontade política férrea do autarca ou do governante mais afoito a estes assuntos da "solidariedade"; a nenhum ocorre sequer pôr em causa a "necessidade" de tão patentemente marginal "profissão", fingindo todos, à imagem e semelhança do cidadão comum, que o problema não existe, que aquilo é tudo gente de bem, que são jovens e menos jovens "perseguidos" e "marginalizados", aos quais há que dar todo o "apoio" possível.
Pois sim. A chantagem existe, pública, recorrente e sistematicamente, e o facto é que aqueles "perseguidos" perseguem, eles mesmos, insultam, ameaçam e chegam por vezes à agressão física e à destruição de bens; a intimidação, nomeadamente com pessoas de mais idade ou com mulheres, em especial se acompanhadas de crianças, é prática corrente; trata-se de uma forma de terrorismo postural, de situação, tacitamente imposto pelos "estroces" e sistematicamente aceite pelas vítimas de circunstância. Aqueles actuam sempre em total impunidade, é claro, com a conivência dos passantes, que não pretendem meter-se em sarilhos, e com a passividade das autoridades policiais, que de autoridade têm apenas a designação técnica. Presume-se, através de um estranho mecanismo de reflexão colectiva, que sempre é melhor os "estroces" fazerem aquilo, ganhando uns trocos para alimentar o vício, do que andarem por aí a assaltar pessoas.
A questão é que não estamos a falar de "trocos", já que dose alguma de droga nenhuma custa "trocos". O problema é que, apesar do benemérito beneplácito em relação àquela "actividade", não consta que o número de assaltos, a pessoas e a estabelecimentos, tenha diminuído desde que surgiu o Estroce; pelo contrário, como rezam as estatísticas.
Não podem ou, melhor, não devem as pessoas de bem advogar a liquidação pura e simples de tais energúmenos, através de métodos mais ou menos violentos como a forca medieval ou o limpíssimo e higiénico tiro na nuca; isso está realmente fora de cogitação. Seria, porém, minimamente exigível que - ao menos - aqueles que tanto se preocupam com as chamadas doenças da civilização, eles próprios extremamente civilizados, se dignassem alvitrar algumas soluções: o que fazer com o Estroce? Eis algo a pedir reflexão avalizada, já que o diagnóstico da situação está feito per se. O que será que impede as nossas mentes brilhantes, os fazedores de opinião da nossa praça - e esta coisa dos blogs está cheia disso - a nunca se referirem ao Estroce? O que será que lhes tolhe o discernimento, se o caso é tão evidente? Porque será que nunca, mas absolutamente nunca, tocam em tão melindroso tema?
Será medo do politicamente correcto? Terão assim tanto amor às respectivas carrocerias, além do que têm à própria pele?
E tal e tal çççç´´aáéíóú rinhónhó 1234567890''«!"#$%&/()=?»QWERTYUIOP*ÀSDFGHJKLǪZXCVBNM;: qwertyuiop+ásdfghjklçºzxcvbnm,.-<<>> E tau e tau. Uindo. Parece que esta merda funcemina, carauo.
Este Blogger.com, oh o caralho que os foda, eh a maior merda que existe. Eh uma merda ou, como se diz em linguagem politicamente correcta, eh uma merda, uma merda, uma merda. Acho que me vou pirar daqui pra fora; que os pariu. Escrever nesta coisa eh como bater uma punheta num autocarro apinhado de gente: naum se pode, prontes. Eh como o menino Jesus, lah dizia o Pai Natal do Herman, ou estah deitado ou estah estendido, ou estah estendido ou estah deitado; quer-se dezer, ou naum funciona ou funciona mal, das duas uma. Preview, nehpia. WYSIWYG, ou isso, nestum. A gente faz "enter" e fica definitivamente dependurada, isto naum tuge nem muge. Caralhosmafodam. Desapareceram os acentos, fica prahqui uma chinesice do caralho, e jah gozas, isto eh quando se pode escrever, mesmo sem a merdice dos diacrihticos, oh o cacete. Mas ninguehm os manda foder por uma vez, naum? Ok. Mando eu.
Oh Blogger.com, pah: vai-te foder.
Ahhhh. Jah me sinto melhorzinho.
A porra toda eh que mesmo assim naum dah para escrever coisa nenhuma. Este Blogger.com, oh o caralho que os foda...
Em relação ao post "email umbiguista" de há um ano. Nem sei se continua a escrever no 001, mas se não quer ser lido, escreva mal, escreva pior, tente mesmo não dizer nada de jeito e por favor não refira outros blogues. Principalmente se os outros blogues forem bons quando assim o diz e maus quando deles goza. De qualquer outra maneira um gajo dá-lhe o beneficio da dúvida e continua a papar com a sua conversazinha da treta. Sem mais assunto, toma lá a proverbial pancadinha no ombro, que os sacanas são mesmo para as ocasiões. E fica bem que não deixo a coisa por menos.
Hem? Que porra é esta? Huguinho? Zezinho? Luisinho? Anyone? Quac! Quac!!!
It's not What you thought When you first began it You got What you want Now you can hardly stand it though, By now you know It's not going to stop It's not going to stop It's not going to stop 'Til you wise up
You're sure There's a cure And you have finally found it You think One drink Will shrink you 'til you're underground And living down But it's not going to stop It's not going to stop It's not going to stop 'Til you wise up
Prepare a list of what you need Before you sign away the deed 'Cause it's not going to stop It's not going to stop It's not going to stop 'Til you wise up No, it's not going to stop 'Til you wise up No, it's not going to stop So just...give up
and I am not frightened of dying, any time will do, i Dont mind. why should I be frightened of dying? Theres no reason for it, youve gotta go sometime. i never said I was frightened of dying.
