Odi profanum vulgus et arceo

30/04/05


Estou maravilhado

Caro jpt : estás no teu direito de achar um perfeito disparate isto de serviços e conteúdos pagos. E de fazer humor com isso ;) Também ri com essa dos brasileiros, LOL!

Ao contrário de ti não acho que o futuro dos blogues passe por aqui. Ao contrário de ti, penso que o serviço de conteúdos e serviços pagos irá dar jeito a alguma gente com genialidade que pode, assim, ter uma forma de obter recompensa directa por algum do seu trabalho. Será uma pequena parcela de um todo imensamente mais vasto.

Espantar-te-ias se eu te contasse quantos bloggers já me perguntaram se não haveria forma de obterem receitas com o seu trabalho; nem todos estão nisto por puro prazer, alguns gostam de, de permeio com a escrita de puro prazer, produzir textos com outro alcance.
(...)


Devo concluir que:
a) textos com "outro alcance" não podem nem devem ser escritos por "puro prazer"
b) há gente "com genialidade" por aqui, algures (e adonde, exactamente?)
c) há quem não esteja "nisto" por "puro prazer", mas por causa da "forma de obterem receitas com o seu trabalho"
d) ao contrário um do outro, os autores da polémica acham e não acham, respectivamente, que "o futuro dos blogues passe por aqui" (onde?, já agora)
e) pode-se fazer humor e achar que é "um perfeito disparate isto de serviços e conteúdos pagos" (fico mais descansado, assim sendo)
f) o serviço de conteúdos e serviços pagos irá dar jeito a alguma gente (yá, fixe)
g) há não sei quantos bloggers que já perguntaram a outros "se não haveria forma de obterem receitas com o seu trabalho"
h) há recompensa directa pelo trabalho de cada um, logo também há-de haver alguma recompensa indirecta
i) ele há qualquer coisa, que não entendi bem o que seja, que será "uma pequena parcela de um todo imensamente mais vasto"
j) ele também há quem escreva tipo toucinho entremeado, uma fatia de "escrita de puro prazer", uma de "textos com outro alcance", e assim por diante
k) LOL é um termo técnico; quer dizer que os brasileiros têm piada
l) é melhor não me meter nestes assados, se tenho amor à pele
m) o tal jpt ficou informado de que possui um certo direito (ia-me passando, em sentido duplo)


(riscar o que não interessa)

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Welcome to the club!

(só por causa das moscas, isto é a cause disto, em geral, daquilo, em particular, e ainda daqueloutro, em especial)

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manahmanah, tu tu tururu


Nunca tinha reparado em que no "blogue" dos Marretas existe um link à música dos... Marretas, propriamente ditos. Pode ouvir-se o célebre "Manahmanah", essa brilhante partitura, AQUI; e vale bem a pena a espera pelo download.

Existe na Internet muita coisa sobre The Muppets. No excelente site oficial, integralmente em Flash, é possível recordar figuras extraordinárias como o cozinheiro sueco, o sapo Kocas (Kermit), o urso Fozzie, Miss Piggy, os dois velhotes do camarote (Statler & Waldorf), o cientista das experiências loucas e o seu assistente minúsculo, o falcão nacionalista, o baterista Animal, etc. Vale bem uma tarde inteira, este site.

Também vale a pena uma visita ao site do autor, Jim Henson.

_ The question is: what is a manahmanah?
_ The question is: who cares?

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28/04/05

chega


Estou cansado. Cansado. Muito cansado.
Cansa-me o vento que não acaba
Cansa-me o sol que não se põe
Cansa-me a noite de descanso.
Estou muito cansado.
Que cansado que estou!
Estar vivo é uma canseira.
Uff, que cansaço!
Estou cansado
cansado
cansado.
Cansado e bom rapaz.
Nunca digas desta água não me cansarei.
Chega. Cansa até a paz.
Cansativa, essa rapariga,
essa luta, cansativa,
e também tu és, descansa.
Isto cansa, cansa, cansa.
Cansativo, isso, não quero mais
nem saber
nem ouvir ao menos.
Isto é isto e tudo o mais.
E já não sei o que seja.
E cansa ainda mais.
Cansa... cansa... cansa...
Estou cansado disto
tudo
principalmente
de dizer
que estou
cansado
cansado
cansado.
Chega de cansaço.
Chega.
Cansei.

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27/04/05

A choldra


A Democracia, aos melhores, desgosta-os; aos mais inteligentes, persegue-os; aos mais honestos, calunia-os; aos mais cuidadosos da coisa pública, afasta-os. É de hoje. É de ontem. É de sempre. Que fica, então? Fica o bando dos malfeitores, dos sem consciência nem vergonha — profissionais da honra, profissionais do Dever, profissionais do patriotismo, profissionais da justiça, profissionais de tudo, fazendo de tudo profissão, até da infâmia!"
Alfredo Pimenta
(excerto copiado do blog Fascismo em Rede)


"Lisboa, Teatro São Luiz, noite de quinta-feira. Um telemóvel toca logo no início do recital do pianista português Artur Pizarro e é sonoramente atendido. O músico pára a execução da peça e retoma-a logo a seguir. Mais adiante, torna a ouvir-se outro toque, mas desta vez Pizarro não pára. A seguir ao intervalo, soa outro telemóvel, longamente, porque o proprietário nem se digna desligá-lo. Artur Pizarro deixa de tocar e diz à criatura "Atenda, que eu paro. Mas saia". E pega nas partituras, levanta-se e vai-se embora. Há burburinho na sala e é anunciado que o pianista não regressará. O dono do telemóvel que estragou a noite a Pizarro e ao público do São Luiz dirige-se à bilheteira para exigir o dinheiro de volta, porque o recital foi interrompido.
O telemóvel já substituiu a tosse cava e o barulhinho do papel de rebuçado como grande elemento perturbador nas salas de espectáculos. Mas o fenómeno não se deve apenas a um punhado de esquecidos crónicos que nunca desligam os telemóveis no teatro, no cinema, na ópera ou no recital, nem à falta de educação e consideração de meia dúzia de grosseiros, os mesmos que antes de haver telemóveis faziam barulho e falavam alto nos espectáculos. Ele é a manifestação de um mal-estar social muito maior.
O adolescente parvinho, o novo-rico cultural, o grunho das novas tecnologias, a cinquentona impertinente que se vão sentar numa plateia ou num auditório sem silenciar o telemóvel e o atendem ostensivamente enquanto os actores interpretam, os músicos tocam, o filme corre ou os cantores vocalizam, já não sabem ser espectadores. Perderam a noção do que é assistir a um espectáculo partilhado colectivamente. A sociedade em que nasceram e foram "educados" é uma sociedade que tem horror ao silêncio e só está bem no meio do barulho, incomode a quem incomodar. A cultura em que vivem é a da comunicação redundante, da palavra vazia, do falar para dizer nada mas até se ficar sem voz, alimentada pelas empresas de telecomunicações e pelas campanhas de publicidade.
No nosso mundo há educação a menos e som a mais. Admiram-se por isso que toquem cada vez mais telemóveis e sejam atendidos nas salas de espectáculos? Habituem-se!
"
Eurico de Barros (artigo publicado no DN)
(transcrito do blog Fascismo em Rede)


Anti-comunista primário de sempre, e para mais inveterado, andava eu buscando um texto de Alfredo Pimenta sobre o assunto ("se o Alemão combate o comunismo, sou pelo Alemão", era uma coisa assim), mas fui tropeçando em outros interessantíssimo textos, no mesmo blog. Acabei por não topar com o texto que procurava, mas o excerto e o artigo transcritos são, no entanto, perfeitamente adequados e ilustram à saciedade o fundo da questão: o ruído enquanto manifestação perceptível da infâmia. Será talvez um pouco forçada, esta associação entre os dois nacos de prosa, ainda por cima tendo eles sido escritos com décadas de intervalo e em registos completamente diferentes, por autores também diferentes. Porém, nem sei bem porquê, afinal, parece-me completarem-se perfeitamente.

