Odi profanum vulgus et arceo

31/08/05

A blogália com piada II


Para amostra, um trecho do belíssimo e tão tipicamente português "hip-hop" com o sugestivo título de A vida árdua de Tó Jó the Kid:

Gosto de bifanas e bolas de Berlim
Agora que estou rico é só gajas atrás de mim:
Sua puta, sua vaca!
Onde é que tu estavas quando eu vivia na Buraca??!!
És cheia de maneiras, chamas-te Elisabete…
Pego na tua cabeça e enfio-a na retrete.

No blog Sem Wonderbra, o único de autora reconhecidamente ao natural ("e sem silicone", também). Vale mesmo a pena ir lá ler o resto da letra; é de semelhante jaez, finíssimo recorte, escarrapachadíssima qualidade. Fartei-me de rir, em suma. Para ouvir a música, basta ter ao lado um gajo a soprar num tubo de cartão, por exemplo, desde que esteja dentro da batida "pum pum patum patatum patatum patum pum pum"; ritmo simétrico, portanto.

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FBI? Oh, shit!


O que raio será aquilo ali em baixo, nos contadores de acessos? AFSHopkinsFBI 6 May 2005? Cinco acessos? Caralhosmafodam. Será que já tenho ficha na PIDE global?

Aiaiaiaiaiai. Maaaaaaau.

Ó pipóle, cómereides óf déte greite, préxiouse sérvice : ái éme a véri gude frende óf iór pipóle énde ól de américan singues in géneral! Ei? Ái láique américa veri mátche, óquei? Pelise donte fácápe de sábjecte. Áime nóte iór énemi, fór gáde seiques. Órráite? Gritingues, mái fréndes.

(glup)

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A blogália com piada I

Eu, quand'é assim, quando tou chateado e não sei quê - ai eu é logo - vou ao estupidologia. Ali!
Prizemplos, ó:

História inundada de moral I

No outro dia ligou-me um senhor e pediu-me para passar uma chamada para já-não-sei-onde.

Perguntei-lhe: «Quem fala?». E respondeu: «Daqui fala Engenheiro Silva». «Desculpe?», disse eu. «Engenheiro Silva», repetiu.

E eu diss'assim: «Engenheiro é nome ou apelido?» Ali!

Engenheiro pr'aqui, engenheiro pr'ali... Tem que ser assim com esta gente.

Engenheiro faz parte do nome desde quando? Realmente há pessoas que se acham mais cázoutras. Perderam-se os valores; já não há respeito.

Eu, quand'é assim - ai eu é logo - ...

Estupidologia


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30/08/05

natureza morta

natureza morta



(a partir do original em http://www.marilynmonroe.com/index.php)

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29/08/05

Cavaco? Soares?

viva o Reino de Portugal!




(imagem de http://electricity.blogspot.com/)

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displiquit nasus tuus

É da minha vista, ou este Papa tem um ar sinistro?

(imagem de www.opusdei.org/)

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28/08/05

Trocadalho do carilho


O Sporting tem um guarda-redes que mete frangos.
O FêCêPê tem um presidente que é Pinto.
O glorioso tem um grande galo (de Barcelos).

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As sanguessugas identificadas


(...)
Esta falta de respeito pelo trabalho dos outros - e na blogoesfera não faltam reparos ao modo como, por exemplo, a imprensa escrita omite as fontes, nomeadamente blogs, onde encontra a informação ou sugestão dos temas que depois desenvolve e publica - não será o outro lado daqueles que só falam, só escrevem, só se exprimem a coberto do anonimato? Dito de outro modo, quando tanta gente não se respeita o suficiente para ter a dignidade de dar a cara por aquilo que pensa, como esperar que possa respeitar o que pertence aos outros?
(...)

(Ana Pires)

in Abrupto

De vez em quando, lá aparece uma alma caridosa que se enternece com este assunto. De facto, o plágio, o copianço, a canibalização do trabalho alheio, chame-se-lhe o que se quiser, é uma coisa extremamente irritante... e desesperantemente comum, vulgar, corriqueira, sistemática. Não apenas em Portugal, é claro, mas principalmente.

O que tem de inovador a cartinha que a Srª D. Ana Pires escreveu a nosso Pacheco é, no entanto, intrigantemente, um outro assunto igualmente em voga: o anonimato. Parece-me, no entanto, ainda que depois de reler cuidadosamente, debruçado sobre o ecrã, quase nele afocinhando, que a teoria está redigida pela ordem inversa e pelos motivos contrários: quem plagia os blogs não se "exprime a coberto do anonimato", não, ao invés, o plagiador assina por baixo aquilo que plagia; e o objecto do plágio, o texto copiado, a ideia transcrita, isso sim, são geralmente coisas de blog e de blogger anónimos.

Qualquer "jornalista" (com ou sem aspas) busca na "blogosfera" (sempre com aspas) material para copiar e prefere, evidentemente, as "fontes" (com ou sem aspas) mais recônditas, desconhecidas e anónimas. E isto porquê? Ora, está-se mesmo a ver: se os autores são anónimos, é pouco provável que venham a reivindicar a autoria de determinado conteúdo, sob pena de perderem o dito anonimato - que alguns, como é o meu caso, prezam, veneram e cultivam até ao absurdo. O mesmo se passa na tal "blogosfera": quem plagia assina por baixo material de outrem, sendo este - por regra - de proveniência não "fulanizável", ou seja, de autor que não se identifica de forma "legal", o que não assina com o próprio nome.

Já aqui mesmo, neste deserto, preguei sobre o ridículo do "não-anonimato", e não é exactamente esse, neste momento, o assunto central. Retenhamos ainda assim, e no mínimo, um conceito básico: em suporte virtual, como é o caso, "assinar" é um verbo sempre com aspas, é um acto sempre dúbio; "assinar" como Joaquim Malaquias, Zé das Iscas, Pacheco Pereira ou Dodo Bird é rigorosamente a mesma coisa e tem absolutamente o mesmo valor. Quem me garante a mim que é o próprio JPP quem escreve o Abrupto? O homem não dorme? E, de resto, para que é que isso interessa? O que tenho eu ou seja quem for a ver com a autoria de determinada peça? Se, em vez de FJV, o próprio Francisco José Viegas, por exemplo, "assinasse" (como estou em crer que "assina", algures) com o "nome artístico" de Ricardo Leão - também por exemplo - o que estaria em causa seria a qualidade daquilo que este escreve, não o "valor" intrínseco da sua identificação legal ou da "qualidade" daquele jornalista e "entertainer" (ou lá o que raio é a profissão de FJV, ao certo).