Angie, angie, when will those clouds all disappear? Angie, angie, where will it lead us from here? With no loving in our souls and no money in our coats You cant say were satisfied But angie, angie, you cant say we never tried Angie, youre beautiful, but aint it time we said good-bye? Angie, I still love you, remember all those nights we cried? All the dreams we held so close seemed to all go up in smoke Let me whisper in your ear: Angie, angie, where will it lead us from here? Oh, angie, dont you weep, all your kisses still taste sweet I hate that sadness in your eyes But angie, angie, aint it time we said good-bye? With no loving in our souls and no money in our coats You cant say were satisfied But angie, I still love you, baby Evrywhere I look I see your eyes There aint a woman that comes close to you Come on baby, dry your eyes But angie, angie, aint it good to be alive? Angie, angie, they cant say we never tried
Dreamer, you know you are a dreamer Well can you put your hands in your head, oh no! I said dreamer, you're nothing but a dreamer Well can you put your hands in your head, oh no! I said "Far out, - What a day, a year, a laugh it is!" You know, - Well you know you had it comin' to you, Now there's not a lot I can do
Dreamer, you stupid little dreamer; So now you put your head in your hands, oh no! I said "Far out, - What a day, a year, a laugh it is!" You know, - Well you know you had it comin' to you, Now there's not a lot I can do.
Well work it out someday
If I could see something You can see anything you want boy If I could be someone- You can be anyone, celebrate boy. If I could do something- Well you can do something, If I could do anything- Well can you do something out of this world?
Take a dream on a Sunday Take a life, take a holiday Take a lie, take a dreamer dream, dream, dream, dream, dream along...
Dreamer, you know you are a dreamer Well can you put your hands in your head, oh no! I said dreamer, you're nothing but a dreamer Well can you put your hands in your head, oh no! OH NO!
If you don't know me by now You will never never never know me
All the things that we've been through You should understand me like I understand you Now girl I know the difference between right and wrong I ain't gonna do nothing to break up our happy home Oh don't get so excited when I come home a little late at night Cos we only act like children when we argue fuss and fight
If you don't know me by now (If you don't know me) You will never never never know me (No you won't) If you don't know me by now You will never never never know me
We've all got our own funny moods I've got mine, woman you've got yours too Just trust in me like I trust in you As long as we've been together it should be so easy to do Just get yourself together or we might as well say goodbye What good is a love affair when you can't see eye to eye, oh
If you don't know me by now (If you don't know me) You will never never never know me (No you won't) If you don't know me by now (You will never never never know me) You will never never never know me (ooh)
Morning has broken, like the first morning Blackbird has spoken, like the first bird Praise for the singing, praise for the morning Praise for the springing fresh from the world
Sweet the rain's new fall, sunlit from heaven Like the first dewfall, on the first grass Praise for the sweetness of the wet garden Sprung in completeness where his feet pass
Mine is the sunlight, mine is the morning Born of the one light, Eden saw play Praise with elation, praise every morning God's recreation of the new day
Os sonhos mais lindos sonhei De quimeras mil um castelo ergui E no teu olhar Tonto de emoção Com sofreguidão mil venturas previ O teu corpo é luz, sedução Poema divino cheio de esplendor Teu sorriso prende, Inebria, Entontece És fascinação Amor.
Day after day alone on the hill The man with the foolish grin is keeping perfectly still But nobody wants to know him They can see that he's just a fool And he never gives an answer
But the fool on the hill sees the sun going down And the eyes in his head See the world spinning round
Well on the way, his head in a cloud The man of a thousand voices is talking perfectly loud But nobody ever hears him Or the sound he appears to make And he never seems to notice
But the fool on the hill sees the sun going down And the eyes in his head See the world spinning round
Oh, round, round, round, round, round And nobody seems to like him they can tell what he wants to do And he never shows his feelings
But the fool on the hill sees the sun going down And the eyes in his head See the world spinning round
Oh, round, round, round, round, round And he never listen to them He knows that they're the fools But they don't like him
The fool on the hill sees the sun going down And the eyes in his head See the world spinning round
Raindrops keep fallin' on my head And just like the guy whose feet are too big for his bed Nothin' seems to fit Those raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'
So I just did me some talkin' to the sun And I said I didn't like the way he got things done Sleepin' on the job Those raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'
But there's one thing I know The blues they send to meet me won't defeat me It won't be long till happiness steps up to greet me
Raindrops keep fallin' on my head But that doesn't mean my eyes will soon be turnin' red Cryin's not for me 'Cause I'm never gonna stop the rain by complainin' Because I'm free Nothin's worryin' me
[trumpet]
It won't be long till happiness steps up to greet me
Raindrops keep fallin' on my head But that doesn't mean my eyes will soon be turnin' red Cryin's not for me 'Cause I'm never gonna stop the rain by complainin' Because I'm free Nothin's worryin' me
21 de Junho de 1774 (...) Acontece com a distância o mesmo que com o futuro. Cobre-nos a alma uma enorme escuridão; o pensamento mergulha nela e ilude-se como o nosso olhar; sentimos o desejo ardente de sacrificar toda a existência, para nos absorvermos, com inefável alegria, no sentimento do infinito! Mas... quando lá chegamos, quando o longínquo se aproxima de nós, tudo nos aparece no mesmo estado; conservamo-nos em igual miséria; rodeia-nos idêntica tristeza e a nossa alma sedenta suspira baldadamente o bálsamo pela aventura que acaba de lhe fugir.
