Odi profanum vulgus et arceo

31/08/06

100 razões 100 razão alguma, 100 1 mínimo de coerência e 100 corar

É difícil fazer cartéis na blogosfera.

in Dossier Blogosfera, revista Psicologia Actual, Agosto 2006, pág. 46

 

É lá agora. Esse Dossier Blogosfera foi produzido por um dos cartéis mais conhecidos e mais antigos da tal blogosfera; isto é um facto; outra coisa será calcular o grau de dificuldade que interferiu na sua formação, coisa que apenas interessará aos próprios.

Sabe qualquer pessoa que escreva umas coisinhas num blog, conhece perfeitamente, quem são as pessoas que produzem "dossiers" e "estudos" deste género; topa-se-lhes nitidamente o linguajar comum, pretensamente técnico e forçosamente aportuguesado - blogosfera, blogue, blogar, bloguer, e assim por diante com todos os neologismos originalmente anglófonos conexos. Toda a gente conhece também os blogs que os elementos deste cartel produzem, bem como os seus rituais de comunicação, os seus hábitos de bajulação mútua, as suas atávicas retaliações a quem lhes não presta nem vassalagem nem para nada; alguns, assim mais para o desalinhado, conhecem por experiência própria as redes de informação e de informadores deste cartel, aquele arremedo de polícia de costumes virtual que "não permite" o anonimato, "não aceita" o desvio em relação à norma por eles estabelecida, abomina a independência e, em especial, o atrevimento de quem se está rigorosamente nas tintas para a querida "blogosfera" - essa coisa que autores e apaniguados doutamente apelidam de coutada, terreno de caça, feira franca de vaidades, panteão de mediocridades.

Se bem que, no caso daquele "dossier", e de resto como acontece amiúde, o cartel tenha convidado dois elementos (aparentemente) estranhos ao grupo, assim a modos que para abrilhantar a parada, a uniformidade, a conformidade e o monolitismo das "opiniões" expressas são de tal forma evidentes que bem podemos concluir - sem qualquer risco de falhar no juízo - que todos os textos do "dossier" poderiam ter sido escritos pela mesma pessoa: "visões" e "perspectivas" a papel químico, ou viródisco e tocómesmo em versão "postada", tratando o "fenómeno bloguístico" com pinças politicamente correctas e com o cuidado, muito cuidadinho, típico de quem protege os "seus" e, principalmente, o seu.

Para o leitor mais desatento, ou inexperiente, ou simplesmente estúpido, da leitura deste "dossier" resulta um pote cheio de nada e uma pipa atestada de coisa nenhuma, mesmo exceptuando os erros de Português (outro traço comum) e o chorrilho de lugares-comuns. Para alguém que, por mero acaso, tenha aterrado pela primeira vez nesta coisa dos blogs através da leitura de tal documento, o acervo de impressões resultantes não andará muito longe do seguinte binómio: primum, a "blogosfera" é um saco de gatos, com gatas assanhadas à mistura, e ainda uns quantos milhares de vespas assassinas; secundum, se, para criar um blog, é preciso ir ao Sapo, então criar um blog deve ser a maior trapalhada do mundo. De resto, esta paixão pelo Sapo, este amor virtualmente batráquio, é outro traço de identidade dos elementos do cartel; é que nem sequer disfarçam nadinha: quer-se um blog? É aqui, ó, no Sapo, pois claro; não há e nem se fala em mais nada.

 Pessoalmente, no entanto, recolhi um ensinamento da leitura do "dossier" que, embora não exactamente inesperado, me deixou um bocadinho fodido: é que o meu blog não existe. Ora merda. Eu sabia, mas ainda muito pouca gente se tinha apercebido disso; vai-se a ver, os gajos descobrem-me a careca, e o bico, e as asas mirradas. Truz-truz, já está: o meu blog não é de adolescentes, nem babyblog (porque não terão traduzido esta?), nem (só) de opinião, nem diário pessoal, nem de engate, nem de "registo de um processo", nem (só) político, nem colectivo, nem temático (?), nem panegírico (??), nem humorístico, nem dos "que nos obrigam a pensar" (???), nem sequer "antecâmara da impressão" (quarenta pontos de interrogação). Pois é, ó que grande tristeza, se eles dizem, a páginas 61 e 62, que estes são os tipos de blogs que existem, e se o meu blog não encaixa em nenhum dos tipos, porra, porra, porra, está visto, então o meu blog não existe. Com essa bem me foderam, cambada de bufos.

Mas enfim, ele há ali pérolas ou, como dizia nosso Eça, há ali talento, muito talento. Assim de repente não me recordo com exactidão de nenhuma daquelas excreções, exceptuando a do incipit lá em cima, mas fiquei sinceramente convencido de que, procurando bem, espiolhando como deve de ser, há-de haver lá qualquer coisinha mais jeitosa. É tudo uma questão de paciência.

 

 

Cenas dos próximos capítulos: os cães anarquistas vão outra vez ser atirados às canelas do artista; o artista espeta-lhes umas pauladas no focinho; tunga, tunga, tunga, kaim, kaim, kaim; como irão eles fazer o curativo? Será que D. Xica vai recompensar o bóbi? Ou irá açular o mastim contra outra pessoa, para se vingar à séria?
Não perca. É já a seguir.

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30/08/06

Olivemount Pictures presents...

"Pallywood", alegadamente a nova Meca do cinema.
Cenas de guerra na Palestina, alegadamente encenadas.






O nascimento de um ícone.
Parece que nem tudo é o que parece.



Mais info: Second Draft

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29/08/06

Tripas (iach!) à moda do Porto versus Dobrada à moda de Lisboa


Tripas à Moda do Porto

Ingredientes:
Para 10 pessoas

  • 1 kg de tripas de vitela (compreendendo livros ou folhos, favos e a touca)
  • 1 mão de vitela
  • 150 grs de chouriço de carne
  • 150 grs de orelheira
  • 150 grs de toucinho entremeado ou presunto
  • 150 grs de salpicão
  • 150 grs de carne da cabeça de porco
  • 1 frango ou meia galinha
  • 1 kg de feijão manteiga
  • 2 cenouras
  • 2 cebolas grandes
  • 1 colher de sopa de banha
  • 1 ramo de salsa
  • 1 folha de louro
  • sal
  • pimenta
Confecção:

Lavam-se as tripas muito bem e esfregam-se com sal e limão.
Cozem-se em água com sal.
Limpa-se a mão de vitela e coze-se.
Noutro recipiente cozem-se as restantes carnes e o frango.
Estas carnes retiram-se à medida que vão estando cozidas.
Coze-se o feijão, que já está demolhado, com as cenouras às rodelas e uma cebola aos gomos.
Pica-se uma cebola e «estala-se» numa colher de banha.
Juntam-se todas as carnes cortadas em bocados (incluindo as tripas, frango, enchidos, etc.).
Deixa-se apurar um pouco e introduz-se o feijão.
Tempera-se com sal, pimenta preta moída na altura, o louro e a salsa.
Deixa-se apurar bem.
Retira-se a salsa e serve-se em terrina de porcelana ou de barro, polvilhado, segundo o gosto, com cominhos ou salsa picada e acompanhado com arroz branco seco.