O que os "inimigos" do anonimato pretendem, com as insinuações canalhas a respeito da valentia, da masculinidade ou, simplesmente, das progenitoras dos anónimos em geral, não tem nada a ver com idoneidade, probidade, virilidade ou coragem; é tudo uma questão de valor - tu vales o que vale o teu nome, por isso, diz lá, quem és tu? Ah, és Fulano de Tal? Então vai bardamerda. Nisto se resume a argumentação dos palermitas que assinam por baixo, que subscrevem com nome próprio e apelido de família qualquer merdosíssima verborreia que sejam capazes de espremer das respectivas meninges. São estes apóstolos da identificação através de B.I. os mesmos que sugam tudo o que lhes cheira a coisa "com pinta". Sanguessugas que, por mais identificadas que se digam, por mais que assinem o material que roubam, por mais que verberem o anonimato das suas fontes, não passam nem passarão nunca daquilo que são: vermes anelídeos sugadores de sangue, trabalho e ideias dos vertebrados.

É essa massa viscosa de invertebrados, são esses parasitas, a tal "gente que não se respeita o suficiente para ter a dignidade de dar a cara por aquilo que pensa"; como poderiam dar a cara, por tão nobre motivo, se não pensam coisa alguma? O que as sanguessugas identificadas "pensam" já antes havia sido articulado por outros, precisamente os anónimos, ou mesmo aqueles que o são... não parecendo (ou vice-versa). "Como esperar", realmente, que essa corja "possa respeitar o que pertence a outros?" Pois se mal sabem, na sua esmagadora maioria, sequer ler ou escrever! Como poderiam, de facto, respeitar o trabalho alheio se nem sequer respeitam, se nem sequer admitem o direito à identidade, ou à diferença, ou à falta de identidade, ou à criação de uma nova?

Entendamo-nos. Um heterónimo só é válido, admissível, válido, coerente, se for um dos de Fernando Pessoa himself? Porque diabo não pode um pobre diabo como eu (re)construir uma identidade, uma personalidade, uma vida inteiramente novas? E quem diz uma de cada, diz duas, ou três, as que me der na cachola. Como é? Não posso? Não deixais, ó autoridadezinhas da treta? Se me apetecer, de repente, criar um blog com a singela designação (e endereço) de Macaco Adriano e depois "assinar" como Adriano, o Símio, serei por isso crucificado, esmigalhado, trucidado? Condenais-me ao quinto dos infernos, se eu quiser assumir a personalidade de verdadeiro troglodita e desatar a escrever loas a Ceausescu, a Pol Pot e a Estaline? Deduzis, por conseguinte e brilhantemente, que não pode existir um verdadeiro macaco a escrever blogs - portanto, é falso, é anónimo, liquide-se. Bem podeis meter a dedução na peidola, de onde nunca deveria ter saído; qualquer imbecil sabe perfeitamente que o que mais há por aí a escrever nos blogs é macacos, incluindo os macaquinhos de imitação.

Aquilo que se escreve nos chamados "blogs de referência", no Abrupto, no Aviz, no Causa-nossa, no Blasfémias, vale e fala por si ou vale apenas em função e na medida dos nomes de quem ali escreve? Se JPP não fosse JPP, ou até se "assinasse" como PPJ, teria a "audiência" e o interesse pressuroso da basbacaria nacional? O FJV receberia as mesmas lambidelas se não fosse apresentador de TV (ou lá o que raio é a profissão de FJV, ao certo)? A "causa" deles interessa assim tanto a alguém mais sem ser a eles mesmos? E os tipos do Blasfémias, se fossem uns palermitas anónimos, em vez de identificados, será que escreveriam o que realmente pensam em vez daquilo que pensam que os outros esperam deles?

Sem anonimato, a indústria plagiadora tornar-se-ia rapidamente inviável. Sem anonimato, a blogália seria uma chatice das antigas, uma pepineira execrável. Como não gostaria que alguém caçasse o diário que escrevi quase até aos trinta anos, não me agradaria nada que agora, depois de velho (mais de quatro séculos), fosse escarrapachada em praça pública a minha fotografia actual(*); sou demasiadamente feio e, além disso, não tenho quase nada a ver comigo próprio.


Adenda: neste blog, todas as referências, transcrições, transposições ou colagens estão devidamente identificadas em relação a autor, proveniência e quaisquer outros dados de identificação de obra alheia, caso existam.

(*) A foto do topo da página não é uma foto mas pintura a óleo sobre tela; original de finais do séc. XVII, de autor desconhecido (nem de propósito)



Camões dirige-se aos seus contemporâneos
Jorge de Sena

Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

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25/08/05

Breve glossário de Bebésês


adóio: adoro, gosto muito
ão-ão: cão
áua: água, beber
bébé: bebé, eu (1ª p.s.)
bibe: bibe, bata
caca: porcaria, "não presta", defecar, fezes
cócó: fezes, defecar
cu-cu: espreitar, brincadeira, surpreender
dá: quero, gosto
dóidói: ferida, doença
êtes: estes (anos), a idade
fodo: fogo, queima, quente
fuu: "cheira mal"
gande: grande, enorme
góta: gosta, gosto, gostar
jinho(s): beijinho(s), carinho, abraço
leitinho: leite
Mamã: Mãe
mana: irmã
mano: irmão
má (a Mãe): má, birra
mau: mau, reprimenda, castigo
mé-mé: cabra, ovelha
miau: gato
mim: eu, a mim, me
munto: muito
ná: não
nana: dorme (imp.)
nanar: dormir
nani: enfermeira, criada, preceptora
Nesprik: Nesquick, chocolate
num sábu: não sei, desconheço
ó-ó (fazer): dormir, adormecer
papa: comida, comer
Papá: Pai
pato: ave que não é piu-piu
pato: prato, chávena
pato: sapato(s)
pipi: pénis ou vagina
pipi: buzina, campaínha
piu-piu: pássaro, pomba
pópó: carro, automóvel
pota: compota, doce
pucaria: porcaria, "não presta"
pum: flato, eructação
pu-pu: fezes de cavalo, cão, etc.
perri: apito, buzina, campaínha
quéio: quero
si: sim
tá: "está bem", ok
te: ti, tu, a ti
tem-tem: ficar de pé, aguentar
Titi: Tia/Tio
tum-tum: rua (sair à); andar de carro
tu-tu: rabo, "fundilhos", ânus
Vóvó: Avó
Vovô (ou Vô): Avô
xei: sei (eu)
xixi: urina, urinar

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24/08/05

Diácono Blogger Remédios


No topo da página, na maioria dos blogs alojados na "Blogger.com", aparece uma barra de ferramentas que se chama "navigation bar" ou, abreviadamente, "navbar"; entre outras coisinhas úteis, apareceu há tempos nesta barra um botão estranho.