É talvez deste modo que o viajante suspira pela sua pátria e encontra no seu lar, nos carinhos da esposa, nas carícias dos filhos e nos cuidados exigidos pela sua conservação esse encanto de alma que debalde procurava neste vasto universo.
Ao nascer do sol, quando me dirijo ao meu querido Wahlheim e, chegando à horta da hospedaria, eu próprio vou apanhar tenras ervilhas, sentando-me a um canto, a descascá-las e a ler ao mesmo tempo o meu Homero; quando, depois, vou buscar à cozinha uma caçarola e manteiga, pondo as ervilhas ao lume, conservando-me atento para as mexer de quando em quando, compreendo então os altivos, os soberbos adoradores de Penélope, que não se desdouravam de matar por suas próprias mãos para os esquartejar e assar os bois e os cevados. Não há coisa alguma que me inspire um sentimento mais suave e verdadeiro do que esses hábitos patriarcais, de que a minha vida é, graças a Deus, tão felizmente entremeada.
Sinto-me orgulhoso por ver que possuo um coração capaz de sentir essa inocente alegria do homem que põe sobre a mesa a couve que ele próprio semeou, e que não só goza de vê-la, como também recorda ao mesmo tempo os belos dias que passou a tratá-la, a linda manhã em que a plantou, as amenas tardes em que a regou e, finalmente, o prazer que sentiu de a ver crescer e engrossar!
sou diletante, sim, portanto, por gosto e por tão pouco. e tenho, sim, sinto, tenho uma pontinha de génio espreitando pela carcela. que quando perdes a paciência o destino óbvio é a solidão. porque sou um gajo de embrulhos e de imbróglios. porque decidi que quando morrer quero uma lápide com a seguinte inscrição: aqui jaz um homem bom. deus não o protegeu porque não o viu. porque gosto que dês a boca ao manifesto. porque o abocanhas com a tranquilidade de quem lê um livro. porque sou um homem de frases soltas. de barba por cortar e cabelos em desalinho. porque por vezes tiveste crises de febre aftosa. porque gosto de te dar com o ferro, ó anémica. porque é com todo o carinho que te violo. porque quando o dia morre a cidade morre e que bom que é então ressuscitar para ti. por isso aqui estou, em carne e desejo, em delírio e absoluto.
Mas não é preciso ser-se lésbica para amar perdidamente uma mulher… todas as mulheres são lésbicas em potência…
É só uma questão de ter vontade de dar um pontapé na porta do armário onde todas se enfiaram… Sociedade Anónima
Lembras-te da nossa conversa, existe algo que por vezes nos faz perder rapidamente o t.... ou o que motivou o nosso envolvimento com o gajo casado, pois sem te aperceberes, chegou talvez o momento em que tu perdes o interesse e pensas, f..... eu mereço e melhor e descartas a situação, o que os deixa furiosos, pois nunca estão há espera que seja tão rápido o desinteresse e ainda ser a mulher a fazê-lo, mas mudan-se os tempos mudam-se as vontades e estás na etapa da tua vida em que só deves fazer o que queres, o que te apetece o que tens vontade e nunca o que fica bem ou o que dá jeito. Bem vinda ao clube das novas sensações... Se eu soubesse...
Ás vezes há que tratar mal um gajo para depois ele vir a rastejar.
Apetites Há coisas que não mudam. Por muitos anos que passem. Por muito que aprenda. É assim com as minhas repentinas mudanças de humor. Um milissegundo entre a gargalhada e a lágrima. Do choro à euforia. Sempre sem explicação [aparente]. Mudo de ideias. De amores. De vontades. Simplesmente mudo. Há quem lhe chame indecisão. Eu chamo-lhe dinâmica. Em coisas tão elementares como os planos para uma sexta à noite. As combinações de fim-de-semana. A roupa que escolho de manhã. O livro da mesinha de cabeceira. As prioridades, e a sua ordem na minha vida, mudam em proporção directa da falta de tempo. Por estes dias recuso-me, ainda mais do que o costume, a fazer fretes. A estar disponível para quem não tenho paciência. Faço o que me apetece quando me apetece. Mais cidade que sexo
Por esta altura, já não deve existir um único Português que nunca tenha ouvido falar de coisas tão esotéricas e estranhas como Yoga, Reiki, macrobiótica Zen. A julgar pelo número de "fiéis" arrebanhados por qualquer dessas novas multinacionais do espírito, e mesmo sabendo que alguns deles são adeptos de mais do que um clube, se não dos três em simultâneo, estaremos sem dúvida perante um fenómeno que se enquadra na designação genérica de "seita": enumerando, temos por conseguinte a seita do Reiki, a seita do Yoga e a seita da macrobiótica, englobando nesta as variantes Zen, Zin, Chin, Chong, Tchang, Atchim, Burp, King-Kong e quaisquer outras que venham a surgir.
São, no seu conjunto, por assim dizer, a consequência natural das relativamente antigas seitas religiosas importadas da América do Sul, que se autodesignavam por "igrejas", como a Maná, a IURD e outras ditas "evangélicas". O princípio básico era nestas "igrejas" o mesmo que resulta naquelas "igrejas" mais recentes: desde a implosão da Igreja Socialista Mundial, também conhecida como Internacional Comunista, em 1989 e seguintes, e desde, concomitantemente, o descrédito generalizado da Igreja Católica nas massas burguesas, as pessoas necessitam cada vez mais desesperadamente de uma escora moral, de um módico de convicções ou, em suma, de algo a que se agarrar; algo que lhes dê uma sensação de segurança, face à perigosidade e à imprevisibilidade do quotidiano, e que explique de forma simples os mais profundos mistérios da existência. Tudo aquilo que, enfim, ao longo de milénios teve uma resposta cabal e decente, perfeitamente satisfatória, nas liturgias cristãs ocidentais, e que era personificado por um Deus a dois tempos, bondoso até ao infinito mas também capaz da ira mais extrema quando ou se posto em dúvida.
