Odi profanum vulgus et arceo

30/04/04

Centro de Mídia Independente do Socialismo-Caviar


Centro de Mídia Independente do Socialismo Caviar

Um Blog Sobre Socialistas-Caviar, Esquerdinhas-Chique, Viúvas da União Soviética, Patricinhas Guevarinhas de Butique, Playboys metidos a revolucionários e Fascistas de Esquerda em geral

A figura é do CMISC, um blog brasileiro que me surgiu através de consulta à Google com o seguinte critério de pesquisa:
"doença mental"+socialismo+comunismo.

É um assunto que há muito me apaixona. Li não sei onde que um estudioso fascista espanhol desenvolveu investigações no sentido de provar a teoria. Gostaria muito de ler esse estudo, confesso, até porque não possuo os conhecimentos suficientes para sustentar uma coisa que sempre me pareceu evidente; mas, claro, uma coisa é a evidência e outra é prová-la cientificamente; de resto, como se sabe, dezenas de milhão de seres humanos assassinados, fome e miséria generalizadas, campos de concentração, arbitrariedade total e ausência absoluta de direitos cívicos, pátrias aniquiladas, povos destruídos, economias arruinadas, tudo isso não é minimamente suficiente para comprovar a invalidade de um ideal ou a inviabilidade de um sistema. A prova de que as provas são fracas é que ainda existem Partidos Comunistas e comunistas, e ainda há quem lhes dê crédito.

Tenho para mim que é necessário alguma espécie de destrambelhamento para persistir na ideia de que o "socialismo" é, foi ou poderá vir a ser uma coisa boa, positiva, exequível, credível, aceitável mesmo. Se uma pessoa mantém essa convicção, apesar de tudo o que aconteceu no último século (ou não aconteceu nada?), deverá existir alguma explicação lógica, de cariz médico, mais precisamente do foro psiquiátrico

Foi, de resto, a mesmíssima convicção, esta minha, que os stalinistas levaram à prática durante décadas: o camarada tem dúvidas sobre a infalibidade do sistema? Acha que o paizinho dos povos, camarada Stalin, não é exactamente a bondade em pessoa? Ah sim? Bom, interne-se. Reeduque-se. Sibéria com ele. Se não pensa como nós, que somos a esmagadora maioria do "povo" e somos o paradigma da "solidariedade", só pode estar doido varrido.

De facto, como acontecia nos paraísos socialistas e como ainda acontece nos parques jurássicos chinês, cubano, vietnamita e coreano, também eu penso que não ver o que me parece evidente é sintoma de grave distúrbio. A diferença reside em que eu sou apenas eu e, se bem que não veja outra explicação - repito, para que ainda existam comunistas e esquerdistas em geral - senão serem eles portadores de deficiência mental, não preconizo qualquer internamento ou sequer tratamento. Quando alguma coisa se parte no cérebro, ou quando alguém já nasce sem um pedaço de matéria cinzenta, não há nada a fazer. Não nos iludamos com os trânsfugas que se passaram para "o capital", do PC para o PSD ou do PRP-BR para a administração de um Banco, por exemplo: com uma ou outra improvável excepção, essas pessoas continuam tão comunistas como antes, ou mais ainda, e continuam distorcendo a realidade hoje como faziam ontem; consideram-se a si próprias como seres superiores que apenas se preocupam com os outros e estão, por conseguinte, isentas de quaisquer obrigações ou reparos; no íntimo, acham que assim, estando por dentro, até combatem melhor o inimigo, esse eterno fantasma de cartola e dedo apontado, a reacção, o capitalismo, enfim, a cáfila de extra-terrestres cuja missão na Terra consiste em explorar os "trabalhadores".

Outra (óbvia) diferença entre eu pensar que os comunistas são malucos e eles acharem que eu e tipos como eu é que somos, é que eu admito perfeitamente que eles podem ter razão. De facto, já mudei de opinião, a respeito de inúmeras coisas, o que seria absolutamente impensável para qualquer esquerdista que se preze. Eles acham que descobriram a verdade, toda a verdade, a verdade a que temos direito, as amplas liberdades, e outras coisas assim. Eu cá não descobri nada, cada vez tenho mais dúvidas e menos certezas; desconfio mesmo de que os solipsistas é que acertaram na mouche existencial; gosto de um "bigMac", vez em quando. Enfim, nem os ossos se me aproveitam, no que a inteligência (*) diz respeito.

São, de resto e voltando ao princípio, estas minhas limitações que me fazem ter curiosidade e gostar de aprender. Porque será que eles são assim? Como se chamava o tal espanhol? Onde se poderá ler a tal teoria? Poderá ser uma espécie de esclerose limitada ao córtex? Ou uma lesão congénita do tronco cerebral?



(*) Na linguagem esquerdista, além de NKVD/KGB, Checa, Stasi e outras beneméritas instituições, inteligência significa pensamento único, vulgo "cassette"
(o CMISC tem, entre outras coisas curiosas, um excelente gerador de teorias conspiratórias idiotas contra o Bush; experimente criar a sua própria teoria da conspiração; é fácil, basta seleccionar algumas variáveis a gosto e carregar no botão)