* A este prato devem os Portuenses o epípeto de Tripeiros de que muito se orgulham e que é como que o testemunho da sua reconhecida generosidade.
Dizem uns que esta receita data de 1384 e que se deve ao facto de os Portuenses terem enviado toda a carne para a frota que, chefiada por Rui Pereira, veio em auxílio de Lisboa, cercada por D. João I de Castela; outros atribuem o facto, uma vez mais, à generosidade dos Tripeiros que, em circunstâncias semelhantes, aquando da expedição de Ceuta, ficaram reduzidos a comer apenas as miudezas da carne.



Dobrada à moda de Lisboa

Ingredientes:
Para 2 pessoas

  • 300 gr de dobrada de novilho (não compreendendo nada, é só dobrada mesmo)
  • 1 chispe de novilho
  • umas rodelitas de chouriço corrente
  • um pedacito de orelheira
  • um cubozito de toucinho entremeado ou presunto
  • umas rodelitas de chouriço alentejano genuíno
  • uns pedacitos de carne da cabeça de porco
  • 1/4 frango ou 1 perna de galinha
  • 200 gr de feijão manteiga
  • 1/2 cenoura
  • 1 cebola pequena
  • 1 colher de chá de banha
  • umas quantas folhitas de salsa
  • 1/2 folha de louro
  • sal
  • pimenta
Confecção:

Lava-se a dobrada muito bem e esfrega-se com sal e limão.
Coze-se em água com sal.
Limpa-se o chispe de novilho e coze-se.
Noutro recipiente, cozem-se as restantes carnes e o frango.
Estas carnes retiram-se à medida que vão estando cozidas.
Coze-se o feijão, que já está demolhado, com a cenoura às rodelas e uma cebola aos gomos.
Pica-se uma cebola e «estala-se» numa colher de banha.
Juntam-se todas as carnes cortadas em bocados (incluindo as tripas a dobrada, frango, enchidos, etc.).
Deixa-se apurar um pouco e introduz-se o feijão.
Tempera-se com sal, pimenta preta moída na altura, o louro e a salsa.
Deixa-se apurar bem.
Retira-se a salsa e serve-se em terrina de porcelana ou de barro, polvilhado, segundo o gosto, com cominhos ou salsa picada e acompanhado com arroz branco seco.

* A este prato não devem os lisboetas nenhum epípeto, do que muito se orgulham, e que é como que o testemunho da sua reconhecida generosidade.
Dizem uns que esta receita data de 1984 e que se deve ao facto de os lisboetas se terem lembrado de emitar os Portuenses, se bem que não utilizando linguagem nojenta na receita; outros atribuem o facto, uma vez mais, à generosidade dos lisboetas que, fartos de batatas fritas de pacote e de frango de churrasco, acharam por bem reproduzir um prato típico do Porto, substancial e suculento, mudando-lhe apenas o nome e reduzindo drasticamente nas quantidades.

Este pitéu é recomendado em casos de stress extremo, cansaço generalizado, desgostos de amor, problemas financeiros, bancarrota, para quando o Benfica perde (ou ganha, é consoante) e ainda como paliativo eficaz no tratamento de nevralgias, escoliose, pé chato, catarro e rouquidão. Acompanhado com um bom vinho alentejano ou duriense, diz que faz milagres, a bela dobrada, cura a mais renitente dor-de-corno, apaga o mau-olhado e os trabalhos de magia negra, resolve casos difíceis de inveja, afasta e aproxima (é consoante) a pessoa amada, ou seja, ganha de capilota a uma consulta com o Doutor Karamba, 41 anos de experiência há mais de 15 anos. Temperada com piri-piri, há quem assevere que a dobrada dá uma tesão daqui até ao Brasil. Supimpa.
Bom apetite.



(a receita original - tripeira - foi recebida por e-mail, de remetente incógnito)

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27/08/06

O cefalópode completamente estúpido

1) Anti-imperialism is impotent. The left-wing radicals who describe themselves as anti-imperialists, and who engage in the unending, indiscriminate demonisation and denunciation of the US and its allies, have no idea about how to 'defeat imperialism', nor any means to bring it about. The high-point of the Western left's anti-imperialism was probably the US defeat in the Vietnam war - brought about in part by the anti-war demonstrations in the West, it is true, but also by a set of fortuitous circumstances: the largeness of Vietnam as a country (with one quarter the population of the US); the skill and dedication of the North Vietnamese / Vietcong resistance; and the support given by the Soviets and Chinese to the latter. Take away such circumstances and anti-imperialism is a broken reed. Thirty years after its defeat in Vietnam, the US and liberal Western capitalism are stronger than ever. Even the million-strong monster demonstration in London against the Iraq war failed to prevent British participation. Anti-imperialism gives moral satisfaction to the anti-imperialist, but does not actually weaken or halt 'imperialism' in any way.
2) Anti-imperialism has no positive content. The socialists who opposed World War I, and the left-wing radicals who demonstrated against the Vietnam War, did so in the belief that they were fighting for a better society - one that the Bolshevik Revolution and the Communist victory in Vietnam seemed to them to be heralding. Now that Communism has been discredited and there is no alternative to the Western liberal-capitalist model on the horizon, the current generation of anti-imperialists continue to demonstrate against Western intervention and the liberal-capitalist system, but without offering anything in return: the idealists have been transformed into nihilists; their victory promises not a better, more just and egalitarian world, but the triumph of genocide in the Balkans and fundamentalism in the Middle East, in return for a minor setback to our own democratically elected leaders.

Marko Attila Hoare(*)

Estes são as primeiras duas razões, de uma série de doze, que levaram uma pessoa a deixar de militar pela causa "anti-imperialista" e a passar-se - sem armas, mas com bastantes bagagens intelectuais - para o campo do adversário. Claro que é apenas uma opinião mas, neste caso, temperada com experiência q.b. e com o sal do conhecimento da tese inversa: não é absolutamente necessário, mas dá muito jeito fundamentar uma opinião com o facto de se ter tido antes a opinião contrária - e parece ser o caso.

Algumas pessoas, por estranho que isso possa parecer a quem lê uns jornais e ouve falar de umas coisas, duvidam de que as esquerdas apoiem actualmente o fundamentalismo islâmico e, numa palavra, o terrorismo, pelo simples facto de que este combate o velho "inimigo de classe", o "imperialismo", ou seja, os Estados Unidos da América e os seus aliados, especialmente a Inglaterra e Israel. Parece impossível, para essas incrédulas pessoas, que alguém seja capaz de apoiar os facínoras que fazem explodir aviões e autocarros, que se fazem explodir a si próprias em locais apinhados de gente; pode lá ser que alguém em seu perfeito juízo, e para mais com uma longa tradição de amizade com os "desfavorecidos" e de "solidariedade" com as "causas" mais meritórias e boazinhas, possa estar agora ao lado dos terroristas, que matam e esfolam a troco de nada, umas quantas virgens no paraíso ou pouco mais, grandes malucos. Onde já se viu, as esquerdas, essa boa gente das longas marchas e dos longos apêndices capilares, mas como, comunistas, socialistas, anarquistas e outros esquerdistas indiferenciados, pode lá ser, vão agora misturar-se com pessoal assim de tão má catadura, malta da pesada, gajos saídos directamente da Idade das Trevas para as ruas de Nova Iorque e de Londres, não, que horror, não dá para acreditar.