Foi precisamente a face autoritária do cristianismo, a sua faceta de intimidação e de, por vezes, verdadeiro terror, que acabou por espantar - em ambos os sentidos - uma boa parte dos crentes na fé cristã, e esse facto foi decisivo para o surgimento de seitas várias, que assim se limitavam, sem qualquer esforço, a recolher as sobras humanas da debandada religiosa. Portanto, depois de falhada a fé socialista, e após um rápido processo de apodrecimento das seitas subsequentes, surge agora, na mesma sequência de modelos existenciais importados, uma nova seita, que não apenas se arrisca a tornar-se a maior de todas, engolindo as anteriores, como se vai já tornando - pelo elevado número de adesões e pela altíssima toxicidade dos seus "ensinamentos" - num verdadeiro perigo social. Trata-se daquilo a que os próprios dirigentes desta seita, cada qual detendo seu grupinho colateral, atribuem a pomposa designação de "Budismo".
Ora, é evidente que não falamos de Budismo quando falamos de "Budismo" em Portugal, em concreto, ou mais abrangentemente na Europa ou no Novo Mundo; o Budismo é uma religião muito antiga, com suporte teórico definido, sendo este não teológico mas teórico; é praticada por muitos milhões de pessoas em diversos países orientais, principalmente na China, no Japão, no Nepal, no Tibete e em certas zonas da União Indiana, entre outras nações a Oriente. É bom que distingamos as coisas e que remarquemos o cariz oriental desta crença religiosa, já que essa destrinça é fundamental para a compreensão dos conceitos de obsolescência, inadequação e desenraizamento do Budismo, quando artificial e forçadamente transplantado para o Ocidente. Uma coisa é falarmos do Dalai Lama, exilado político na Índia, Prémio Nobel da Paz, das suas prelecções e dos seus escritos, ou mesmo dos seus fidelíssimos seguidores, nas cordilheiras dos Himalaias ou nas florestas do Vietname, outra coisa bem diferente é referirmo-nos aos membros de seita budista num país ocidental.
Não existe qualquer semelhança entre um cambojano que vive da terra, pacificamente cultivando o seu arroz, que visita os templos do Buda e faz as suas orações, e um Espanhol ou um Americano que se desloca às "reuniões" da seita ao volante do seu automóvel. O Budismo faz todo o sentido e tem o seu ancestral e insubstituível lugar nas terras onde nasceu, e naquelas para onde se espalhou de forma naturalmente subtil e consequente. O mesmo processo, de resto, que levou à expansão de qualquer das mais difundidas formas de culto, do cristianismo ao islamismo; a religião, aquilo que no fundo nos distingue de qualquer outra espécie animal, tem uma óbvia base cultural e a Cultura depende e varia conforme as suas áreas de influência, isto é, fundamenta-se num determinado espaço geográfico. Quaisquer tentativas de perversão do sistema natural de propagação da fé, como sucedeu durante as invasões árabes, ou as cruzadas, ou o próprio colonialismo serôdio, resultaram em fracasso total, para não falar na grande soma de mortes e fatalidades várias que delas acabaram por resultar.
Importar o Budismo não é exactamente o mesmo que importar o Sushi e o Sashimi, as algas kombu ou a arte culinária nipónica em geral; uma coisa é abrir um restaurante japonês, e ir a Tóquio contratar o mestre de cozinha, outra bem diferente é mandar vir em contentores uns quantos bacanos vestidos de togas cor-de-laranja e pô-los a fazer tinir os seus sininhos na Rua da Betesga. Deixemos sossegada e em paz, por exemplo, a camponesa budista que acende pauzinhos de incenso no templo de Angkor; deixemo-la meditar profundamente, durante o tempo que lhe apetecer; mas não poderemos certamente deixar de rir, e achar no mínimo ridículo, completamente deslocado, observar alguém debitando sonoros "Aowm" em pleno Rossio, em Lisboa, ou na eborense muito típica Praça do Giraldo.
O tempo, a sua passagem e as suas medida e medição, bem como os valores nele (tempo) envolvidos, são totalmente diferentes a Oriente, em relação à nossa cultura judaico-cristã, ocidental, europeia, burguesa e consumista. A própria noção daquilo que é a vida, e da importância que se lhe dá, não têm nada a ver na Ásia com a nossa mentalidade fundamental de autopreservação, de fruição, de prazer e de prolongamento sistemático da própria vida. Nas sociedades industrializadas, são outros os valores, outras as necessidades e bem diversas as prioridades.