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29/04/04






foto alojada e publicada pelo letras-com-garfos, sem menção de autoria

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28/04/04

Envelhecer é ver tudo e toda a gente a morrer à nossa volta e ficar à espera de vez.
Ainda há pouco te disse isto, e a frase ficou-me a latejar.
Bem sei que é indecente uma pessoa citar-se a si própria, mas que queres, talvez resulte este exorcismo, às vezes as palavras ditas perdem o significado quando são escritas. Ou o contrário, não importa. Não me lembro já onde li que a melhor forma de exorcizar uma coisa desagradável é repeti-la até à exaustão.
Envelhecer é ver tudo e toda a gente a morrer à nossa volta.
Quando aparece um filme em qualquer dos 401 canais, a gente diz quase sempre "já vi", e isso é estar entradote; sintoma infalível.
Trintão é o tipo que já leu uns quantos livros pela 2ª vez. Uns anos depois, já lemos muita coisa pela 3ª vez, alguns pela 4ª, um ou outro pela 5ª vez...
É quando estamos fartos de ouvir sempre o mesmo, quando todas as novidades são "reprises" do passado, inovações recauchutadas, uma sensação de "déjà vu" permanente, como uma dor de dentes no cérebro, chata, incómoda, que não vai embora. Pois, bem sei, sim, claro, indiferença e nenhuma ilusão, tudo visto.
Envelhecer é ver tudo e toda a gente a morrer.
Os cheiros têm agora outro significado e uma espantosa limpidez. Lembro-me perfeitamente do cheiro dos cadernos da escola, novinhos em folha, e o das borrachas de apagar que apetecia comer; recordo até perfeitamente qual era o cheiro exacto do entusiasmo, por exemplo.
Numa aula, já não me lembro a que propósito, disse qualquer coisa como "quando eu tinha a vossa idade, o que não vai há tanto tempo como isso..."; nem acabei a frase, porque a turma inteira rebentou a rir. Tive de puxar uma cadeira e sentar-me, suando ligeiramente. E olha que isto passou-se há um bom par de anos, já, e eles eram finalistas do "Liceu".
Envelhecer é ver tudo e toda a gente.
Sabes quem morreu? Não, não sei. Foi fulano de tal. Já não custa tanto, sabias? Até à morte a gente se habitua. Ao princípio custa um bocado, é sempre um choque, tão novo, tão nova, que desgraça. Depois já não é tanto assim. Quando encontramos alguém que não víamos há uns bons tempos (5, 10, 20 anos), a gente só pensa coisas estranhas e radicalmente egoístas: meu Deus, será que eu também envelheci assim tanto? Já terei estas rugas e estas brancas? Um espelho, rápido! Espelho meu, espelho meu, está tudo a ficar muito mais velho do que eu!
Envelhecer é ver tudo.
É recordar todos os pormenores de episódios longínquos como se tivesse sido ontem, mas não fazer grande ideia daquilo que ontem se passou. Já saber sempre "o que vai acontecer". Os nossos olhos sorriem, quer queiramos quer não, quando vêem uma criança, de fascínio, de estupefacção, de surpresa sempre nova, de mistério; e sorrimos à juventude, aos jovens que também já fomos, e dizemos com os ombros o que antes nos disseram a nós, sim, sim, claro, está bem. Pois, pois, pois, pois, pois...
E depois as coisas já "perderam a piada", queremos só o sol e o vento por companhia. E o silêncio de um relvado bem aparado, o mesmo banco de jardim. Ao longe, um galo canta ainda, com galhardia, e há aquele milhafre que risca o entardecer.
Envelhecer é ver.

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27/04/04

Ditadura do proletariado

Foi a grande "conquista" do 25 do A. Vivemos hoje, de facto, em plena ditadura do proletariado. O proletariado domina tudo, concentra todos os poderes, dita leis e impõe costumes, é intocável, está para além de qualquer sanção ou sequer julgamento. Vaca sagrada dos tempos modernos, o proletariado constitui a maioria da população e alcançou o poder absoluto através de métodos "democráticos", como a aquiescência tácita, embevecida, bovina, das chamadas classes "dominantes".

Os livros que lemos (e, de preferência, os que não lemos) são impostos pelos proletários, impingidos porta a porta, rua a rua, como prevê qualquer manual de acção revolucionária, e é absolutamente obrigatório ler aquilo ou, em alternativa, não ler coisa nenhuma. A música proletária - Romana, Mónica Sintra, Emanuel, Pet Shop Boys, Julio Iglesias, toda a coorte celestial e bestialmente pimba - ganha tudo, prata, ouro, platina, e é absolutamente obrigatório ouvir aquilo. Os jornais, que o proletariado não lê ("eu nunca leio jornais" é uma espécie de santo e senha para mecânicos, "chanferes" de táxi e quejandos), não passam hoje de caixas de ressonância do trogloditismo vigente, com meia-dúzia de iluminados - conhecidos como "fazedores de opinião, ou "ópiniom meiqueres" - escrevendo sempre as mesmas coisas e filtrando cautelosamente o que não é conveniente. O circo dos tempos modernos, que muito comodamente se passa dentro de uma caixinha (a mesma que, diz-se, mudou o mundo), tem os canais - em número e em qualidade - que o proletariado (também há quem lhe chame "audiências" ou "share") impõe, determina, dita sem qualquer rebuço. Evidentemente, também é obrigatório ver aquilo. Pouco faltará para que a chamada "cultura" se reduza a ruído high-tech, jornais desportivos e telenovelas; artes como a Pintura, a Escultura, o Teatro, o Cinema, serão, nesses outros amanhãs que cantam, reduzidos à mais radical das insignificâncias: pinchagens nas paredes e macacadas para mentecapto rir, o mais alarvemente possível. Claro que sempre restarão uns quantos maluquinhos que apreciam Arte (merdas, em linguagem proletária), mas esses - sempre os mesmos também, dois ou três - nunca se atreverão a sequer darem conta do processo de estupidificação em massa que vai decorrendo. O embrutecimento é a verdadeira indústria do século XXI, tão implacável como o buraco do ozono, e sensivelmente com os mesmos tamanho, importância e espessura .

O proletariado, classe absolutamente dominante, detém hoje todos os poderes, impõe comportamentos, determina coligações, faz e desfaz alianças, faz e desfaz governos, cria e crucifica figuras públicas, condena e premeia conforme lhe dá na real gana. Tudo isto enquanto escarra para o chão, rouba o cliente, bate na mulher, engana o patrão, vigariza o Estado, risca o carro do vizinho. O proletariado é omnipotente e omnipresente: está na porta ao lado, no andar de cima, é o "homem dos estores", o mecânico analfabeto dado às contas de subtrair, o vendedor de morangos a olhómetro, o "técnico" da esquina. É o tal que tem todos os direitos ("dereitos") e que nem precisa de documentos ("papéis"), facturas, recibos, declarações, nem tem, evidentemente, qualquer espécie de obrigações ou responsabilidade.

Ao contrário do significado enciclopédico, o proletariado hoje detém o poder económico; o seu modo de vida resume-se a uma desesperada tentativa de deixar de pertencer à sua classe social e subir na escala, seja como for. O ódio que o proletário nutre às classes "favorecidas" (pela sorte, presume-se) apenas é comparável ao que sente pelos da própria condição; daí a necessidade que evidencia de permanentemente atirar à cara, de uns e de outros, o dinheiro que tem, os cromados da "máquina", o som do "estéreo", as cascas da mariscada, a toalha às risquinhas, os "ténes" de marca, as contas do "xóping", o preço do bife de lombo.

É com R, sem dúvida. Não houve evolução alguma, é verdade. Foi Revolução mesmo. Nada de novo, enfim, para quem saiba um pouco mais de História do que o resultado do último "dérbe".