Um, porque fala dos profissionais de tudo ("até da infâmia"), o outro porque refere o "horror ao silêncio"; a principal característica daquele género de profissionais é, por coincidência ou não, precisamente a da produção contínua e persistente do maior nível de ruído possível. Para os consumidores de causas, militantes da "igualdade, liberdade e fraternidade", cujas causas e palavras-de-ordem são, só por si, puro ruído, a vida é "uma luta" pelos "direitos cívicos", pelas "amplas liberdades", seja pelo que for de igual calibre - desde que lhes soe bem e desde que se possa gritar. O que os move não é o significado intrínseco daquilo que apregoam, e que serve de santo-e-senha entre os elementos da mesma espécie, mas apenas o som propagado (propagandeado, multiplicado), é o ritual litúrgico da berraria em grupo ou, à falta de melhor, o papagueamento absolutamente acéfalo de "ideias" tidas por correctas, impingidas e matraqueadas sistematicamente até ecoarem nos confins das massas.

Ruído. Barulho. Estridência libertária. Esvaziamento total de sentido (e de sentidos), eis a finalidade última da "verdade a que temos direito", como apregoam comunistas no seu Jornal do Seixal. O objectivo desses consumidores de causas, que são também, simultaneamente, os campeões mundiais da "bondade" e da "solidariedade", dessa gente amiga dos trabalhadores em geral e dos pobrezinhos em particular, é ensurdecer todos os ouvidos, embrutecer toda a inteligência, mergulhar tudo e todos num inferno de barulho palavroso, num pântano de ideias feitas, de fórmulas indesmentíveis, de primado absoluto da estupidez.

São aqueles que "estão em todas"; são os mais activistas, mas que não apreciam lá muito o trabalho; os que se batem pela liberdade, mas se estão nas tintas para a liberdade do seu semelhante; são os que falam muito e fazem pouco ou, de preferência, nada; são os dos "direitos adquiridos"; os que adoram fazer "pontes" no calendário e meter-se à estrada, mas não apreciam particularmente fazer pontes ou construir estradas; os que têm sempre uma opinião para tudo, mas nunca uma opinião própria sobre nada; são os mais "solidários" da rua onde moram, mas que são incapazes de abrir a porta a um vizinho doente; os que dão para todos os peditórios, mas viram as costas a qualquer pedinte; os que levantam o punho com os outros, em público, e o abatem sobre a mulher e os filhos, em privado. Dantes, chamavam-se "comunistas" e identificavam-se como tal. Hoje, tirando uns poucos mais teimosamente agarrados ao cavalo libertário, andam por aí com outras máscaras, democratas de alto coturno, entretidos a respeitar a Constituição e a desrespeitar os demais, a reivindicar mais, e mais, e mais, e dando sempre menos, e menos, e menos.

Produzindo ruído em contínuo, são donos do silêncio, dominam por isso o pensamento e a reflexão. Profissionais da choldra, tomaram por fim conta de tudo, agarrando e segurando com firmeza as cabeças das pessoas e dando-lhes, logo em crianças, uma injecção - não por detrás, mas cirurgicamente dentro dos ouvidos. Afinal, era verdade o que se dizia deles.

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25/04/05

31


O Portugal "orgulhosamente só" desapareceu naquela madrugada. Agora, este país está orgulhosamente acompanhado. Era então o mais atrasado da Europa; hoje, é aquele que apresenta os mais baixos índices económicos e sociais. Entre uma e outra coisas, a diferença é muito mais do que terminológica: estávamos e estamos na chamada "cauda da Europa", mas agora isso diz-se de forma diferente.

Aliás, o saldo é francamente, para não dizer exclusivamente, semântico. Os tempos mudaram, de facto. Agora já não se diz "deficiente", mas "pessoa portadora de deficiência"; o antigo "cego" é agora "pessoa portadora de deficiência visual", ou simplesmente "invisual", num registo mais ligeiro e abreviado; já não existem "pretos" mas "africanos" ou, num registo menos formal, "pessoas de cor" ou ainda "elementos de minoria étnica"; a "disciplina" acabou, e em seu lugar surgiram coisas como "diálogo" e "compromisso"; terá sido finalmente descoberta a cura para o cancro, que agora se designa por "doença prolongada"; a criminalidade praticamente desapareceu, já que não existem criminosos, ladrões ou bandidos, mas apenas, respectivamente "arguidos", "alegados furtos" e "franjas de marginalizados".

Mas nem tudo se perdeu, mesmo a este nível. Resta, intacta, a chamada Liberdade. Com "L" maiúsculo, e másculo, e não por acaso. Vemo-la por aí, por todo o lado.

Qualquer cidadão nacional tem hoje toda a liberdade, e uma esplêndida oferta de serviços, para colocar grades de ferro nas janelas, para comprar circuitos fechados de vídeo (e alarmes, e "sprays" paralisantes, e tacos de basebol) ou arrendar os serviços de seguranças privados e mesmo de agentes da autoridade. Somos livres, somos livres de nos trancarmos nas nossa próprias casas, livres de nos barricarmos contra o mundo lá fora, livres de aprisionar a realidade fora de portas.

Qualquer português é livre de escolher, sem qualquer espécie de restrição e sem que lhe sejam feitas quaisquer perguntas, o local onde irá passar a noite, hoje, amanhã ou nos próximos anos: sendo por exemplo lisboeta, pode optar pela Praça da Figueira, Martim Moniz, Restauradores, Largo de Santos, ou mesmo qualquer átrio de centro comercial ou uma das estações de "metro", ferroviárias, rodoviárias, etc.; pode ainda, é totalmente livre de o fazer, escolher o material com que se irá cobrir, para se proteger da fresca, seja cartão canelado, jornais, serapilheira ou outro material espalhado pela cidade, gratuito e acessível.

Qualquer dos nossos compatriotas pode, hoje, em plena liberdade, emigrar para o país de sua escolha. Nos casos em que tal não é possível, o Estado garante os meios de subsistência suficientes para sobreviver durante 18 meses. De resto, ao cidadão é concedida a liberdade de se despedir, de permanecer com o estatuto de "desempregado de longa duração" pelo número de anos que lhe apetecer e, ainda, de se inscrever no Centro de Emprego da sua área de residência, caso tenha.