O Buda, o Budismo, os budistas, tudo e todos enfiados à matroca em qualquer rua das nossas cidades, em perfeita macaqueação de uma realidade distante, exógena e, por assim dizer, alienígena, eis um dos mais espantosos absurdos que nos é dado observar actualmente. Reuniões de "meditação" em grupo, tudo sentado no chão e em posição de flor-de-lótus? Mas onde? Numa cave da Rua das Trinas? Um "retiro" de um ou dois dias numa qualquer quinta da zona saloia? Então e as couvezinhas dessa quinta, que ficam por amanhar enquanto aquele pessoal está todo em profunda "meditação"? E as galinhas, quem trata delas entretanto? E os porcos, ou não há porcos? Ou também estarão eles a meditar, já que também são seres sensíveis? E para que servem, afinal, e em resumo, essas coisas da "compaixão" e da "iluminação"? Quer dizer que eu sento-me aqui, cruzo as pernas, fecho os olhos, digo "aowm" uma data de vezes e, pronto, pimba, eis-me "iluminado"? Isso da compaixão leva quanto tempo a adquirir, ao certo?
Trata-se sem dúvida de uma (in)actividade totalmente postiça, perpetrada por seres cujas motivações não poderão nunca ser as mais transparentes e honestas, já que de tão imóvel frenesim não consta que resulte o mais ínfimo resultado prático. Não é por muito "meditarem" que alguns irão atingir a "luz" e, atingindo-a outros teoricamente, sempre seria de indagar em que é que isso melhorou fosse o que fosse ou ajudou fosse quem fosse. Porventura uma fractura exposta do fémur pode ser tratada através de muita carga de meditação? E os sininhos, plim, plim, plim, ajudarão na consolidação óssea?
Dúvidas existenciais e perplexidades ideológicas que ficam, evidentemente, sistematicamente, petulantemente, sem qualquer resposta. Nem vestígios de tal. A encenação de "budismo" que existe em Portugal parece ter respostas para tudo e mais alguma coisa, menos para justificar a sua atávica nulidade. E o que é mais grave ainda, de um ponto de vista meramente epistemológico, é a total ausência de reflexão sobre a sua própria essência; ou seja, ao "budista" ocidental pede-se que medite muito sobre si próprio mas que não medite coisa nenhuma sobre aquilo que está a fazer, ou seja, nada. Ficam assim aprioristicamente relevadas todas as faltas a compromissos, deixa de ter importância tudo o que se poderia ter feito (de útil) naquele espaço de tempo, e tudo justificado pela seguinte, espantosa, ridícula premissa: melhorei muito, fiquei uma pessoa muito melhor, sou muito mais bondoso e pacífico, simplesmente por ter estado ali sentado a olhar para as moscas; ou de olhos fechados a bater uma sorna, vem a dar no mesmo.
E realmente, convenhamos, não é fácil explicar ou sequer imaginar as misteriosas motivações dos dirigentes e dos operacionais da seita. O que poderá levar alguém a dedicar-se inteiramente a uma causa que consiste integralmente em não se dedicar a coisa nenhuma, a não ser "meditar" sobre essa mesma coisa? Pois não é fundamento da "fé" o esvaziamento total das emoções e dos sentimentos? E então, um chuto na veia ou uma martelada na cabeça não poderiam produzir os mesmos efeitos?
Mas não, tentar explicar a coisa pelo lado da lógica é contraproducente. Para tentarmos compreender o que leva alguém a meter-se nisto do "budismo" postiço, há que atender a dois factos: primeiro, a clique dirigente é quase integralmente constituída por homens; por outro, quase todo o contingente de "fiéis" é constituído por mulheres. Ora bem. Porque será? Como dizia Jardel, esse filósofo da bola, não será do guaraná. É sabido e patente que estes assuntos de religião falam muito mais ao pito do que ao badalo; em linguagem menos técnica, digamos que as coisas espíritas, ou espirituais, exercem um fascínio tremendo no mulherio, e pouco ou nenhum na gajada macha. Por alguma razão, que terá certamente a ver com o "romantismo" (tesão) tipicamente feminino, as mulheres ficam muito excitadas quando ouvem falar de "sentimentos" e de "emoções"; pelam-se por esse tipo de merdas; vai daí, fácil é compreender que elas se agarrem desesperadamente àquilo que lhes parece poder explicar uma coisa que para elas parece inadmissível, a qual se resume a adorarem foder e apenas pensarem em foder; alguém que lhes explique isso, caralho! E pronto, lá aparece o gajo do Reiki, ou o gajo do Yoga, ou o gajo do Partido, e agora o gajo do Buda, que lhes sussurra umas coisinhas mansas aos ouvidos, verdadeiros bálsamos para consciências atormentadas: "medita e serás salva", ou "faz a âsana do veado e ficarás livre de todo o mal". É trigo limpo. Gajinha que é gajinha fica logo pelo beicinho.
De obras, de caridade e auxílio aos pobres, aos doentes, aos inválidos, zero absoluto. Quem se avista nas imediações dos palcos de guerra, nas leprosarias, nos hospitais, é aquela gente excêntrica da Igreja Católica, esses gloriosos malucos das máquinas auxiliadoras, os mesmos que se estão nas tintas para a inutilidade e o parasitismo militante e tentam melhorar o mundo como podem; de budistas e outros caramelos cheios de bondade e amor ao próximo, nem rasto; estão entretidos a "meditar" sobre os males do mundo enquanto no mundo há cada vez mais males. Fazer alguma coisa quanto a isso, é para esquecer; têm muita "compaixão", imensa "compaixão" para dar, "compaixão" a granel, mas lá mexer uma palha, isso é que não lhes dá jeito nenhum. "Fodias-te", eis o fundamento prático da seita.
