Odi profanum vulgus et arceo

31/08/04

mulherzinhas

Está um barco na costa de Portugal. Parece que traz a bordo uma linha de desmontagem de fetos. Em linguagem politicamente correcta, consta que se trata de um complexo de reciclagem industrial de gravidezes "não planeadas". Presume-se que, portanto, é legítimo, e sendo legítimo que não é crime, liquidar seres-humanos cujas gestação e nascimento não coincidem com os interesses e as conveniências momentâneas de algumas pessoas que, apenas por mero acaso, tiveram o "azar" de engravidar. Os campos ideológicos extremam-se, com os defensores da "vida a qualquer preço", de um lado, e com os apologistas do extermínio como modo de vida, do lado oposto. Entre a hipocrisia de uns e o fanatismo de outros, as pessoas normais questionam-se.

A polémica é difícil de entender, porque não está claro onde ou em que reside o problema, ao certo. Alguns elementos femininos da seita consumidora de causas reclamam o direito a gerir e a pôr e dispor das próprias vísceras, em especial e concretamente aquelas que se localizam nos respectivos ventres - que é o sítio onde geralmente estão alojadas as vísceras, realmente, pelo menos nos mamíferos.

Propalam essas pessoas, como se de palavra-de-ordem se tratasse, que nas suas barrigas mandam elas. "Na minha barriga mando eu", é o chavão, a pichagem, a ordenação de incrível mau gosto que insistem em "fazer passar", como "mensagem".

No que, de resto, na minha simples e muito básica qualidade de homem, estou perfeitamente de acordo; não tenho nem posso ter nada a objectar a que uma mulher mande na sua própria barriga; acho até muito bem que as mulheres mandem na sua própria barriga; que dominem e controlem o funcionamento dos seus próprios intestinos, que façam variar a função peristáltica e, quem sabe, consigam até alterar a forma, a consistência e até o cheiro do que por lá circula; que sejam capazes de fazer funcionar os seus sistemas hepático ou renal, por exemplo, conforme lhes der na real e por certo muito esclarecida gana. Não tenho nada a ver com isso, e parece-me que existem sérios motivos para duvidar de que outrem, homem ou mulher, possua algum poder discricionário a respeito, ou que possa, mais prosaicamente, meter o bedelho em tão íntimos, ventrais, intestinos assuntos.

O que me parece, contudo, se não caricato pelo menos confuso, é que se misturem funções orgânicas típicas, inevitáveis e inalteráveis com decisões pessoais - e fundamentais, na medida em que interferem decisivamente com a própria vida; sendo que esta própria vida é uma vida alheia, o que só aparentemente e verborreicamente pode parecer outra coisa.

Que mandem nas suas próprias barrigas, mas que não confundam fezes com fetos ou urina com líquido amniótico. Façam lá o que entenderem com os seus próprios bandulhos, mas sem esquecer que abortar e defecar, sendo ambas expulsões, não são exactamente a mesma coisa; que uma coisa é excretar e outra, bem diferente, é execrar; que bem podem tentar modificar, para a direita ou para a esquerda, um milímetro que seja, a ordem natural das coisas ou o curso da Natureza: tudo ficará para sempre como sempre foi e as coisas seguirão para sempre e como sempre o seu curso.

Podem até fingir que são capazes de modificar mais do que a sua própria ignorância. Podem mesmo trocar os nomes a todos os bois do mundo, inventar novas e belas palavras, chamar outras coisas às coisas que são. Absolutamente nada, completamente coisa alguma de humana invenção mudará seja o que for. Mesmo, ou principalmente, nas vossas barrigas tudo ficará como dantes, como sempre foi e como sempre será enquanto existir nascimento e houver morte; fenómeno comum a qualquer espécie animal, ao qual alguns insistem em atribuir um carácter mágico ou milagroso, mas que é apenas a base de tudo o mais, o verdadeiro princípio de tudo, o génesis bíblico no quotidiano. Gerar. Dar vida. Dar à luz. Um fim em si que é também um princípio, e nisso mesmo consiste a interpretação de verdadeiro milagre que foi concedido às fêmeas de todas as espécies desde o início dos tempos.

Não confundam também isto. Não confundam hedonismo e puro egoísmo com algo de nobre e altruísta, porque bem sabem vocês que não há nada para os outros naquilo que dizem. Dar a vida não é um direito, é um privilégio. E não é exactamente - nem pouco mais ou menos - o mesmo que dar a morte. Não há confusões nem subtilezas no horror, muito menos mal-entendidos.

Vocês não mandam em coisa nenhuma, afinal. Essas barrigas não são de cada uma de vocês. Não são de ninguém.

Se, por fatalidade, se tiver mesmo de ser, que Deus vos perdoe, há-de haver futuro. Vocês, mulheres, sabem bem que morre muito mais em vós mesmas do que aquilo que mataram no vosso ventre. Mas que sobreviva a essa tragédia, ao menos um pouco de dignidade, de orgulho e de vergonha. Por mais alto que falem, tentando com isso abafar os gritos da vossa alma em sangue, os nomes das coisas não serão outros, nem as coisas menos graves, nem a culpa desaparecerá em esquina alguma.

Ao menos, o silêncio. Dar às trevas não pode ser bom, nem há muito que se lhe diga.

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U amuôre é louco, naum façaum pouco


A minha anjinha deixou aqui um comentario muito giro,adorei linda...Es mesmo fofinha,tou impaciente para tar bem juntinho contigo na sexta.Espero que tudo corre bem neste dia,que é uma sexta-feira 13,mas como não acredito muito nisto,não é isto que vai mudar alguma coisa.Ontem a noite adormeci a pensar na tua sms que me mandastes,adorei..Espero que tambem adorastes a minha que te mandei...

Tou doente,com dores de garganta e tou constipado...Já tava a ficar preocupado..esta é a 1ª vez que tou doente este inverno,nada mau...Hoje não tenho aulas,logo é mais um dia sem ver a minha anjinha,as saudades começam a ser tantas...Quero estar contigo em breve. ADORU-TE SOLANGE..es um amor! :*

http://kynas.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_02.html#043975


Ah, a juventude, a juventude, ai ai, que saudades. Não me lembro de alguma vez ter escrito assim ou, bem, talvez quando tinha quatro ou cinco anos, mas não faz mal, a intenção é que conta, etc., é lindo, não haja dúvida, enfim, ai ai, repito.