À população trabalhadora em geral, tanto aos trabalhadores por conta de outrem como àqueles que passam recibo verde, é garantida a liberdade de se furtarem absolutamente a qualquer espécie de responsabilidade, de competência, de assiduidade ou de lealdade, presumindo-se igualmente o direito inquestionável à fuga aos impostos, na medida das possibilidades e em função dos conhecimentos pessoais de cada qual.

Aos nossos concidadãos seniores é concedida a liberdade de circular em espaços públicos entre as 9 e as 17 horas, de 2ª a 6ª, e entre as 8 e as 20 horas em Sábados, Domingos e Feriados. Têm também a liberdade de apresentar queixa, junto das entidades competentes, no caso de serem assaltados, espancados ou apenas insultados pela juventude "irreverente". A esta, por seu turno, é garantida a liberdade total, absoluta, suprema, para todo e qualquer efeito, já que, em se tratando de presumíveis e legalmente inimputáveis delinquentes, devem ser protegidos por todos os meios contra a má vontade dos gerontes.

Aos frequentadores do sistema de Ensino, é também concedida a mais ampla das liberdades; podem, a seu bel-prazer, destruir património, depauperar o erário público, riscar automóveis, partir vidros e carteiras, agredir funcionários e professores, quando não os próprios pais; podem dar largas à sua criatividade, borrando qualquer parede que lhes dê na mona, ou à sua natural agressividade reprimida, assaltando os colegas mais betinhos, por exemplo.

Mesmo as classes mais "favorecidas", como empresários e outros malvados, mesmo esses possuem hoje uma protecção legal, têm agora direitos e liberdades com as quais nem sonhavam nos tempos "da outra senhora": têm toda a liberdade para abrir falência, fazendo reverter o valor patrimonial em favor dos seus familiares e os prejuízos e dívidas em favor dos seus ex-funcionários e do Estado; têm a liberdade de solicitar empréstimos a fundo perdido para modernizar a empresa e, com essa massa, comprar mais um Ferrari, ou levar a família num cruzeiro, ou pôr casa à Manuela, ou à Adélia, ou à Micas.

Às minorias étnicas, particularmente aos ciganos, é concedida a liberdade de conduzir sem carta-de-condução, de passar com distinção nos exames do Ensino Básico sem nunca terem frequentado as aulas e de poderem ocupar ilegalmente o terreno que lhes aprouver para instalar as suas barraquinhas tradicionais; a seu tempo, o Estado garantir-lhes-á também a liberdade de escolher a habitação, modelo e tipologia, com que serão presenteados por terem tido a bondade de deixar a barraca onde moravam (e que será cedida a outros, para eternizar o ciclo).

Enfim, seria fastidioso enumerar todas as amplas liberdades, ou arrolar toda a Liberdade, em todo o seu esplendor e nas suas diversas facetas, de que se goza hoje em dia neste país, abençoado naquela madrugada de 25 do 4. Dos três "D", então arrolados pelas sumidades madrugadoras, ao menos esta foi plenamente cumprida. A Descolonização foi a tragédia que se sabe, o Desenvolvimento não correu lá muito bem, porque éramos os últimos e os últimos somos agora, mas, ao menos, salvou-se a Democratização: no seu vértice fundamental, o da Liberdade que identifica e distingue, a "revolução" dos cravos triunfou em toda linha. Releiam-se os benefícios listados (mais os não listados por falta de vagar), e reflicta-se, se for o caso. É inegável. É isso e é a companhia.

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Entre quatro Paredes


Crepúsculo (MP3 - 817 kb - Arcum.pt)

Inocência (MP3 - 566 kb - Arcum.pt)

Valsa (MP3 - 474 kb - Minehara.com)

Canção (MP3 - 663 kb - Minehara.com)

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Olha! Gostei

Your Japanese Name Is...


Keiji Yamamoto




(a camisolinha cor-de-rosa e o ar apalermado é que se dispensavam, mas tá bem. Keiji Yamamoto. Banzai.)

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23/04/05

Papamobile



João XXIII

Paulo VI

João Paulo II

Bento XVI

D. José Policarpo





imagens de:
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jamillan.com/
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moveisdavovo.vilabol.uol.com.br

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22/04/05

clap clap clap clap


1 - Se me der para opinar seriamente, cobro 2 euros.
2 - Se me der para opinar ironicamente, 2 euros, mais 50 cêntimos, pelo desgaste.
3 - Por cada quadro que descaradamente roubo por aí, e sendo eu, ainda assim honesto o suficiente, pois coloco sempre o link para a fonte original ou nomeio o autor, irei apenas cobrar 50 cêntimos (uma pechincha! - não encontrarão mais barato).
4 - Tendo este blogue algumas rubricas que a espaços aqui aparecem, tenho, digo eu, uma vantagem: é que são coisas totalmente discorridas pela minha cabecinha, originalíssimas!, logo coisa a cobrar um justo valor, pelo esforço e pelo génio: 5 euros.
5 - As baboseiras avulsas, essas, e por enquanto, são de graça, para chamar a clientela.

aqui há rato

E não é que há mesmo? Já "aqui há atrasado" (e, se calhar, há mesmo), tive a suprema lata de opinar sobre o assunto. O vizinho R estará talvez um pouco desactualizado e quiçá ligeiramente distraído, quando refere apenas imaginar "as fortunas que por aí vão nascer"; os casos, não de fortunas por aí além mas de verdadeiros pés-de-meia, já são bastantes, são assim, ó, pimba pimba, dia sim dia não. Desde que escrevi aquelas modestas premonições, com o bruxolítico títalo de "Vê Se Te Avias" (12.11.04), já muito mais coisas e ilustres anónimos saltaram para a pantalha, para as luzes da ribalta, para outros sítios, certamente, e com outros saltos.

Este tipo de apreciações, o metabloguismo em geral e o interbloguismo em particular, quando circulando no mesmo meio que se aparenta criticar, são altamente escorregadias: a coisa pode facilmente ser confundida (e com alto grau de probabilidade) com a mais pura, genuína, portuguesíssima "dor de cotovelo". É a velha e compreensível lógica do "mas o que é que este gajo tem que eu não tenha" e se, na maior parte dos casos, a perplexidade até poderá ser aceitável (ganda merda, ó pra este, eu cá escrevo muito melhor), a ideia que fica - em especial para os blogs visados - é, simplificando, essa coisa terrível chamada inveja. Sob esse labéu, por mais ligeiro que seja o odor, não há argumento, nem razão, nem motivo, nem indignação que resista. "Cambada de invejosos", é a consideração imediata (nunca leu isso, por aí, ó amigo R?), e a mais olímpica das indiferenças é a resposta mais óbvia. Faz parte da tradição do nosso medíocre estrelato blogosférico, é mesmo condição sine qua non para a manutenção desse efémero e ridículo estatuto, a construção de uma identidade intangível, inatingível, indiferente; uma entidade morcona, por assim dizer, que protege as nossas estrelinhas das entrelinhas.