Portanto, afinal até não tem nada que saber: os dirigentes e quadros desta nova seita budista estão lá, como provavelmente já peregrinaram em outras seitas coevas, simplesmente para comer umas chavalas. É natural, não sejamos incompreensivos e maldizentes. E sejamos também justos, o golpe é de mestre; de facto, aquela merda é um viveiro de gajas boas, todas com a cona aos saltos, na relação directa das suas inibições, frustrações e tesões recalcados. Esses "monges" budistas "dão-lhes" o mesmo que antes davam os "pastores" da Igreja Maná ou da IURD: pinocada moralmente aceitável e tacitamente justificada.
Assim, à luz desta razão que de repente me "iluminou", sem sequer me sujeitar à estopada da tal meditação, compreende-se perfeitamente o sacrifício que esses gajos fazem para salvar o mundo e as ovelhinhas tresmalhadas. Querem cona, ora, ora, nada mais natural. Escusavam era de se pôr com tantas merdas acessórias, a ver se enganam pategos, até porque a verdade geralmente tresanda. Deus lhes perdoe pela hipocrisia e puta que os pariu pela canalhice. Assim, nós, os ateus, não apenas fodemos menos e temos menos, como, ainda por cima, passamos por "maus" e "violentos" e "atormentados". Foda-se, que isto é chato.
3.11.06 Por que raio 'quantificador' e 'modificador' são considerados termos "abstrusos, aberrantes e incompreensíveis" e 'pronome indefinido' e 'aposto ou continuado' conceitos claros e cristalinos, de compreensão imediata?. Provavelmente é apenas por a grande maioria das pessoas estar familiarizada com os segundos e não com os primeiros.
Há muita gente a precipitar-se e a fazer tristes figuras por causa duma coisa que não compreendem nem querem compreender, quando mais discutir -- apenas insultar quem ousou tocar na sua sabedoria de liceu do antigamente. É verdade que em tudo o que se relaciona com a língua impera o conservadorismo, mas bolas, não há ninguém que tente perceber se ao menos houve um motivo, uma necessidade qualquer, de reformular a terminologia e os conceitos duma área científica? Será que hoje em dia se faz Biologia, ou Física, ou Matemática, usando todos os termos e conceitos de há 100 ou 150 anos atrás?
Há a suposta dificuldade das crianças, e, mais ainda, dos professores em apreenderem a nova terminologia. Mas pior ainda é o divórcio entre aquilo que é ensinado nas escolas e o que é ensinado nas universidades. Faz algum sentido, por exemplo, continuar-se usar-se o termo 'substantivo' no ensino básico para designar o que na universidade é um 'nome'? Será que a solução é criar-se cadeiras de 'gramática tradicional' nas universidades (regidas por especialistas em literatura, claro), só para os futuros professores poderem ensinar às criancinhas essa curiosidade arqueológica? # Ninguém comentou
So you have problems with enemies, maybe dont have a high enough self-esteem, or play a few violent videogames. Cutting it a little close there. Try to keep your cool, alright?
É a lesão mais grave que pode suceder no jogo do amor. Tem paralelo no desporto em geral, e no futebol em particular, com equivalência na rotura de ligamentos, mas a rotura de ligações é incomparavelmente mais grave; é que, ao contrário da que afecta desportistas, esta outra não tem cura. Na corrida, se os ligamentos rompem, há que fazer gelo, entrapar e barrar com pomadas, se não houver necessidade de ir à faca, e depois é uma questão de sopas e descanso; muito descanso, até que os ligamentos se reconstituam; na rotura de ligações é mais simples: rompeu, fodeu. Não há pachos que remedeiem a coisa e, pior ainda, acabou-se o descanso.
Para qualquer mulher, ou para uma mulher qualquer, faz parte natural do processo emocional em curso (PEC) a componente "rotura", ou seja, romper com o seu até então mais-que-tudo, empontá-lo, pô-lo a andar. Embora sejam insondáveis os mistérios que se desenrolam no cérebro feminino, podemos especular que é este, de resto, o maior poder que as mulheres detêm: descartar seres humanos. Claro que os homens em geral e os mais sacaninhas em particular também são capazes de fazer o mesmo, mas a diferença reside na essência e na motivação. Já lá iremos.
Segundo a lógica feminina, desliga-se um gajo exactamente da mesma forma que se desliga um interruptor: click. Já está. E segundo essa mesma lógica, venal, vaginal e genial, não apenas o acto de dar ao botão é perfeitamente legítimo, seja em que circunstâncias for, como o objecto da desligação instantânea deve, ainda por cima, ficar muito venerador, atento e obrigado. O que antes, e sabe-se lá durante quanto tempo, anos, décadas, era "único" e"maravilhoso", passa num único instante a ser "horroroso" e "miserável"; o gajo que antes era o mais belo lá do bairro e arredores, o mais inteligente, o mais forte dos homens, passa à categoria genérica de "feioso", com as variantes acessórias de "burro como um cepo" e "cobardolas do caralho", quando não se chegar a coisas mais radicais e simples, como "filhodumagandaputa", "cabrão", "paneleiro" e outros mimos; onde apenas existiam virtudes passam a constar apenas defeitos; as grandes juras e protestos de amor transformam-se em ameaças, em insultos e em verdadeiras arruaças, peixeiradas de três em pipa. Os momentos sublimes e porventura únicos, partilhados de forma insubstituível, são completamente passados a ferro, terraplanados, obliterados, esquecidos, quando não amaldiçoados e vilipendiados. Toda a cumplicidade se desvanece por completo e toda a simpatia, e respeito, e consideração, desaparecem para sempre. O que era já não é. Qualquer espécie de intimidade se torna absurda e, de repente, estão ali dois perfeitos estranhos: um que odeia e outro que é odiado, primeiro, e dois seres que se odeiam profundamente, depois.