Este:

Aproximando o "pointer", um letreirozito diz:

Notify Blogger about objectionable content

Mas que raio?! Intrigado, fui ver para que serve a coisa, ao certo. Comecei por googlar a expressão "objectionable content". Ó diabo! Parece que a coisa começou mesmo. Deixa cá ver melhor. Vamos à fonte. O que é exactamente o botão "Flag"? O que diz a Blogger?

Diz isto:

What is the "Flag" button?
The Flag button is not censorship and it cannot be manipulated by angry mobs. Political dissent? Incendiary opinions? Just plain crazy? Bring it on.

This feature is called "Flag As Objectionable" and it's accessible via the Blogger Navbar. The "Flag?" button allows the blogging community to easily note questionable content, which in turn helps us take action when needed. So we're relying on you, the users, to be our eyes on the web, and to let us know of potential issues that are important to you.

Why We Created "Flag As Objectionable"
It is our strong belief that blogs help make the Web an important medium of self-expression; Blogger has given a voice to millions of people. Our users gossip, joke, rant, publish, share, and on occasion might post potentially objectionable stuff. We generally do not review the content posted through our service but our responsibility extends beyond Blogger users to casual readers of Blog*Spot.

The "Flag?" button is a means by which readers of Blog*Spot can help inform us about potentially questionable content, so we can prevent others from encountering such material by setting particular blogs as "unlisted." This means the blog won't be promoted on Blogger.com but will still be available on the web — we prefer to keep in mind that one person's vulgarity is another's poetry. Or something like that.

For more serious cases, such as spam blogs or sites engaging in illegal activity, we will continue to enforce our existing policies (removing content and deleting accounts when necessary).

Here's How It Works
When a person visiting a blog clicks the "Flag?" button in the Blogger Navbar, it means they believe the content of the blog may be potentially offensive or illegal. We track the number of times a blog has been flagged as objectionable and use this information to determine what action is needed. This feature allows the blogging community as a whole to identify content they deem objectionable. Have you read The Wisdom of Crowds? It's sort of like that.


Special Case for Hate Speech
When the community has voted and hate speech is identified on Blog*Spot, Google may exercise its right to place a Content Warning page in front of the blog and set it to "unlisted."

Note: users may click the "Unflag" button if they change their mind.



Ainda não acreditando lá muito, fui experimentar: abri um blog qualquer e carreguei no botão.

Apareceu outro botão:

Foi logo click nele, pimba, mas o que é isto, os gajos terão contadores de "clicadelas" destas? Haverá objectionmeter, como existe sitemeter? Será que o desgraçado autor daquele blog, o que usei para experimentar e do qual já nem me lembro, será possível que o gajo tenha ficado com cadastro de "conteúdo objectável"? Se for o caso, ficam desde já aqui escarrapachadas, por extenso, as minhas mais sinceras desculpas, mil, um milhão de desculpas. Lamento muito. Foi só para experimentar, repito. Nunca pensei que fosse possível carimbar assim o conteúdo de um blog, sem sequer ler nele uma linha, sem mesmo saber qual ele é, em concreto.

Agora espetam-se bandeirinhas nas páginas, como se fossem campas? Mas o que vem a ser isto? Se não é censura, como eles dizem, e da mais pura e dura, bom, então a censura não existe nem nunca existiu em parte alguma.

Estaremos lixados, companheiros? Há por aí muita gente que se arrepela por causa do anonimato, nisto dos blogs. Devem estar agora, os mesmos bem-pensantes, muito contentinhos da vida com esta invenção da Blogger.com. Mesmo anónimo até à medula, qualquer gajo pode agora ser perseguido, proscrito, crucificado, posto com a cabeça a prémio. Porque são coisas deste jaez o que augura a sentença por mim sublinhada, no paleio deles: "nós rastreamos o número de vezes em que um blog é assinalado como objectável, e utilizamos esta informação para determinar que acções será necessário tomar."

Olha que fixe.


Nota: um truquezinho técnico (facilmente ultrapassável, porém) inviabiliza o funcionamento do maldito botão aqui no boteco.

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Marreta? Bruxo.

scoot jpeg
You are Scooter.
You are a loyal, hardworking person, better known as a doormat.

SPECIAL TALENTS:
Going for stuff.
LEAST FAVORITE MOVIE:
"Go For Broke!"

QUOTE:
"15 seconds to showtime."

LAST BOOK READ:
"300 New Ways to Get Your Uncle to Get You a Better Job "

NEVER LEAVES HOME WITHOUT:
Coffee, clipboard, and Very Special Guest Stars.


What Muppet are you?
brought to you by Quizilla

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23/08/05

Irra, que é bruto!


Na Bomba Inteligente a utilização pioneira em blogues portugueses do som e imagem. Só que talvez fosse bom dar-nos a opção de ver e ouvir, porque abre-se um blogue e, de repente, o computador está a cantar ou a falar e a gente só a querer ler... (JPP)

Ó Pacheco, filho, vai-te encher de moscas, pá.

Isso é dar graxa ao contrário, ou seja, é o cliente a puxar lustro aos botins do engraxate - no caso, uma senhora engraxadora. Cito, do mesmo post: "...grupos de afinidade, as coteries de elogio mútuo, que abundam na blogosfera". Ora, pois, é isso mesmo, disseste-lo bem.

Audio e video são uma coisa antiquíssima, na Internet; tanto quanto permite o superlativo aplicado a algo que surgiu há pouco mais de uma década. Os "belogues", companheiro, são páginas web como quaisquer outras. Os "belogues" portugueses, ó tóino, não foram pioneiros, nunca, jamais, em coisa alguma; se houve algum pioneirismo, em algo que tenha a ver com blogs nacionais, talvez fosse justo citar o Cafeína que, pelo menos, reivindica o título de blog português mais antigo e ainda activo.

Y además, como diz Figo, olha que raio de ideia essa de atribuir a medalha de primeirismo a semelhante merdola. Musiquinha e filmezitos no blog são o meio mais eficaz para, exclusivamente, chatear o visitante desprevenido.

Enfim, moço, calminha lá com as pérolas bloguísticas.

Juízo.

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20/08/05

Sudoku


Online. À borla. Perfeito.

http://sudoku.hex.com.br/jogar/

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Welcome stranger!