Pois é. Mas é. As esquerdas, órfãs de referências geográficas, desaparecidos todos os paraísos socialistas que existiam à face da Terra, mantêm no essencial todo o discurso, o mesmo de sempre, e inalterada a estratégia, também sempre a mesma: o inimigo da paz mundial é o capitalismo, sendo a face visível deste o imperialismo americano, e a globalização a sua consequência mais palpável; assim, hoje como dantes, os Estados Unidos representam o verdadeiro eixo do mal da moral sinistra, a cabeça do polvo global que estende os seus braços enormes - os aliados ocidentais - por sobre a sua vítima redonda, ligeiramente achatada nos pólos, essa Terra que o mesmo polvo pretende deglutir voraz e rapidamente; tem ainda, este horrível bicho de uma só cabeça, além dos braços poderosos e cheios de ventosas capitalistas, um bico rijo no centro, Israel, que utiliza para aniquilar as presas, exaurindo-as até à morte por asfixia. Nesta alegoria zoológica, agora que se extinguiram todas as avis sovieticum, o Islão radical surge como avezinha salvadora, evidentemente uma pomba branca irradiando paz e bem-aventurança, um passarinho inocente, ave sem nada de abutre ou de mau-agoiro, muito canora e ideologicamente emplumada. A calhar, enfim, ainda por cima à falta de melhor, para a obsessão primordial das esquerdas, o anti-americanismo, em todas as suas formas e variantes, desde o anti-semitismo, essa energética e revigorante actividade, ao anti-capitalismo em geral e à anti-globalização, pois claro, em particular.

Acabou-se a teta dos amanhãs que cantam, secou-se-lhe o leitinho da felicidade eterna em vida, pois bem, não tem nada que enganar, a esquerda vira-se imediatamente para aquilo que está mais à mão, por assim dizer, pois que seja o islamismo radical, até que é giro, parece bem e tudo, com aqueles panos negros e aquela abençoada pobreza, aquela fascinante e comovente idolatria da ignorância, o maravilhoso obscurantismo a que são forçados; o caso está em que eles, os novos pobrezinhos de eleição, despedacem uns quantos americanos à bomba, despejem seus mísseis nas ruas de Tel-A-Viv e de Jerusalém, que estoirem uns autocarros em Londres e uns comboios em Madrid. O que faz falta, como dizem esquerdistas, é animar a malta, manter a chama acesa, e está-se mesmo a ver que ninguém melhor para o efeito do que os "espoliados" árabes, essas vítimas da ganância capitalista, essa pobre gente que vive nos países mais ricos do mundo mas que não tem nada, nada, nada, coitadinhos, por culpa, obviamente, exclusivamente, dos americanos e dos seus aliados sionistas.

Alegarão possivelmente, as alminhas mais incrédulas, perante tanta obtusidade, que "nem toda" a esquerda política estará inequivocamente do lado do islamismo radical e que não quererá por certo, para si e para os seus, o modelo de sociedade medieval preconizado pelo Islão. Com certeza que não, aliás na sequência do plano estratégico que sempre regulou aquelas mentes perturbadas, desde os tempos de Stalin, Mao e Pol-Pot: nunca se viram filas de espera nas fronteiras de qualquer paraíso socialista, isto é, para lá entrar; quando muito, haveria filas, mas do lado de dentro, de gente que pretendia escapar a tanta felicidade junta; a nenhum esquerdista bem-pensante ocorreu alguma vez a peregrina ideia de emigrar para as terras do Tio Ivan; o que, alegre e petulantemente, nunca os impediu de "lutar" contra os malefícios do capitalismo e abraçando sistematicamente as "causas" dos paladinos das "amplas liberdades", os mesmos que não permitiam nem amplas nem restritas nos respectivos países do império soviético.

Desde que o fundamentalismo árabe cumpra a sua função utilitária de ataque sistemático às estruturas físicas democráticas, americanas e ocidentais, as esquerdas ocidentais, antidemocráticas e visceralmente anti-americanas permanecerão como fiel aliado de tão providencial braço armado; enquanto os terroristas fizerem o seu trabalho sujo e sanguinário, as esquerdas esfregarão as mãos de contentes, já que, mesmo não tendo nada para oferecer em troca do sistema que pretendem liquidar, ao menos têm um vestígio de fundamentação ideológica para a sua sanha: se a culpa (seja lá do que for) não é dos americanos, então porque é que os árabes os atacam com tanta ferocidade? Aliás, note-se, os terroristas não atacam, pelo contrário, defendem-se... coitadinhos. De onde lhes vem tanta raiva, se não do mal atroz que o ocidente lhes inflige? E aquilo não é nada de especial, uns prediozitos, umas carruagenzitas, é só fumaça, os árabes não querem matar inocentes, são impecáveis na selecção dos alvos. Por consequência, o capitalismo, o imperialismo, os americanos e os judeus apenas têm aquilo que merecem; os árabes limitam-se a ajustar as contas da História e por isso mesmo é-lhes devida não apenas toda a admiração como o apoio mais entusiástico.

Não é belo? Não é absolutamente férrea, esta lógica? Pois claro que é. Quem não entende uma coisa tão simples, ou pertence à pior espécie de cegos ou é burro que nem uma porta. Um choco, ou coisa parecida.


(*) via Blogue Revista Atlântico

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26/08/06

Modesto contributo para a meritória iniciativa de nosso Pacheco

16:02 (001)

RETRATOS DO TRABALHO EM ALBUFEIRA, PORTUGAL

Trabalhadores sacrificadamente criando um bronze
uniforme, tendo o cuidado de não apanhar escaldões.


16:09 (001)

RETRATOS DO TRABALHO EM CARCAVELOS, PORTUGAL

Trabalhadores da arte do arrasto em pleno gamanço,
com a trabalheira acessória de fugir à bófia (Junho 2005)



16:22 (001)

RETRATOS DO TRABALHO EM MARCO DE CANAVESES, PORTUGAL

Tocando bombo, mas devagarinho e não muito.
Se tocar muito e depressa, o trabalhador pode
tornar-se bombista suicida.