Pois então, como sucede tão espantosa, rapidíssima, avassaladora metamorfose? Como se transforma o amor em ódio? Em resumo, o que diabo passa naquelas cabecinhas diminutas para se julgarem intocáveis, ou superiores, ou o diabo que as carregue?
É esse processo, essa transformação de bela em monstro, que tentaremos agora explicar e, de preferência, atendendo às audiências maioritariamente femininas destas consultas, de uma forma simplezinha e acessível, sem grandes paneleirices metafóricas ou engonhanços filosóficos.
Sintetizando ao máximo, portanto, digamos assim: uma mulher desliga o interruptor a um gajo quando se mete debaixo de outro gajo. Por sua vez, e ao mesmo tempo que desliga um, liga o seguinte. A partir desse primeiro momento, que por regra coincide com a primeira foda com a nova aquisição, o novel macho de cobrição passa a ostentar todos os títulos e todas as qualidades que antes pertenciam ao agora descartado e, a este, restam os epítetos, os insultos, as desconsiderações e as humilhações que as mulheres reservam em exclusivo para este tipo de ocasiões. Compreendamos que o momento urge, há que salvar a face, se não calhar urgir salvar a vida, e, por isso, sejamos caridosos, quase se compreende que a mulher se sinta na obrigação de promover o novo objecto dos seus amores e ao mesmo tempo esmagar literalmente o anterior; a seu tempo, isto é, quando calhar surgir uma nova hipótese de "paixão", o processo repetir-se-á inexoravelmente, tocando a vez ao novo que passa a ser anterior. É a velha lógica do "ex", o desligado, o bardamerdas que nunca devia ter existido e que não passa agora de vaga reminiscência, desprezível excrescência, nojento erro de "casting" que apenas merece todos os pontapés que se lhe consiga acertar.
Mas, afinal, porque necessitam as mulheres de lixar o seu "ex"? Porque não, pura e simplesmente, seguirem adiante com o seu novo futuro "ex", sem mais conflitos? Porque não tentam ao menos levar a coisa a bem, tentando minimizar os prejuízos de quem, no mínimo, foi algures no passado algo de importante? Porque será que persistem no esmagamento, no achincalhamento, na humilhação do ex-parceiro? Para que serve andar a agitar-lhe debaixo do trombil as extraordinárias qualidades da tal nova aquisição?
Pois, muitas perguntas para uma resposta mui sencilla: à mulher está vedado na prática o papel de traidora, pela simples razão de que, muito convenientemente para ela, esse é um exclusivo masculino. Diz-se. Pois não são tradicionalmente os homens os maus da fita, de qualquer fita? Não são eles (dizem elas, é claro) que não podem ver uma burra de saias? Então? Ora, está-se mesmo a ver que são os homens os malandros, os traidores, as mulheres, coitadinhas, são lá capazes de uma coisa dessas!
Uma das tácticas femininas mais utilizadas, na eterna guerra dos sexos, é precisamente a da intoxicação pelo terror: acusando sistematicamente o seu parceiro daquilo que a ela apetece terrivelmente, a mulher consegue instalar na cabeça dele um sentimento de culpa que lhe abre a ela todas as possibilidades; injectado este veneno nos espíritos masculinos, a mulher ganha não só uma evidente supremacia moral como uma tremenda arma de arremesso para quando a ocasião se proporcionar. Não há hoje em dia gajo algum que não se sinta culpado, e que não vá a seguir comprar flores, sempre que dá um pirafo com uma colega lá do escritório, ou sempre que lhe apetece ir, por exemplo, às putas. E as mulheres, tão confortavelmente instaladas nestas verdades da treta, fingem que não sabem ou que não é verdade este facto indesmentível: homem algum se pode negar a uma rapidinha com qualquer boazona - ou até com verdadeiros coiros - que se lhe agarre à gaita. Isto é um facto. Por razões biológicas, e históricas, e também sociológicas (o medo de passar por bichona), macho que é macho trepa em qualquer mulher que esteja a fim de ser trepada por ele. Para a fêmea comum, os factos funcionam um pouco pela inversa: as solicitações são tantas e tão permanentes (bem, na maioria dos casos, não tanto quanto isso) que ela bem pode decidir, escolher, dizer que sim ou dizer que não; a pressão social exercida sobre o rótulo de "putéfia" ou de "galdéria" é incomparavelmente menor, é irrisório quando comparado com o que implica uma nega masculina: é logo para cima de paneleiro, picolho, bicha ou roto, para apenas citar alguns epítetos mais comuns.
Portanto, na prática, uma mulher pode foder quando e se quiser, mas um homem nem por isso, ambas as coisas. Contudo, é este princípio factual que é pervertido, ou revertido, através do referido sentimento de culpa que serve simultaneamente de pretexto e de arma de arremesso. E é essa mesma dicotomia que explica também o processo mental que leva ao sentimento e à necessidade de revanche, vingança, resposta excessiva ou totalmente desnecessária. Escorada pelo complexo de culpa que o homem interiorizou, a mulher sente sempre as mesmas ganas de liquidar um homem para justificar o aparecimento de outro.
Bem, mas isso é no caso de um gajo estar a modos que casado com uma gaja, ou coisa que o valha, namorado ou amante, ou assim. Então, e se por acaso um gajo estiver farto de uma gaja, estar desejoso (deserto) de vê-la a milhas, se se quiser livrar dela e não souber como? Onde é que entra aí a teoria da vingança feminina?