(...) Se me ativer às informações que o contador emite, deduzo que poucos são os madeirenses que aqui aportam. No entanto, nunca este espaço viveu da visibilidade pública, sustentáculo que, se fosse teorizado, já teria levado à inanição o Estranho Estrangeiro. Um blogue pode corporizar algum narcisismo e, conquanto seja melífluo pensar que o produto intelectual que de nós brota pode ser escrutinado pelo Mundo, todos os textos que neste tugúrio verto são originados pela avidez de pensamento.
(...)
Estranho Estrangeiro

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17/08/05

Leure do silênce


Bom suár mêdáme ê messieures; ile éste vante eures; cé leure do silênce; bom suár é à demã.
Gude iveningue leides ende jentlemene; ite is náu eite ó quelóque ine de afetérnune; itis táime fore silênce; éve a gude náite celipe ende si iú tumáurrou.
Buénas nóches sénhóras i sénhóres; sóne aóra oxo óras; és tiempu párá él silêncio; buénas nóches i ásta manhãna.

Era isto que eu ouvia, sempre que o sol se punha, todos os dias, em certo Verão dos anos 70, num parque de campismo da Costa do Estoril.

O "speeker" era poliglota, contratado pelo Estado português, precisamente por se dizer poliglota ou, no mínimo, por ser funcionário do Partido (o Comunista, claro). Funcionário público, naquela época. Tacho garantido, estará hoje muito provavelmente reformado, auferindo vencimento por inteiro e mordomias anexas.

Doze horas depois, às oito da manhã, a mesma voz nos altifalantes metálicos espalhados pelo recinto, estremunhando os pobres campistas, portugueses e estrangeiros:

Atenciom, atenciom. Ile és mantenã uíte eures do matim; le bár réstaurã é dêjá uvér; nu vu suétons une bóne jurnê.
Atenxiom, atenxiom. It ixe náu eite ó quelóque; de bár ende de restaurante ixe ólréde ópénede; uí uíche iú óle a véri gude dei.
Atensom, atensom. Som aóra oxo hóras de lá manhãna; éle bare i ló restaurante istón à çu sérviçiu; lós dézéámós une buéne día.


Não sei porque me fui lembrar agora disto mas enfim, aí fica. Juro que é verdade. Ouvi aquelas merdas durante um mês inteiro, todos os dias, duas vezes por dia. Para os estrangeiros, de visita aqui ao quintal da Europa, a coisa não era estranha porque pensariam, talvez, estar ouvindo a mesma lenga-lenga, dita em Português e em triplicado; para os portugueses, campistas de calções e chinelas, revolucionários de fresca data, o camarada lá estaria falando em "estrangeiro", e bem; como não entendiam absolutamente nada, a coisa só podia estar muito bem dita.

Juro mesmo. O gajo lia Francês, Inglês e Castelhano... em Português. Imagino o que seria se lhe pusessem à frente as mesmas tretas em Alemão: Guténe tágue máine dáme unde érre. Etc.

Que é como quem diz: unde zó váitére.

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16/08/05

Original Message -----

Sent: Saturday, August 13, 2005 5:10 PM
Subject:voçe está sendo traido veja as fotos

sou um amigo seu, mim desculpas mais nao posso mais guardar este segredo, eu sei que vai lhe machucar muito

Você esta sendo traído, não tive coragem de te falar, a unica maneira foi lhe enviar essa mensagem com algumas fotos de quem voçê ja mais poderia desconfiar, entao faça o download das fotos e veja com os seus próprios olhos, sou um amigo seu nao vou mim revelar mais voçê sabe quem sou
Foi a única maneira que encontrei para te avisar

 

 



Carta aberta ao meu amigo desconhecido.

Meu caro amigo,

Fiquei muito satisfeito, e extremamente sensibilizado, por saber que afinal sempre existe alguém que se preocupa comigo. Sinceramente, não estava nada à espera e, confesso, fiquei até um pouco emocionado quando recebi a sua mensagem. Se bem que nem me passe pela cabeça quem poderá ser esta pessoa que assim demonstra uma tão forte, indestrutível amizade, ficarei doravante ciente - e eternamente grato por isso - de que agora sim, posso bem dizê-lo, eu tenho um amigo verdadeiro. Com um mas, porém, contudo, no entanto: é que não conheço a gaja das fotos. Isto até me chateia, acredite o meu amigo (ah, que bom que é poder usar esta expressão!), mas estará por certo equivocado; é que, depois de verificar por diversas vezes, cuidadosamente, cada uma das fotos, não tenho quaisquer dúvidas: nunca vi tal chavala em dias da minha vida.

Mas lá que é boa como o milho, bem, nisso estou de acordo. Aquilo é material de 1ª, carnes rijas e ar simpático, não é coisa de se deitar fora, não senhor. Se, por acidente, o meu caro amigo trocou as fotografias e aquela é, afinal, a sua namorada (ou a sua irmã, quem sabe), bem, deixe-me dar-lhe os meus mais sinceros parabéns! Que lasca do caralho, realmente! E é que, assim sendo, boazona até aqui, (bom, aquilo manda um par de chupetas impressionante, ó amigo!), deixe que lhe diga, o gajo que ela anda a encornar é muitíssimo bem encornado. Se for o amigo, desculpe lá, repito, mas não posso deixar passar em claro: uma gaja assim, com aquelas formas de garrafa de Coca-Cola, com aquele cuzinho estupendo e aquele par de coxas, para já não referir que ainda por cima é bonita até dizer chega, bem, em resumo, material assim só pode andar no encornanço, aquilo é lá gaja de ter só um homem, ora, ora, juizinho.

Enfim, que não seja por esse pormenor sem importância de afinal não ser eu o corno. Agradeço-lhe do fundo do coração pela estupenda prova de amizade. Ora aqui está um amigo como poucos. E, para mais, com a provação acessória que certamente passou para me fazer chegar o aviso às mãos: nota-se perfeitamente que, para o meu amigo, escrever, usar esta coisa do teclado, cento e duas teclas e tudo, deve ser para si tremendo sacrifício; imagino-o daqui perfeitamente, carregando nas letras só com um dedo, coitado, tic tic tic, tipo galinha pica-no-chão, perfeitamente à rasca (o meu amigo, não a galinha) com os acentos e as cedilhas e essa coisada toda. Deve ter sido um pincel do caraças escrever aquele texto, calculo, ai ai ai olha agora jamais é tudo junto ou é pegado, isto é o meu amigo a pensar, claro, enquanto escrevia, já suando como um danado. Uff! Que canseira! Gabo-lhe a persistência.