Considera-se geralmente a chamada "blogosfera" como um espaço de liberdade. Nada mais falso. As reais identidades (não confundir com identidades reais) sobressaem não pelo que dizem mas pelo que não dizem; cultiva-se a bajulação, descaradamente, por meios técnicos (os sistemas de comentários são o mais flagrante) e através de circuitos fechados de amizade e influência (almocinhos, jantarinhos, encontrinhos e outros pantagruélicos pretextos). Isto no caso dos bloggers tipo Guterres (sempre de bem com todos, o diálogo, a concertação, etc.), que são os que apenas buscam a edição de um livrito, uma colunazinha de jornal, ou assim. Porque há também o blog tipo Con-Bendit (revolucionário, amigo de lutas e de barricadas) de autor anónimo (segredo de Polichinelo, mas producente), aquele que parece provocar de facto, agitar, inovar, criar algo de novo. Sem equívocos: é a mesma coisa, com duas abordagens ligeiramente diferentes. No fim, o objectivo é sempre o mesmo, como em tudo na vida (lá diria o inefável ex-primeiro-ministro), e também isso não tem nada de ilegítimo. Realmente, não existe mal nenhum em que o talento se faça pagar. O vil metal, a projecção mediática, o reconhecimento público ou a mais simples e efémera das famas, tudo pode ser paga, e pago.

Tenho para mim que o ponto bate apenas num pormenor: àqueles e àquelas a quem vão saindo uns décimos premiados, aqui no blogbairro, deveria (ao menos) ser exigido que soubessem escrever (ao menos) em Português e que tivessem (ao menos) um módico de modéstia. É irritante, concordo, não perceber, não pescar um único gambozino sobre os motivos pelos quais este vizinho ou aquela vizinha são "descobertos" pelos caçadores de talentos do "establishment" editorial, redactorial ou mediático. Chateia não saber quem são esses "caçadores", onde se acoitam e porque se escondem, ou mesmo quem lhes disse que sabem sequer ler. Torna-se maçador, em suma, não ter a mínima pista sobre os putativos méritos discursivos de quem não sabe, obviamente, sequer escrever.

Este "fenómeno", mistério impenetrável da santíssima imbecilidade, poderá talvez ser ilustrado com um episódio passado na pré-história, há muito muito tempo, quando ainda não existiam blogs.

Pablo Picasso estava a jantar com a esposa e uns amigos, num restaurante manhoso, como gostava, algures no México. Na mesa ao lado, embasbacando para o "mestre", uma família típica americana. O "camone" pai acaba por não resistir, abeira-se do pintor e pede-lhe um "souvenir", que lhe desenhasse qualquer coisa.

Picasso pensa um momento, puxa de um guardanapo, traça-lhe um risco, um ponto em cima, um ponto em baixo, e assina: Pablo Picasso.

_ Cinco mil dólares, diz, entregando o guardanapo ao turista atónito.
_ Cinco mil dólares! Ora essa! Você levou no máximo 10 segundos a fazer isto!
_ Não, responde Picasso, eu levei sessenta e sete anos a fazer isso.

Pois, bem sei. Isto não tem nada a ver. Mas é giro.

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Mas bocês não acertam uma, carago?!

You Are 60% Normal(Really Normal)

Otherwise known as the normal amount of normal
You're like most people most of the time
But you've got those quirks that make you endearing
You're unique, yes... but not frighteningly so!

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21/04/05

piercings no âmago


Vai-se tornando um pouco enjoativo o espectáculo. Cada vez circulam mais, e cada vez mais perto, jovens meçoilas impudentes e imprudentes, cravejadas de coisas metálicas em tudo o que é sítio, visível e (presume-se) invisível. Ontem, precisamente, dei comigo a questionar um empregado de café sobre este algo que muito me encanita. E pespeguei-lhe em segredo, longe de ouvidos indiscretos, a seguinte, tremenda, porém subtil dúvida existencial:

_Ó amigo. Se uma mulher já tem, de sua natureza, três buracos úteis, qué-se dezer, cada um com a sua finalidade, para que raio insistem elas em ter mais um ou dois?

O chavalo encavacou, rodou nos calcanhares, foi-se na sua, um sorrisinho monalisiano engatilhado. Acho que não entendeu a pergunta, mas nunca se sabe.

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bálhamedeus

(imagem vislumbrada no blog "quero casar já"; quer casar, santinha? E já, assim de repente? Ora, ora, vá lá. Aguente-se um bocadinho. Vai ver que não demora nada.)

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19/04/05

Teoria geral da mine


A mine é uma invenção portuguesa. Provavelmente, não existirá nada de semelhante em mais parte alguma do mundo. Será talvez a coisa mais genuinamente nacional, ganhando em fama, por exemplo, ao sextante, e de capilota. Uma garrafa de cerveja que difere das outras apenas pelo facto de levar menos uns quantos centilitros, eis a prova do génio criador português. Qualquer estrangeiro que nos visita fica positivamente embasbacado, aí pelas nossas tascas, ao ver a quantidade de mines que vão saindo. É, de facto, espantoso.

A lógica intrínseca da mine reside na hipocondríaca pancada tão nossa, esta quiçá atávica mas ainda assim absolutamente idiossincrática mania da saúde; o português típico, o das tascas e do desenrasca, pensou genesiacamente assim: ora, portantos, se uma cerveja tem álcool e o álcool faz muito mal à saúde, portantos, se uma mine tem menos cerveja, tem menos álcool, logo, portantos, faz menos mal à saúde; ora, portantos, se uma mine faz menos mal à saúde do que uma cerveja normal, então se eu beber vinte mines, faço menos vinte vezes mal à saúde. Portantos, quanto mais mines, mais saúde!

Ora, realmente. Está bem visto e confere. Basta um périplo observatório pelos estabelecimentos de comes-e-bebes, assim pela fresca, ao fim da tarde, e rapidamente se constata que esta teoria da mine é altamente levada à prática. O trabalhador português instala-se à mesa do café, ou em pé, ao balcão, por volta das cinco ou seis da tarde, e bem depressa andam as mines numa roda viva; também há quem despache umas quantas cervejas "médias", e outros vão mais para a Imperial (ou "fino", conforme se esteja acima ou abaixo de Aveiro), mas a maioria do vasilhame aviado é de mines; sem dúvida. Qualquer tipo da mine acha que perfeitamente, que não é nenhum bêbedo, esses gajos da cervejola é que são, eu é que não sou parvo, tenho muito cuidadinho com o fígado, olha lá, isso de cerveja a mais dá cirroses e faz barriga, eu cá não caio nessa, etc., isto é o povo a pensar.

Por volta das sete ou oito da noite, já está tudo com uma tosga homérica, tanto os imprudentes dos 33 cl como os prudentes dos 20 ou 25 cl, mas estes estarão certamente muito mais satisfeitos, porque eles bebem por consciência e os outros por inconsciência. Uns por amor à boa forma geral, outros porque são uma cambada de borrachões.

Beber mines é uma coisa que não tem nada a ver com beber e, aliás, até o termo "mine" é muito menos brutal do que "cervejola", esse veneno que nunca mais acaba. O adepto da mine chega ao ponto de pedir mais uma de forma quase carinhosa, diz "uma minezinha", e acrescenta, profundamente conhecedor, o olho já rebrilhando: "Sagres!"