(para não destoar do Abrupto, não se citam nem as origens nem os autores das fotos)

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25/08/06

Um post sobre um post sobre um post sobre o Zecafonso

Zeca Afonso e a idolatração do totalitarismo comunista

Miguel Castelo-Branco sobre Zeca Afonso:
No passado fim de semana, a RTP exibiu um verdadeiro show de totalitarismo revivaleiro. Zeca Afonso divinizado, exaltado e tido como um "génio", deu azo a uma torrente de cançonetas de incontinente pendor marxista terceiro-mundista. As palavras sempre as mesmas (solidário, inquietação, amigo, companheiro, Maio, ceifeira), o ritmo puxando ao falso-rústico das "raízes" - outra palavra detestável - e a finalidade escancarada: tornar aceitável o abjecto (roubar, sanear, vingar, matar) e abrir portas ao totalitarismo comunista, tornando-o justificável à luz da rábula cantada. Zeca Afonso tinha um ar perturbado, queria mais, mais revolução, mais plano inclinado, mais ocupações, mais saneamentos, mais controlo operário, mais comissões de bairro - aquelas que faziam listagens com as pratas, os quadros e os aquecedores existentes nas casa dos inimigos de classe - mais poder popular, mais armas em boas mãos para defender a revolução; ou seja, mais balbúrdia que pedisse, no fim, mais um Estaline. Aquilo é Babeuf, Marat, a Comuna de Paris, a propaganda pelo facto do bombismo anarquista, mais comunalismo utópico em que entram as CEB's (Comunidade Eclesiais de Base), as Comissões de Ocupação de herdades (as célebres "comprativas"), os padres Max de gola alta e barbas à Sierra Maestra, a Teologia da Libertação, as mulheres-padres, os poetas repentistas e analfabetos (quantas vezes tivemos de engolir o banalíssimo Aleixo ?), o new-age dos alucinogénios e de outros estados de consciência alterados, o abortismo dá-cá-aquela-palha; sei lá, um sem-número de coisas sem mérito elevadas nos pedestais no culto do mau. Sintomaticamente, o programa terminou com uma discursata do inefável "Zeca": "a minha democracia não é a dos votos, mas a do poder do povo". Pois. Uma democracia da rua, de tiros na nuca, prisões arbitrárias, campos de concentração, reeducações e penúria para todos.

por André Azevedo Alves @ 01:57 38 Insurgências
Blogue

Aquilo lá no sítio Insurgente está cheio de "insurgências", 38 no momento, e ele é de cabrões e filhos-da-puta pra cima, além de que no sítio das Combustões não dá para deixar comentários, de maneira que o melhor é trazer a colagem para aqui, para este sossego, esta maravilhosa tranquilidade; aqui não passa ninguém, aqui no pasa nada, compañeros, ah, que maravilha, que bem se está no campo, apenas com a telefonia por companhia, pode-se ler e escrever à vontade, e até raciocinar é possível, e comentar, e tudo, sem a azáfama da notoriedade, sem a inquietação do nome civil atrapalhando os negócios.

Mas enfim, é necessário dizer alguma coisa. Que diabo, não se atira assim o pobre do Aleixo para a fogueira anticomunista. Bem sei, bem sei, espelho meu, espelho meu, existe alguém mais anticomunista do que eu? Claro que não, responde o espelho, sossega, tu és o mais fasssista com três ésses deste reino e arredores. Mas, mas, mas, ó Insurgente, ó Combustão, escuitai, canudo, o Aleixo "banalíssimo"? Banalíssimo, o Aleixo? O António, o da mosca que poisa tanto numa poia de merda como na careca de qualquer doutor? Banal, o homem? Cruzes, canhoto. É lá agora.

Acho muito bem, acho perfeitamente, que se crucifique o estilo esquerdista, a verborreia peganhenta do povo, o nosso povo, o povo; poderia talvez, em podendo almejar tais talentos, ter eu próprio escrito aquele curialíssimo arrazoado; algumas daquelas expressões demolidoras poderiam ser até minhas, pois que já escrevi sobre comunas de forma ainda mais radical, se bem que muito menos artística; até já fui capaz de me tornar merecedor de insultos vários, por parte de comunistas, anarquistas e esquerdistas em geral; mas, repito, vamos lá a ver, bolas, o pobre Aleixo não merece tal insulto. Por acaso já leram alguma coisa dele, hem, companheiros? Caramba, vá lá, em tendo acertado pela negativa, é só um livrinho, aquele de que toda a gente conhece o título, umas quadras, umas glosas, uns autos, lê-se (infelizmente) numa noite, curta e sossegada.

Como deveis saber ambos, caros amigos, se me permitis a familiaridade, António Aleixo morreu em 1949, aos cinquenta anos, não assistindo, portanto, à primeira publicação do seu livro, em 1969, com segunda edição no ano seguinte; durante semanas, naqueles dois anos, esta foi a obra mais vendida em Portugal, e ainda hoje se reedita periodicamente. Ora, como vedes, 1969, 1970... hmmm? Foi ainda no tempo da "outra senhora", do "velho" regime, compreendem?

Que os comunistas o tenham "nacionalizado", que se tenham apossado da sua memória como se fosse farinha para o pão da "causa" socialista, que tenham usado dos seus escritos como argamassa das teorias igualitárias, bem, isso é indesmentível mas não tem nada a ver com o próprio António Aleixo; é a velha e relha técnica dos intelectualóides esquerdistas, tudo lhes serve desde que seja da marca "popular", de Rosa Ramalho a Catarina Eufémia, invenções e mitos, deslumbramentos e atavismos próprios do coitadismo militante. Aleixo foi no pacote, por assim dizer; é um paradigma da cultura dita popular, logo encaixa na perfeição no discurso esquerdista, na liturgia comunista, nos tiques e nas manias da intelectualidade bem-pensante e fina, ou seja, da esquerda caviar, que é aquela que ao menos lê alguma coisa.

Que os comunistas e seus émulos, mais ou menos disfarçados de democratas, tenham transformado a obra daquele homem em algo de enjoativo, pela reiteração sistemática, de quase nauseante, por tanto martelarem os ouvidos das pessoas com os versos do poeta, bem, não tem dúvida: de facto, ele não há comício, não há "festa do Avante", não há "manif" onde a gente não leve com as rimas do António (as mesmas, são sempre as mesmas); pois sim, é verdade. E isso o que tem? Não poder a gente, em muitas ocasiões, até na televisão e na rádio, poder abrigar-se das enxurradas aleixianas, isso é culpa do próprio Aleixo, por acaso?

Mas o autor das rimas está de todo inocente, limitava-se a rimar, não a chatear. Não sei, nem de fonte segura nem de insegura, mas sinceramente não me parece que o pobre alguma vez tivesse tido o mais ínfimo contacto com vermelhos, ou que sequer tivesse alguma vez ouvido falar das maravilhas do paraíso socialista, da terra prometida que havia dantes por detrás de uma cortina de ferro.

Coitado do homem, digo eu, que detesto o coitadismo, mas é por uma boa causa, ora, perdoe-se-me, que seja pelas alminhas. É que acho mal, pronto. Qual "banalíssimo", qual cacete! Não é nada banalíssimo. Banalíssimo será talvez um Herberto Hélder, ou dois ou três poetazinhos da corda, desses que espicham cocó por esses blogs fora; esses é que são banalíssimos, foleiríssimos, enjoadíssimos e nojentíssimos. Ou, citando o próprio:


Quando estas verdades digo
a um amigo, estou a ouvi-lo
ele a dizer lá consigo:
_ Aquilo não é comigo,
eu não sou nada daquilo.