Conhecesse realmente eu a fulaninha e desde já lhe garanto: depois de lhe foder, devida e justificadamente, a cabeça à paulada, era para o meu amigo que eu enviava logo a dita, por correio verde, em caixinha apropriada. Fosse eu o enchifrado e, caralhosmafodam, havia de a rebentar à porrada, a essa grandessíssima vaca. É que isto agora, bem vê, para quem já foi empalitado duas vezes (que eu saiba), acabou-se a paciência para estar cá com merdas, discussões e paneleirices que tais; é sair logo na porrada, como se diz aí no Brasil. E depoismente, a probabilidade de uma desgraceira dessas me tornar a acontecer, nesta vida, é absolutamente irrisória; era só que faltava, eu, três vezes corno - impossível. Há quem aprecie, mas não é exactamente o meu caso.

No entanto, aqui fica o meu agradecimento penhorado, para que conste. Ah grande amigo, assim mesmo é que é, temos de ser uns para os outros, etc., e ainda para mais isto ilustra a verdadeira irmandade que nos une, de ambos os lados do Atlântico. Com questões de honra não se brinca! Viva a lusofonia! Toca o hino!

Um grande e sentido abraço ao meu amigo, companheiro, compincha, e tal.

Dodo


P.S.: o link para as fotos, na sua mensagem, certamente por gralha, remetia para um ficheiro executável que - dizem as más línguas - era nada mais nada menos do que um vírus informático; no entanto, depois de busca aturada, lá descobri os originais que o amigão pretendia enviar. Já agora: afinal, quem é o gajo a quem ela está a fazer a chamadita para Marrocos? Hem? Conhece o gabiru? Também é seu amigo?

P.P.S.: para não comprometer a chavalita, que até tem pinta de intelectual e tudo, acho melhor não publicar o link para as fotos. A não ser que alguém faça questão.

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O tempo e a distância

Não deixam que te diga aquilo que realmente interessa.
Impedem-me de ser um pouco, ao menos, vagamente, humano.
Param inexoravelmente o fluir natural das coisas.
E cortam cerce qualquer tentativa de pensamento,
recordação, lembrança, acorde ou sequer memória.
Não é possível que me vejas como sou, assim,
bivalve sem pérola nem concha. Longe, duas vezes.
São marés sempre enchentes, nunca vazantes,
e rebuscam na areia os pequenos organismos de que se alimentam;
como caranguejos empedernidos, predadores sem garras,
que nunca andam para o lado mas apenas em frente
monotonamente, sempre, sempre, violinistas sem qualquer clave.
Duas vezes longe de todas as coisas simples,
escapando por entre a areia,
como essa água fugidia nos teus pés enregelados.

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15/08/05

De ananazes

Porque será que as crianças não pensam em mais nada senão em brincar e chatear toda a gente?
Porque será que os jovens não pensam em mais nada senão em putas e vinho verde?
Porque será que as jovens não pensam em mais nada senão em sexo?
Porque será que as mulheres maduras não pensam em mais nada senão em casar e ter filhos?
Porque será que as velhotas não pensam em mais nada senão nos seus achaques e doenças?
Porque será que os paneleiros não pensam em mais nada senão em paneleirices?
Porque será que os capitalistas não pensam em mais nada senão em dinheiro?
Porque será que os políticos não pensam em mais nada?
Porque será que os governantes não pensam?
Ninguém pensa porque será?
Será do calor?
Se for, há um senão: quando faz frio, é rigorosamente a mesma merda.

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Haiku

Gaivotas no céu azul.
O vento passa
Por elas docemente.


(imagem de http://www.debilski.de/haiku/)

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14/08/05

A verdadeira história do Pinochet


Horrível mistela importada pelos nossos emigrantes em França, esses genuínos embaixadores do orgulho nacional, o "panaché" é uma mistura de cerveja com "gasosa" e constitui hoje verdadeiro acervo tasquífero, ou seja, é uma coisa servida em grandes quantidades nas tascas do Portugal profundo. O termo panaché, no original em Francês, era simples adjectivo, traduzível por diversas e elegantes formas como empenachado, matizado, variegado, salpicado, ou, noutro sentido, como variado, heterogéneo. O substantivo primordial, panache, existe mesmo no Português corrente, e com a mesma acepção de penacho, pelo que não é muito entendível como poderá coisa tão simples ter dado azo a confusões.

Misteriosos caminhos mentais, imbricadas operações de pragmática linguística, operações a que se dedica a maioria vagamente esclarecida do nosso povo, conduzem amiúde a coisas assim: brotam palavras desta ginástica popular, o significado original perde-se algures pelo caminho e o uso acaba por conferir viabilidade e por atestar o novo vocábulo.

O panaché francês, que se aplicava não apenas a bebidas mas também a diversos pratos culinários, aterrou inicialmente nos balcões nacionais sob a forma de "penáchê", vá-se lá saber porquê, um copo cheio de cerveja branca e de água gasosa, meio por meio; para os emigrantes mais rodados e com mais mundo, para os verdadeiros connaisseurs, a dita gasosa teria de ser de marca e por isso adoptaram a de maior circulação: a chamada Seven Up, ou 7Up, então rebaptizada e nacionalizada como "Sévénépe". Era vulgar, nos anos setenta, ouvir o pedido tasqueiro de "uma cervejinha com sévenépe"; o "penáchê", portanto. Ora, como ainda assim a coisa não estava fácil de pronunciar, e estando por essa altura na moda a crucificação de "fasssistas", bem depressa a bebida passou a designar-se pelo nome aportuguesado de Pinochet, celebrando a memória do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.

Para os turistas que nos visitam não deve deixar de ser estranho ouvir, por todo o lado, tantos pedidos de "pinochê"; por vezes, o dito general agora transformado em zurrapa é tratado de forma estranhamente carinhosa: "pinochêzinho". Nosso povo quer é muita carga de pinochês, o que não deixa de ser curioso. Escusado será dizer que a isso mesmo se resume, ao conteúdo de um copo com cerveja e "sévénépe", todo o conhecimento que os apreciadores possuem sobre o assunto em geral e sobre a personagem em particular; mas nota-se perfeitamente, nesta subespécie de consumidores, o orgulho que sentem pela exibição dos seus conhecimentos políticos. A cada novo Pinochet que pede, com ou sem tremoços, qualquer labrego do piorio dardeja em redor uma olhadela entendida e inteligente, irradia toda aquela típica esperteza que lhe vai na alma, olha eu aqui a emborcar esta coisa estrangeira, olha que pinta.

Dizem que dá um pifo jeitoso, em começando às nove e acabando às seis. E é cultura, e cultura política, ainda por cima. Portanto: o verdadeiro anti-fasssista é o gajo que emborca um Pinochet atrás do outro. Ah, pois, finalmente percebi.