Parece que a Sagres não faz "tão mal" como a Super Bock, e muito menos do que essas porcarias estrangeiras que há por aí. Então, está-se mesmo a ver que a coisa é por motivos de saúde, beber minezinhas é uma coisa quase medicinal, de certa forma é como cumprir "ordens do médico". É curioso notar que o português típico revela facetas de comportamento absolutamente prototípicas, em diversas situações e particularmente na muito difundida actividade de "ir ao café"; regra geral, o pedido de mais uma minezinha é acompanhado de um gesto característico, a mão amparando a zona do estômago, na cara já corada rasgando-se um esgar de dor, a fim de atestar a condição debilitada da pessoa que, se pede a mine, é porque não se sente lá muito bem, anda com achaques, está bem precisado, em suma.

A propósito desta designação tão genuína, "mine" ou "minezinha", convém notar que nosso povo (acima de Santarém) demonstra uma total incapacidade fonética para a reprodução do "i" em posição final; nosso povo diz "martine" (ou, mais propriamente, "martinezinho"), esparguete em vez de spaghetti (ou espargueti), e assim por diante, Lamborghine, Olivette, Bugatte, sempre com "e" surdo. Mesmo nas zonas mais a Sul do país, onde é costume terminar todas as palavras com "i" (tardi, compadri, gostari), mine fica mine e martine martine, sem oscilação.

Curioso será notar também que outra característica absolutamente, verticalmente portuguesa, e que faz parte integrante deste desporto nacional da ida ao café, é que nunca ninguém entende à primeira quanto tem a pagar. Repare-se com atenção: nove em cada dez portugueses que pedem a conta, ou que perguntam "quanto devo", imediatamente, por vezes mesmo antes de o empregado dizer qualquer coisa, por exemplo, "dois euros e setenta", já vão perguntando: "quanto?" Por vezes, metade das vezes, ainda engonham mais: "dois euros e quanto?" ou "ora, dois euros e...?"

E depois há a questão dos carcanhóis. Ou seja, uma mine (25 cl) custa actualmente cerca de 75 cêntimos (150 paus dos antigos); a velha cervejola (33 cl) fica à volta de 90 (180 merréis); ora, basta uma regra de três simples (25 está para 70 assim como 33 está para X, ou trocando os factores) para verificar esta impenetrável verdade: o raio da mine é cara como o raio, comparativamente. Com o equivalente, em termos de custo, a dez mines (dois litros e meio, sete euros e meio), emborcam-se mais de oito biérres inteirinhas (quase três litros pelo mesmo preço); em qualquer dos casos, é uma cardina jeitosa, mas custa a entender como pode alguém ser tão estúpido e, de qualquer forma, os números figuram aqui a título ilustrativo, já se sabe, ninguém bebe tanto assim.

É muito engraçado, isto das mines e dos trocos. Um dia destes, a ver se conto mais. Agora vou ali à tasca estudar mais um bocado.

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DESENVOLVIMENTO-PORTUGAL

LISBOA, 21 Setembro (IPS)

Os indicadores económicos e sociais, periodicamente divulgados pela União Europeia (UE), colocam Portugal em níveis de pobreza e injustiça social inadmissíveis para um país que integra, desde 1986, o "clube dos ricos" do Velho Continente. Mas o golpe de misericórdia foi agora dado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE): nos próximos anos, Portugal ir-se-á distanciar ainda mais dos países avançados. A produtividade mais baixa da UE, escassas inovação e vitalidade do sector empresarial, educação e formação profissional deficientes, má utilização de fundos públicos, com gastos excessivos e resultados magros, são dados realçados pelo relatório anual sobre Portugal da OCDE, que reúne 30 países industrializados.

Ao contrário de Espanha, Grécia e Irlanda (que fizeram também parte do "grupo dos pobres" da UE), Portugal não soube aproveitar para o seu desenvolvimento os avultados fundos comunitários que fluíram continuamente de Bruxelas, durante quase duas décadas; sobre isto coincidem as opiniões de analistas políticos e económicos. Em 1986, Madrid e Lisboa ingressaram na então Comunidade Económica Europeia com índices similares de desenvolvimento relativo e, há apenas uma década, Portugal ocupava um lugar superior à Grécia e à Irlanda no "ranking" da UE. Porém, em 2001, foi facilmente superado por esses dois países, enquanto a Espanha já se aproxima da média comunitária. "A convergência da economia portuguesa com as mais avançadas da OCE parece ter parado nos últimos anos, cavando uma brecha significativa nos rendimentos per capita", afirma a organização. No sector privado, "os bens de capital nem sempre são utilizados ou aplicados com eficácia, e as novas tecnologias não são adoptadas rapidamente", segundo a OCDE. "A força laboral portuguesa conta com menos educação formal que os trabalhadores de outros países da UE, inclusive os dos novos membros, da Europa central e oriental", refere o documento.

Todas as análises sobre as cifras investidas coincidem em que o problema central não está nos montantes, mas nos métodos utilizados para a sua distribuição. Portugal gasta mais do que a grande maioria dos países da UE na remuneração dos funcionários públicos, em função do produto interno bruto, mas não consegue melhorar significativamente a qualidade e a eficiência dos serviços.
Com mais professores por rácio de alunos do que a maior parte dos membros da OCDE, nem assim consegue uma educação e uma formação profissional competitivas face ao resto dos países industrializados. Nos últimos 18 anos, Portugal foi o país que mais benefícios recebeu, em sede de auxílio comunitário. No entanto, depois de nove anos a aproximar-se dos níveis da UE, começou em 1995 a regredir e as perspectivas actuais indicam ainda maior distância.

O que foi feito dos fundos comunitários? Esta é a pergunta mais repetida em debates televisivos e em artigos de opinião dos principais jornais do país. A resposta mais frequente é a de que o dinheiro serviu para engordar as contas de quem já tinha mais.

Os números indicam que Portugal é o país da UE com maior desigualdade social e com os salários mínimos e médios mais baixos da UE, pelo menos até ao dia 1 de Maio de 2004, quando se passou de 15 para 25 nações. Também é o país em que os administradores de empresas públicas têm os vencimentos mais altos. O argumento mais frequente dos executivos indica que "o mercado decide os salários". Consultado pelo IPS, o ex-ministro das Obras Públicas (1995-2002) e actual deputado socialista, João Cravinho, desmentiu esta teoria. "São os próprios administradores que fixam os seus salários, atirando as culpas para cima das leis do mercado", declarou. Nas empresas privadas com participação estatal, ou nas estatais com accionistas minoritários privados, "os executivos fixam os seus vencimentos astronómicos (alguns chegam a 90.000 dólares mensais, incluindo bónus e regalias), com a cumplicidade dos accionistas de referência", explicou Cravinho. Estes mesmos grandes accionistas "são, por sua vez, altos executivos, e todo este sistema, no fundo, funciona em prejuízo do pequeno accionista, que vê uma grossa talhada dos lucros ir parar às contas bancárias dos quadros superiores", lamentou o ex-ministro. A crise económica que estancou o crescimento português nos últimos dois anos "está a ser paga pelas classes menos favorecidas", disse.