(não quero estar vivo quando esta geração chegar ao Poder, nosso senhor me perdoe, não quero, prontes, ou quando estes juvenis arranjarem emprego, cruzes canhoto, t'arrenego, vade retro mafarrico, etc., tchcabum tchcabum três passos à retaguarda e um sinal da cruz; tadinho do gato, digo eu)

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28/08/04

Cleptocracias
Angola é uma cleptocracia. Portugal também. A diferença fundamental é que em Angola são poucos a roubar muito, e em Portugal são muitos a roubar pouco.
Democracias? Não inventem.

Dragoscópio


Mas quem será este? Em que jornal escreve ele?
Bem, se calhar isso pouco importa. Para mim é um bocado chato porque, sempre que vou e leio os novos posts, risco logo uma série de assuntos em carteira: "olha, pois é, bem visto"; "bolas, e logo isto, era precisamente o que eu ia escrever"; "se non é vero, é bene trovato"; "eheheheheheh"; "ahahahahah"; "ena, pá, gostava de ter escrito isto". São coisas destas que me ocorrem quando leio os posts deste tal Dragão.

Antes assim. Fico tolhido nos temas, meio esmagado pelo estilo, venerador, atento e obrigado pela perfeição do Português, mas está bem. Ainda por cima, não apenas sabe escrever como tem poucos amigos e parece não ligar porra nenhuma aos gangs blogueiros - o que só lhe fica bem; dos VIB, apenas o Blasfémias lhe concedeu o linkezito da ordem.

Sem badalhoquice militante, lembra a escrita do falecido Pipi, que descanse em paz. Mas prontes. Este não usa caralhetas e punhetame, portanto não vale, não consta do colunável Jet Set cá do blogbairro. Considero, no entanto e por isso mesmo, que seria perfeitamente merecedor do cargo de Secretário Geral (adjunto) da organização B.O.I. (Blogs Olimpicamente Ignorados), fundada em 6 de Dezembro de 2003.

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26/08/04

Fases tu munto beinhe


Naquele belo fim de tarde, John Doe, português de gema, buscava na Yahoo a solução para determinado problema técnico. Após várias tentativas sem sucesso, descobriu a fórmula mágica:

como faso para estalar programa para poder fazer download no meu computador

http://br.busca.yahoo.com/search/br?p=como+faso+para+estalar
+programa+para+poder+fazer+download+no+meu+computador&ei=UTF-8&fr=fp


Adivinhem lá onde estava a solução para o problema do John.

Eureka! Yahoo! Caraças!

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25/08/04

medalha de bronze em Atletismo, 1500 metros

Rui Silva




http://www.olympic.org/uk/games/athens/index_uk.asp
http://dossiers.publico.pt/edmonton/html/resultados10.htm

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23/08/04

23 de Agosto 1939



É hoje o 65º aniversário do Pacto Germano-Soviético. O Ministro dos Negócios Estrangeiros soviético, Molotov, assinou com o seu homólogo do III Reich, Ribbentrop, um tratado de paz e de não agressão mútua. O clausulado dado a conhecer ao público, na conhecida tradição comunista da "verdade a que temos direito", jurava - em apenas sete Artigos - garantias de protecção mútuas, sendo que todos os conflitos subsequentes entre as duas potências deveriam ser resolvidos através de "friendly exchange of opinion or, if necessary, through the establishment of arbitration commissions" (amigáveis trocas de opiniões ou, se necessário, através do estabelecimento de comissões de arbitragem).

Os quatro artigos do protocolo secreto (a verdade a que nem os russos nem os alemães tinham direito), previam a partilha "amigável" de minudências territoriais como a Finlândia, a Lituânia, a Estónia, a Letónia e a Polónia. No Artº III deste protocolo secreto, a União Soviética obtinha a garantia de que podia ficar com a Região da Bessarabia, para a qual os nazis garantiam estarem-se altamente borrifando.

Este documento histórico, bem entendido, foi riscado da História oficial da URSS. Os comunistas portugueses, à semelhança dos outros "clones" europeus, devidamente instruídos pelos serviços competentes (NKVD/KGB), ainda hoje fingem ignorar que isto aconteceu.

Experimente perguntar ao comuna mais próximo: ó pá, isso do pacto germano-soviético foi o quê?

Antecipo já aqui a resposta, com 99% de garantia: pá, meu, tás a ver, isso é uma ganda treta, pá, topas, é coisa dos capitalistas e dos fasssssistas, pá. Nã ligues.

Pero que pasó, pasó.

Comemoremos, pois. Como eles dizem, "para que não esqueça".

¡No Pasarán!

The rest will be given to the Russians. Ribbentrop has orders to make every offer and to accept every demand. In the West I reserve to myself the right to determine the strategically best line.
Hitler

http://www.poland-embassy.si/eng/poland/history5.htm
discurso de Adolf Hitler: http://www.poland-embassy.si/eng/poland/history5.htm


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Ordem do Infante D. Henrique

«Esta medalha é para os deficientes portugueses»
«Dinheiro? O que é o dinheiro? Amanhã eu morro e o dinheiro fica aí...»
«Eu sou Português. Portugal é a minha pátria.»

Orgulho é sentir o peito a rebentar, quando algo faz inchar a nossa alma desmesuradamente, inexplicavelmente por vezes, ou apenas simplesmente. Francis Obikwelu optou pela nacionalidade portuguesa. É um excelente ser humano, como se pode facilmente ver - basta olhar para os olhos dele.

Obikwelu é um atleta que Portugal descobriu como atleta e que este descobriu como pátria de adopção e de coração.

Não podemos escolher a nossa família, e é a vida quem escolhe por nós os nossos amigos. Francis escolheu-nos a nós, como família e como amigos; ninguém o obrigou a isso e poderia ter optado por qualquer outro país. Mas optou por Portugal, escolheu-nos a nós todos, portugueses e, sem trair ou renegar o seu país de nascimento, diz mais em Português ao fim de apenas dez anos do que aquilo que são capazes de articular muitos dos que aqui nasceram e viveram toda a vida.