Restará, a quem não teve nem tem nada a ver com a nova ditadura, reconhecer a evidência: Portugal mudou mesmo e não há nada a fazer. A não ser, talvez, mudar de lugar; para o Gobi, por exemplo.


ditadura: s.f. Qualquer regime político que suprime ou restringe as liberdades individuais
proletariado: s.m. Designava, na Roma antiga, a classe dos homens sem direito nem propriedade, cuja riqueza era a de gerar filhos (proles) - daqui o termo.

(este texto foi censurado por mim mesmo)

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26/04/04

Não regulo da caixa dos martelos. Bem me parecia.


Ora então, aqui está uma peçazinha que prova, à saciedade, que o trabalho faz pessimamente à saúde e que puxar pelo canastro é claríssimo sintoma de desequilíbrio mental.

Abdicar de tudo para trabalhar

A exigência e a pressão, sob as quais muitas pessoas desenvolvem a sua actividade profissional, são factores de uma crescente concorrência do mundo de hoje. Quando a sobrecarrega de tarefas não é mais uma necessidade mas um vício, aquilo que era apenas um empenho e dedicação passa a uma preocupação excessiva capaz de abalar o equilíbrio mental da pessoa.
Quando se tem obsessão em trabalhar acaba-se, muitas vezes, por estreitar os horizontes para focalizar todas as atenções na nossa profissão. Os amigos, a família e os tempos de lazer são substituídos por trabalho. O cansaço sente-se, mas não se tem coragem de abrandar nem tão pouco de ir férias. O perfeccionismo total é uma meta a atingir em qualquer tipo de tarefa e, para se fazer tudo a rigor é indispensável ter todo o tempo do mundo. Antes da pessoa se aperceber da situação, os problemas de saúde surgem. O stress, as depressões, o desespero e a fadiga passam a se uma realidade e, em situações mais complicadas, o coração pode não aguentar.
Stefan Poppelreuter, especialista em Psicologia Económica e coordenador de uma pesquisa sobre a compulsão para o trabalho realizada na Universidade de Bona, na Alemanha, afirma que essa tendência "não está relacionada ao grande número de horas de expediente, mas sim ao motivo pelo qual se trabalha muito". A este respeito, o especialista considera dois tipos de grupos. Num primeiro grupo estão as pessoas que "vêm de um ambiente familiar extremamente orientado ao desempenho profissional e que, por se sentirem inseguras, procuram uma afirmação externa"; num outro grupo, Stefan reconhece "pessoas que têm medo de relacionamentos afectivos e, para se afastarem dos problemas pessoais, mergulham no trabalho". Ilusões que podem matar...


Com os maiores agradecimentos a o vício faz o monge, fico ciente. E já tenho aqui as pastilhas de nitroglicerina à mão, não se vá dar o caso de o trabalhador que tenho no coração resolver fazer greve.

Cumprimentos.
001 (Monge, para os amigos)

P.S.: se bem que tudo aquilo que eu digo não seja muito de fiar, ao que deduzo, sugeria-lhe que não se fiasse o amigo num gajo que se chama Poppelreuter; não sei porquê, é um palpite.

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Féria




Legenda:
momento 1: santo e senha
momento 2: palavra de ordem
momento 3: vamos ao que interessa

Aqui está um novo e nada disfarçado silogismo. Se o 25A é sempre, e se o fasssismo nunca mais, então o 25A nunca deve calhar ao Domingo; lógico; nem ao Sábado, nem em dias feriados, nem nas férias de cada um. Confere; 25 de Abril sempre, pois, olha que realmente, 25 de Abril sete dias por semana, 25 de Abril 365 dias por ano, sempre, sempre, sempre, não fazer nenhum, portanto, ora bem, nunca, nunca, nunca.

O 25A é o dia da liberdade para ir à praia, o dia da liberdade para não picar o ponto, enfim, o dia da liberdade para não fazer absolutamente nada; o dia das amplas liberdades, como se vê e comprova. O primeiro dia da directa até ao dia do empregado (1M), uma semana inteira das tais amplas liberdades e de folguedos variados, mesmo à beirinha dos santos populares, de tantos e tão devotos seguidores, e depois o "merecido decanso" anual, grande conquista, caramba, e logo o S. Martinho, e depois o Natal e o "réveilom", e o Carnaval, que em Portugal não é três dias mas sete, 15 com alguma engenharia de direito laboral. O típico empregado nacional, não o sendo em mais nada, é um verdadeiro especialista em questões de "direitos", ou seja, em descortinar alçapões legais que lhe permitam sucessivamente escapar de qualquer espécie de actividade remunerada, saltitando levemente de festa nacional em festa nacional, com a elegância e a discrição das nossas amigas vespinhas. Desde que, evidentemente, a recusa de qualquer actividade não implique a perda de qualquer remuneração.

52 Sábados, 52 Domingos, 22 dias "úteis" de férias, 10 feriados, eis o ano de trabalho do português "médio". Com mais 6 dias de "artigo" ("assuntos particulares inadiáveis", "indisposição súbita", etc., o cardápio é enorme e muito imaginativo), mais uma ou outra "baixa" (3 dias, no mínimo, por lei) e ainda umas quantas baldas por motivos diversos, eis que esse tal português é obrigado a sentar-se no "posto de trabalho" qualquer coisa como 215 dias por ano. É a média do português médio, o que, mesmo assim, não garante minimamente que os "trabalhadores" pátrios façam seja o que for nesses excruciantes períodos em que têm de estar no seu "posto", entretidos com telefonemas e com blogs.

Mas tudo o que isto envolve, absentismo, produtividade, horários, prazos, são minudências, coisa pouca, e não explica minimamente porque é que esta "choldra infecta" é uma choldra infecta, nem resolve o mistério do atraso português, nem justifica o carisma nacional de peditório internacional constante, nem sequer alivia a vergonha da meia dúzia de maluquinhos tugas que misteriosamente persistem em trabalhar. Bem sabemos que há malucos e manias para tudo, mas urge tomar medidas drásticas no sentido de meter esta esmagadora minoria na ordem, até porque não fica bem, que diabo, agora estarmos a levar com chatos, tipos dedicados à profissão ou, horror dos horrores, com pessoas "competentes". Cambada de fachos, está-se mesmo a ver, é o que eles são, corramos com eles, camaradas, pá, abaixo a reacção, etc.