Mas, se em meus versos bem-digo
dum amigo, fica feliz
a dizer lá p'ra consigo:
_ Oh diabo, aquilo é comigo,
sou tal qual o que ele diz.


Aí têm vocês, para amostra. Está muitíssimo mal escrito, mas é genuíno. Não é de facto brilhante, mas é simples. Ou seja, infinitamente mais do que aquilo que se pode dizer da esmagadora maioria dos consagrados, esses brilhantes artífices do pedantismo em rima branca.

És um sábio a discutir
e a discursar; quem te ouvir,
compreende que o teu intento
não é lutar pela razão;
é ganhar a discussão,
p'lo menos nesse momento.




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Querida, encolhi os planetas



Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno e Futebol




- imagem original dos planetas que havia dantes: www.noiseindustries.com
- imagem do planeta Futebol: destinationfootballonline.com

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Êbam didom! Oú est le garrafon?

Cinco frases-chave entre Maman e son petit rebentô:
_ Mais arrête, quoi! Ça va pas comme ça, cárráçazz!
_ Mais qu'est-ce que tu fais? Oh, le morcon! Attend! Je vais te taper no focinho, caralho.
_ Quoi? T'en veut pas? Ah, bon? Je m'en fou, pá, quero lá saber.
_ Quand ton père arrive, tu vas voir o bom e o bonito.
_ Pierre! Viens ici! Pierre! Ici! Mais viens ici! Immédiatement, foda-se! Queres levar nos cornos, hã? Bon, ça suffit maintenant!


Seis frases-chave entre mari et épouse:
_ Déjà bêbado, caralho?! Hein? On est juste arrivé, et voilà, il est déjà bêbado como um cacho, ce petit con! Oh-la-la!
_ Ta gueule! Va à châtier o caralho. Laisse moi tranquille.
_ Ma mère avait raison. Elle me disait souvent "laisse le, il n'est pas nenhuma flor de cheiro, põe-te a milhas desse..."
_ Desse quoi? Quoi, desse? Qu'est ce qu'elle disait, la vieille? Ah, putain, dis donc, tu veux m'emmerder ou quoi?  Mais quel casino, quoi!
_ Paneleiro. Oui. Elle t'appelait paneleiro, t'entends? Ma pauvre mère, coitadinha...
_ Paneleiro, eu? Moi, paneleiro? Puta da velha, caralho! E só agora me dizes essa merda? Va te faire enculer, putain, et emmène ta mère avec toi! Bordel!


Sete frases-chave entre eles e empregados de café (garçons):
_ Un croissant com fiambre et du lait au chocolat, faxabôri.
_ Mais, alors, essa sandes, vem ou não vem? Espera ou fait seron?
_ Boff, eu não sei ce que je veux, peut-être un cafêzinhô, sei lá.
_ Ils sont frais, les bôlinhôzz?
_ Alors, deux Martini, une impérialle e um pires de tremoços, s'il vous plait.
_ Garção, bocêzes tendes cá pastis? Ah, bon? Atão trazende lá disso, merci bien.
_ C'est combien, les copos? Comment? Combien??? Foda-se!


Chega Agosto e um estranho perfume linguístico se espalha pelos entrefolhos mais recônditos do Portugal profundo. Dito de forma mais inteligível, aí está de novo a invasão do Françuguês - essa curiosa novilíngua criada pelas massas de emigrantes portugueses em França, no Luxemburgo e na Suíça francófona.

Essa subespécie de homo lusitanicus, conhecida entre nós como Franciú, ou emigronte, distingue-se facilmente dos demais compatriotas pelo simples facto de se esforçar desesperadamente por se distinguir totalmente dos demais compatriotas, falando exclusivamente a Língua que o caracteriza, misto de mau Francês e péssimo Português. Certos estudiosos da matéria alegam, vagamente intrigados, que a Língua francesa é a única fala de carácter contagioso ou absorvente que existe em todo o mundo; de facto, o fenómeno ocorre apenas com pessoas que emigram para países francófonos, as quais, em apenas um ou dois meses de permanência em ambientes contaminados pelo Francês, acabam por ficar absolutamente incapazes de utilizar a  sua Língua materna; pelo que se poderá aferir o carácter linguisticamente tóxico do Francês, já que o mesmo não sucede com nenhum outro fluxo migratório, seja para países anglófonos, germanófonos ou países com fonoridades ainda mais exóticas, como castelhanófonos, nipófonos, chinófonos, etc. Em suma, o massacre sistemático do Português é um exclusivo dos emigrantes portugueses na Europa francófona, o que até se compreende, vendo bem, se atendermos ao facto de eles serem originários do país mais atrasado e retrógrado da Europa, por um lado, e viverem e trabalharem na pátria da civilização ocidental, no coração do mundo, por assim dizer - bem longe, portanto, deste cu do dito que é Portugal. É assim justo, sejamos curiais, que os emigrantes portugueses manifestem o desprezo que sentem pelas suas origens, aniquilando rapidamente a sua herança linguística e trocando-a pela da pátria que assumiram e que manifestamente preferem.

Não fiquemos tristes, no entanto, nós outros, os que por aqui ficámos carpindo nosso passado glorioso, porque a questão dos emigrontes é não apenas sazonal e, por conseguinte, suportável, como tem até sua piada, montes dela, como soe dizer-se. Poderia mesmo, a observação de Franciús em vacanças, transformar-se em não desprezível variante da indústria turística nacional; poder-se-ia até pensar em organizar excursões, inseridas na campanha "vá para fora cá dentro", que levariam o turista português aos locais típicos onde o espectáculo se desenrola ao natural, como praias, piscinas, parques de campismo, centros comerciais, restaurantes, tascas, esplanadas e cafés, em todas as grandes, médias e pequenas cidades do país; aliás, como em Agosto há Franciús por todo o lado, esta modalidade de observação zoológica para fins turísticos - ao contrário da observação de pássaros, de aviões ou de comboios, actividades muito mais dispendiosas - pode ser efectuada por qualquer pessoa, de forma espontânea e desorganizada. Por certo muitos estrangeiros adeririam ao conceito, atraídos pela novidade e pela excentricidade da coisa, que seguramente não encontrarão em mais país algum, nunca vista e muito menos ouvista, ora pois, seria questão de se arranjar uns intérpretes trilingues, Inglês, Francês, Português, há por aí disso aos pontapés; em vez de "bird watching" ou "train spotting", meras trivialidades turísticas por esse mundo fora, Portugal poderia oferecer mais um produto turístico absolutamente inovador, a visita a locais com vista para a emigração.

Mas enfim, não entrando desde já em tão ambicioso e interessante projecto, a questão central é que se torna facílimo e baratíssimo para qualquer pessoa dar um outro sentido às suas férias - e quem sabe, à própria vida - através do simples aproveitamento deste manancial que, ainda por cima, circula livremente e não se importa nada de ser observado, pelo contrário, faz tudo o que pode para atrair as atenções. É absolutamente fascinante, de resto.