É bom que Francis Obikwelu esteja agora entre os dez milhões que somos. Aprendamos com ele o que ele tem para nos ensinar: que ser Português não é necessariamente uma fatalidade; pode ser uma opção - deliberada, consciente, inteligente e desinteressada. Um estado de espírito. Orgulho em estado puro, a outra face da gratidão.





http://www.presidenciarepublica.pt/pt/presidente/papel/cordens/

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22/08/04

medalha de prata em Atletismo, 100 metros

Francis Obikwelu




http://www.olympic.org/common/images/games/athens/Med_Athens_50x50.jpg
http://news.bbc.co.uk/media/images/38184000/jpg/_38184072_silver_split.jpg

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18/08/04


Decreto-Lei 292/2000 de 14.11.2000
Regime Legal Sobre a Poluição Sonora
(Regulamento Geral Do Ruído)


Capítulo I - Disposições Gerais
Artigo 2º
Princípios fundamentais

1- Constitui dever do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais, no quadro das suas atribuições e das competências dos respectivos órgãos, promover as medidas de carácter administrativo, técnico ou outras, adequadas para o controlo do ruído, nos limites da lei e no respeito do interesse público e dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

2 - Compete ao Estado definir uma estratégia nacional de redução da poluição sonora e definir um modelo de integração da política de controlo de ruído nas políticas de desenvolvimento económico e social e nas demais políticas sectoriais com incidência ambiental, no ordenamento do território e na saúde.

3 - Compete ao Estado e às demais pessoas colectivas de direito público, em especial às autarquias locais, tomar todas as medidas adequadas para o controlo e minimização dos incómodos causados pelo ruído derivado do desenvolvimento directo de quaisquer actividades, incluindo as que corram sob a sua responsabilidade ou orientação.

4 - As actividades ruidosas susceptíveis de causar incomodidade, nomeadamente as referidas no n.º 2 do artigo 1.º, podem ser submetidas ao regime de avaliação de impacte ambiental ou a um regime de parecer prévio, como formalidades essenciais dos respectivos procedimentos de licenciamento, autorização ou aprovação, nos termos do artigo 5.º, a licença especial de ruído, nos termos do artigo 9.º, ou ainda ser sujeitas a especiais medidas cautelares.

5 - Na conjugação do disposto no presente diploma com as demais disposições legais aplicáveis, em especial em matéria de urbanismo, construção, indústria, comércio e outras actividades produtivas ou de lazer, deve prevalecer a solução que melhor assegure a tranquilidade e o repouso nos locais destinados à habitação, escolas, hospitais e outros espaços de recolhimento.

Artigo 3.º
Conceitos


1 - Para efeitos do presente diploma, são utilizadas as definições e procedimentos constantes da normalização portuguesa aplicável em matéria de acústica e dos anexos I e II do presente diploma, que dele fazem parte integrante.

2 - Na ausência de normalização portuguesa, são utilizadas as definições e procedimentos constantes de normalização europeia ou internacional adoptada de acordo com a legislação vigente.

3 - Para efeitos do presente diploma, entende-se por:

a) Actividades ruidosas - actividades susceptíveis de produzir ruído nocivo ou incomodativo, para os que habitem, trabalhem ou permaneçam nas imediações do local onde decorrem;

b) Actividades ruidosas temporárias - as actividades ruidosas que, não constituindo um acto isolado, assumem carácter não permanente, tais como obras de construção civil, competições desportivas, espectáculos, festas ou outros divertimentos, feiras e mercados;

c) Avaliação acústica - a verificação da conformidade de situações específicas de ruído com os limites estabelecidos;

d) Mapa de ruído - descritor dos níveis de exposição a ruído ambiente exterior, traçado em documento onde se representem as áreas e os contornos das zonas de ruído às quais corresponde uma determinada classe de valores expressos em dB(A);

e) Períodos de referência:

i) Período diurno, das 7 às 22 horas;

ii) Período nocturno, das 22 às 7 horas;

f) Ruído de vizinhança - todo o ruído não enquadrável em actos ou actividades sujeitas a regime específico no âmbito do presente diploma, habitualmente associado ao uso habitacional e às actividades que lhe são inerentes, produzido em lugar público ou privado, directamente por alguém ou por intermédio de outrem ou de coisa à sua guarda, ou de animal colocado sob a sua responsabilidade, que, pela sua duração, repetição ou intensidade, seja susceptível de atentar contra a tranquilidade da vizinhança ou a saúde pública;

g) Zonas sensíveis - áreas definidas em instrumentos de planeamento territorial como vocacionadas para usos habitacionais, existentes ou previstos, bem como para escolas, hospitais, espaços de recreio e lazer e outros equipamentos colectivos prioritariamente utilizados pelas populações como locais de recolhimento, existentes ou a instalar;

h) Zonas mistas - as zonas existentes ou previstas em instrumentos de planeamento territorial eficazes, cuja ocupação seja afecta a outras utilizações, para além das referidas na definição de zonas sensíveis, nomeadamente a comércio e serviços.

CAPÍTULO III
Actividades ruidosas em geral

Artigo 10.º
Ruído de vizinhança


1 - Quando uma situação seja susceptível de constituir ruído de vizinhança, os interessados têm a faculdade de apresentar queixas às autoridades policiais da área.

2 - Sempre que o ruído for produzido no período nocturno, as autoridades policiais ordenam à pessoa ou pessoas que estiverem na sua origem a adopção das medidas adequadas para fazer cessar, de imediato, a incomodidade do ruído produzido.

3 - Se o ruído de vizinhança ocorrer no período diurno, as autoridades policiais notificam a pessoa ou pessoas que estiverem na sua origem para, em prazo determinado, cessar as acções que estão na sua origem ou tomar as medidas necessárias para que cesse a incomodidade do ruído produzido.

Artigo 19.º

Entidades fiscalizadoras


1 - A fiscalização do cumprimento das disposições constantes do presente diploma incumbe à entidade licenciadora competente da administração central do Estado ou, na sua falta, à Inspecção-Geral do Ambiente e às direcções regionais do ambiente e do ordenamento do território, sem prejuízo das atribuições e competências dos municípios e dos governadores civis e dos poderes das autoridades policiais.