Um arguido é interrogado em 72 horas e não em 7, são necessários 7 anos para resolver uma questão legal, a prisão preventiva será brevemente reduzida de dois anos e meio para dois anos ( e não para qualquer coisa razoável, como dois meses, por exemplo); qualquer papel apenas é "despachado" quando tiver adquirido uma cor adequada, amarelo acastanhado, e com um número de manchas e rasgões adequado, nunca antes disso. Ninguém, em Portugal, faz a mais pequena ideia porque é que estas coisas acontecem, porque é que "só neste país" é que se passam coisas destas. É deveras comovente a preocupação que os nossos governantes, mai-los analistas e fazedores de opinião, sistematicamente colocam em seus altos afazeres, cargos e palpites por escrito, na tantálica demanda do diagnóstico e da cura para o português reumatismo social. Nomeiam-se comissões a granel, com a incumbência de estudar o caso, e, uns anos depois, surgem as conclusões que finalmente poderiam explicar o nosso atavismo: não estão reunidas as condições para um diagnóstico fidedigno, recomenda-se que seja nomeada uma sub-comissão para analisar o caso em profundidade.

Ninguém sabe, ninguém entende, pois então, nós que até fomos ao Brasil e voltámos, nós, que demos novos mundos ao mundo, e tal e tal, bem, como é possível que isto não saia da cepa torta? Quid agendum? Hem? Porque será?

(figura de farinha amparo)

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23/04/04

orig otiuM!


http://001.blogspot.com.mirror.sytes.org/

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21/04/04

Anna ha un fidanzato assurdamente bello e assurdamente ricco. Quando la pianta in asso decide di lasciar perdere gli uomini e di dedicarsi interamente alla carriera. È così che trova un posto come "assistente" - ma in realtà da tata presso Cassandra, scrittrice e diabolica arrampicatrice sociale con casa nel quartiere più chic di Londra, marito ex-rockstar donnaiolo e un figlio che sembra una creatura di Satana. Anna sa che non resisterà a lungo, ma ecco che incontra Jamie, ricco e affascinante erede di un castello scozzese. Quasi non riesce a credere alla sua fortuna e fa molto, molto bene a non crederci...
http://www.alice.it/forthcom/ne/ne911515.htm

1980 23° Edizione
HO VISTO UN ROSPO EU VI UM SAPO (PORTOGALLO) 3'35"
(CARVALHO L. - BATALHA C. - PARAZZINI ERMANNO)
Canta: DE JESUS LOPES MARIA ARMANDA
Ho visto un rospo molto grosso,
col viso smorto e un occhio storto.
Ho visto un rospo che canta, balla e gioca a palla.
È davvero un mattacchione!
Si è mangiato un carro armato
e ha bevuto tanto di quel vino da fare il pieno ad un autotreno.
Poi si è gonfiato ed è volato.
Forse quel rospetto è un maghetto?!
No, non è un mattacchione, né un maghetto, è solamente un amico di mio papà!
http://www.antoniano.it/zecchino/zecc.ao_it.php


A Língua italiana é esmagadoramente bela.
Não é fácil imaginar a mesma coisa, mesmo se dita pela voz da mais espantosa "diseuse" portuguesa de sempre(*), recitando a versão portuguesa:

Eu vi um sapo
Eu vi um sapo
Um feio sapo
Ali na horta
Com a boca torta

Tu viste um sapo
Um feio sapo
Tiveste medo
Ou é segredo

Eu vi um sapo
Com guardanapo
Estava a papar
Um bom jantar

Tu viste um sapo
Com guardanapo
E o que comia
E o que fazia

Eu vi um sapo
A encher o papo
Tudo comeu
Nem ofereceu

Tu viste um sapo
A encher o papo
E o bicharoco
Não te deu troco

Eu vi um sapo
Um grande sapo
Foi malcriado
Fiquei zangado

Tu viste um sapo
Um grande sapo
Deixa-o lá estar
Vamos brincar.

http://homepage.oninet.pt/719mxb/_sgt/m6m1_1.htm

(*) Natália Luísa, evidentemente

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20/04/04

Viva a guevolução, poga


Anda pug aí toda gente com a mania de guetigague os égues às palavgas e eu cá, sincegamente, ainda não pegcebi exactamente pugquê. Segá isto que é mesmo do guaganá? Se queguiam imitague nosso ministgo da pguesidência e de não-sei-que-mais (Mogais Sagmento, aquele das bagbas que lixou a éguetêpê 2), ega bem melhogue escgueveguem guealmente como ele fala, pogque assim não se pegcebe patavina. Se se tgata de pguguidos pug causa do anivegueságuio do 25 de Abguile, e mais da guelativa tgapalhada com o cagtaz, coisa da qual, de guesto, tenho motivos paga duvidague, bem mais eficaz e mediático seguia - pug exemplo - condenag o Gabguiel Alves às pgofundas do infegno, mai-las suas tangas neologistas e seu vozeigão cavegnoso. Sempgue se melhogava alguma coisinha no dia-a-dia do pugtuguês, ega uma contguibuiçãozinha paga a nossa qualidade de vida, olhem que está o eugupeu à pogta, agoga é que ega, guefogmá-lo. Pug amogue de Deus, mandem o homem paga casa com uma pensãozinha choguda, antes que alguém faça uma desguegaça.

Mas enfim, não me palece que andem agola a letilale os éles pol causa - pol exemplo - do Gabliel Alves e mai-los seus "mékmé" (MacManaman), "ó-uí" (João Pinto), "ká-é" (Calos Albelto), ou dos seus conhecidíssimos guinchos ("ô" é golo, "ííííí" é boa jogada, "uuuuuu" é toque de calcanhal); não, não deve sel pol isto, deve sel mesmo polque o govelno letilou o éle ao caltaz de comemulação dos tlinta anos do 25 de Ablile. Ola, lealmente isso não se faz; tá mal. Acho pelfeitamente que a malta ploteste, só me palece que letilale o éle de todas as palavlas é ainda mais lidículo, como folma de plotesto, até polque demonstla uma tlemneda ignolância: o tempo velbal do caletaz é plesente do indicativo. Poltanto, palece que não lemblou ao govelno, como não lemblalia ao caleca, que o 25 do A não tenha sido uma levolução; foi-o, de facto, mas hoje é evolução. Confele, e não apenas glamiticalmente.
Mas (plontos), se queliam plotestale pul causa do éle, ao menos esclevessem de folma legível e inteligível, assim a modos como fala o tipo do Tun-Fón quando pelegunta se quelemos clépes.
De qualquel folma, e pala que não subsistam dúvidas nos espílitos dos nossos tlês leitoles, deixem-nos glitále a uma só voz:

Viva a levolução, pola


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É um avião? Não.
É um pássaro? Não.
É um blog? Não.
É...