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13/08/05

Os malefícios do tabaco (CDXLIX)


Sejamos coerentes, para variar. O país já está a arder, como é costume por esta época. Então e agora? O que se deve fazer? As chamas ameaçam aldeias e o fumo e a fuligem dos incêndios florestais recobrem todas as vilas e cidades do país. Repito: então e agora? O que sugerem os militantes anti-tabagistas? Esta fumarada irrespirável não fará mal à saúde? Como há-de um cristão safar-se desta embrulhada intoxicante? Máscaras de gás, por exemplo? Não?

Bem sei que isto é ser um pouco mauzinho, e retorcido, e tal, mas enfim, sempre gostaria de saber porque estão tão calados os maníacos da saudinha. É que não tugem nem mugem, e não correm em nosso auxílio, nosso dos suicidas que preferem o fumo do tabaco ao fumo dos incêndios. Claro que fumo é fumo, para os puristas é tudo igual, mas ele parece que há fumo que é mais igual do que outro qualquer. Calculo que ninguém da seita se atreva a sugerir que, à falta de melhor, se suspenda a respiração enquanto o ar estiver assim contaminado pelo fumo dos incêndios. Como é, então? Deixando de respirar, pura e simplesmente, para não conspurcar os abençoados pulmões, a gente não se arrisca a ir desta para melhor? Respirar fininho não resulta, já experimentei, a gente perde o fôlego e mesmo assim a maldita fuligem entra na mesma para o peito, dá ataques de tosse, é uma merda fodida, posso afiançar.

É que não se pode mesmo respirar, com esta fumarada toda! Isto não será causa de chatices várias, enfisemas, faltas de ar, dispneias, cancros do pulmão e assim? Estou seriamente preocupado e a necessitar de aconselhamento. Resposta para aqui em baixo, onde diz "comentários". Obrigadinho.

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Os malefícios do tabaco (CDXLVIII)


Faleceu no passado dia 10 a actriz norte-americana Barbara Bel Geddes, conhecida de todos os maiores de 40 como Miss Ellie - personagem da interminável e chatérrima série "Dallas", uma pepineira execrável que passou na RTP, nos idos de 80 do século passado. As agências noticiosas, os jornais e as televisões fizeram questão de referir que a venerável senhora se finou devido a cancro do pulmão ("lung cancer", no original Yankee), já que sempre terá sido uma fumadora inveterada.

Note-se que não foi por ter oitenta e dois anos. Foi-se, Miss Ellie, porque fumava. Estão a ver? Depois não digam que não estão avisados. Aí está mais uma prova de que o cigarro mata. Largando o maldito vício, qualquer um pode chegar aos 83, nas calmas (mesmo que não queira).

É de inqualificável mau-gosto utilizar a morte de alguém como veículo de qualquer ideia ou "causa", por mais abstrusa ou meritória que possa parecer. Esta brevíssima nota necrológica não pretende fazer o mesmo, bem pelo contrário; não se trata de fazer volteios sobre um cadáver, como fizeram alguns jornalistas nas suas peças noticiosas e como é, de resto, característico dos "media", esse bando de abutres ideológicos, caçadores de bruxas e novos inquisidores. Trata-se aqui de, apenas, deixar uma mensagem sem nada de inovador e sem quaisquer pretensões mas que, no afã persecutório e com a azáfama politicamente correcta habitual, toda a gente parece ter-se esquecido de dizer ou de escrever, a propósito da morte de Barbara Geddes:

Paz à sua alma.

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08/08/05

Caralhosmafodam

Jornalismo Pimba


E já parou de disparar, o sacana do morto?
O título é garrafal por causa da graduação da garrafa de Vodka?
O paginador efectivo está de férias, não é?
Isto é só uma gralhazita de qualquer estagiariozito, certo?

CM (Correio da Manha*)

(* sem gralha, manha mesmo)

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06/08/05

Explicações de ódio


No fundo, no fundo, ódio é aquilo que resta depois de todas as ilusões estarem destruídas. Tão simples como isso. Ódio é o que resulta do vazio de emoções, é a única coisa visível, palpável, quando se extingue a última réstia de esperança, a mais pequena partícula de fé, o mais leve resquício de sentimento outro - qualquer que ele seja. Porque o ódio é como poderosíssima erva daninha, é o chorão do arsenal sentimental, reivindica exclusivo, onde ele está não existe mais nada.

Há quem diga, certamente por lirismo, mas principalmente por inexperiência, que apenas odeia quem nunca amou, ou quem desconhece inteiramente seja que espécie for de impulso positivo, curial, aceitável. É precisamente ao contrário. Odiar é um acto de pura contrição, apenas acessível àqueles que muito amaram, que amaram até ao absurdo, àqueles a quem nunca ocorreu que fosse possível odiar, os que não conseguiam sequer conceber tal ideia. O ódio é a flor do bem, não a flor do mal; germina e desabrocha, com esplendor e estrondo, a partir do húmus que resulta da decomposição de sentimentos tão coerentes como a simpatia, a caridade, a boa vontade, a amizade ou o amor; é quando estes apodrecem que o ódio por fim vinga e se desenvolve; é ao caldo de bondade traída, de franqueza desprezada, de bem querer ignorado, que o ódio vai buscar os nutrientes indispensáveis à sua formação; é desses tristes restos que se alimenta; adubado pela desilusão, pela traição, pela cobardia da realidade e pela realidade da cobardia, o ódio suga tudo o mais em volta - buraco negro da existência, mais incompreensível e incoerente do que a própria razão das coisas, contudo claro, simples e transparente.

É uma rua de sentido único mas de circulação proibida. É algo de coerente e entendível, por fim, quando já nada faz sentido ou pode sequer ser compreendido. É a ordem possível no caos impossível. É uma hipótese de sobrevivência à falta de melhor. É a dor insuportável que afinal é boa, e quente, e confortável. E reconfortante. Refúgio seguro quando não há mais lugar nenhum para onde ir. Asilo e exílio. Um pouco de paz no inferno da vida. Alguma coisa que faz realmente sentido. Faz sentido. Faz todo o sentido.

É bom, o ódio. Puro. Cristalino. Próximo de Deus, que ama todas as coisas. E que, portanto, as ...