Artigo 22.º (Modificado)
Sanções


1 - Constituem contra-ordenações puníveis com coima de 100 000$00 a 500 000$00, quando praticadas por pessoas singulares, e de 250 000$00 a 5 000 000$00, quando praticadas por pessoas colectivas:

c) O não acatamento da ordem ou da notificação referidas nos n.os 2 e 3 do artigo 10.º;

d) A construção de edifícios com desrespeito pelos requisitos acústicos fixados na lei e nos regulamentos aplicáveis;

h) A colocação no mercado ou utilização de alarmes em desconformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 18.º

2 - Constituem contra-ordenações graves puníveis com coima entre 250 000$00 e 750 000$00, quando praticadas por pessoas singulares, e entre 500 000$00 e 9 000 000$00, quando praticadas por pessoas colectivas:

a) A implantação de um novo edifício para habitação, de uma nova escola ou de um novo hospital em violação do disposto do n.º 6 do artigo 4.º;

b) O início de actividades, a abertura de estabelecimentos ou instalações e o arranque de equipamentos susceptíveis de terem uma incidência visível no ambiente ou na qualidade de vida, em razão do ruído, sem que os mesmos tenham sido licenciados, autorizados ou aprovados nos termos do artigo 5.º;

c) A violação grave das condições, de natureza acústica, impostas na licença, alvará ou autorização, nos casos previstos nos n.os 2 a 6 do artigo 5.º;

e) O incumprimento de ordem de encerramento de estabelecimento ou de suspensão de actividade decretadas por autoridade competente, nos termos deste diploma.

3 - A negligência é punível.


Artigo 23.º
Sanções acessórias


1 - A autoridade competente para aplicação da coima pode, ainda, determinar, sempre que a gravidade da infracção o justifique, a aplicação das seguintes sanções acessórias, nos termos da lei geral:

a) Perda de máquinas ou utensílios pertencentes ao agente utilizados na prática da infracção;

b) Privação do direito a subsídios ou benefícios outorgados por entidades ou serviços públicos;

c) Encerramento de instalações ou estabelecimentos cujo funcionamento esteja sujeito a autorização ou licença da autoridade administrativa e no âmbito do qual tenha sido praticada a infracção;

d) Suspensão de autorizações, licenças e alvarás;

e) Interdição do exercício de profissões ou actividades cujo exercício dependa de título público ou de autorização ou homologação de autoridade pública.

2 - O reinício da actividade ou da utilização fica dependente de autorização expressa da entidade licenciadora, a qual não pode ser concedida enquanto se mantiverem as condições da prática da infracção.

Artigo 24.º
Processamento e aplicação de coimas


1 - O processamento das contra-ordenações e a aplicação das respectivas coimas e sanções acessórias é da competência das entidades licenciadoras da actividade ou, na sua falta, das direcções regionais do ambiente e do ordenamento do território, sem prejuízo das atribuições e competências dos municípios e dos governadores civis.

2 - É competente para o processamento das contra-ordenações e para a aplicação das coimas e sanções acessórias em matéria de ruído de vizinhança o governador civil competente em razão do território.

4 - Compete à Inspecção-Geral do Ambiente o processamento das contra-ordenações e aplicação das coimas e sanções acessórias no âmbito da fiscalização a que alude o n.º 2 do artigo 19.º

5 - Compete à Inspecção-Geral do Ambiente e às direcções regionais do ambiente e do ordenamento do território o processamento das contra-ordenações e aplicação das coimas e sanções acessórias no âmbito da fiscalização a que alude o n.º 1 do artigo 19.º, bem como das contra-ordenações previstas no n.º 2, alínea a), do artigo 22.º

http://www.diramb.gov.pt


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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA
TÍTULO II
Direitos, liberdades e garantias
CAPÍTULO I
Direitos, liberdades e garantias pessoais

Artigo 25.º
(Direito à integridade pessoal)

1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.

2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos.

Artigo 26.º
(Outros direitos pessoais)

1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.


Artigo 34.º
(Inviolabilidade do domicílio e da correspondência)


1. O domicílio e o sigilo da correspondência e dos outros meios de comunicação privada são invioláveis.

2. A entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua vontade só pode ser ordenada pela autoridade judicial competente, nos casos e segundo as formas previstos na lei.

3. Ninguém pode entrar durante a noite no domicílio de qualquer pessoa sem o seu consentimento, salvo em situação de flagrante delito ou mediante autorização judicial em casos de criminalidade especialmente violenta ou altamente organizada, incluindo o terrorismo e o tráfico de pessoas, de armas e de estupefacientes, nos termos previstos na lei.


CAPÍTULO II
Direitos e deveres sociais

Artigo 65.º
(Habitação e urbanismo)


1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.

Artigo 66.º
(Ambiente e qualidade de vida)

1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.

2. Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um desenvolvimento sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e com o envolvimento e a participação dos cidadãos:

a) Prevenir e controlar a poluição e os seus efeitos e as formas prejudiciais de erosão;
g) Promover a educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente;



http://www.parlamento.pt/const_leg/crp_port/


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16/08/04

Blogs «influenciam pouco» o jornalismo que se faz em Portugal
ANA PAGO
Apesar de a blogosfera ser, cada vez mais, uma realidade a ter em conta no mundo cibernético (e não só), os blogs ainda «influenciam pouco» o jornalismo que se faz em Portugal. E como poderia ser diferente quando «o computador e a Internet não são electrodomésticos do dia-a-dia?», questiona o jornalista (e blogger nos tempos livres) Nuno Simas. «Se falarmos de elites e opinion makers, aí o caso muda de figura, porque de resto...»

Estava finalmente aberta a troca de ideias, depois do repto lançado pelo DN a algumas figuras ligadas ao mundo dos blogs: José Mário Silva, editor adjunto da publicação DNA e co-autor do Blog de Esquerda. Pedro Mexia, cronista e um dos responsáveis, entre outros, pelo antigo blog A Coluna Infame. Nuno Simas, jornalista e blogger no Glória Fácil. E António Granado, professor de online em Coimbra e autor do blog Ponto Media.