... www.lilicanecas.com
(canecas, note-se, óbálhamedeus)



(a foto é jpg e chama-se "Lili nova". Tricky webmaster.)

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19/04/04

Ele realmente há coisas. Bem nos temos esforçado, eu, o Godot, o Dodo e o outro, todos os quatro, enfim, e o caso é este: nada. Nestes. Népia. Rien de rien.

A gente escreve, e provoca, e espicaça, a gente vai distribuindo graxa até, e mesmo assim, zero. Fundámos o BOI (blogs olimpicamente ignorados), insultamos a torto e a direito, sem distinção entre notáveis, indistintos ou nem por isso, escarrapachamos os nomes dos blogs e conferimos os links: o mesmo silêncio ensurdecedor. Às vezes pegamo-nos e temos tremendas peixeiradas, tu não escreves porra nenhuma, diz um, tu é que te pões com assuntozinhos da treta, diz outro, mas porque será, porque será, porque será, digo eu, digo eu, digo eu, que tenho a mania de dizer tudo em triplicado.

E depois, é fatal como o destino, lá aparece mais alguém, algures, com alguma coisa de jeito, meia dúzia de linhas bem escritas, e lá chovem os emails e os comentários, lá, não aqui. Aqui nunca choveu nada a não ser a dita, quando o mar está bravo.

Agora nasceu mais uma dessas coisas de jeito, claro, tinha de ser, com o nome mais esquisito possível (mymoleskine, caramba, o que raio vem a ser isso) e pronto, a rapariga já se vai queixando do excesso de mensagens na caixa, já anda nas bocas das tias, e muito atazanada com polémicas. Acontece que essa tal Inês começou no dia 8 deste mês, e logo a refilar com tudo e com todos, e que os "templates" que práí se vêem são do piorio, e que tem uma amiga que vai pra Moscovo (boa biaige), e aquilo é de Luis Borges pra riba - VergílioFerreira acima, Alexandra Lencastre abaixo, coisas assim - e até consegue descobrir onde se "inspiram" alguns dos mais conceituados blogadores cá do bairro; enfim, em onze dias o moleskyne dela teve mais visitantes do que aqui o Godot em quase um ano, mais coisa menos coisa. Ou seja, a rapariga sabe escrever e, ó meus amigos, isto em terra de cegos quem sabe seu Latim é rei, e isso é quanto basta para que se despertem imediatamente as consciências e se alevantem invejas à matroca.

Mistério dos mistérios é não ser o saber escrever condição exclusiva, e muito menos exclusora, veja-se o caso de nosso Abrupto, ou dos quinhentos e trinta e um ilustres, os extintos génios, os génios extintos ou os ainda mais prosaicos e prolíficos simplesmente ex-tintos. É melhor não citar, para não ferir susceptibilidades, não vá agora algum deles varrer-se-nos. Intrigante, de facto, como acontecem estas coisas, aparecer uma Inês qualquer a pespegar umas coisas num blog, e logo aqui, nesta coisa ridícula que é a "blogosfera", e em coisa de quinze dias aparecer citada por tudo o que é cão e gato. Ó pra mim aqui a citá-la:

Escrito a quente
Só agora vi o post que me foi dedicado no Bomba Inteligente. Estou sem palavras, naturalmente. E sinto uma imensa vergonha.
Quando escrevi aquele primeiro post, nunca pensei que alguém pudesse dar-lhe alguma importância. Pareceu-me que dizia meia dúzia de trivialidades – e sempre julguei que pouco importaria aquilo que eu achava ou deixava de achar. Enganei-me. De resto, dizia que os sentimentos eram contraditórios. Enfim, nunca me passou pela cabeça que pudesse gerar tanto barulho – disseram-me para ter cuidado com o que escrevia, mas nunca mencionaram aquele maldito post. Se imaginasse, teria ficado calada. Não estava preparada para isto, claramente.
Já agora: repudio, por princípio, todo o assassínio selectivo.

Renovo o meu pedido de desculpas – ainda que soe a pouco – e fecho para balanço.


Modesta, ainda por cima. Não me dá abalo nenhum ao pífaro saber qual foi a coisa, qual foi ela, que irritou a bomboca, mas só isso já não é nada mau. Cara Inês, quando conseguir fazer o Aviz, por exemplo, soerguer uma sobrancelha, bem pode despedir-se lá no emprego. Ou meter licença sem vencimento, ou baixa prolongada, ou qualquer outro dos esquemas que as "pessoas de bem" arranjam, cá na pátria, para se dedicarem em exclusivo ao nosso honrado desporto nacional: escrever umas coisas.

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18/04/04

Como já toda a gente sabe, Alexandra Solnado lançou mais um livro. Enquanto no primeiro livro, algo rudimentar, ainda não existia qualquer referência às novas tecnologias, o segundo intitula-se "Mensagens recebidas".

Uma operadora de telemóveis forneceu-me uma listagem das mensagens que Alexandra Solnado recebeu e não aproveitou para o seu livro:

FROM: JC
MESSAGE: Crlhs me fdm, pds parar de mandar toks?


Esta fez-me chorar a rir. Obrigado, apanhados.

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Obrigadinho também aos cervídeos


O Godot anda muito cosmopolita, googlita, internacional, escrutinado. Um dos últimos visitantes veio aqui parar com o seguinte critério de busca:

bolsa+"Cavaco Silva"+"vender gato por lebre"

Trás, 1º lugar na Google, ora façam o favor de conferir. Deduz-se portanto que nunca ninguém tinha associado nosso ex-primeiro a vigarices ou à nossa bolsa. Oh, glória, até me emocionei.

Outras curiosas entradas com origem em diversos motores de busca:

massagistas+Rossio (da Google alemã, note-se)
foda portuguesas (faltará "em"?)
lambe conas (duas vezes, na Yahoo!)
massagistas tailandesas (no Rossio é mais caro)
langonha na cara (ora bem, portantes, ahrrum)

E então, isto é ou não é cosmo+politismo?

Claro que o recente e inusitado movimento, aqui no pasquim vritual, deve-se por inteiro ao solícito renas e veados, com o seu post sobre técnicas de visualização assistida. Não fora isso e por certo não teríamos tido o prazer de receber a visita de tão ilustres navegadores; e não teriam estes tido, por consequência, a oportunidade de se debruçarem sobre as nossas modestas (mas giras) reflexões. Teremos quiçá contribuído para desviar essas pessoas de maus caminhos e pensamentos, ao menos por uns segundos, o que não é pequena missão, moral e civilizacionalmente meritória.