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04/08/05

Pouco obrigado

a voz do povo

Existem algumas pessoas, uma desprezível minoria, que embirram solenemente com certas palavras simples ou até com expressões idiomáticas inteiras - palavras com molho, por assim dizer. Já não me lembro bem qual era o tipo que detestava, por exemplo, a expressão "feliz contemplado"; e tinha outros do género, verdadeiros ódios linguísticos de estimação, termos aparentemente tão inocentes como "despiciendo" ou "alevantar" ou, pior ainda, ficava fulo da vida com a mais leve redundância, expressões tão corriqueiras que até presidentes da República e candidatos a presidente da República as utilizam: sair para fora, entrar para dentro, subir para cima, descer para baixo, etc.

De facto, para alguns de nós, os 2% de infelizes que sabem ler e escrever, é impossível disfarçar a irritação, primeiro, e o asco, depois, que tais calinadas provocam. Qualquer ser-humano que debite o verbo "destrocar", para não ir mais longe, é imediata e radicalmente riscado do nosso mapa mental de pessoas conhecidas, ou a conhecer sequer. Somos assim, uns sofredores inveterados. Mas boa gente, de todo, porque a irritação e o asco são a face visível de uma atitude pedagógica; somos um pequeno grupo de activistas do purismo linguístico ou, pelo menos, do aprumo verbal, mas sempre com a filantrópica intenção de ensinar aos outros qualquer coisa de positivo e útil, como é o caso vertente da Língua. A falada, porque em relação à escrita a missão seria verdadeiramente impossível.

Nestes tempos em que tudo começa por "é assim" e em que invariavelmente qualquer coisa "é já a seguir, é que é já... a seguir", urge de facto ao menos tentar deitar a mão ao nosso semelhante - antes da diluição completa do Português, que resultaria na mais pura e simples extinção da espécie. Não que se perdesse grande coisa, mas enfim, que não se diga depois que não se tentou fazer algo para evitar o desastre. É para estas coisas humanitárias que a gente serve, de resto, é evidente. Por conseguinte, dispensando desde já qualquer tipo de agradecimento, e apenas com a intenção pedagógica supracitada, passo a referir um dos assuntos de contaminação linguística mais preocupantes da actualidade, e este é, precisamente, tudo aquilo que se relaciona com o referido agradecimento.

O agradecimento, a gratidão, apenas um conceito que define um povo e uma cultura. Diz o vulgo que a palavra "saudade" é aquela que melhor define esse "estado de alma", essa coisa indefinível que é "o ser português". Difundiu-se até a peregrina ideia de que "saudade" não existe em mais Língua alguma além do Português. É uma chalaça, como de costume. Aquilo que mais distingue a Língua e a Cultura portuguesas não é o étimo "saudade", mas o extenso acervo terminológico relacionado com (1) o agradecimento: extenso, para a capacidade cerebral do português médio, mas que se restringe a apenas duas palavras básicas, obrigado e agradecido, com as respectivas flexões em género.

Nosso bom povo, nas suas boa fé e ignorância militante, costuma fabricar estranhos raciocínios de pragmática verbal; assim, considera nosso povo que, se eu sou homem e agradeço a uma senhora, devo dizer "obrigada"; é como quem dá os pêsames ou os parabéns; eu dou-lhe os meus "sentidos pêsames", tome lá, leve e embrulhe, eu dou-lhe "os parabéns", e abraços e beijinhos, portanto eu também lhe dou a palavra "obrigado", é sua, tome lá, e como é senhora vai no feminino, "obrigada". Raciocínio apenas aparentemente complicado, é assim a voz do povo, com fundamentação e paralelo em muitas outras coisas, como, por exemplo, a saudação: qualquer saloio diz "boa-tarde" a uma pessoa mas, se entra num local público onde estão várias pessoas, diz "boas tardes", no plural porque é para mais do que um, uma boa-tarde para cada qual, vai de empreitada, é um lote de "boas-tardes" para aquela gente toda. Logo, se ele "dá" os parabéns, os pêsames e as boas-tardes, também "dá" o agradecimento; ora, se é senhora é "obrigada", portanto, em sendo várias pessoas é "obrigados", e se for mais do que uma comadre é "obrigadas". São sempre os outros que ficam obrigados a alguma coisa de indefinível e que agora não interessa nada.

O agradecimento na forma popular serve não apenas de inversão de sentido, variando em género e em número, como possui uma função de regulador social. Assim, consoante a categoria profissional (marca e modelo do automóvel) do interlocutor, o "popular" utiliza uma escala de agradecimentos extremamente variável: ao tipo com aspecto pelintra ou suspeito (Datsun 1100, 1987), atira com o terrível "obrigadinho"; à fulaninha de aspecto putéfio, girita mas meio flácida, vai de "muito obrigadinha" para cima (atenção ao "muito", que traz (3) bastante água no bico); já em se tratando de um "doutorado" (licenciado), que oscila entre o BMW de candonga e o Jeep topo-de-gama, o Zé Povinho sussurra respeitosamente "xôtor, muitos obrigados, sim, xôtor?", extraordinário duplo plural, contudo de profunda significância. Escusado será dizer que o género é flexionado de forma inversa quando se trata de mulherzinha que agradece: obrigadinho e obrigadinhos aos homens e aos grupos de pessoas, no feminino quando dirigido a mulheres. Existe ainda a variante "agradecido", mais rara e sofrendo os mesmos tratos flexionais, termo este que é reservado para as pessoas de alto gabarito, como, por exemplo, o polícia de trânsito que acabou de perdoar uma multa, ou o "xôtor juiz" que fecha os olhos a uma infracçãozita sem importância, ou o vizinho que acaba de encontrar o Bóbi que andava perdido; regra geral, "agradecido" é antecedido de "muito", essa diversificada e tenebrosa forma gramatical. Por fim, há o agradecimento amputado da primeira sílaba ("'brigado"), que se dispensa a torto e a direito, na lufa-lufa quotidiana, a todos aqueles que se não enquadrarem nas outras categorias e aos que andam em carritos de gama média, utilitários e assim.

Há dias (2), uma jornalista de televisão pronunciou, no fim da entrevista, uma fórmula de agradecimento caída em desuso: "muitíssimo obrigada". O entrevistado, conhecidíssimo político da nossa praça, pareceu quedar-se um pouco atrapalhado, assim desprevenido, provavelmente por falta de hábito, tendo respondido com um intrigante "de nada". Pois. Mesmo que se trepe na escala social, seja lá como for, as confusões permanecem - variando apenas de sentido, não de conteúdo. A fórmula de resposta, naquela como em maior parte das circunstâncias, seria "eu é que agradeço"; não aquele "de nada", triste figura. De resto, desde que o Cavaco foi filmado a comer bolo-rei, já nos vamos habituando à labreguice e à boçalidade dos nossos políticos. Comer como um perfeito suíno poderá mesmo não ser tão grave como uma senhora baixar o joelho e beijar a mão ao marido da Rainha de Inglaterra (Barbara Bush ao Príncipe Filipe), mas desconhecer as fórmulas mais básicas da convivência é - ao menos nas chamadas altas esferas - absolutamente inaceitável.