O tema é vasto, com contornos ainda muito difusos por se tratar de uma modalidade de informação bastante recente na Net. Ainda assim, ou talvez por isso mesmo, dá «pano para mangas» em matéria de dúvidas, prognósticos e esquemas de funcionamento - para quem escreve na blogosfera - e de análise - para os que teorizam a questão.

«De acordo com minha experiência no jornalismo e nos blogs, só posso dizer que os segundos influenciam cada vez mais os primeiros, sim, apesar de o processo ser relativamente pouco visível para quem está mais afastado destes meios», refere José Mário Silva, sublinhando a crescente tendência para uma «mistura de ambas as esferas de influência».

«Se hoje os blogs ainda influenciam pouco o jornalismo português e a blogosfera não é uma alternativa aos media tradicionais, a verdade é que um blog é uma óptima escola para o jornalismo diário em termos de escrita rápida e criativa», explica o co-autor do Blog de Esquerda. Tal como o jornalismo tradicional é, aliás, uma boa escola em matéria de credibilidade. «São duas áreas que se complementam na análise, no comentário, na crónica... Toda e qualquer troca entre elas só tem a beneficiar as duas», afirma José Mário Silva.

Pedro Mexia concorda: «Cada vez mais, quem faz jornalismo faz blogs e existe, de modo embrionário, alguma contaminação de linguagem e desenvoltura nos textos.» O resultado? Os blogs levam o jornalismo a «enfrentar o feedback, a crítica, a correcção factual, a opinião alternativa». De tal forma, considera o cronista, que «nos melhores momentos» os blogs chegam mesmo a ser «provedores dos leitores».

PESSOAL. E que razão explica esta tendência crescente - o facto é incontestável - de os jornalistas desenvolverem sites pessoais para lá do espaço que lhes cabe nos media comuns? A resposta de Nuno Simas chega fácil, evidente: «Porque escrever não se esgota no jornalismo e a blogosfera é um meio para divulgar textos em registo pessoal», longe da rigidez dos tradicionais meios de comunicação.

Pedro Mexia acrescenta uma nota mais: «Para publicarem ou republicarem textos; para escreverem opinião; para contribuírem como especialistas em determinados temas; para manterem uma intervenção na discussão de assuntos públicos», a qualquer momento e segundo a vontade de cada um.

São enormes as potencialidades que a blogosfera abre numa altura em que o imediatismo é, mais do que nunca, palavra de ordem. «Mas o terreno que pisamos é muito volátil ainda», alerta José Mário Silva, «não podemos esquecer isto sob pena de perdermos o rumo.»

Um possível «mapa», avançado pelo próprio editor adjunto do DNA passaria por traçar novas regras deontológicas, mais adequadas a este «pré-media» que são os blogs. «Visto serem uma realidade em expansão, faz todo o sentido determinar alguns limites que nos sirvam de guia», explica o jornalista. «Porque a liberdade é boa, mas também tem os seus perigos.»


Fontes exigem cuidado a dobrar

São poucos os blogs que fornecem informação fiável em primeira mão, mas acontece. E porque acontece, uma questão coloca-se à partida: pode um blog ser fonte para os jornalistas? «Sim», concedem José Mário Silva, Nuno Simas, António Granado e Pedro Mexia, numa resposta unânime. Tal como unânime é, no entanto, a ressalva que todos fazem relativamente ao facto de haver fontes e fontes - nem todas fiáveis e, por isso mesmo, exigindo cuidados redobrados com o material a utilizar. Como escolher, então? «Se os blogs forem alimentados por um actor (ou actores) da vida pública nacional, serão fiáveis», explica o jornalista Nuno Simas. «E devem ser citados sempre que a informação for usada, para salvaguardar o próprio jornalista», aconselha António Granado.


Diário de Notícias de hoje, página 52

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Vale a pena ir coleccionando aquilo que se publica por aí sobre o blogbairro, até porque as edições "online" tendem a apagar conteúdos ou, pior ainda e mais tarde ou mais cedo, acabam por torná-los acessíveis apenas se for "a pagantimus" - o que não dá jeito nenhum.

Comecei por hesitar em escrever, logo de entrada, "aquilo que se publica" - que é o que lá está - ou "as asneiras que se publicam" - que bem poderia lá estar em vez de. O assunto é recorrente e, de certa forma, ou salvas as devidas distâncias em relação a qualquer coisa de interesse, fascinante: quem escreve estes artiguinhos é sempre alguma estagiária a quem é exigido que não perceba absolutamente nada do assunto. Não é que, evidentemente, haja muito para perceber, mas convenhamos que inventar neologismos académicos do género "professor de online" já é um pouquinho maçador.

E a coisa do "professor de online" repete-se em outro artigo na mesma página, que não encontro na edição... "online": "(...) realça o professor de online António Granado."

Mas o que raio será isso de professor de online? Bem, é possível que exista, quem sabe, todos os dias se inventam novas "cadeiras" para novos e insuspeitos docentes alaparem seus dignos e mui sapientes cuzes. Há disso, em Coimbra? Não sabia.

E depois é esta mania de conferir um carácter universalista cá ao blogbairro; está certo que se trata do "universo" de blogs portugueses, essa coisa a que se persiste chamar "blogosfera", mas convenhamos que é um universo tendencialmente ridículo, ou seja, é um universo muito pequenino. Entre a troposfera e a atmosfera, entalada pela espanhosfera e pela atlânticosfera, presumem estes iluminados que resplandeça a tal blogosfera; duvidemos, porém. A não ser que se pretenda significar o carácter feroz de alguns blogs portugueses, o que, a ser verdade, isso sim, não estaria mal achado.

Já antes aqui transcrevi alguns outros artiguinhos do género, sempre com a filantrópica intenção de conservar acervo e de contribuir para a análise de tão interessante assunto. Já antes, também e por conseguinte, me entretive catando neles bacoradas, técnicas e outras. Neste como nesses outros, os blogs são os do costume e os "bloggers" sempre os mesmos, papagueando sempre os mesmíssimos lugares-comuns e debitando as mais batidas vulgaridades que imaginar se possa.