Somos assim, cá no Godot, tudo pela Nação, pela moral e pelos bons costumes, e nada contra, evidentemente.


(acabo de verificar que o post original do "renas" foi apagado; ó, que pena)

actualização/adenda/corrigenda em 20.04, às 17:28: afinal o "post" não tinha nada sido apagado, no renas&veados; o Dodo é que é um ganda cegueta; já lhe dei uma cachaporra no bico (tunc, isto é o som exacto de uma cachaporra no bico de um dodo). A mina vernácula está lá, sim, para quem quiser ver à transparência. Obrigadinho de novo, desta vez pelo mail a avisar.

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Genial


Istonisto, o que dá naquilo.
Bestial.

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17/04/04

Made in China


Tuga é coisa de genérico. Generalize-se.
Português, em suma, é genérico; Portugal é uma imitação barata de um país. Nacionalize-se.
Se é mais barato reproduzir o que é bom, isso é melhor. Reproduza-se.
Não importa quem fez, quem teve a ideia, quem viu, chegou, criou, inventou, compreendeu, descobriu primeiro. Se é copiável, copia-se. Copie-se.
Chama-se a isso, em Português, "concorrência". Concorrência, a arte do plágio, o mimetismo, a cópia, chamemos os bois pelos nomes. Chame-se.
Se isso para ti funciona (ó meu grande cabrão) eu ponho já a mesma merda a funcionar por metade do preço, ou à borla, o que pensas tu, filho da puta, monte de esterco, mas quem raio pensas tu que és, hem, ó iluminado da treta.
Chicos espertos. Chico-espertismo. Xikispertismo, por conseguinte, sejamos modernos. Chiquize-se.
Ninguém vê nada. Ninguém viu nada. "Ninguém viu", diz a mãe à criança, quando a criança parte um copo ou se magoou num dedo. E isso é giro. isso é que é, as coisas são assim mesmo. Anonimize-se, proteja-se, infantilize-se, brinque-se.
Português é Viagra de imitação, é Vicodin quase igual, é produto branco, é whisky de Sacavém, é feira de Carcavelos, é as coisas "em conta", é roubo, é desfalque, é espertinho, é muito contentinho. É vómito reciclado, o português. É garrafinhas no vidrão e lixo aos montes para o chão, o português. É um bardamerdas que se considera figura da história, descobridor e etecetera e tal, cobridor do melhor, grande poeta e escritor, a mais fina flor, do entulho pois com certeza. É cego com um olho no burro e outro no cigano. É cigano lusitano e apátrida. É amigo do Senhor Engenheiro e do Senhor Doutor, compadre de Fulano de Tal, e da família Sicrano e Beltrano, gente muito lá de casa, e conhece perfeitamente o Xôr Girente e o Xôr Director e o Xôr Capitão.
Não falamos Português, nem temos os olhos redondos e escuros, a nossa pele não é morena, enrugada e malcheirosa; falamos cantonês, mandarim, no máximo, porque ninguém nos entende; os nossos olhos são como fendas de seteiras, mas deitadas, e não vemos senão aquilo que mais nos convém; fazemos questão em conservar a nossa casca grossa, amarela de cobardia, e também castanha de sujidade; não lavamos porque a pele gasta-se, portanto poupemos a nossa pele.
Somos todos "quase a mesma coisa", somos "praticamente", somos brilhantes e eloquentes como poucos por esse pequeno mundo fora. Temos " a História mais bonita da história", ou vice versa, e a vida de qualquer um de nós dava um filme.
Mas...
Fui eu.
Fui eu.
Fui eu.
Fui eu.
Fui eu.
Foda-se, fui eu.

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16/04/04

Blogs
Após uns dias a olhar para esta coisa dos blogs, aqui vai.
Parece-me uma coisa meia adolescente, já que há muita gente que dá ideia de estar a curtir nuns 'chats'. Eu sempre tive para mim que quando se fala em público (isto é público) vale mais ter alguma coisa para dizer. Para queimar o tempo, ou ter visibilidade, há outras formas de actuação, digo eu. A quantidade de frases sem sentido nenhum, que li nos últimos dias, é notável.
Vêem-se coisas do género ‘falar para o umbigo’. Vislumbram-se outras que funcionam como desabafo, só. Outras tantas armam em intelectual, cuja diferença do intelectual estrito é que não adiantam nada à sapiência de quem lê. Depois há também aquelas que não defendem nada, não atacam nada, liofilizadas no seu hermético medo pós-moderno. E há ainda outras que demonstram as bocas estreitas e as mãos pequenas que por esse Portugal abundam; isto sexualmente falando. Por último, descobri algumas que são 'humus naturalis', e pronto.
Eu ainda estou a começar. Algum dos meus plausíveis leitores me quer dar uma explicação – eu diria mesmo, uma forcinha?

P.S. – Para que conste: há (também) bloguistas que não estão nisto apenas para queimar testosterona (se for o caso, meninas que aponham ‘a’). Veja--se, por exemplo, o meu amigo pouco simétrico Nova Frente.


claque quente

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quod erat demonstrandum


E o boss, que não faz nenhum, planta-se ao meu lado a falar dos fabulosos livros que anda a ler. Não percebe que tenho mais que fazer? Tenho novos posts para escrever, responder aos comentários dos meus leitores, ver os meus blogs preferidos!
a gata que mia

olha 1
olha 2
olha 3

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15/04/04

Meu caro José Manuel Fernandes,(***)

O Miguel Portas escreve hoje no DN umas coisas a seu respeito que, espero bem, merecerão uma resposta em perfeita conformidade.

Trocado por miúdos, o irmão do nosso Ministro da Defesa chama-lhe, a si, cobarde. Nem mais nem ontem. Poltrão, se preferir. Caguinchas. Mariquinhas.

Homem, isto não pode ficar assim. Já terá vc. lido a coluna, e daqui o imagino fervendo de raiva; quem sou eu para lhe dar conselhos, ou mesmo para estar assim lançando palpites; apenas me ponho desde já à disposição para lhe marcar a passagem, reservar o bilhete, talvez até consiga arranjar-lhe onde ficar, lá no Iraque. É coisa para umas horas, com isto das Internetes é facílimo tratar desses assuntos sem sair do lugar.