Pois é. Vem a dar praticamente no mesmo. Se esse gajo, ganda tóino, ou por indolência ou porque não queria estar a magoar a chavalita, apesar de já nem a poder ver, se deixou correr o marfim e acaba por ser desligado - segundo o mesmo processo - sem apelo nem agravo, bem, nesse caso está igualmente tramado: a gaja vai foder-lhe os cornos até mais não com a beleza, a inteligência e as habilidades de seu recém-adquirido Adónis; há-de por força agitar nas fuças do agora "outro" que este é que é, oh que maravilha maravilhosa é ele, toma, filho-da-puta, toma, toma, toma, olha como ele escreve, olha só como eu lhe escrevo, toma e lê, ganda morcão, toma e embrulha, grande pulha. Pior ainda, oh, muito pior, se por acaso o tipinho palerma chegou ao ponto de dar carta branca à rapariga ("vai e não me chateies"); ah, bem, então aí é que as gajas se passam completamente; ficam fodidérrimas; na primeira oportunidade, ele há gajos para tudo, atracam-se a um e lá vêm com a rapsódia da "paixão" para cima da gente, e que "amam" perdidamente aquele, e fazem questão de que leiamos os bilhetinhos e recadinhos de amor que arrulham ambos, armados em passarinhos; é um fartote de rir, se bem que, assim às primeiras, e nomeadamente no caso de o "ex" ter sido endeusado pela fulana, ao longo de anos, enfim, a coisa não pega lá muito bem. Não é agradável, para dizer o mínimo. Se, porventura e excepção, ainda por cima, um tipo tivesse a fulaninha em alta consideração, ou por motivos intelectuais ou por quaisquer outros, demonstrando ela por fim apenas mesquinhez e boçalidade, isso então é o pior de tudo: é que ela vai usar precisamente as mesmas armas, intelecto e personalidade, para atacar com tudo o que tem, do mais rasteiro ao mais abjecto; insinuando, como não poderia deixar de ser, que "é tudo ciúmes" e "explicando", arvorando um arzinho petulante e paternalista, que ela tem "direitos" e tem "liberdades", de expressão, de felação, de emoção; pois sim, mas ninguém tem direito à humilhação de outrem e muito menos à liberdade para coarctar a liberdade, a integridade, ao menos a identidade de terceiros.
Mesmo quando, como agora se costuma dizer, uma "relação" já deu o que tinha a dar, quando cada qual segue a sua vida - naturalmente, cada um com outra ou outras pessoas - e reste ou não reste alguma amizade mútua, agitar o espantalho da vingança é simplesmente mesquinho, reles, do mais baixo que imaginar se possa. Voltar atrás para dizer "olha, encontrei este senhor, repara bem, olha que espanto", é idiota, é triste, é uma manobra pateticamente provocatória; é o verdadeiro pecado três em um, luxúria, vaidade, soberba. Mesmo a pedir uma resposta igualmente pecaminosa, orgulho, ira, vingança. Não existe mais transparente relação de causa e efeito.
Todos sabemos que nós, homens, de entre os diversos defeitos de fabrico mais notórios na espécie, temos este pecado da comiseração, ou como se lhe quiser chamar: pelos vistos muito estupidamente, qualquer cavalheiro que se preze tenta ao máximo não ferir ou, pelo menos, não amarfanhar a pessoa, não atingir a auto-estima e o amor-próprio da mulher que já foi sua; conservamos, para além do desprezo ou até do asco que possamos sentir por alguém, ao menos um módico de consideração pela pessoa e um bocadinho de respeito pelo passado comum. Por isso, não é lá muito vulgar ver um homem humilhando sua "ex" com a presença da nova futura-ex, ou com referências elogiosas a ela. Tudo conceitos de simples e mera decência, o mínimo exigível nas relações humanas, que são totalmente desconhecidos na vaginal nação; para as mulheres, não apenas não existe reserva ou discrição, como é absolutamente necessário o número do costume, a saber, em suma, humilhar o "ex"; não apenas acham insuficiente foder e calar, como se sentem sistematicamente na necessidade, provavelmente em a foda agradando, de "assumir" o caso - atirando-o alarvemente à cara de quem se atreveu a ter antes estado no mesmo lugar; não lhes chega o novo "caso", pretendem, ainda por cima, que o "caso" antigo reconheça que este é muito melhor do que ele próprio, e que admita não passar de uma besta-quadrada. Ou seja, as mulheres assumem alegremente que o papel dos homens é levar chutos no cu e agradecer a amabilidade; acham que um "ex" deve funcionar de forma limpa, muito clean, ser usado e deitado fora; é o "amor kleenex" em todo o seu esplendor.
É de facto muito simplezinho. Como o são por regra as mulheres em geral, de modos que a coisa até confere. Não apenas é necessário justificar um com a putativa pulhice do outro, como há ainda que justificar a moralidade - de preferência, elevada à condição de santidade - da fodinha marota que se deu com um bacano qualquer. E aquilo que resolve todas as dúvidas ou engulhos que pudessem inquinar a teoria vaginal do interruptor, é precisamente o seu funcionamento mecânico e eléctrico: de facto, tanto nos interruptores de parede como nos sentimentais, existem apenas duas posições: on e off, ou ligado e desligado. Ou uma coisa ou outra, em ambos os casos, com a diferença fundamental de que mulher alguma desliga um gajo e depois o volta a ligar; se desligou, é de vez; e nunca mais, mas absolutamente, gajo desligado poderá sequer ter um vislumbre de qualquer coisa que se tenha passado durante todo o tempo em que esteve ligado e deu luz e energia; acabou-se; click; off.