Nada de novo, portanto, como seria de esperar. E daí, talvez: se bem que se mantenha o vazio do costume, ao menos desta vez foram buscar alguém que escreve sem erros de Português. Ou então, mais provavelmente, o DN lá gastou umas c'roas em correctores ortográficos. Nada para ler, mas bem escrito; belo paradoxo, admitamos. E espantoso paradigma, também, porque é exactamente o que se passa nos chamados blogs de referência, pelo menos. Subtilmente, lá se passou a mensagem. Parabéns, carago.

Por isso e por terem conseguido pôr três bloggers nacionais dizendo que sim, em simultâneo, quais focas amestradas, sempre concordando uns com os outros, coisa nunca vista em mais lado algum.

«Porque a liberdade é boa, mas também tem os seus perigos»?

Será? Olha que bem.

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14/08/04

medalha de prata no ciclismo (prova de estrada)

Sérgio Paulinho




http://www.olympic.org/uk/games/athens/index_uk.asp
http://www.abola.pt/ArqModalidades/ciclismo/2001/ArqProvas/mundial2001/noticias/1211b.htm

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13/08/04

ganda bigode



a estratégia


o resultado

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post "à la Cat"


Não sei porquê, hoje acordei com isto na cabeça. E não sai, por mais que tente. Arrrghfmg!!


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12/08/04

Tragédia linguística


Vai por aí uma grande polémica vernaculista, entre o Arcabuz e o My Moleskine, com outros ao molho, sobre a expressão "tragédia humanitária", nas variantes "catástrofe" e plural.

Parece que a coisa surgiu assim:
Num email que enviei esta semana a centenas de bloggers, apelei à publicação de posts sobre a catástrofe humanitária e o genocídio que decorre no Sudão. (My Moleskine, 31.07.04 - 13:07 h)

Por coincidência, uns dias antes, utilizei aqui uma expressão semelhante:
Principalmente, os milhões de mortos, as vidas destruídas, os povos exterminados, enfim, a miséria generalizada e as tragédias humanitárias em que resultaram sistematicamente todas (todas, sem qualquer excepção) as tentativas de implementação dessas ideias. (Godot, 26.07.07 - 19:44 h)

Ora, estas polémicas encanitam-me. Porque diabo ninguém se dá ao trabalho de me corrigir o Português? Hem? Que raio. Eu também quero dar erros, suscitar questões, enfim, dar-me com gente fixe; responder com fina ironia e rara elegância, refutar com supremas artes crucificatórias e agudo sentido desmoralizante, a pena virtual deslizando pelo écran, em voo rasante às três disciplinas gregas.

Mas qual quê. Nada feito. Isto aqui no Éden, para onde são chutadas as espécies extintas, é um tugúrio isolado e ascético. Ora bolas, em resumo.

Mas o que tem, ao certo, essa coisada expressional? Na Google, encontramos 748 "tragédia humanitária", 231 "tragédias humanitárias", 6.380 "catástrofe humanitária" e 635 "catástrofes humanitárias".

Nos meus dicionários e nas minhas enciclopédias, que serão, estou certo, uma valente porcaria, lá estão escarrapachadas ambas as coisas, sem vislumbre de incompatibilidade quando usadas em cadeia expressiva, conjunto significativo, sequência ordenada, conúbio semântico:

- CATÁSTROFE:
1. (do gr. katastrofh, de katastrefw, abater)
s.f. Última parte da tragédia ou do poema dramático, que acompanha o desenlace.
2. Por ext., desfecho trágico de uma obra.
3. Grande desgraça.
4. fig. Acontecimento que altera gravemente a ordem regular das coisas.
5. v. TEORIA DAS CATÁSTROFES (*)
6. fig. Diz-se, hiperbolicamente, do que não tem qualidade, produz má impressão, está mal feito, etc.
Sin. Hecatombe, cataclismo, desastre, calamidade, convulsão

- HUMANITÁRIO(A)
1. adj., Relativo à humanidade.
2. Dotado de bons sentimentos; compassivo.
3. Que visa ao bem dos outros; filantrópico.
4. s.m. FILANTROPO

Na presunção, quiçá abusiva, de que os dicionários e as enciclopédias servem para alguma coisa, teremos, ao utilizar a expressão "tragédia humanitária": grande desgraça relativo à humanidade.

Assim, a cru, fica foleiro. Deve ser das cores. Tentemos melhorar. Consultando o misterioso significado de "relativo", lemos que, surpreendentemente, quer dizer "que se refere, que tem relação com". Portanto, ora vejamos como fica:

Grande desgraça que se refere à humanidade

Esplêndido. Nada encanitante, por conseguinte, bem me parecia.

No meu pobre entendimento, se não faz impressão alguma que me não corrijam o paleio, especialmente quando este não tem nada para corrigir, já acho mal irem bater à porta da pobre moleskina, darem-lhe carolos gramaticais, e puxarem-lhe a trunfo na escrita. O problemazinho, no mesmíssimo pobre entendimento, na frase inicial moleskínica, está na falta de acordo verbal - e não em qualquer expressão, idiomática ou outra; é coisa sintáctica, não ortográfica ou morfológica ou prosódica.

Não há nenhuma espécie de incompatibilidade terminológica, existe, isso sim, uma frase mal construída ou, aligeirando, uma gralhazita patife.

Apenas uma coisinha que resultou de duas coisinhas, portanto: jactância e desatenção. Desta vez, esses dois pecadilhos comeram um "M" e empanturraram-se de conversa fiada.



(*) vi; é uma coisa das matemáticas, não tem nada a ver

(na frase em que me cito, o termo "implementação" é altamente duvidoso; como o são, de resto, muitas outras coisinhas das tais - "encanitante", por exemplo; o meu público de 3 pessoas permite-me estas liberdades, são uns baris)

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In euro veritas


A RTP cedeu os direitos de transmissão dos jogos Portugal-Rússia e Portugal-Espanha, integrados no Euro 2004, à SIC e à TVI, o que está a provocar o descontentamento nos Açores e na Madeira. Só quem tiver televisão por cabo poderá ver estes jogos. (Via Oceânica)

Note-se o terno idiotismo "cedeu"; ou seja, deu. Não vendeu ou revendeu, já que tinha comprado os direitos de transmissão; deu, de mão beijada. E note-se também que deu aquilo que foi comprado com o dinheiro de todos nós, os contribuintes.