Esta situação de desigualdade transparece a cada dia com os exemplos mais variados. O último é a crise do sector automóvel. Os revendedores queixam-se de uma queda de quase 20 por cento nas vendas de automóveis de baixa cilindrada, com preços entre os 15.000 e os 20.000 dólares. Mas os representantes de marcas de luxo, como a Ferrari, a Porsche, a Lamborghini, a Maserati e a Lotus (veículos que valem mais de 200.000 dólares), lamentam não dar vazão a todos os pedidos, perante um aumento de 36 por cento na procura.

Alguns estudos sobre a tradicional indústria têxtil lusa, que foi uma das mais modernas e de maior qualidade do mundo, demonstram que está paralisada, já que os respectivos empresários não efectuaram os ajustamentos necessários para actualizá-la. Porém, a zona Norte, onde se concentra o sector têxtil, tem mais automóveis Ferrari por quilómetro quadrado do que a Itália. Um executivo espanhol de informática, Javier Felipe, disse ao IPS que segundo a sua experiência com empresários portugueses, estes "estão mais interessados na imagem que projectam do que no resultado do seu trabalho". Para muitos, "é mais importante o automóvel que conduzem, o tipo de cartão de crédito que podem exibir ao pagar uma conta, ou o modelo do telemóvel que possuem, do que a eficiência da sua gestão", disse Felipe, esclarecendo que existem excepções. "Tudo isto vai modelando uma mentalidade que, no fim de contas, afecta o desenvolvimento de um país", acrescentou.

A evasão fiscal impune é outro aspecto que inviabilizou a optimização do sector público com efeitos positivos potenciais na superação da crise económica e do desemprego, que este ano chegou a 7,3 por cento da população economicamente activa. Os únicos contribuintes líquidos para os cofres do Estado são os trabalhadores contratados, que descontam com o seu vencimento. Nos dois últimos anos, o Governo decidiu aumentar a carga fiscal sobre esses mesmos, mantendo situações "obscenas" e "escandalosas", segundo o economista e comentarista de televisão António Perez Metello. "Em vez de anunciar progressos na recuperação dos impostos daqueles que continuam a rir-se na cara do fisco, o Governo (conservador) decide sacar uma fatia ainda maior daqueles que já pagam o que é devido, e deixa incólume a nebulosa dos que fogem ao fisco, sem coerência ideológica, sem visão de futuro", criticou Metello. A prova foi exposta numa coluna de opinião de José Vítor Malheiros, na passada terça-feira no jornal "Público", de Lisboa, que fustiga a falta de honestidade na declaração de impostos dos chamados profissionais liberais. Segundo esses documentos entregues ao fisco, médicos e dentistas declaram rendimentos anuais de, em média, 17.680 euros (21.750 dólares), os advogados de 10.864 (13.365 dólares), os arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) e os engenheiros de 8.382 (10.310 dólares). Estes números indicam que por cada seis euros que pagam ao fisco, "roubam nove à comunidade", já que estes profissionais não dependentes deveriam contribuir com 15 por cento do total do imposto sobre os rendimentos do trabalho e apenas são tributados seis por cento, disse Malheiros. Com a devolução de impostos no encerramento do ano fiscal, estes "roubam mais do que pagam, como se um talhante nos vendesse 400 gramas de bife e nos obrigasse a pagar um quilo, e existem 180.000 destes profissionais liberais que, em média, nos roubam 600 gramas por quilo", comentou com sarcasmo. Se um país "permite que um profissional liberal com duas casas e dois automóveis de luxo declare rendimentos de 600 euros (738 dólares) por mês, ano após ano, sem ser minimamente questionado pelo fisco e, ainda por cima, recebe um subsídio do Estado para ajudar a pagar o colégio privado dos seus filhos, isto significa que o sistema não tem moralidade alguma", sentenciou.
(FIN/2004)

(tradução do original em Castelhano, publicado no blog "A Menina Dela")


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15/04/05

Água (de coco) na boca

Alguns resolveram ficar. Despediram-se dos amigos, devolveram os cartões de crédito, deitaram fora os papéis lá nos escritórios e mudaram-se para cá. Passam então a ser chamados pelo nome. Vêm apenas com um pequeno saco de viagem onde não há quase nada de roupas, além de vários calções de banho. Compreende-se.

Faccioso

Este homem vive nas Cocos (Keeling) Islands e é de lá que, à sombra dos coqueiros, escreve os seus "posts" com o portátil nos joelhos. Em Português, do outro lado do mundo, ainda tem paciência para falar das coisas que se passam do lado de cá.

Ora, finalmente, um "blog" que faz todo o sentido. Escusado será dizer: take it easy, mate!


(marcar viagem AQUI)

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14/04/05

Poema do alegre desespero

Compreende-se que lá para o ano três mil e tal
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,

ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.

Compreende-se.

E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,

e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio,
e os poemas de António Gedeão.

Compreende-se.

Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.

Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.

E o nosso sofrimento para que serviu afinal?

António Gedeão

(fonte: As Tormentas)

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Caixa de música
Pequeno instrumento de pequenas barras de ferro, feitas soar por um cilindro com puas, movido por uma corda semelhante à do relógio. Também as há com fole e flautas em vez de puas. Deriva da caixa de rapé musical tão difundida no séc. XVIII. As barras de aço, colocadas como dentes de pente, são afinadas de acordo com as notas da escala musical. Um só cilindro pode produzir até 36 melodias diferentes apenas por mudar a sua posição, pois deste modo o ar entra em acção num diferente jogo de puas. (cf. Grande Enciclopédia Universal, d.l. B-11581-2004)

São aquelas caixinhas para guardar jóias, geralmente com segredo para abrir a tampa. São muito giras porque salta lá de dentro uma bailarina pequenina, que se põe a andar à roda, em cima de um espelho, com a saia minúscula a dar a dar, e a musiquinha a tocar, plim plim pim pim. Dá-se corda ao mecanismo, com uma chavinha especial.

Portugal tem, a partir de hoje, a maior e mais cara caixa de música do mundo. Funciona a puas, à maneira tradicional, e dá-se corda ao mecanismo com o OGE, mais conhecido por "derrapagem".

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Sent: Thursday, April 14, 2005 7:36 AM

«a simpatia e a hospitalidade que dantes se associavam» não está mal, ó chefe.
 
São elas os 2 sujeitos (sintagmas nominais, como agora se diz?) da frase.
Certo?
 
Um abraço
J Tilly
 

Caro João Tilly

O email da IOL está cheio de problemas, por isso respondo aqui mesmo ao seu comentário.

Existe um site brasileiro com testes de Língua Portuguesa; experimente este:
http://educaterra.terra.com.br/sualingua/09/09_impessoais.htm

Fui ver se, porventura, estaria enganado (eu), e a expressão deu os seguintes resultados, na Google e na Yahoo:
http://yagoohoogle.com/search.php?q=%22que+dantes+se+chamava%22: 14/9
http://yagoohoogle.com/search.php?q=%22que+dantes+se+chamavam%22 : 2/3

Depois, seria talvez conveniente compreender o sentido e a construção da frase no seu todo e não apenas em parte:

Recebem-nos com a simpatia e a hospitalidade que dantes se associavam a muitas terras e que agora tão raro se encontra.