A não ser que admitamos a teoria de que a fonte de referências (culturais ou outras) deixou de ter um sentido descendente, isto é, das classes superiores para as inferiores, mas, pelo contrário, havendo agora um fluxo inverso, de baixo para cima, das classes populares para as elites económicas e sociais. Está em curso, por conseguinte, uma verdadeira, insidiosa, medonha revolução, aquilo com que sonha desde sempre a chamada "esquerda". Cavaco a comer como um javardo, Barbara Bush a fazer macacadas, um ministro que não sabe agradecer, são apenas sintomas dessa revolução. Ainda veremos um galo de Barcelos, com trinta metros de altura, plantado nos jardins de Belém, no lugar do monumento aos descobrimentos. Não faltará muito para que nosso Primeiro inicie todos os seus interessantes discursos com a fórmula "Portuguesas, Portugueses, pessoali em girale". Num futuro não muito distante, os agraciados com medalhas de mérito, os homenageados em jantares de gala, os recém-empossados em qualquer cerimónia, dirão nos discursos de agradecimento, com toda a pompa e circunstância: "munto obrigadinhos, rapazes, vocêzes são gajos fixes, bora lá mamar uns canecos".

Chegou a Revolução cultural. Fujamos.





(1) relacionado com, não "derivado a"
(2) há dias, não "há dias atrás"

(3) agradecimentos a Vertigem pela correcção; esta (trás em vez de traz) é uma daquelas coisas que escapam à maior parte dos correctores de texto automáticos, se bem que , neste caso, até não tenha utilizado nenhum. Deduzo que a minha persistente provocação resultou e, por fim, alguém se dá ao trabalho de me corrigir os textos. Muito obrigado, muitíssimo agradecido. Mande(m) sempre.

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02/08/05



Partido Comunista Português

Secção de Alcabideche
(quote) Sexta-feira, 22 de Julho, foi friamente assassinado no metro de Londres, com cinco tiros na cabeça, um transeunte brasileiro. Os motivos da polícia: tratava-se evidentemente dum estrangeiro e não usava fato e gravata. (unquote)

(quote) A máscara humana de Rui Rio vai, aos poucos, caindo e deixando à mostra uma face populista e autoritária que une o pensamento económico neo-liberal ao fascismo político e ao racismo étnico e social. (unquote)

(quote) Em vez de um grupo organizado de 500 assaltantes, falam agora de cerca de 30 indivíduos actuando de forma não concertada. Em vez de roubos e agressões violentas (até se falou em armas brancas), falam agora de incivilidades (e que incivilidades essas! Música alta, dança, jogos de bola, linguagem grosseira, insultos, desafios verbais, atitudes intimidatórias...). Em vez de arrastão pela praia, reconhecem agora que as pessoas que se vêm nas fotografias a correr estão a fugir de uma violenta carga policial. (unquote)

(quote) Aí bateram-lhe diversas vezes na cabeça, apesar de ter pedido que não o fizéssem, dado o perigo que significa ter, no passado, sofrido um derrame cerebral; foi humilhado, fotografado de frente e perfil e tiraram-lhe as impressões digitais, tendo sido, por fim, libertado, quando conseguiu que telefonássem à companheira para que viesse trazer os seus papéis, não sem que antes lhe fosse pedido que assinásse um documento onde figurava como culpado de se ter negado a fornecer a identifição – o que recusou, exigindo uma alteração que respeitásse o sucedido. (unquote)

- nacos retirados de: http://pt.indymedia.org/

Mas quem serão, ao certo, estes grandessíssimos filhos de uma puta? Ainda existe disto? E ninguém diz nada? Pior ainda, ninguém faz nada? Não existem instituições especializadas para estes casos? Ou não há camas disponíveis? Andam por aí, à solta, estes anormalecos? Que raio, crie-se de imediato uma lista de espera para internamento psiquiátrico, ao menos para casos desta gravidade. Não sugerindo, assim de repente, a lobotomia ou a simples extirpação química do hipotálamo, o que sei eu, parece-me evidente que urge tomar medidas de saúde pública: internem-se compulsivamente estes gajos, arredem-se da circulação em espaços públicos, forneçam-se-lhes uns livros para ler, ofereçam-se-lhes uns SG Filtro, facultem-se-lhes umas excursões gratuitas ao Alcoitão. Caramba! Dêem-lhes algo com que se entreter, umas coisas lúdicas, pokémons e assim.

aviso: a leitura daquele bloguito comuna pode prejudicar gravemente a saúde mental de qualquer cidadão normal, se desprevenido e em ali aterrando ao engano; não propriamente pela concentração de imbecilidades libertárias e esquerdistóides, às quais a maior parte das pessoas de bem já está habituada, e acha sua piada, mas pela concentração, outrossim, de erros de Português, calinadas, pontapés na gramática, etc. Não é brincadeira, garanto. Aquilo deve estar apinhado de camaradinhas "licenciados" em AgitProp na ex-União Soviética. Cuidado, pois. Trata-se de escrita altamente tóxica. Recomenda-se a utilização de pinças, máscara, óculos de soldador, oleado à prova de contaminação. É vivamente aconselhado o duche, posteriormente e de imediato. Que seja pelas alminhas, o sacrifício, mas também valerá a pena pela barrigada de riso - e um banhito nunca é em demasia, vá lá.

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01/08/05

nhé nhé nhé nhé nhé nhé

Uma prendinha para os 3,5 visitantes diários aqui do boteco. Em especial para o meio freguês, esse dos 0,5. Agora já se pode escavacar à vontade a página, encher qualquer blog de merda (a começar por este) com as moscas respectivas, atirar-lhe com uns tomates podres, queimá-lo lenta e sadicamente com um cigarro, pôr um catraio de bibe a riscá-lo todo, etc., coisas assim. Até dá para estrelar ovos em cima de qualquer arrotanço a postas de pescada. Tem sacanices muito giras, esta coisa do Netdisaster.

Talvez o mais engraçado e pedagógico seja o bombardeamento, com bombas de precisão verdadeiras e belas explosões a condizer. Enfim, não falta nada no arsenal de destruição maciça de blogs da treta. Porreiríssima terapia, vereis, ora ide lá conferir naqueles botoezinhos aqui à direita alta.

(visto no blog http://olhequesim.blogspot.com/)

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