Este assunto foi em tempos, antes ainda do início do Euro 2004, denunciado pelo jornalista Barata-Feio na revista Grande Reportagem. Em concreto, trata-se de a RTP - uma empresa com capitais públicos - comprar à UEFA os direitos de transmissão de todos os jogos do Euro 2004 e depois, à má-fila e em nome da "igualdade de direitos" e da "transparência", ceder (dar, repito, a custo zero) 1/3 das transmissões a cada um dos canais privados. Rico, excelente negócio, que foi imediatamente e prudentemente abafado. Nenhum dos nossos "opinion-makers", por mais descabelado que seja, tornou a pegar no assunto; os Partidos da "oposição", muito distraídos com outras urgentes questões, não se lembraram nunca de pedir contas: como é, a RTP paga um balúrdio e reparte como lhe apetece, sem dar cavaco? Isto é o da Joana?

Nada. Nem JPP, nem FJV, nem JPC nem qualquer outro dos notáveis de três nomes cá do blogbairro se dignou comentar esta certamente desinteressante negociata.

Mais uma vez se comprova o funcionamento da "opinião pública" e a utilidade de quem a fabrica. Num caso verdadeiramente escandaloso, como é este de uma empresa do Estado desbaratar o dinheiro dos contribuintes em favor de interesses particulares, ninguém "se coça" e, pior ainda, o caso é metodicamente abafado - pelas mesmas "figuras públicas" que servem de correia de transmissão dos interesses dominantes. Estamos a falar de milhões, não de tostões. Se esta vigarice de Estado não merece nem uma linha de qualquer desses "notáveis", fica perfeitamente atestado o carácter mercenário de qualquer deles: não é preciso investigar muito para constatar que os patrões dos cronistas são os mesmos que recebem presentes como este da RTP; que o presidente do Expresso é o mesmo da SIC, por exemplo. E que é para essa gente que os VIB trabalham, é deles que lhes vem o pão e a manteiguinha para barrar por cima, como dizia o Eça.

E talvez isso explique também como funcionam e porque lá estão as prateleiras para jornalistas que se não venderam... ou que tiveram azar na vida.

E explica, sem qualquer margem para dúvidas, para que servem os V.I.B. (very important blogs): para intoxicar e abafar os outros. Se aqueles omitirem assuntos "sensíveis" e derem grande relevo a temas ridículos, como inventonas e brincadeirinhas, estes limitar-se-ão seguramente a seguir a temática brejeira e levezinha, sem sequer se aperceberem de que estão a ser enchufados a ração de aveia. De cada vez que um "notável" estala os dedos no blogbairro, logo a carneirada bem pensante e bajulante se precipita a "comentar" a beleza dos dedos e a prestreza do estalo; nem uma só ideia própria nem uma única polémica sustentada, apenas reproduções e citações da palha VIB, eis tudo o que têm para oferecer os bloguistas nacionais, tenrinhos como nem imaginam.

Espaço de liberdade de expressão e de opinião, isto aqui? Sim, de expressão formatada e de opinião formada. Liberdade? Querias. Liberdade é aquilo que mais convém a quem decide o que é a liberdade. Liberdade é patati-patatá e coisas que não chateiem.

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10/08/04

Lembro-me perfeitamente






Trinta dias tem Novembro,
Abril, Junho e Setembro,
de 28 ou 29 só há um,
e os outros têm trinta e um.

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Os passarinhos
Tão engraçados
Fazem os ninhos
Com mil cuidados

São para os filhinhos
Que estão a fazer
Bem escondidinhos
Para ninguém ver

Nos bicos trazem
Coisas pequenas
Pianos, armários
Cadeiras e penas

Depois lá vêm
Aos trambolhões
Os seus meninos
Tão calmeirões

Nunca se faça
Mal a um ninho
A não ser que se queira
Levar no focinho

Que nos lembremos
Sempre, também
Do pai, do primo, do avô
Do tio, da madrinha e da mãe!

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Palram pega e papagaio e cacareja a galinha
Os ternos pombos arrulham e gane a rola inocentinha

Ruge a vaca, marra o touro, engasga a rã, muge o leão
O gato ladra, assobia o lobo, também assobia e mia o cão

Joga à chincha o nobre cavalo, os elefantes dão urros
A tímida ovelha cacareja e a formiga dá murros

Regouga a sagaz raposa, a loba e o pombo correio
Nos ramos cantam os cântaros, a pia é do mocho agoureiro

Sabem as aves ligeiras o seu canto aldrabar
Fazem gargarejos às vezes, às vezes a bochechar

O pardal, tadinho, nos campos não aprendeu a cantar
Como os ratos e as doninhas, passa os dias a nadar

Grasna a lebre, chia o pato, ouvem-se os porcos a zumbir
Chupando o suco das flores costuma a abelha grunhir

Piam-piam os tigres e onças, bramam-bramam os pintainhos
Gane ou esgana no poleiro o galo, ergue a crista o cachorrinho

A vitelinha dá carne, o cordeirinho balidos
O macaquinho no sótão gosta de dar vagidos

A fala foi dada ao homem, o maior dos animais
Nos versos lidos acima não encontram a minha prima
E bem podem chorar por mais!

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fontes
http://professorsalazar.blogspot.com/
http://www.coiso.net/melhor_passaros.html
http://www.rede-nonio.min-edu.pt/1cic/agrup_ovar/poesias.htm
http://www.hostgold.com.br/hospedagem/M%C3%AAs

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Agápê, boa tarde, fáxavore?