Os dois verbos não se referem aos mesmos dois substantivos, no mesmo contexto? Então, seria de esperar que estivessem flexionados da mesma forma! Ora, entre a concordância quanto ao número, no 1º caso, e a forma neutra, no 2º, parece-me que a forma mais adequada, o Português mais escorreito, será o do 2º caso.

Parece-me também que pode valer aqui uma "técnica" de aferição muito antiga, e muito caída em desuso, que se utilizava nos meus tempos de Escola Primária; transformemos a afirmação em pergunta:
O que se associava dantes a muitas terras e agora tão raramente se encontra?
Sermos recebidos com simpatia e com hospitalidade ou recebem-nos com simpatia e hospitalidade ou ainda a simpatia e a hospitalidade com que nos recebem.
Se, na questão, os verbos no plural não fariam qualquer sentido, na afirmação o mesmo sucede.

Parece-me, escrevi eu duas vezes, porque não sou gramático, ou linguista, ou especialista no assunto. Se me for colocada uma questão gramatical, na maior parte dos casos, não terei nem conhecimentos, nem pachorra, nem memória para a explicar ou provar em termos exclusivamente técnicos. O meu Português rege-se por uma gramática nunca editada ou sequer escrita: é a Gramática do Bom Senso (GBS), que admito perfeitamente possa conflituar amiúde com a Gramática da Língua Portuguesa (GLP) propriamente dita. Funciona basicamente por emulação, uma vida de leituras, por intuição, uma questão de sensibilidade pragmática, e por deformação, uma terrível tendência para corrigir. No fundo, a GBS é mais chatice do que outra coisa. É maldição, acredite; deve ter algum fundamento de DOC (distúrbio obsessivo compulsivo) e implica, no quotidiano, um contínuo tropeçar textual, por assim dizer. Para os infelizes que se deixam agarrar por este vício, a GBS, a vida torna-se em pequeno inferno de sofrimentos pungentes, de leituras interrompidas pela mais simples bacorada, de riscalhada furiosa em tudo ou quase tudo o que se lê, de pulos na cadeira ao menor sinal de asneira em boca ilustre; acredite o amigo que não é fácil, esta grandessíssima porra, um gajo sofre como o raio.

Nós, os agarrados ao maldito vício da vernaculina, sofremos como cães, mesmo fisicamente; muitas vezes nos contorcemos de dor genuína pela mais simples e trivial asneirola de qualquer político, jornalista, locutor, candidato a escritor, blogger com "obra" editada ou, mais prosaicamente, quando ouvimos ou lemos qualquer marreco armado em literato. O nosso quadro clínico está de há muito fixado, etiquetado e fichado: o vernaculómano é aquele que depende em absoluto de dois prazeres que a leitura e a audição lhe proporcionam, um quando é bom e outro quando é mau; deleita-se com o primeiro, de base parnasianista, e sofre horrivelmente com o segundo, de raiz vagamente masoquista.

Mas enfim, lá está, eu (como qualquer agarrado) estou sempre a prometer a mim mesmo, à cidade e ao mundo (ego, urbi et orbi) que "foi a última vez, não torno, prometo que não torno". Pois, pois. Fia-te. Mentirosos do caraças, chefe!



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Ora shit!


Your Inner European is Irish!




Sprited and boisterous!

You drink everyone under the table.


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12/04/05

Perdão?


FEIRA DO LIVRO DE BRAGA

Amanhã lá vou. De comboio até ao Norte. Ver o Porto a chegar, através da ponte e depois de carro, até um pouco mais acima.
A feira do livro de Braga é uma das que mais acarinha os escritores portugueses. Recebem-nos com a simpatia e a hospitalidade que dantes se associavam a muitas terras e que agora tão raro se encontra. Não nos convidam com cara de frete, como tantos; não se metem a imaginar que os escritores adoram meterem-se à estrada (no caso, à linha) para irem falar de si próprios ou do seu trabalho. Percebem que deve ser um gesto de partilha e respeito mútuo. E, sobretudo, que é a população do conselho quem beneficia mais com estas trocas culturais.
É por isso que é sempre um prazer ir a Braga. Espero que os bracarenses ocorram igualmente a esta feira, por demais merecedora.

http://prazer_inculto.blogspot.com/

uma das que mais acarinham
a simpatia e a hospitalidade que dantes se associava
tão raramente se encontra
concelho
que os bracarenses acorram

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11/04/05

matrioska blog


Há blogs pequeninos que saem de dentro de blogs maiores, que estão dentro de outros ainda maiores, e assim sucessivamente. Olha aqui um, ó.

Talvez seja isto um tema para verdadeiro metabloguismo, essa novel e interessante ciência que tenta explicar o que é o blogbairro e para que servem, ao certo, as bocas electrónicas. Mas este fenómeno da boneca dentro da boneca dentro da boneca dentro da boneca, sete vezes, é realmente algo de novo. Interessante. Até agora, os blogs matriosca saíam de dentro uns dos outros (não sete vezes mas, biblicamente, setenta vezes sete), através de simples processo de clonagem, nas variantes subtilmente plagiada, descaradamente copiada ou simplesmente transcrita.

Acabou-se. Velhos tempos, já. Os sistemas de comentários revolucionaram o conceito. Um simples arroto, se exarado por venerável garganta, transforma-se imediatamente em facto político, fenómeno escalpelizável, mistério fascinante; toda a gente se precipita, debitando e sustentando a sua opinião sobre a admirável eructação; rapidamente a coisa se transforma em fórum grafado, onde se discute acaloradamente quem disse o quê a quem, e quando, e porquê; logo, logo, surgem as disputas pessoais, em laudas comentaristas, e partidos, e partidários que se tratam queirosianamente de "pulha" e de "besta" para cima. E ainda aparecem umas alminhas mais conscienciosas que se dedicam, quais justiceiros cibernéticos, a "desmascarar" os embuçados que por ali também vagueiam, a descobrir a careca aos que se atrevem a balir em tom dissonante. E assim, vertiginosamente, o tema inicial (o "post" propriamente dito...) desaparece, debaixo de uma pilha de argumentações, lamúrias, insultos, discussões, zangas, despeitos, vinganças e mesmo algumas escoriações.

Já existem páginas de comentários, sobre um determinado "post", com mais visitantes do que a maioria dos "blogs"; foi o caso do Pipi, há uns anos, e é agora o do Murcon. O que, de resto, não tem nada de esquisito, até porque a esmagadora maioria dos blogs não passa de diários pessoais; electrónicos, virtuais, mas ainda assim pessoais, interessando apenas aos próprios e aos seus amigos, se tanto.

Nosso Pacheco e nosso Viegas, honra lhes seja feita, safaram-se da tentação matriosqueira. Não têm sistemas de comentários, nem um nem outro, e ainda assim não se livram de chatices, de beijocas repenicadas na bochecha, de engraxadelas confrangedoras, de criancinhas virtuais que lhes são atiradas para a foto da praxe. E também levam com sua dose de polémica por tabela, aqueles dois e outros quantos blogs ditos "de referência". Mas enfim. Nosso Júlio é maior e vacinado, como se costuma dizer; ele lá sabe o que faz, e pois com certeza, se achou por bem identificar-se, esteja em seu descanso, e pois os comentáriozitos, claro, não há-de ser nada, é bem possível que lhe não escangalhem muito a paciência, pois, repito, se calhar o seu blog ainda poderá durar uns tempos. A coisa já vai fedendo um pouco, mas pode ser que, um dia, a próxima boneca seja tão incrivelmente pequena que já nem se veja.