(garrafão de http://estadio.no.sapo.pt/fotomontagens_slb2.htm)

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23/08/06

Opinião a martelo


Como se faz opinião em Portugal
Informações de que disponho indicam que há blogues que recebem dinheiro para escreverem certas e determinadas coisas.

Frenchkissin

É impossível que o autor de um blog onde se publicam semelhantes calinadas seja director-adjunto do vetusto Diário de Notícias. Pode lá ser! São homónimos, é o que é, este JMF do Frenchkissin e o JMF do DN.

Ninguém chega a director-adjunto de um diário de grande circulação(**) sem passar, ao menos, no exame da 4ª Classe(*). Por outro lado, há o pormenor da insinuação contida no post citado; presume-se que um director-adjunto de um jornal seja, no mínimo, jornalista(**); ora, tendo passado o exame da 4ª classe(*) e tendo talvez concluído o Ensino Secundário, mesmo queimando a etapazinha da licenciatura, dever-se-á ter seguido a obtenção da chamada "carteira profissional", um papel que atesta a condição de "jornalista" a qualquer pessoa; ora, o jornalista está, liminarmente e por inerência deontológica, impedido de declarar publicamente suspeições, implicando estas terceiros, sem apresentar as provas que sustentam as suas afirmações.

Mais uma prova, esta ausência de provas, de que este JMF não é director-adjunto de coisa nenhuma, quanto mais de um jornal como o venerável Diário de Notícias. Pode lá ser, repitamos compungidos. Caneco.

"Informações de que disponho"? Quais? "Há blogs que recebem dinheiro"? Quais? "Para escreverem certas e determinadas coisas? Quais coisas é que eles devem escreverem? Sim, exactamente quais, ora vamos lá a saberem.

Então, e nos outros meios de comunicação social, como, por exemplo, nos jornais, quem lá trabalha não recebe dinheiro para escreverem "certas e determinadas coisas"? Os jornalistas não receberem guito, cheta, papel, pilim, massa, por aquilo que escreverem? Essa é famosa. Onde já se viu?

Blogs a receberem pagamento a troco de escreverem não estas ou aquelas coisas, mas outras, oh, muito outras, muito certas e determinadas? Macacos me mordam se alguma vez alguns de nós poderíamos imaginarmos tal coisa!

Estou varado, acreditarem. Ai é assim que se faz opinião em Portugal?

Xi.



(*) Acabo de ser informado de que o exame da 4ª Classe já não existe. A própria 4ª Classe também já não existe; agora chama-se 4ª Ano, ou lá o que é, e não tem exames porque parece que não era preciso.
(**) Por telefone, uma alma caridosa acaba de me informar de que também nisto estou enganado, porra.

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17/08/06

De profundis, balsa lenta

Há exposições grandes e há exposições caninas.

"A Revolta dos Pastéis de Nata" é uma coisa sem gracinha nenhuma, o que só prejudica a reputação dos ditos.

Sempre que me visto, penso se valerá a pena.

Quando não sei bem o que fazer, penso se não seria melhor talvez tomar uma decisão.

Mesmo que não pareça, há um significado escondido em cada martelada que se acerta num dedo.

Haiku é a arte Bonsai aplicada à poesia.

Já não me lembro de quando tinha uma memória como deve ser.

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15/08/06

Naide Gomes: bronze, prata e ouro

Naide Gomes



"_ Queria provar que também sou boa ao ar livre"
Disse Naide Gomes, depois de ganhar mais uma medalha de prata nos Campeonatos da Europa de atletismo.



Moça: debaixo de água, no pico do Everest, em ambientes completamente viciados, a saltar de pára-quedas, dentro de um escafandro, a comer um "duchaise" com as tias de Cascais, a jogar matrecos num salão-de-jogos, dentro ou fora de qualquer edifí­cio, faça chuva ou faça sol. Hás-de ser sempre podre de boa.

(imagem de jornalinside.com)


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11/08/06

31º aniversário

click para ampliar

TIME Magazine, 11 de Agosto de 1975

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07/08/06

Googlism

bater à punheta provoca cancro

Não, chavalo, podes ficar descansado. Bate lá quantas punhetas quiseres. Que se saiba, nem uma constipaçãozinha, quanto mais cancro. Caga na Google, pá.

(psst, chavalo, olha, faz o seguinte: pergunta isso a uma amiga tua; diz-lhe que estás muito necessitado, e tal; vais ver; as mulheres pelam-se por ajudar um gajo em apertos de falta de... entendes? Vá. Não te acanhes. Afianço. Pega sempre, esse número. E depois não digas que vais daqui. Força. Dá-le.)

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Horror bargain (horror em saldo)


Esta "T-shirt" pode ser comprada num Centro Comercial Virtual,, pela módica quantia de 18,99 dólares americanos. Uma verdadeira pechincha. Disponível em cor branca, é, segundo garante o fabricante, a mais confortável de sempre, 100% algodão pré-lavado, durável e com garantia. Vem estampada com uma fotografia que foi capa de diversas publicações de grande circulação, por esse mundo fora, e enquadrada com um motivo gráfico muito artístico, letras como se escorrendo sangue e os dizeres: You can't hug your children with Israeli arms. Don't rearm Israel, disarm Israel.

Há quem alegue tratar-se a fotografia, não a camiseta, de mais uma encenação, tendo por protagonista o já conhecido actor Green Helmet, alegadamente especializado em cenas que metam cadáveres de crianças; parece que este profissional costuma actuar com um "partenaire", Mr. White Tshirt, contracenando ambos, ocasionalmente, com Mrs. Wreckage, que faz o seu número em qualquer lugar onde existam destroços.

Claro que não podemos, não pode ninguém com um mínimo de humanidade, acreditar em tais acusações e alarvidades. Não é possível que alguém seja capaz de exibir cadáveres de crianças para as câmeras dos repórteres, representando postiça e industrialmente cenas de desespero. É impossível que alguém seja capaz de agitar nos braços o corpo destroçado de um pequeno ser humano, e depois outro, e outro, e que escolha os mais ensanguentados, decepados, hediondamente mutilados, e que se ponha a jeito para o melhor ângulo, o mais perfeito enquadramento, a mais fotogénica pose de horror. Não. Não podemos nem devemos acreditar em tudo aquilo que nos dizem. Pode lá suceder que aquela velhinha chorando a perda de todos os seus bens, rodeada de cacos e destroços por todos os lados, seja sempre a mesma, representando cena igual em locais diferentes. Não. Mas como é possível?

Alguém, em seu perfeito juízo, seria capaz de andar vasculhando os escombros em busca de crianças mortas? Essa não que tem pouco sangue, esta é parecida com uma que já mostrei, tragam-me outra, vejam se encontram uma rapariguinha sem pernas ou sem braços, este miúdo aqui pode ser, está todo desfeito. Mas que espécie de monstros somos nós, afinal, ou é capaz de ser o nosso semelhante? Não pode ser. Não, não podemos crer em tal, é impossível. É mentira. Não acreditemos em tudo o que nos dizem.