Hewlett Packard, assistência técnica:
1. A chamada é "atendida" automaticamente, por uma simpática voz gravada, que nos dá várias hipóteses de teclas para carregar em, conforme o assunto; escolhido o número da tecla, e carregando nesta, a mesma voz recita um segundo menu de números; conforme a nova opção, assim se irá ou ouvir terceiro menu ou ficar placidamente à espera de que alguém atenda.
2. No caso de alguém atender, começa-se por responder a um interrogatório cerrado: marca e modelo do aparelho, o nosso nome e número de telefone, confirmação de endereço, data de aquisição do aparelho, "part number", fornecedor, etc.
3. Exposto o assunto, a resposta provável mais imediata é dizer que "isso é com o departamento tal" e passar a chamada.
4. O "assistente" diz "é só um momentinho", pendura o cliente a ouvir uma musiquinha - e a pagar impulsos - e nunca mais acontece nada, fica-se de telefone na mão enquanto do outro lado o(a) empregadito(a) aguarda pacientemente que o cliente desligue. Problema normal resolvido de forma normal.
5. Se, por acaso, o cliente persistir e ficar "a aguardar", agarrado ao telefone, e se, ainda por maior acaso, alguém atender no sítio da chamada reencaminhada, volta-se ao ponto 2.
6. Se o processo se repetir mais do que, digamos, umas cinco vezes, o "assistente" diz que vai investigar o assunto e que liga daí a outro "instantinho". Até nunca mais, claro. Problema difícil resolvido de forma relativamente fácil.

Simples, não é? O velho "loop" infinito, de que se lembrarão os antigos programadores; em fluxograma, havia uns bonecos para representar os passos do programa. E, como na "análise", pode existir um qualquer imponderável: pode até acontecer que esteja momentânea e transitoriamente ao serviço algum profissional competente. Nesse raríssimo e improvável caso, duas coisas irão acontecer: uma é esse profissional resolver o problema do cliente; a outra é poder passar-se a presumir que esse funcionário não terá grande futuro lá na empresa.

Na HP nacional, são assim: tudo excelentemente e rigorosamente programado para não fazerem absolutamente nada. Como é norma em qualquer "national enterprise", a máquina está afinada para se bastar apenas a si própria; pelo que os escolhos (dedicação, competência, profissionalismo, maçadas assim) serão sempre a primeira coisa a remover. Trabalhador que trabalhe, em Portugal, consegue apenas meter-se em sarilhos. É a lógica férrea do "onde já se viu"; se alguém, tanto no funcionalismo público como em qualquer grande empresa, fizer seja o que for, irá salientar o facto de que ali ninguém faz porra nenhuma - e isso é que é normal. Portanto, extirpe-se a besta, corra-se com o animal, esta agora, vir para aqui trabalhar, hem, onde é que já se viu?



corrigenda: em vez de HP, leia-se
EAN
EZN
PT
EDP
Singer
CML (qualquer)
CMC (qualquer)
BN
NetCabo (qualquer)
SMAS (qualquer)
Petrogal
TAP
etc. (qualquer merda à escolha)

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08/08/04

Excelente



Posted by Hello

O melhor filme do ano, ontem, na RTP2. Francês. Actores desconhecidos (?), realizador "sem nome"(?), autor do "script" incógnito (?).

É nisto que dá a intoxicação hollywoodesca: ignorância.

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07/08/04



Pravda.RU:Portugal:More in detail


00:18 2003-01-06


SERVIÇOS SECRETOS VIGIAM NOGUEIRA PINTO



Os serviços secretos militares portugueses estarão muito interessados nas actividades de Jaime Nogueira Pinto em Moçambique, segundo o conceituado Africa Intelligence.

Nogueira Pinto é um conhecido lobista da RENAMO e conselheiro do seu líder Afonso Dhlakama, para o qual estará a preparar a sua visita a Lisboa, agendada para o início deste ano.

Nogueira Pinto lidera a Fundação Luso-Africana para a Cultura (FNAC).

O interesse dos Serviços de Informações Estratégicos de Defesa e Militares (Siedm) deve-se, ainda segundo o Africa Intelligence, ao facto de Nogueira Pinto «escolher para as suas actividades africanas parcerias com personalidades ligadas aos sectores militares e aos serviços secretos e de informação».

Nogueira Pinto integrou a MOSEGUR, a empresa que trata da segurança de Cahora Bassa. Esta companhia está associada a dois oficiais moçambicanos: o general Estanislau Fidelis, da Direcção Nacional de Informações (DNI) e ao general José Zumbire, director dos Serviços de Informações e Segurança de Estado (SISE).


Africa Intelligence

(da página de Moçambique do Pravda online)




FNAC? Ar-condicionado? Ou livros?
Polícia secreta? Temos? E militar, ainda por cima?
Pravda? Verdade, em Russo.
Pois. Cá não se sabe nada destas coisas.
Digo mesmo mais: não se sabe nada destas coisas, por cá.

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06/08/04

Quoque tu, Mecus?

O director entregou-lhe uma lista de pratos que escolheu comigo e JSR desenvencilhou-se lindamente. Um dos restaurantes que se prestou a colaborar com esta dificílima tarefa foi o famosíssimo Poleiro, essa famosíssima embaixada do Minho sita em Entrecampos.
Sabe-se quanto é difícil fotografar comida, apesar do exemplo de inultrapassada excelência dado por Inês Gonçalves, que, por alguma óptima razão, é logo a pessoa que mais bem fotografa em Portugal.


Isto vinha hoje no DNA, a páginas 40, na rubrica "Mesa portuguesa" - espécie de crónica gastronómica semanal, assinada por Miguel Esteves Cardoso. Assinada, digo bem, porque não acredito ser ele o autor; ou, pelo menos, não foi o Pastilhas quem escreveu aquilo de hoje. Ou então, estava mal disposto. Ou ninguém lhe fez revisão de texto. Ou ele próprio não releu.

É bacorada a mais para uma só pessoa enfiar em tão poucas linhas. Não me refiro ao estilo, nitidamente órfão, nem às coisas mais óbvias (seria bem melhor ter evitado a forma analítica "mais bem", por exemplo), nem mesmo à desastrosa pontuação; nosso MEC desde há muito conquistou o direito ao arrevesamento e à largueza de conceitos discursivos. Mas acontece que isto não passa do mais básico chorrilho de erros; não é liberdade de redacção, é redacção pura e simples, ao nível de 5º ano incompleto.

O que, no velho Orelhas, seria impensável. Digo eu, que leio a cronicazinha todas as 6ªs, sem falta. Não pode ser. Tu não, Mec! Tu és uma das pessoas que melhor escrevem em Portugal, chavalo. Pazinho. Setor.

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