Recapitulando, cita nosso Portas II, na rubrica "sintomas" do Notícias, um editorial do amigo JMF com os seguintes dizeres:

É este o mundo em que vivemos. Um mundo que não autoriza que se enviem aos terroristas mensagens de fraqueza, como as enviadas pelos países que apelaram aos seus civis para abandonarem o Iraque. Ou por Durão Barroso, que fez questão de dizer que não garantia a segurança dos oito (repito: oito) civis portugueses. É isso que os terroristas querem ouvir.

Escamou-se, nosso Portas II, e por isso chama aquelas feias coisas ao director do "Público". Trata-o de "cabecinha guerreira" para cima, "general sentado" e outros mimos, sempre com o fino recorte literário a que já nos habituou. Acha, com alguma razão, convenhamos, que é muito fácil falar de cátedra, sentadinho no gabinete, debitando sentenças de morte, desde que seja a dos outros e não a própria; que mandar os outros arriscar seriamente a vida é tremenda canalhice. Por isso o título da cronicazinha é, precisamente, "vai tu"! Bem achado.

Ora, caro JMF, vê-se logo que o homem está mesmo a pedi-las. Agora o amigo mete-se num avião, desembarca em Bagdad e por lá se queda uns dias, coisa de duas ou três semanas; infelizmente, Miguel Portas não diz qual seria o prazo mínimo de estada para deixar de o considerar um canalha da pior espécie, mas presume-se que talvez quinze dias; um mesito no hotel Palestina, com umas excursões a Nassiriah ou Najaf, estou certo de que isso lhe iria limpar completamente a honra e o outro lá teria de engolir a calúnia. Se o amigo, regressado e bronzeado, lhe acrescentasse umas bengaladas à Carlos da Maia, se o tratasse como o Dâmaso Salcede que é, teríamos por fim o caso encerrado, as coisas no seu lugar, a verdade reposta e a sua dignidade restabelecida.

Parece-me que ao homem não ocorreu, escrevendo tais alarvidades, que o amigo pudesse meter-se imediatamente a caminho. E estou certo não lembrará agora a ninguém repescar o estafado e portuguesíssimo argumento "eu-cá-não-respondo-a-provocações". Isto nem sequer é uma provocação, é um insulto puro e duro, um enxovalho, uma catilinária soez a merecer cacete e resposta, imediata e adequada, trás-trás.

Se necessário for, e a si não der jeito, pelos imensos compromissos profissionais que certamente o assoberbam, tem neste seu amigo um voluntário às ordens. Irei no seu lugar com muito gosto. Aliás, não me custa nada, assim como assim, extinto por extinto, mais vale uma segunda morte que valha a pena, e sempre se lhe lava a honra a si, o que não é despiciendo. Mas, sinceramente o digo, não estou a vê-lo a aceitar que alguém vá à guerra no seu lugar.

Fica a oferta.
Aceite um abraço deste fiel leitor,

Dodo


(***) não conheço este cavalheiro de lado nenhum

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14/04/04

Mas neste país ninguém faz porra nenhuma?


Além de blogs?

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11/04/04

Direito ao silêncio


As áreas de serviço são instalações confinantes com as auto-estradas, destinadas a prestar aos seus clientes um leque variado de serviços. Em regra, dispõem de postos de abastecimento de combustível, lavagem de veículos (nalguns casos), áreas de restauração, zonas de descanso e, por vezes incluem também hotéis. Actualmente, a BRISA conta com 23 Áreas de Serviço ao longo da rede concessionada, com uma distância máxima de 50 km entre si.

São todas iguais; não é nada fácil a gente saber onde está, ao certo; Aveiras, Oeiras, Estremoz ou Seixal, é tudo igual; com "uma distância máxima de 50 km entre si", todas as áreas de serviço têm colunas de som com uma distância máxima de 3 metros entre si.

Não há como escapar. Atestar o depósito, pumba-pumba-pumba; esperar na bicha para pagar, tchunga-tchunga-tchunga; mijinha antes de seguir viagem, ptum-ptum-ptum por cima da cabeça. Três áreas de serviço à frente, 150 km, portanto, é conveniente parar, sair, desentorpecer as pernas, comer qualquer coisa. Tremendo erro. No "restaurã", é necessário gritar o pedido, a empregada da caixa tem de explicar por gestos quanto é a conta, ou mostrar o visor da registadora. Todas as mesas estão bafejadas pela mesmíssima e rigorosamente seleccionada barulheira, com uma distância máxima de 3 metros entre si. Na esplanada, não há colunas mas altifalantes, metálicos, pumba-pumba-pum, tchunga-tchunga-tchunga, ptum-ptum-ptum; não, aqui também não; mas afinal, onde são as tais zonas de descanso? Ah, pois, é ali, onde tem umas mesas em cimento que nunca foram utilizadas, cadeiras em cimento nas quais nunca ninguém se sentou, chão em cimento que nunca ninguém pisou, é então isto a zona de descanso; de facto, aqui não há colunas nem altifalantes, mas há vento, ou sol em cheio, ou chuva, e pó, e lixo. Não, também não. Então onde, raios, onde?

A estupidez é também de cimento; tem a mesma solidez e é igualmente inamovível, inestética, cinzenta, obrigatória. A brutalidade sonora está tão firmemente implantada no tronco cerebral dos trogloditas lusitanos como o mais denso dos blocos de argamassa. Nestas eras politicamente correctas, de "fumadores passivos" que sofrem de cancros algures, existe uma lei implícita, a do ruído obrigatório: nos autocarros, nos combóios, nos eléctricos, nos barcos, nos restaurantes, nas tascas, nos cafés, em qualquer loja, fina ou grossa, em todos os centros comerciais e em todas as grandes superfícies, e nas pequenas também; até em plena rua, dependendo apenas da zona, quanto mais "nobre" pior, como fez o brilhante Santana à Baixa lisboeta.

Existe até uma lei formal, dita "do ruído" (292/200, de 14 de Novembro) que, muito portuguesmente, é pura letra morta; serviu para ocupar meia-dúzia de amiguinhos juristas, durante uns meses, à conta do erário público. Esta lei não vale o papel em que está impressa. O que vale é a lei da bandalheira, a da changa-changa, compulsiva, obrigatória, insuportável. Portugal é um país de duros de ouvido, entre outras coisas igualmente pouco simpáticas. A cultura tuga é a do mais puro cagaçal, a do horror ao silêncio, a da alergia à simplicidade. Barulho, aqui é "progresso" e "modernidade". Enfim, para não maçar, não repisemos o que toda a gente sabe mas toda a gente faz na mesma.

Um pouco de silêncio, por amor de Deus, é pedir muito? Posso? Almoçar, tomar café, ler o jornal? Pensar, talvez?