(imagem de http://guide.supereva.it/gu/cucina_etnica/russa/)

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10/04/05

AVC NY


Correu mal. Leio jornais todos os dias, oiço telejornais em canais sortidos e leio blogs à matroca. Mesmo assim, falhou. A novidade chegou-me via Murcon: Neil Young teve um AVC. Qué-se dezer: ao gajo que dizia que "a man needs a maid", deu-se-lhe um treco. Terá sido do Xamon, ou do chagrain, ou da idade que bateu, ou por afinal dispensar a sopeira, quem sabe. Partiu-se-lhe uma corda no cérebro. Não sei o que é pior, cá para mim, se isso se ter tido conhecimento da terrível notícia através do Murcon, esse ícone da trivialidade, o verdadeiro órgão central do normalismo existencial.

Que horror.

Oh, Alabama.

Nunca gramei a pinta de janado do homem, aquele ar revolucionariamente ganzado, mas Neil Young era um pequeno deus da minha memória. Era. Não morreu, mas foi-se-lhe a vida, a viola encostada a um canto, a gaita-de-beiços muda e inútil em qualquer gaveta. Se bem que ainda agora esteja ouvindo tudo isso, absolutamente impecável, neste velho "pick-up" de agulha, o vinil rodando, tão brilhante como antes.

Pensando bem: não tomo conhecimento.

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Entertenham-se


Digo eu, de acordo com o que eles propalam. Este novo "serviço" tem um porradal de categorias de "entertenimento" (deve ser o "tenimento" que se tem depois de carregar na tecla "enter"). Portantosmente, entertenham-se com este gozo pegado que apresenta a espantosa cifra de 3 blogs (por extenso: três) listados em 26 categorias. Eles bem avisam de que se trata de uma versão "beta" (acredito perfeitamente, é mesmo beta), mas tive de ver para crer.

Comprimentos. Saodassões. Vem bindos ao blogrebairo.

----- Original Message -----

Sent: Monday, April 11, 2005 9:12 AM
Subject: blog.com.pt

Caro amigo,

Vi o post que escreveu sobre o blog.com.pt no seu blog, e passo a informar que o erro que detectou nas categorias foi corrigido.

Por outro lado, relativamente ao nº de blogs existentes no site, este é efectivamente baixo já que o site foi lançado ontem por volta das 19h, e não é intenção nossa registar blogs sem o consentimento dos seus autores. A filosofia desta comunidade é que os bloggers registem os seus blogs por vontade própria, e se quiserem estar presentes na comunidade.

Passo desde já a convidá-lo a registar o seu blog.

Atentamente, e obrigado
pelo "aviso" sobre o erro gramatical,


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Sixteen more to go. Baril


You Will Die at Age 61

61

You're pretty average when it comes to how you live...

And how you'll die as well.


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08/04/05

Oiçam: esta mulher sabe escrever

Algures, alguém não os amou o suficiente. Algures, é pelo calor do meu peito vazio que esperam. Algures, fará sentido - no seu mais amplo significado, fará sentido - caminhar entre os vivos. Deixar sementes.

Azimutes

Um dia, deixará de conhecer aqueles que, intelectualmente mal vestidos, são hoje os seus amigos. É este o processo natural das coisas.



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07/04/05

CMF


ihihihihihihih

atordoadas

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Petição sharép


Os abaixo assinados, cidadãos portugueses perfeitamente identificados e cumpridores, vêm, para além do mais na sua qualidade de bloggers veteranos, lançar a petição que se segue:

PAREM COM O BASQUEIRO NOS BLOGS, PORRA!!!!

Ou seja, em concreto, solicita-se aos caros vizinhos do blogbairro que façam a fineza de desligar a porcaria das musiquinhas da treta, essa praga de MP3 em "autorun", ou lá o que é, nas suas paginazitas. Chiça, pessoal. Um gajo abre-vos o endereço, salvo seja, e tem de levar - quer queira quer não - com o cagaçal que vos apeteceu lá pôr! Por alminha de quem? Ó que chatice, apaguem lá a tchanga-tchanga automática, fáxavor, pela vossa rica saudinha.

Blog é coisa de sossego, de entrar e dar uma vista de olhos, não de levar com tremendo cagaçal pelas trombas, à má-fila, à traição. Está-se mesmo a ver, entra pelos olhos dentro, que a coisa, blog ou página web, não é para entrar pelos ouvidos. Mas o que diabo é isso do audioblog? Hem, ó melómanos das horas vagas, o que vos leva a pensar que alguém é obrigado a gostar das vossas musiquinhas? Pensareis talvez, nalgum recôndito entrefolho do cérebro, que alguém vai achar "munta gira" a vossa musiquinha compulsiva? Pensasteis que estáveis abrilhantando vosso bloguinho com o trolaró? Pous, mui más notícias vos trago sobre isso: não deve haver um único palerma que aprecie tais cagadelas sonoras; blog com musiquinha é igual a tchauzinho prestes, imediato; mais: qualquer blog com som entra imediatamente para a lista negra mental, ou seja, a este, este e este, por exemplo(*), nunca mais volto. Quem vos disse que é giro ter MP3 no blog? Ganda mentiroso. E se, por acaso, foram vocês mesmos quem espremeu tal coisa das meninges, bem, amiguinhos, gandas tótós, esqueçam, para a próxima experimentem o vosso estado normal; quem vos mandou estarem agora a pensar.

Devia ser proibido, é o que é. Deveria ser obrigatório não ter música no blog. Por acaso a Lili Caneças é obrigada a ter um colete reflector para chamar o reboque? Então, ora aí está: não tem nada a ver, mas é rigorosamente o mesmo.

Pronto. A presente petição até não é lá muito agressiva, nem insultuosa, e tivemos o cuidado de a redigir - após aturada análise estilística - em linguagem acessível, facilmente assimilável; qualquer grunho compreende o que se pretende, esperamos, sem grande esforço.

Ócápa? Apaguem lá isso. "É" essas coisinhas que dizem "embed src=", ou coisa que o valha.

Então vá.


Assinaturas
Dodo
001
Godot
(a rogo, por não saber assinar)


Adenda à petição
Para o pessoal mais irritadiço, aí vai uma "dica": existem umas pecinhas (pechinchas), que são as "fichas-t" para áudio (custam uns 200 paus, 1 euro); mete-se aquilo na saída dos auscultadores, em portátil ou PC, e acabou-se: nunca mais se ouve porra nenhuma. Sharép absoluto. Hmmm? Quem é amigo, quem é?

(*) os casos de barulhite aguda são aos pontapés, em sentido literal: lá vai mais um, e vão dois, e três (por exemplo, outra vez). Um dia destes, lá terei que dar na touca dos jeitosos que acham normal ter 250 imagens numa simples páginazeca (ou 150, ou 50, ou 5). It's a promise. Sejamos pedagógicos à brava.

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