E também, prudentemente, avisadamente, não acreditemos cegamente em tudo aquilo que nos mostram. O horror está em saldo porque alguém o compra. Ou porque alguém o vende, talvez.

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06/08/06

Beirute, Líbano, Agosto 2006




"Smoke simply does not contain repeating symmetrical patterns like this, and you can see the repetition in both plumes of smoke. Theres really no question about it."


Reuters employee issues 'Zionist pig' death threat
Worker suspended after telling American blogger: 'I look forward to day when you pigs get your throats cut' Yaakov Lappin



Afinal, parece que existe mesmo fumo sem fogo. Montes de fumo, por sinal, e muitíssimo mal parido. Um verdadeiro "porco sionista" legendaria a foto verdadeira com algo do género "A baixa de Beirute, em plena hora de almoço, vendo-se do lado esquerdo o edifício da maior churrasqueira do país em plena laboração".

(tema via O Insurgente)

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05/08/06

Igreja do Abençoado Cigarrinho - acta de fundação

Em Lisboa, a 5 (cinco) de Agosto de 2006 (dois mil e seis), reuniram-se as seguintes pessoas:
Sr. DODO
Sr. 001 (Zero Zero Um)
Sr. GODOT
sendo todas estas pessoas de maioridade.
Para melhor organização desta reunião, decidiu-se que presidiria a ela o Sr. Dodo, actuando como Secretário o Sr. 001.
Os reunidos tiveram uma ampla troca de impressões acerca da ideia de se constituir uma Igreja do Imaculado Cigarrinho, que terá o seu domicilio nesta Cidade, mas de âmbito não apenas Nacional como também Internacional, e que terá como objectivo "congregar e auxiliar todos os crentes nos benefícios do tabaco, em especial dos cigarros SG Filtro, das cigarrilhas Mercator e dos charutos Monte Cristo, principalmente estes, dada a sua condição divina, atestada pela própria designação, especialmente em torno da problemática da profunda reflexão que representa o acto de fumar, assim como para a prevenção e denúncia de situações grotescas de exclusão social e de perseguição sistemática a que são sujeitos os fumadores nas actuais sociedades ditas evoluídas".
Faz-se constar, assim, que tal Igreja não terá fins lucrativos.
Os reunidos estudaram um projecto de Estatutos e decidiram, por unanimidade:
Constituir a IGREJA DO ABENÇOADO CIGARRINHO ou, abreviadamente, IAC, que terá como finalidade a promoção dos interesses dos ditos fumadores, como se transcreve acima.
Aprovar o projecto de Estatutos referido e que segue em anexo à presente acta, para aprovação oficial.
Aprovar a votação efectuada, com o fim de se formar uma Direcção provisória, que ficou assim estabelecida:
Presidente
Sr. Dodo
Vice-Presidente
Sr. Godot
1º Secretário
Sr. 001
2º Secretário
Sr. Fulano de Tal (ausente, mas entregou procuração)
Tesoureiro
Sr. Zé das Iscas (idem)
1º Vogal
Sr. Oscar Alhinho (aspas)
2º Vogal
Sr. Fura Bolos
3º Vogal
Sr. Mata Piolhos
4º Vogal
Sr. Mindinho
5º Vogal
Sr. Seu Vizinho
6º Vogal
Sr. Pai de Todos
Remeter os Estatutos e uma cópia desta Acta de Fundação devidamente assinada pelos presentes, para aprovação oficial, às autoridades competentes.
Instituir um modelo de declaração oficial de adesão à IAC, a entregar devidamente selado junto de qualquer entidade empregadora que se ponha com paneleirices, nhé-nhé-nhé, que não admitem lá fumadores e assim, os filhos-da-puta, e a qual rezará como segue:
"Eu, abaixo assinado, Fulano de Tal (não escrever Fulano de Tal, escrever o nome do fumador), declaro por minha honra ser membro da Igreja do Abençoado Cigarrinho, IAC, pelo que reclamo a minha condição de crente na fé tabágica, tendo por deus único a bela fumaça e aceitando M. de Nicotin como profeta da baforada. Mais declaro que, por conseguinte, ao abrigo das leis nacionais e europeias vigentes, ficarei fodidíssimo dos cornos se algum palerma se atrever a recusar-me um emprego ou a discriminar-me por qualquer forma, pelo facto de eu ser fumador, já que este facto configura uma Fé legítima e não apenas, como afirmam os ditos palermas com a mania de chatear o próximo, um vício lixado para a saúde. Declaro ainda estar-me altamente cagando para o interesse de seja quem for na minha saúde, coisa que apenas a mim próprio diz respeito, e que prefiria enormemente que metessem a moral da saúde forçada pela peida acima, até porque agora é vos fodi bem fodidos, seus cabrões, porque não podem despedir ninguém, e nem sequer recusar admitir alguém com base na raça, etnia, deficiência, idade, orientação sexual, religião ou crença, essa é que é essa, e esta é uma crença verdadeira, com milhões de praticantes em todo o mundo, e uma religião como outra qualquer. Por isso, fodei-vos, o meu fumo é a minha fé, ide lá discriminar mas é o caralho que vos foda.
(data, assinatura reconhecida e uma qualquer imagem de cerâmica das Caldas)"
E, não havendo mais assuntos a tratar, resolvemos dar por encerrada esta reunião, sendo a Acta, seguidamente, lida e aprovada por todos os presentes.
(Seguem as assinaturas de todos os presentes na reunião)

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04/08/06

Ninguém, quer dizer, quase ninguém; exceptuem-se aqueles ou aquelas que não se sabe exactamente o que são



Artigo 25º
(Direito à integridade pessoal)
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos.

C.R.P.

Este artigo da Constituição contém um erro de Português, uma imprecisão técnica e uma total inconsequência prática. Não é caso único, muito menos isolado. A Constituição da República Portuguesa é o exemplo acabado de "brincadeira de extremo mau gosto".



(imagem de jpn.icicom.up.pt)

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03/08/06

Mausoléu da VI Internacional


Marx

Engels

Lenin

Stalin

Mao

Moore






Fontes pictóricas:
Google
www.soviet.net/
www.germannotes.com
sep.free.fr
www.jsb.org.br
www.marxists.org/
www.verfolgte-christen-ddr.de
www.metroactive.com

Fonte bibliográfica: Michael Moore Is a Big Fat Stupid White Man

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O Sol aos quadradinhos

O China adora poesia (Florbela e Pessoa). O nosso fiel jardineiro tem um encanto natural por rosas, gardénias e orquídeas, e o tal preto de 120 quilos não passa um dia que não oiça acústica musical afro-qualquer-coisa onde o djembê é prato do dia. Isto sem falar do Três tiros (Ópera), do Arrebenta (Teatro), ou eu próprio que me apaixono facilmente da literatura pelos clássicos portugueses.