Como diz? Sim, sim, com certeza, mas, mesmo assim, não se importa de falar mais baixo?

Obrigado.




(na citação inicial, o Português, evidentemente, é da Brisa)

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06/04/04

fosga-se


Mas u ké isto?
Procura-se, morto ou vivo. Brasileiro plagiador d'um raio, não tinhas outro nome pra dar ao teu coisinho, blog, e tal, ou isso?
Uma coisa adonde a gente entra e lê
- tô no 3º nível do curso Profissionalizante de Teatro no Macunaíma. a montagem deste semestre do meu grupo é Jack ou A Peça Didática Sobre os Cortadores de Cabeças, de Carlito Soares;
bálhamedeus
kórror
devia haver um registo mundial de nomes prós blogs, digo eu, isto não se faz, então não é que aquilo se chama "esperando Godot"?
Um chavalo que se intitula "escorpiano" e "ator"! Bálhamedeus, repito.
Depois, reparando melhor, harruum, caneco, o émulo surgiu em Janeiro de 2003. Pigarreio de novo. Ora. Pois. Ahhhh... sim, portantos, coincidência, juro, nunca tinha ouvido falar daquele blog antes de criar este.
Enfim. Godots há muitos. E Beckets então, ó, é aos pontapés.

001

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02/04/04

Portugal é o país mais atrasado da Europa. Ri de quê?




eureka

7 - Sábado
8 - Domingo
14 - Sábado
15 - Domingo
21 - Sábado
22 - Domingo
29 - Sábado
30 - Domingo

Aos fins-de-semana, o blogbairro fica em silêncio; aos sábados e domingos, o bloguista acorda tarde, espreguiça-se em frente à televisão e vai chinelando pela casa, enfastiado, ansiando vagamente pela semana de "trabalho", pelos "dias úteis", pelo "horário de expediente".

Segundo um estudo da Smog&Sons, 83% dos bloggers portugueses utilizam a internet no local de trabalho; o que explica a quebra acentuada em todas as estatísticas de visitantes, em qualquer blog ou site nacional, durante os fins-de-semana, feriados, períodos de férias e também durante as chamadas "pontes".

Os números da weblogs.com indicam uma elevadíssima percentagem de blogs portugueses, em relação a países de semelhantes dimensão e população, como a Suécia ou a Irlanda, por exemplo. A capitação bloguística portuguesa é o dobro da espanhola; apenas os brasileiros nos ultrapassam, em total de blogs a dividir pelo número de residentes.

É surpreendente a capacidade de trabalho e a imaginação que revelam não apenas o conjunto mas os conteúdos, esse já imenso acervo literário e documental que é hoje - e com tendência para aumentar ad infinitum - a chamada blogosfera. Para qualquer estrangeiro que abra uns quantos dos 3000 blogs portugueses, a surpresa não poderia ser maior; vai ver e ler de tudo um pouco, vai abrir a boca de espanto com a profusão de talentos, escritores, poetas, fotógrafos e artistas gráficos, músicos, críticos, analistas políticos, sexólogos, historiadores, páginas e páginas de imensa e variada produção. Com tal quantidade e, em alguns casos, qualidade, certamente acabará por surgir, no espírito desse estrangeiro turista ocasional, uma terrível dúvida sobre a veracidade de todos os indicadores internacionais: como é possível que, num país que tantos e tão bons textos produz, o número de jornais e de livros per capita seja o menor da Europa? Se temos cá blogs actualizados quatro, cinco, dez vezes por dia, porque será que a nossa taxa de analfabetismo é a mais elevada do velho Continente? Ou que temos o mais baixo nível de vida dos Quinze? Ou o menor PIB? Ou a maior taxa de mortalidade nas estradas? Ou o mais gigantesco exército de funcionários públicos?

No fim de contas, uma coisa não tem muito a ver com a outra, mas é um indício dos que podem contribuir para explicar o nosso ancestral atavismo. Se o português típico navega na internet durante o "horário de expediente", utilizando o aparelho, a rede e a ligação da sua Empresa, o português médio bloguista está, pura e simplesmente, a roubar o patrão, o Estado e, em última análise, o seu país; está a produzir bens imateriais e inconsequentes, sem qualquer retorno, à custa de quem lhe paga para estar ali, durante aquele tempo, supostamente produzindo aquilo para que foi contratado; e era suposto igualmente utilizar o material que lhe é distribuído para os fins a que se destinaria, e as ferramentas e equipamentos idem aspas.

Ainda mais surpreendentemente, todos os recursos e tempo, respectivamente usados e gasto, na hiperprodução de textos catitas e artigos diversos, são-no muitas vezes como expressão de descontentamento, exactamente, nem de propósito, sobre a situação do país, seu atraso estrutural e sua idiossincrática aversão ao talento. Os bloggers portugueses lá se entretêm, comodamente sentados no "posto de trabalho", atacando o Governo com extrema lucidez, e com verborreica indignação apontando o dedo ao "sistema", o amiguismo e o nepotismo, o tachismo e o laxismo, dos outros, claro, sempre dos outros.

Neste "país ingovernável, esta choldra infecta", como dizia Eça, a inteligência sempre se travestiu de esperteza saloia. Roubar o próximo, seja por que motivo for, como, por exemplo, por simples ou congénita alergia ao trabalho, é criminoso; usar o tempo e o produto desse assalto subtil, ainda para mais, para atacar e "denunciar" a "injustiça" das "coisas" e dos "outros", é de um cinismo a toda a prova.

E isso não nos há-de a Europa tirar nunca, nem a Quinze, nem a Vinte e Sete, nem a Cinquenta : Portugal há-de ser sempre a pátria dos incompreendidos, honestíssimos gatunos bem falantes e elegantérrimos escreventes, que se cumprimentam e se dão palmadas nas costas, satisfeitos de todo consigo mesmos.

Portanto, caro estrangeiro anteriormente citado, já pode fechar a boca. Não tem nada que espantar. Somos assim: gostamos muito de trabalhar, desde que isso não sirva para coisa alguma e que, de preferência, esse labor seja ilegal. Somos formatados, desde o berço, para roubar fruta ("a que sabe melhor"), para copiar nos exames (e em tudo o mais, desde os gestos às ideias), para descalibrar balanças, marar bebidas, vender gato por lebre, mentir por compaixão, adulterar contadores, meter cunhas, promover incompetentes, bater palminhas a compasso até na ópera. Somos os maiores, é o que é. O blogbairro é mesmo à nossa medida.

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