Zé "Prisas" Amaral
EPL (Estabelecimento Prisional de Lisboa)
Memórias do Cárcere

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01/08/06

Ahrhum

"Deuterónimo" (406) será heterónimo de Deuteronómio (523000)?
(Não vale a pena responder, obrigado.)

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Simplesmente Mania, a nova novela das nove

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(...)
A desinformação global
Prever o tempo foi sempre apaixonante. Ora, prever que nada de alarmante se vai produzir não é muito interessante. No início do sec. XX, as predições alarmistas estavam já na moda.
Entretanto, elas não tiveram sucesso perante a realidade que as desmentia ano após ano. Foi somente a partir de 1985 que o alarmismo reapareceu quando a climatologia foi monopolizada pelos informáticos com os cenários mais catastrofistas. Esquecendo simplesmente a meteorologia, os modeladores fizeram cálculos extremamente simplistas com o apoio de modelos super-sofisticados para impor os seus conceitos. Mas as hipóteses sobre o aquecimento climático nunca foram verificadas pela observação, nem no início nem no fim do sec. XX. A famosa curva do IPCC não é mais do que um artefacto constantemente desmentido pelas medidas e pelas observações dos satélites.
Na realidade, o problema dito do clima é confundido com o da poluição, dois domínios, contudo, distintos que só serão bem tratados, um e outro, quando forem dissociados. Esta confusão serve igualmente de pretexto para impor uma restrição à actividade humana, considerada erradamente como a origem do aquecimento climático. A relação de interesses que se estabeleceu entre certos laboratórios, várias instituições internacionais e certos homens políticos, impôs a noção de aquecimento global. Seguir cegamente os Sumários para os decisores elaborados pelo IPCC faz deixar de lado os fenómenos reais, desperdiçar somas colossais para pagar reuniões por definição inúteis, e impede a tomada de medidas de prevenção eficazes contra os verdadeiros acontecimentos climáticos que iremos conhecer. Para que serve preparar a economia de um país para o eventual aquecimento quando todos os seus termómetros assinalarem arrefecimentos?
Finalmente, o aquecimento climático reveste cada vez mais um carácter de manipulação que parece verdadeiramente uma impostura científica e cujas primeiras vítimas são os climatologistas que não recebem os financiamentos que se dirigem para a corte de climatocratas do IPCC.
Ramada, 24 de Julho de 2006_____________________

(*) Blog: www.mitos-climaticos.blogspot.com
(de "Pânico climático", publicado no site Água online)




Esta é a parte final de um excelente, pormenorizado e fundamentadíssimo artigo de Rui G. Moura, autor do blog Mitos climáticos, que presumo seja climatologista, ou biólogo, ou coisa que o valha; arrumador de automóveis é que não será com certeza, se bem que a leitura dos seus escritos implique muito de "destroce", principalmente quanto ao lugar-comum, à vulgata pacóvia, ao pensamento único e à opinião formatada.

Já desconfiava, com este meu maldito feitio, de que essas coisas do "aquecimento global" e do "buraco do ozono" fossem duas grandessíssimas tretas, à semelhança da "gripe das aves", dos "agarrados à nicotina", da "bondade dos terroristas" e dos "amanhãs que cantam" em geral. Ler assim, muito de vez em quando, qualquer coisa bem escrita e melhor fundamentada, arrumada e clarinha como água (por assim dizer, a verdadeira "água online"), bem, é um prazer. Que nunca as mãos lhe doam, é o que é preciso.

Nem de propósito, acabo de tropeçar, e de novo via Letras com Garfos, em mais um mito esquerdista transparentemente desmontado, o daquela bojarda, meio anedota meio teoria da conspiração, de que o Pentágono não foi atingido por um avião de passageiros mas por um míssil americano, ou se calhar por um simples camiãozito de mudanças mais avantajado. São uns cómicos, os camaradinhas.

Ainda há uns dias tive mais uma ligeira altercação com certo ilustre músico, em sentidos literal e figurado, a propósito da tragédia actualmente mais em voga, o chamado "conflito do Médio-Oriente". Claro que, pois evidentemente, os árabes são os bons, olá se são, e os americanos é que são os maus da fita. E porque torna e porque deixa, e tal, a cassette do costume. É certinho. Apenas como ilustração de tese, consistindo esta em que os defensores profissionais de causas são igualmente viciados em mitos urbanos e portadores da mesma síndroma esquerdista, considere-se o seguinte método de despistagem: se um fulano qualquer acredita que a temperatura está a subir, à escala planetária, por causa da poluição que os americanos "fazem"; se é de opinião que existe um buraco no céu, algures lá em cima, devido ao capitalismo selvagem em particular e aos americanos em geral; se acha que fumar é a fonte de todos os males, à excepção daqueles que são manifestamente provocados pelos americanos; se está absolutamente convicto de que a "gripe das aves" é para ser levada a sério, embora inventada pelo Rumsfeld e seus apaniguados, esses americanos descabelados; se, por fim, esse tal fulano (ou fulana) é muito baril, e fixe, e amigo dos pobrezinhos, e fala com bué de yá, meu, e até votou Manuel Alegre e tudo, bom, não há que enganar, essa pessoa acha-se seguramente "do lado" dos árabes, diz que não mas é anti-semita, já foi muito provavelmente comunista, aderiu mais recentemente à "causa" palestiniana e, além de todas estas coisas, especializou-se em lavagens ao cérebro, de resto a única actividade relacionada com higiene em que se ocupa regularmente. O teste é tão infalível como impossível se torna qualquer espécie de diálogo entre semelhante morcão e uma pessoa normal.

É que não adianta, chefinhos. O esquerdista (ex-comunista) "defende" com igual convicção, totalmente acéfala e basicamente anti-americana, o lince da Malcata e o Hugo Pratt, os direitos dos "trabalhadores" e das "minorias", os malefícios do tabaco e os benefícios do haxixe, o horror da globalização e o mérito da regionalização, quem tem e quem não tem direito a "mandar" na própria barriga, a maldade genética dos judeus e o óbvio altruísmo da Al Qaeda, os sem-terra e os desempregados, o caracol de Freixo-de-Espada-à-Cinta e a lesma de Vinhais, a tragédia que é a desertificação e aquela que representa a industrialização. E assim por diante, seja o que for.

A chamada política "tudo em um", ou seja, ideais a granel, tudo à molhada e um só objectivo: o reviralho. Não interessa o que está mal, ao certo, que se lixe, o que é preciso é mudar o "estado de coisas", mudar, mudar por mudar, mudar para mudar. Isso do buraco do ozono é amendoins, o aquecimento global um figo, simples aperitivo e sobremesa, respectivamente, para o tema central e único, a tal obsessão primordial.

Dantes, nos bons tempos em que se chamava os bois pelos nomes, que era quando ainda havia bois, este tipo de comportamento designava-se por simplesmente mania. Agora chama-se politicamente correcto, mas é rigorosamente a mesma coisa.

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The culture of denial

"Throats must be slit and skulls must be shattered."
Aed Al Qami, líder religioso saudita





Via Letras Com Garfos.
Duração: 1 h e 17 m.

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